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terça-feira, 15 de abril de 2014

Ame a Deus e faze o que quiseres (Santo Afonso)

Quem ama a Jesus Cristo só quer o que Ele quer
1. A caridade anda sempre unida com a verdade. Por isso, a caridade, reconhecendo a Deus como único e verdadeiro bem, detesta o mal por ser oposto a vontade divina e não se alegra com nada que não seja a vontade de Deus. Quem ama a Deus, pouco se preocupa do que digam, e só procura fazer o que agrada a Deus. “Quem se esforça por satisfazer a verdade realmente está bem com Deus; e não se importa, qualquer que seja o modo, em que seja tratado ou julgado pelos homens”.

2. Já temos dito muitas vezes que toda a santidade e perfeição de uma alma consiste em renunciar a si mesma e em seguir a vontade de Deus. Mas aqui convém falar disso mais expressamente. Se queremos ser santos, todo o nosso esforço deve ser de nunca seguir nossa vontade, mas sempre a vontade de Deus; o resumo de todos os preceitos e conselhos divinos se reduz em fazer e sofrer aquilo que ele quer e como ele quer. Peçamos, portanto, ao Senhor que nos dê a santa liberdade de espírito. A liberdade de espírito faz-nos abraçar todas as coisas que agradam a Jesus Cristo, apesar de qualquer repugnância do amor próprio ou do respeito humano. O amor a Jesus Cristo coloca aqueles que o têm, numa total indiferença. Para eles tudo é igual, o doce e o amargo: não querem nada do que lhes agrada e querem tudo o que agrada a Deus. Com a mesma paz se ocupam nas coisas grandes e nas pequenas, nas agradáveis e nas desagradáveis. Basta-lhes agradarem a Deus.

3. S.Agostinho: “Ame a Deus e faze o que quiseres” Quem ama a Deus de verdade não procura senão agradar a Deus.
- S.Tereza: “Quem procura agradar a quem ama, anda contente com tudo que o agrada. Quando o amor é perfeito, tem a força de fazer a pessoa esquecer toda a vantagem própria e toda a satisfação. Faz tudo para dirigir os seus pensamentos a fim de agradar aquele que ama. Procura honrá-lo como pode, por si mesmo e através dos outros. Ah! Meu Senhor! Todo o mal nos vem de não termos os olhos fixos em vós! Se não pensássemos senão em caminhar, em breve chegaríamos ao fim. Mas caímos e tropeçamos mil vezes e, ainda mais, erramos o caminho porque não olhamos com atenção a verdadeira estrada” Eis contudo, qual deve ser a única finalidade de todos os nossos pensamentos, ações, desejos e orações: agradar a Deus. Nosso caminho para a santidade deve ser esse, andar junto com a vontade de Deus.

Senhor, o que desejais?
            4. Deus quer que o amemos de todo o coração: “Amarás o Senhor teu Deus, de todo o coração”. Ama a Jesus Cristo de todo o coração quem lhe diz de verdade, como disse São Paulo: “Senhor, que quereis que eu faça?” Atos 9,6 Senhor, fazei-me conhecer o que desejais de mim, pois eu quero fazer tudo. Estejamos certos de que, querendo o que Deus quer, estamos querendo nosso maior bem. É coisa certa, Deus não quer senão o que é melhor para nós.
- S.Vicente Paulo: “A conformidade com a vontade divina é o tesouro do cristão e o remédio para todos os seus males, porque contém a renuncia de si mesmo, a união com Deus e todas as virtudes”. Eis, em resumo, onde está toda santidade: “Senhor, que quereis que eu faça?” Jesus mesmo nos promete: “Não se perderá um só cabelo de vossa cabeça”, o que quer dizer, o Senhor recompensa todo o pensamento que tenhamos de lhe agradar, toda a tribulação que aceitemos com boa intenção, conformando-nos com sua santa vontade.
- S.Tereza: “O Senhor nunca nos manda um sofrimento sem nos recompensar com alguma graça, desde que o aceitemos com resignação”

            5. Nossa conformidade com a Vontade divina deve ser total, sem condição, constante e irrevogável. Nisso consiste o máximo da perfeição, e repito, a isto devem tender todas as nossas ações, todos os nossos desejos, todas as nossas preces. Algumas pessoas piedosas, lendo os êxtases e arroubos de Santa Tereza, São Felipe e outros santos, desejariam ter essas experiências espirituais. Esses desejos devem ser rejeitados porque são contrários a humildade. Se queremos ser santos, procuremos a verdadeira união com Deus que é unir totalmente nossa vontade a vontade Dele.
- S.Tereza: “Enganam-se aqueles que acreditam que a união com Deus consiste em êxtases, arroubos espirituais e gozo de Deus. Ela não consiste em outra coisa, senão em sujeitar nossa vontade a vontade de Deus. Essa sujeição é perfeita quando nossa vontade está desprendida de tudo, e unicamente unida a vontade de Deus. Essa é a verdadeira e indispensável união que sempre tenho desejado e continuamente peço ao Senhor. Oh! Quantos de nós dizem isto; e realmente parece que não queremos, senão isso. Mas, pobres de nós! Como são poucos os que chegam a isso!” É verdade, muitas vezes dizemos: “Senhor, dou-vos toda a minha vontade, não quero senão o que vós quereis”. Mas, quando depois vêm as contrariedades, não sabemos aceitar a vontade divina. Lastimamos a má sorte que temos neste mundo, dizemos que todas as desgraças caem sobre nós, e que levamos uma vida infeliz.

Tudo em Deus
            6. Se estivermos unidos a vontade divina em todas as tribulações, é certo, vamos nos tornar santos e seremos os mais felizes do mundo. Por isso todo o nosso esforço deve ser este: manter nossa vontade unida a vontade de Deus em todas as coisas que acontecem, tanto agradáveis como desagradáveis. “Não te deixes mover por todos os ventos”. Alguns fazem como os bandeirolas que se voltam para onde sopra o vento. Se o vento é favorável, como desejam, andam alegres e tranquilos. Mas se o vento é contrario e as coisas não acontecem como querem, andam todos tristes e impacientes. É por isso que não se santificam e levam uma vida infeliz, já que neste mundo acontecem muito mais coisas desfavoráveis do que favoráveis.

- S.Doroteu diz que o receber das mãos de Deus todas as coisas, como quer que aconteçam, é um grande meio para conservarmos a paz contínua e tranquilidade do coração. Conta o santo que os antigos monges do deserto não ficavam irados e melancólicos, porque tudo o que lhes acontecia eles aceitavam alegremente como das mãos de Deus. Feliz aquele que vive inteiramente unido e abandonado a vontade de Deus. Não fica orgulhoso com seus sucessos, nem fica desanimado com os fracassos, pois sabe que tudo vem da mesma mão de Deus. Só a vontade de Deus é a regra de seu desejo; por isso faz o que Deus quer e quer o que Deus faz. Não se preocupa em fazer muitas coisas, mas procura realizar perfeitamente aquilo que acha ser a vontade de Deus. Por isso coloca as menores obrigações de seu estado antes das ações mais grandiosas e gloriosas, porque percebe que nestas pode haver lugar para o amor próprio, enquanto que naquelas se encontra certamente a vontade de Deus.

            7. Portanto, seremos felizes, se recebermos de Deus todas as coisas em perfeita conformidade com a vontade divina, sem nos importarmos são conformes ou contrárias ao nosso gosto.
- S.Joana Chantal: “Quando chegaremos a saborear a doçura da vontade divina em tudo que nos acontece, não tendo em conta senão a vontade divina? É certo que, com igual amor e para nosso maior proveito, nos são dadas tanto as desgraças como as prosperidades. Quando nos abandonaremos inteiramente nos braços de nosso bondosíssimo Pai, confiando-lhe o cuidado de nossas pessoas e de nossos trabalhos, reservando para nós somente o desejo de agradar a Deus?

A Prática de amor a Jesus Cristo Cap XIII– Santo Afonso Maria de Ligório

terça-feira, 8 de abril de 2014

Reta intenção (Santo Afonso)

O desprendimento
21. Quem deseja ser todo de Deus, deve desprender-se a estima mundana. Quantos se afastam de Deus e quantos até o perdem por causa desta maldita estima! Por exemplo, ouvindo falar de algum dos próprios defeitos, fazem tudo para se justificar e fazer acreditar que é falsidade e calunia o que dizem. Se praticam algum bem, o que não fazem para o tornar conhecido de todos?
- Desejariam que todo o mundo soubesse, para serem louvados.
- O modo de agir dos santos é bem diferente. Gostariam que todo o mundo conhecesse seus defeitos para tê-los como pobres pecadores, como eles mesmos se julgam. Se praticam alguma virtude, gostariam que só Deus soubesse pois só a ele desejam agradar. Por isso, eles amam tanto a vida escondida, lembrados do ensinamento de Jesus: “Quando das esmola, não saiba tua mão esquerda o que fez a direita... Quando fazes oração, entra no teu quarto, fecha a porta e reza a teu pai em segredo”

            22. É preciso, principalmente, desprendermo-nos de nós mesmos, isto é, de nossa própria vontade. Quem vence a si mesmo facilmente vencerá todas as dificuldades.
S.Francisco Xavier costumava das a todos o conselho: “Vence a ti mesmo”. Jesus mesmo disse: “Se alguém quer me seguir, renuncie a si mesmo”
            Nisso consiste tudo o que precisamos fazer para sermos santos: renunciar a nós mesmos e não seguir nossa vontade própria, “Não te deixes levar por tuas más inclinações, e refreia os teus apetites”
S.Francisco Assis: a maior graça que uma pessoa pode receber de Deus é vencer a si mesma, renunciando a própria vontade.
S.Bernardo: se os homens fizessem guerra a vontade própria, ninguém se condenaria: “Desapareça a vontade própria e não haverá inferno. Grande mal é a vontade própria que faz com que tuas boas ações não sejam boas para ti”
- Assim seria se um penitente quisesse fazer alguma mortificação, jejuns, mas contra a orientação de seu diretor espiritual. Essa mortificação, realizada para seguir a própria vontade, torna-se um defeito. Infeliz daquele que vive escravo da própria vontade. Desejará muitas coisas e não poderá alcança-las: “Donde vem as lutas e questões entre vós? Não vêm elas de vossas paixões que combatem em vossos membros? Cobiçais e não recebeis: sois invejosos e ciumentos, e não conseguis o que desejais” Tg 4, 1-2
- A primeira guerra vem-nos das paixões sensuais. Fujamos das ocasiões, mortifiquemos nossos olhares, encomendemo-nos a Deus e a guerra acabará.
- A segunda guerra vem-nos da cobiça das riquezas. Esforcemo-nos por amar a pobreza, e a guerra terminará.
- A terceira guerra vem-nos da ambição pelas honras. Amemos a humildade, a vida oculta e a guerra acabará.
- A quarta guerra, a mais prejudicial, vem-nos da vontade própria. Sejamos resignados com a vontade de Deus em tudo que acontece e a guerra chegará ao seu fim.
S.Bernardo: quando se vê uma pessoa perturbada, a causa dessa perturbação não é outra coisa senão a incapacidade de satisfazer a própria vontade: “Donde vem as perturbações, senão do fato de seguirmos nossa vontade própria?”

União com Deus
            23. É preciso amar a Deus como ele quer, e não como nós queremos. Deus quer que o coração esteja despojado de tudo, para se unir a ele e se saciar de seu amor.
S.Tereza: “A oração de intimidade com Deus não é outra coisa senão um morrer quase total a todas as coisas do mundo pra alegrar-se só em Deus. Quanto mais nos esvaziamos das criaturas, quanto mais nos desprendemos delas por amor a Deus, tanto mais ele nos saciará dele mesmo e mais estaremos unidos com ele”
            Muitas pessoas desejam chegar a união com Deus, mas não querem as dificuldades que Deus lhe permite. Não querem as doenças que as afligem, nem a pobreza que sofrem, nem as ofensas que recebem. Sem a resignação, jamais conseguirão unir-se perfeitamente a Deus.
S.Catarina Gênova: Para chegar a união com Deus, são necessárias as dificuldades mandadas por Ele. Por meio delas, Ele espera destruir em nós as paixões internas e externas. Por isso, todos os desprezos, as doenças, a pobreza, as tentações, todas as dificuldades, tudo nos é necessário. Assim teremos de lutar e por meio das vitórias, nossas paixões se enfraquecerão a tal ponto, que não mais as sentiremos. Enquanto as dificuldades não nos parecerem amargas, mas suaves por amor a Deus, não chegaremos a união com Ele”

A Mortificação
            24. S.João Cruz diz que para a perfeita união com Deus ”é necessária a mortificação total dos nossos sentidos e paixões. Qualquer que seja a satisfação que se apresente aos nossos sentidos, se não é puramente para a glória de Deus, deve logo ser afastada por amor a Jesus Cristo. Quanto aos nossos desejos, esforcemo-nos por inclinarmo-nos para o pior, o mais desagradável, o mais pobre, sem desejar outra coisa do que sofrer e ser desprezado”
            Resumindo, quem ama verdadeiramente a Jesus Cristo, não se apega aos bens da terra e procura despojar-se de tudo para se conservar unido a Jesus Cristo. Para Jesus Cristo dirige todos os seus desejos, pensa sempre nele, procura agradar-lhe em todo o lugar, em todo o tempo, em toa a ocasião.
            Mas para se chegar a isso, é preciso esforçar-se continuamente para esvaziar o coração de todo o afeto que não se dirige para Deus.
Pergunto: O que deve fazer uma pessoa que se dá toda a Deus?
·                    Deve fugir de tudo que ofende a Deus e fazer tudo o que mais lhe agrada.
·                    Deve, depois, acolher sem exceção tudo o que vem de suas mãos, por mais duro e desagradável que seja.
·                    Deve, enfim, preferir em todas as coisas a vontade de Deus e não a nossa própria vontade.
Isso é que requer para ser todo de Deus.

Oração
            Meu Deus e meu todo. Apesar de minhas ingratidões e negligenciassem vos servir, continuas a me atrair ao vosso amor. Aqui estou, não quero resistir mais. Quero renunciar a tudo ara pertencer só a vós. Além de tudo, vós me tendes obrigado a vos amar. Eu me encantei convosco e quero a vossa amizade.
            Como posso amar outra coisa, depois de vos ter visto morrer de dor numa cruz para me salvar? Como poderei contemplar-vos morto, consumido nos sofrimentos, sem vos querer bem com todo o meu coração? – Sim, Redentor meu, amo-vos com toda a minha alma e não tenho outro desejo senão vos amar nesta vida e por toda a eternidade.
Amém.
Sequência da postagem “Santidade de vida”

A Prática de amor a Jesus Cristo Cap XI– Santo Afonso Maria de Ligório

sexta-feira, 14 de março de 2014

Maria, 3ªe 4ª prática de devoção

Uso das Cadeiazinhas
§236. Terceira prática. É muito louvável, muito glorioso e útil para aqueles e aquelas que assim se fazem escravos de Jesus em Maria, que usem umas cadeiazinhas de ferro. Estas ser-lhes-ão um sinal da sua Escravidão de Amor, e serão bentas com uma bênção própria. Estes sinais exteriores não são, na verdade, tão essenciais, e uma pessoa pode passar bem sem eles, embora se tenha abraçado a esta Devoção. Mas os escravos de amor sacudiram as cadeias vergonhosas da escravidão do demônio, a que o pecado original e talvez os pecados atuais os tinham reduzido. 
Por isso não posso deixar de louvar aqueles e aquelas que se sujeitaram voluntariamente à gloriosa escravidão de Jesus Cristo, e se gloriam, com São Paulo, de estar em cadeias por amor de Jesus Cristo (Ef 3, 1). Estas cadeias são mil vezes mais preciosas, embora de ferro e sem brilho algum, que todos os colares de ouro dos imperadores.

§237. Ainda que outrora não houvesse nada de mais difamante do que a Cruz, no presente é esse madeiro o que há de mais glorioso no Cristianismo. O mesmo se diga dos ferros da escravidão.
- Entre os antigos e, mesmo hoje, entre os pagãos, nada há de mais ignominioso. Mas para os cristãos não há nada mais ilustre do que essas cadeias de Jesus Cristo. Elas livram-nos e preservam-nos dos infames laços do pecado e do demônio. Colocam-nos em liberdade e ligam-nos a Jesus e a Maria, não por imposição e por força como se faz a forçados, mas por caridade e amor, como a filhos. “Atrai-los-ei com cadeias de caridade”, diz Deus pela boca dum profeta (Os 11, 4) . 
- Estas cadeias são, por conseguinte, fortes como a morte, e, de certo modo, mais fortes ainda nas pessoas que forem fiéis em usar estes gloriosos sinais até a morte. Pois, embora a morte destrua seus corpos, reduzindo-os à podridão, não destruirá esses laços da sua escravidão, já que sendo de ferro, não se corrompem facilmente. E talvez no dia da ressurreição da carne, no grande momento do juízo final, essas cadeias, que lhes ligarão ainda os ossos, constituam parte da sua glória e sejam transformadas em gloriosas cadeias de luz. Felizes, portanto, mil vezes felizes, os ilustres escravos de Jesus em Maria, que usarem estas cadeias até a sepultura!

§238. Eis as razões por que se usam estas cadeiazinhas:
- A primeira razão é para que o cristão se lembre dos votos e promessas do seu Batismo; para que se recorde da renovação perfeita que deles fez, por meio desta Devoção, e da estreita obrigação em que está de lhes ser fiel. O homem conduz-se, muitas vezes, mais pelos sentidos do que pela fé pura, e esquece-se facilmente das suas obrigações para com Deus, se não houver qualquer coisa exterior que lhas faça lembrar. Ora, estas cadeiazinhas servem maravilhosamente para lembrar ao cristão as cadeias do pecado e da escravidão do demônio, de que o Batismo o livrou.
- Lembram também a dependência de Jesus Cristo em que o homem se colocou pelo Santo Batismo, bem como a ratificação que dela fez ao renovar as suas promessas. Uma das razões por que tão poucos cristãos pensam nas promessas do seu Santo Batismo e vivem tão livremente como se nada tivessem prometido a Deus, como os pagãos, é que não trazem nenhum sinal exterior que os faça lembrar disso.

§239. A segunda razão é para mostrar que não nos envergonhamos de ser escravos e servos de Jesus Cristo, e que renunciamos à funesta escravidão do mundo, do pecado e do demônio.
- Uma outra razão é para servirem de garantia e preservação contra as cadeias do pecado e do demônio. Pois temos de trazer ou as cadeias da iniquidade, ou as cadeias da caridade e da salvação.

§240. Ah! Meu querido irmão, quebremos as cadeias do pecado e dos pecadores, do mundo e dos mundanos, do demônio e dos seus sequazes, e “lancemos para longe de nós o seu jugo funesto” (Sl 2, 3).
- Para me servir das palavras do Espírito Santo:
“Ponhamos os pés nos Seus gloriosos ferros, e o pescoço nos Seus grilhões” (Eclo 6, 25). “Curvando os ombros, levemos a Sabedoria, que é Jesus Cristo, sem aborrecermos as suas cadeias” (Eclo 6, 26).
- Note-se que antes de dizer estas palavras, o Espírito Santo vai preparando a alma, para que não venha a rejeitar este importante conselho. - Eis as suas palavras: “Ouve, meu filho, e recebe um conselho de sabedoria, e não rejeites o meu conselho (Eclo 6, 24).

§241. Permite-me, meu querido amigo, que eu me una ao Espírito Santo, para te dar o mesmo conselho: “As suas cadeias são cadeias de salvação” (Eclo 6, 31). Jesus Cristo, do alto da Cruz, deve atrair tudo a si, livre ou forçadamente. Ele atrairá os réprobos com as cadeias de seus pecados a fim de os acorrentar, como forçados e demônios, à sua ira eterna e à sua justiça vingadora. Mas atrairá particularmente nestes últimos tempos, os predestinados, com cadeias de caridade: “Atrairei tudo a Mim” (Jo 12, 32). “Hei de atraí-los com cadeias e vínculos de caridade” (Os 11, 4).

§242. Estes escravos de amor de Jesus Cristo, estes prisioneiros de Jesus Cristo, podem usar as cadeias ao pescoço, nos braços, à cintura ou nos pés. O Padre Vicente Caraffa, sétimo Geral da Companhia de Jesus, que faleceu em odor de santidade em 1643, trazia uma argola de ferro nos pés, como sinal da sua servidão, e dizia que lamentava não poder arrastar publicamente as suas cadeias. A Madre Inês de Jesus, de quem já falamos, usava uma corrente de ferro em volta da cintura.
- Alguns outros usaram-na ao pescoço, como penitência pelos colares de pérolas que tinham trazido no mundo. Outros ainda usaram-na nos braços, para se lembrarem, nos seus trabalhos manuais, de que eram escravos de Jesus Cristo.

Culto especial ao Mistério da Encarnação
§243. Quarta prática. Terão especial devoção ao grande mistério da Encarnação do Verbo, celebrado no dia 25 de março. É o mistério próprio desta Devoção, visto que ela foi inspirada pelo Espírito Santo:
1º. Para honrar e imitar a inefável dependência que o Filho de Deus quis ter de Maria, para glória de seu Pai e para nossa salvação. Esta dependência manifesta-se duma maneira particular neste mistério, em que Jesus Cristo está cativo e escravo no seio de Maria Santíssima, e onde depende d'Ela em todas as coisas.
2º. Para agradecer a Deus as graças incomparáveis que deu a Maria e, particularmente, por a ter escolhido para sua tão digna Mãe, escolha que se realizou neste mistério.
- Estes são os dois fins principais da escravidão de Jesus Cristo em Maria.

§244. Nota, por favor, que eu digo, habitualmente, escravo de Jesus em Maria, escravidão de Jesus em Maria. Pode-se realmente dizer, como muitos o fizeram até aqui, escravo de Maria, escravidão de Maria. Mas parece-me preferível dizer escravo de Jesus em Maria. Como aconselhava o Padre Tronson, Superior Geral do Seminário de São Sulpício, celebre por sua rara prudência e piedade consumada. Foi assim que aconselhou um sacerdote que o consultou sobre este assunto. E as razões de tal proceder são as seguintes:
Tratado da Verdadeira Devoção a Santíssima Virgem Maria

São Luis Maria Grignion de Monfort

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Maria, caminho fácil, curto e perfeito.

Esta Devoção conduz à união com Nosso Senhor
§152. Quinto motivo. Esta Devoção é um caminho fácil, curto, perfeito e seguro para chegar à união com Deus, na qual consiste a perfeição cristã.

Caminho Fácil
- É um caminho fácil que Jesus Cristo abriu ao vir até nós, e onde não se encontra obstáculo algum para chegar até Ele. Pode-se, na verdade, chegar à união divina por outros caminhos, mas será por muito mais cruzes e mortes misteriosas, com muito mais dificuldades, que só a custo serão vencidas. 
- Será preciso passar por noites escuras, por combates e agonias misteriosas, por cima de montanhas escarpadas, por cima de espinhos muito agudos e por desertos horríveis.
- Mas pelo caminho de Maria passa-se mais suave e tranquilamente. 
- Também aqui se encontram, é certo, rudes combates a travar e grandes dificuldades a vencer. 
- Mas esta boa Mãe e Senhora torna-se tão presente e tão próxima dos Seus fiéis servos para os iluminar nas suas trevas, esclarecer nas suas dúvidas, confirmar no meio dos seus temores, sustentar nas lutas e dificuldades, que este caminho virginal para encontrar Jesus Cristo é realmente um caminho de rosas e mel à vista dos outros. 
- Houve alguns santos, mas em pequeno número, como S. Efrém, S. João Damasceno, S. Bernardo, S. Bernardino, S. Boaventura, S. Francisco de Sales etc., que passaram por este caminho ameno para ir a Jesus Cristo. O Espírito Santo, Esposo fiel de Maria, tinha-lho indicado por uma graça singular. 
- Os outros santos, porém, que são em maior número, embora todos tenham sido devotos da Santíssima Virgem, não entraram, ou entraram muito pouco, nesta via. Foi por isso que sofreram provas mais rudes e perigosas.

§153. Mas então donde vem, dir-me-á algum fiel servo de Maria, que os servos fiéis desta boa Mãe têm tantas ocasiões de sofrer, e mais até do que outros que d'Ela não são tão devotos?
- Contradizem-nos, perseguem-nos, caluniam-nos, não os suportam; ou, ainda, caminham em trevas interiores e por desertos onde não há a mínima gota do orvalho celeste. Se esta Devoção à Santíssima Virgem torna mais fácil o caminho que conduz a Jesus Cristo, donde vem que sejam eles os mais crucificados?

§154. Respondo-lhes: É bem verdade que os mais fiéis servos da Santíssima Virgem são os Seus maiores favoritos. Por isso são eles que recebem d'Ela as maiores graças e favores do Céu, a saber, as cruzes. 
- Mas sustento que são também os servos de Maria que levam essas cruzes com mais facilidade, com maior mérito e glória. Aquilo que deteria mil vezes outras almas, ou as faria cair, não os detém nem uma só vez e faze-os avançar. É que esta Mãe, toda cheia de graça e de unção do Espírito Santo, adoça todas estas cruzes que lhes prepara, no mel da sua Doçura Materna e na unção do Puro Amor. 
- Deste modo eles recebem-nas alegremente como nozes cobertas de açúcar, ainda que em si sejam muito amargas. Uma pessoa que deseja ser devota e viver piedosamente em Jesus Cristo, consequentemente há de sofrer perseguição e levar todos os dias a sua Cruz (Lc 9, 23). Julgo que tal pessoa nunca levará grandes cruzes ou não as levará alegremente, nem até o fim, sem possuir uma terna devoção à Santíssima Virgem, que é a doçura das cruzes. 
- Do mesmo modo ninguém poderá comer, sem se fazer grande violência, que não será muito duradoura, nozes verdes que não sejam adoçadas em açúcar.

Caminho Curto
§155. Esta Devoção à Santíssima Virgem é um caminho curto para encontrar Jesus Cristo, quer porque ninguém se perde nele, quer porque, como acabo de dizer, se avança por ele com mais alegria e facilidade e, portanto, com mais prontidão. 
- Avança-se mais, em pouco tempo de submissão e dependência para com Maria, que durante anos inteiros de vontade própria e de apoio em si mesmo. 
- Pois o homem obediente e submisso a Maria Santíssima cantará vitórias notáveis sobre todos os seus inimigos (Pr 21, 28). 
- Quererão estes impedi-lo de caminhar, fazê-lo recuar ou cair, é verdade. Mas, com o apoio, a ajuda e a guia de Maria, sem cair, sem recuar e mesmo sem se atrasar, avançará a passos de gigante para Jesus Cristo, pelo mesmo caminho por onde, como está escrito, Jesus veio até nós a passos de gigante e em pouco tempo (Sl 18, 6).

§156. Por que julgais que Jesus Cristo viveu tão pouco tempo na Terra e que, nos poucos anos que nela passou, viveu quase sempre em submissão e obediência à sua Mãe? Ah! É que, tendo morrido cedo, viveu muito (Sb 4, 13) e muito mais que Adão, cujas perdas vinha reparar, embora este vivesse mais de novecentos anos. E Jesus Cristo viveu muito porque viveu bem unido e submisso à sua Santa Mãe, para obedecer a Deus seu Pai.
- E é assim pelas seguintes razões:
1ª. Aquele que honra sua mãe é semelhante ao homem que ajunta tesouros, como diz o Espírito Santo. Isto é, aquele que honra Maria, sua Mãe, até se submeter a Ela, a obedecer-lhe em todas as coisas, tornar-se-á em breve muito rico, pois amontoa diariamente tesouros, por esta pedra filosofal:
“Como quem acumula tesouros, assim é aquele que honra sua mãe” (Eclo 3, 5).
2ª. É no seio de Maria, que encerrou e gerou um homem perfeito e que pôde conter Aquele que nem o universo inteiro pode compreender nem conter, é no seio de Maria, digo, que os jovens se tornam velhos anciãos em luz, em santidade, em experiência e em sabedoria, e que atingem em poucos anos a plenitude da idade de Jesus Cristo. Isto baseia-se numa interpretação espiritual da seguinte palavra do Espírito Santo:
“A minha velhice está na misericórdia do seio” (Sl 91, 11).

Caminho Perfeito
§157. Esta prática de Devoção à Santíssima Virgem é um caminho perfeito para ir e para se unir a Jesus Cristo, porque Maria Santíssima é a mais perfeita e a mais Santa das puras criaturas, e Jesus Cristo, que veio a nós de maneira perfeita, não escolheu outro caminho para a sua grande e admirável viagem.
- O Altíssimo, o Incompreensível, o Inacessível, Aquele que é, quis vir a nós, pequeninos vermes da Terra, que nada somos. E como se fez isto?
- O Altíssimo desceu perfeita e divinamente até nós por meio da humildade de Maria, sem nada perder da sua divindade e santidade. É igualmente por Maria que os pequeninos devem subir, perfeita e divinamente, ao Altíssimo, sem nada temer.
- O Incompreensível deixou-se compreender e conter perfeitamente pela humilde Maria, sem nada perder da sua imensidade. É por Maria que nos devemos deixar conter e conduzir perfeitamente, sem nenhuma reserva.
- O Inacessível aproximou-se, uniu-se estreitamente e até pessoalmente à nossa humanidade por intermédio de Maria, sem nada perder da sua majestade. É por Maria que nos devemos aproximar de Deus e unir-nos à Divina Majestade perfeita e estreitamente, sem receio de sermos repelidos.
- Enfim, Aquele que é quis vir ao que não é, e fazer que o que não é se transforme em Deus ou naquele que é. Deus fê-lo perfeitamente, dando-se e submetendo-se inteiramente à jovem Virgem Maria, sem deixar de ser, no tempo, Aquele que é desde toda a eternidade. 
- É ainda por Maria que nos podemos tornar semelhantes a Deus pela graça e pela glória, embora nada sejamos. Basta entregarmo-nos a Ela tão perfeita e inteiramente que já nada sejamos em nós mesmos, mas tudo n'Ela, sem receio de nos enganarmos.

§158. Abram-me um caminho novo para ir a Jesus Cristo, calcetado com todos os méritos dos bem-aventurados, ornado com todas as suas virtudes heróicas, iluminado e enfeitado com a luz e a beleza de todos os anjos, e que os anjos todos e os santos nele se encontrem para conduzir, defender e sustentar aqueles e aquelas que por ele queiram seguir. 
- Com certeza absoluta, digo-o ousadamente, e digo a verdade: eu escolheria, de preferência a este caminho tão perfeito, o caminho imaculado de Maria (Sl 17, 33), caminho sem nódoa alguma nem defeito, sem pecado original nem atual, sem sombras nem trevas. E quando o meu amável Jesus vier segunda vez à Terra, em sua glória, (como é certo), para aqui reinar, não escolherá outro caminho para a sua vinda, senão Maria Santíssima, por quem veio tão segura e perfeitamente primeira vez. 
- A diferença que há entre a primeira e a última vinda é que a primeira foi secreta e escondida, e a segunda será gloriosa e triunfante; mas são ambas perfeitas, pois ambas por intermédio de Maria. Ai! Eis um mistério que não se compreende:
“Que toda a língua aqui emudeça!”
Tratado da Verdadeira Devoção a Santíssima Virgem Maria / São Luis Maria Grignion de Monfort

quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Maria, 5ª verdade de devoção

É-nos muito difícil conservar a Graça e os Tesouros recebidos de Deus
§87-89. Quinta Verdade. É muito difícil, atendendo à nossa fraqueza e fragilidade, conservar em nós as graças e os tesouros recebidos de Deus:
1º. Porque temos este tesouro, mais valioso que o Céu e a Terra, em vasos frágeis (2 Cor 4, 7); num corpo corruptível, numa alma fraca e inconstante, que por um nada se perturba e abate.
2º. Porque os demônios, que são ladrões muito finos, querem apanhar-nos de improviso, para nos roubar e despojar.
- Para isso espreitam noite e dia o momento favorável. Rondam incessantemente, prontos para nos devorar e nos arrebatar num só momento, por um único pecado, tudo o que ganhamos em graças e méritos durante muitos anos. A sua malícia, a sua experiência, as suas astúcias e o seu número devem-nos fazer temer imensamente esta infelicidade.
- Já outras pessoas, mais cheias de graça, mais ricas de virtudes, mais fundadas na experiência e elevadas em santidade, foram surpreendidas, roubadas e lamentavelmente despojadas.
Ah! Quantos cedros do Líbano, quantas estrelas do firmamento não têm-se visto cair miseravelmente e, em pouco tempo, perder toda a sua elevação e claridade!
- Donde proveio esta estranha mudança? O que faltou não foi a graça, que não falta a ninguém, foi a humildade. Julgaram-se mais fortes e mais capazes do que eram; julgaram que podiam guardar os seus tesouros. Fiaram-se e apoiaram-se em si mesmos. Acharam a sua casa bastante segura e os seus cofres bastante fortes para guardar o precioso tesouro da graça. Foi por causa desta confiança não apercebida que tinham em si (embora lhes parecesse que se apoiavam unicamente na graça de Deus) que o Senhor, infinitamente justo, permitiu que fossem roubados e abandonados a si mesmos.
Ah! Se tivessem conhecido a Admirável Devoção que vou expor, teriam confiado o seu tesouro a uma Virgem poderosa e fiel, que o teria guardado como seu, considerando isto como um dever de justiça.

3º. É difícil perseverar na justiça, por causa da estranha corrupção do mundo. Ele está, presentemente, tão corrompido, que se torna quase inevitável serem os corações religiosos manchados, senão pela sua lama, ao menos pela poeira. Assim, é quase um milagre conservar-se alguém firme no meio desta torrente impetuosa sem ser arrastado; andar neste mar tormentoso sem ser submergido ou pilhado pelos piratas e corsários; respirar este ar empestado sem lhe sentir as más consequências.
- É a Virgem, a única sempre fiel, sobre a qual a serpente jamais teve poder, quem faz este milagre a favor daqueles e daquelas que a servem da melhor maneira.
Tratado da Verdadeira Devoção a Santíssima Virgem Maria / São Luis Maria Grignion de Monfort

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

União

U n i ã o
“Deus convoca todos os homens dispersos pelo pecado, para a unidade da sua família, que é a igreja.
Faz isto através do Filho, que enviou como redentor e Salvador quando os tempos se cumpriram” (CIC 1)

União com a Igreja
- Igreja = Corpo Místico de Cristo
- Cristo = Cabeça
- Todo batizado = Membro do Corpo
- Espírito Santo = Alma do corpo
* No batismo o Espírito Santo toma posse de nós, nos faz membros do Corpo Místico de Cristo, para que dia após dia nos tornemos mais semelhantes ao nosso Salvador.
* É um corpo em que cada membro se beneficia: 1-De cada missa que se celebra; 2-De cada oração que se oferece; 3-Cada boa obra que se faz por cada um dos outros membros, em qualquer lugar do mundo.
* Nós nos separamos deste corpo pelo pecado. Como um torniquete ao dedo o pecado interrompe o fluxo vital, que somente é retirado pelo arrependimento.

* Assim como no corpo humano cada membro tem sua função a realizar: os olhos = ver, o ouvido = ouvir, as mãos = apanhar, o coração = impulsionar o sangue.
* Qual minha função no Corpo Místico de Cristo?
A nossa condição de membros do Corpo Místico de Cristo nos estimula a trabalhar ativamente com Cristo na obra de Redenção.
Devemos sentir zelo pelas almas.
Em união com o Corpo Místico de Cristo: Padres, Religiosos, leigos batizados cumpriremos nossa missão e vocação.
“Tenho ainda outras ovelhas que não são deste aprisco, e é preciso que eu as traga. Elas ouvirão minha voz, e haverá um só rebanho e um só pastor” (Jo 10,16)
“Pai Santo, guarda em teu nome aqueles que me deste, para que sejam um, como nós somos um” (Jo 17,11)
  
União na Eucaristia
* A união com Cristo na Sagrada Comunhão é o laço de caridade que nos faz um só com o próximo.
* Não podemos experimentar um crescimento no amor a Deus, sem experimentar ao mesmo tempo um crescimento no amor ao próximo.
* E o fruto de nossas comunhões torna-se suspeito se continuamos a manter preconceitos de nação ou raça, se guardamos rancor ao próximo, se não vemos melhorar a nossa afeição, compaixão, paciência e compreensão para com os outros.

União no Matrimônio
* Define-se o matrimônio como um sacramento que estabelece uma santa e indissolúvel união entre um homem e uma mulher e lhes dá graças para se amarem um ao outro santamente e educarem Cristãmente os filhos.
* Deus, para assegurar o reto uso do poder procriador, fundou a instituição matrimonial: a união indissolúvel, por toda a vida, de um homem com uma mulher.
* É desígnio Divino que o homem e uma mulher se completem um ao outro, que se apoiem um no outro, que contribuam para o mutuo crescimento espiritual.
* Nessa união por toda a vida de um homem e uma mulher, tanto as suas mentes e corações como os seus corpos se fundem numa unidade nova e mais rica, cumprindo assim o fim estabelecido por Deus.

Direitos que a unidade nos cumula
* Todo Batizado que tiver tido um dia mau e estiver desanimado pela pressão de um problema sério, sentindo-se tentado a autocompadecer-se e a pensar que tudo é um erro, esse é o momento de recordar da unidade que existe entre todos os membros do Corpo Místico de Cristo.
* É o momento de recordar que tem absoluto direito a qualquer graça de que possa necessitar em qualquer situação; a qualquer graça de que possa necessitar para fortalecer a sua humana fraqueza e chegar à solução do problema.
* Ao Batizado que faz tudo o que está em suas mãos para que os seus atos sejam verdadeiramente Cristãos, Deus comprometeu-se a dar todas as graças de que necessitam e quando as necessitem, e Deus é fiel sempre fiel aos seus compromissos. LG11

- Da união no Corpo Místico de Cristo, que é a unidade da família de Deus, temos o direito de nos beneficiar de cada Missa celebrada, de cada oração que se faz em qualquer parte do mundo.

- Da união na Eucaristia, que é o antídoto da vida eterna; temos o direito de gozar, ainda nesta vida, da glória do céu!

- Da união no Matrimônio, que é uma santa e indissolúvel união entre o homem e a mulher, temos o direito de receber de Deus as graças atuais de que necessitamos HOJE para assegurar uma união feliz e frutuosa.

- Da união na oração, que é a elevação da mente e do coração a Deus; temos o dever de adorar, agradecer, pedir perdão e reparar e o direito de pedir as graças e os fatores de que necessitamos para nós e para os outros.


- É importante descobrir que: QUEM NOS UNIU FOI DEUS, e que o fato de estarmos unidos e buscarmos o ‘conhecimento de Deus’, já realizamos a vontade d’Ele sendo um com ELE.

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Ninho de Águia para nossos filhos

- Muitos dizem que não há manual de instruções para educação de crianças, mas há, sim, diretrizes que nos capacitam como pais para lidar com o dia a dia de nossos filhos.

- Certa vez quando estive em um Museu de História Natural, me atentei a perceber como é que a águia faz o ninho para seus filhos. Já estudo sobre a águia há anos, porque admiro suas atitudes e singularidade.

- Não é a toa que a águia está nos emblemas dos EUA como símbolo de força, coragem e poder. Se você ler a Bíblia perceberá que em vários momentos é citado que quando esperamos em Deus, Ele renovará nossas forças e nos dará “olhos e asas de águia”.

- É importante este comentário porque águias sempre enxergam além, sempre voam mais alto e mais longe, pois não se contentam em enxergar a vida em um ângulo raso.

- A águia tem muito a nos ensinar e só de perceber como elas lidam com a tempestade, já nos serve de grande lição nas condutas da vida.

- Observe primeiramente, a forma que constroem seus ninhos e que tem a ver com a educação de filhos:
Elas o fazem no mais alto dos penhascos e a sua estrutura em três camadas:
·         A primeira delas é de penas,onde extrai partes de seu próprio corpo para dar aconchego e proteção aos seus filhotes.
Conforme eles vão crescendo, a águia vai tirando pena a pena, uma a uma, até eles chegarem na segunda camada: os gravetos.
·         Perceba que neste momento, o corpinho dos filhotes não está mais sobre as penas gostosas e macias, mas passam a ter que lidar com a secura dos galhos onde os filhotes vão viver. Passado um tempo, a águia vai tirando um a um dos gravetos, até que os fazem entrar em contato com a terceira camada do ninho que são os espinhos.
·         Neste momento, os espinhos vão espetando e incomodando tanto, que os tiram da zona de conforto e isso os obriga a voar para descobrirem o mundo e explorar suas forças.

- Que grande manual temos em nossas mãos ao entendermos que ajudamos nossos filhos a crescerem quando “construímos ninhos de águia” para eles.

- Pais que deixam seus filhos sempre na primeira camada, ou seja, nas penas, não contribuem com o seu crescimento, pois os filhos nunca vão despertar para descobrir suas próprias habilidades porque não vão querer deixar o conforto e a proteção que as penas trazem.

- Quando os estimulamos contribuímos para enxergarem a vida com “olhos de águia” olhando sempre à frente e acima de toda e qualquer circunstância.

- Fazendo isso, os ajudamos a lidar com os momentos críticos da vida pois, se você observar, na hora de uma tempestade, todas as aves do céu se recolhem para procurar abrigo seguro, mas a águia vai além das nuvens onde a tempestade se forma e fica assistindo as rajadas de trovão e ventos contrários de forma que aquilo não lhe atinge.

- Nós, muitas vezes, nos primeiros sinais de perigo já estamos com medo, mas quem tem “olhos de águia” vai olhar sempre além.
- O ar de tranquilidade da águia diante do perigo parece zombar da tempestade, ao desafiar suas forças na emoção de atravessar as turbulentas correntes de ar, navegando por cima delas com graça e controle.

- Com os filhos e durante nossa vida, certamente passamos por tempestades que nos assustam mas, tal como escrito há anos, se confiarmos em Deus, nós voaremos como águias e enxergaremos como elas, porque veremos além das circunstâncias e nunca nos esqueceremos que por trás de grandes nuvens, lá está o sol, pronto para brilhar e mostrar a leveza e a delícia de um dia ensolarado e quente.

Karine Rizzardi, psicóloga em Cascavel (PR) especialista em casais, família e em aconselhamento familiar. Fez pós-graduação em Psicologia na Chicago University, em Chicago, nos Estados Unidos.

(Carta Mensal nº466, Equipe de Nossa Senhora)

domingo, 8 de dezembro de 2013

Desejo de Deus

- Quando as almas não tem possibilidade, como desejariam, de ficar longas horas em Minha presença porque são obrigadas a tomar repouso ou a se entregar a ocupações que absorvem suas faculdades (Vontade, Inteligência e memória), nada lhes impede de fazer comigo uma convenção em que melhor provarão o seu amor do que no ardor da devoção livre e tranqüila.
- Então, vai descansar como deves, mas antes, encarrega as potências de tua alma (Vontade, Inteligência e memória) de Me renderem o culto de teu amor durante a noite inteira.
- Dá liberdade aos mais ternos afetos de teu coração a fim de que durante o sono dos teus sentidos (audição, visão, tato, paladar, olfato) eles não cessem de ficar na presença do único Objeto de teu amor.
- Basta um instante para Me dizeres:
“Senhor vou dormir, (ou trabalhar...), mas minha alma vos fará companhia. É sua atividade que descansará durante a noite (ou se empregará durante este trabalho), mas todas as minhas potências ficarão sob vosso domínio e meu coração vos conservará o amor mais constante e terno.
De Jesus a Josefa da Sociedade do Sagrado Coração

no Livro “Apelo ao amor” página 430.

sábado, 2 de novembro de 2013

Oração a Misericórdia

“Desejo transformar-me toda em Vossa misericórdia, para tornar-me o Vosso reflexo vivo, ó meu Senhor!
- Que a Vossa Misericórdia, que é insondável e de todos os atributos de Deus o mais sublime, se derrame do meu coração e da minha alma sobre o próximo.
- Ajudai-me, Senhor, para que os meus olhos sejam misericordiosos, de modo que eu jamais suspeite das pessoas pela aparência externa e nem as julgue, mas perceba a beleza interior dos outros e possa ajudá-los.
- Ajudai-me, Senhor, para que os meus ouvidos sejam misericordiosos, de modo que eu esteja atenta as necessidades dos meus irmãos, e não me permitais permanecer indiferente diante de duas dores e lágrimas.
- Ajudai-me, Senhor, para que a minha língua seja misericordiosa, de modo que eu nunca fale mal dos meus irmãos; que eu tenha para cada um deles uma palavra de conforto e perdão.
- Ajudai-me, Senhor, para que as minhas mãos sejam misericordiosas e transbordantes de boas obras, nem se cansem jamais de fazer o bem aos outros, enquanto aceite para mim as tarefas mais difíceis e penosas.
- Ajudai-me, Senhor, para que os meus pés sejam misericordiosos, para que levem sem descanso ajuda aos irmãos, vencendo a fadiga e o cansaço; o meu repouso esteja no serviço do próximo.
- Ajudai-me, Senhor, para que o meu coração seja misericordioso e se torne sensível a todos os sofrimentos do próximo; que ninguém receba uma recusa do meu coração. Que eu conviva sinceramente mesmo com aqueles que abusam da minha bondade.
Quanto a mim, me encerro no Coração Misericordiosíssimo de Jesus, silenciando aos outros o quanto tenha de sofrer.

Ó meu Jesus, transformai-me em Vós, porque Vós tudo podeis.” Diário de Santa Faustina §163

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Necessidade da oração


A oração é a força e a luz da esperança cristã
- No Concilio Vaticano II, que tanto se preocupou com o homem, fez-se esta pergunta: Quem é o homem? Onde responderam:
Desde as suas origens o ser humano se entretinha com Deus;
Desde o seu nascimento o homem é chamado ao diálogo com Deus;
Desde o seio materno Deus me chamou (Is 49,1).
- O homem é o centro e o vértice de tudo o que existe sobre a terra; mas é um ser finito, limitado, aberto e sempre em busca de Deus.
- O homem existe para dialogar com Deus, iluminado pelos faróis da fé e da razão. Existe para fazer da vida um diálogo de; amor com o Deus Criador, com o Cristo Redentor, e com o Espírito Santo Santificador. Sempre criatura amada; sempre filho perdoado e redimido por amor; e, por gratidão sempre aberto para acolher e agradecer este gesto de amor de Deus.

- Oração, em breves palavras, é justamente isto; diálogo da criatura com o Criador, diálogo entre Deus e o ser humano. Santa Tereza D’Ávila definiu:
“Oração mental não é senão tratar de amizade, estando muitas vezes tratando a sós, com quem sabemos que nos ama”
- Poder dialogar com Deus não é só desejo de quem busca a perfeição, mas a vocação. Empreender um caminho para chegar a dialogar com Deus é uma aventura digna do ser humano. Santo Agostinho exclamou:
“Fizeste-nos, Senhor, para ti, e o nosso coração está inquieto até descansar em ti”. Um coração que vivia afogado e sem poder respirar até descobrir Aquele que o conhecia e o chamava desde o ventre materno.
João Paulo II dizia: “Sem a oração nosso esforço seria inútil e nossa esperança de uma nova evangelização que seja eficaz poderia ficar sem fundamento”.

É fácil rezar?
- A oração é uma arte. Há quem diga que o artista nasce e pronto. Certamente a tendência é inata, mas o artista torna-se artista explorando o dom concedido por Deus, trabalhando com esforço essa tendência, esse dom. Todos nós somos chamados a dialogar com Deus. Este dom está na bagagem do homem que sai das mãos do Criador para a viagem neste mundo. Resta a cada um de nós explorá-lo para que produza frutos Mt 25,15.
- Ser chamado ao diálogo com Deus significa que há um caminho que devemos percorrer com nosso empenho. É uma aventura, empreendida por quem sente esta sede e quer satisfazer o inquieto coração. Ninguém sai para uma aventura sem uma boa dose de esperança, de confiança e de coragem para enfrentar os obstáculos que poderá encontrar.
- A arte exige exercício diário, sem descanso.
- ‘Rezar é o tempo da encarnação de Deus em ti,
  • é o tempo em que deixas inspirar por Deus,
  • o tempo em que te deixas transformar em imagem de Deus,
  • o tempo em que aprendes a conhecer Deus como ele é, vendo aquilo que te estás tornando”
- Os artistas treinam muito e não poderia ser diferente com a oração, a mais nobre das artes.

A Igreja precisa de ti
“A Igreja do Concílio Vaticano II considera o mundo moderno com o amor, que sabe descobrir em toda parte os vestígios de Deus; serve-o com o gênio da caridade e de sua oração”. A Igreja “abre-se para o mundo moderno não para contaminar-se com seus costumes, mas para infundir-lhe o fermento de sua salvação”. Esse fermento és tu, somos nós. Por isso, a pergunta: de quem necessita a Igreja?
- A Igreja necessita de cada um de nós, do casal cristão, da comunidade.
- A Igreja precisa de quem busca aproximar-se de Deus, de quem reza, de quem se coloca no alto da montanha, como fazia Moisés, quando queria encontrar-se com Deus, para escutar a Deus e dele receber as orientações do que devia fazer e como devia fazer.
- O matrimônio e a família precisam ouvir da boca de Deus o seu projeto sobre o matrimônio e a família.
- Deus está a espera dos orantes, lá no alto da montanha, para comunicar-lhes seu projeto, para iluminar a Igreja.
- A Igreja necessita de pessoas que se deixam habitar por Deus. O Mais aberto para escutar é o mais apto para servir. Quem mais reza é quem mais serve.
- A oração ilumina a visão do mundo. O bem e o mal existentes no mundo são percebidos pelos que se aproximam de Deus através da oração. Na beleza do mundo resplandece o vestígio de Deus, e no mal que afeta os homens percebe-se a grande ausência de Deus. O mal impera onde não há lugar para Deus.
Vida de oração e a amizade
- Seguindo a definição de Santa Tereza, a oração é ‘tratar de amizade’.
- O orante está na presença de Deus como um amigo está diante do amigo. - Sabemos o valor do amigo pela Palavra de Deus na Escritura. É um verdadeiro tesouro. “Um amigo fiel é um poderoso refúgio; quem o descobriu, descobriu um tesouro” Eclo 6,14. E quem encontra o tesouro é capaz de vender tudo para adquiri-lo e fará de tudo para não perde-lo Mt13.
“Onde está o teu tesouro ai estará também o teu coração Mt 6,21.
- O amigo me conhece como eu me conheço, porque aos amigos abrimos o coração.
- Oração é estar com Deus como amigo verdadeiro. Tornar-se amigo de Deus é tornar-se orante. Jesus nos ensina o segredo da verdadeira amizade quando diz: “Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida por seus amigos”Jo 15,13. Essa afirmação de Jesus vem ao nosso encontro para curar, ensinar e transformar o coração. Só o amor transforma. Não é possível conceber o amor sem a capacidade de entrega, sem doação sem oblação.

Como tornar-se um homem de oração
- Um sério caminho espiritual começa quando abrimos um espaço para Deus no barco da vida. Para acolhermos Deus no barco de nossa vida precisamos colocar alguns objetivos:
- Em primeiro lugar, a oração pessoal todos os dias, isso se chama fidelidade.
- A oração deve ser um encontro previsto e desejado. A vida espiritual tem seu ponto de partida aqui: fidelidade pontual para os encontros com o Senhor.
- Oração que se faz ocasionalmente denota valor relativo. Deus é necessidade e valor absoluto.
- O Senhor precisa entrar na nossa barca, na barca da vida. Um lugar definido para Deus no espaço do dia, guardado com fidelidade persistente, é que nos define como homens e mulheres de oração.
- A oração precisa ser um encontro desejado. A vida torna-se árida, sem gosto, quando não há oração.
- Precisamos adquirir gosto pela oração e, como os discípulos de Jesus, manifestar o desejo:

“Senhor, ensina-nos a rezar”Lc11,1.