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segunda-feira, 21 de abril de 2014

Novena Divina Misericórdia, 4º dia

Quarto Dia:
A Igreja é missionária
§1216- Hoje, traze-me os pagãos e aqueles que ainda não Me conhecem e nos quais pensei na Minha amarga paixão. O seu futuro zelo consolou o Meu Coração. Mergulha-os no mar da Minha Misericórdia.

- Misericordiosíssimo Jesus, Tu que és a luz do mundo todo, aceita na morada do Teu compassivo Coração, as almas dos pagãos que ainda não Te conhecem. Que os raios da Tua graça os iluminem para que também eles, juntamente conosco, glorifiquem as maravilhas da Tua Misericórdia, e não os deixe sair da morada do Teu compassivo Coração.

Que a luz do Teu amor Ilumine as trevas das almas! 
Faze que essas almas Te conheçam e glorifiquem a Tua misericórdia, juntamente conosco!


- Eterno Pai, olhai com o olhar da Vossa misericórdia para as almas dos pagãos e daqueles que ainda não Vos conhecem, mas que estão encerrados no Coração compassivo de Jesus. Atraí-as à luz do Evangelho. Essas almas não sabem que grande felicidade é amar-Vos; fazei com que também elas glorifiquem a prodigalidade da Vossa Misericórdia, por toda a eternidade. Amém.

Oração para todos os dias
Ó dia eterno, ó dia desejado, espero por ti com saudade e ansiedade,
O amor afastará logo os véus, e Tu serás a minha salvação.

Ó dia lindíssimo, momento incomparável em que verei, pela primeira vez, a meu Deus, esposo da minha alma e Senhor dos senhores, sinto que o terror não dominará minha alma.

Ó dia soleníssimo, ó dia luminoso, em que a alma conhecerá a Deus em Seu poder e mergulhará toda em Seu amor, e conhecerá que já passaram as penúrias do exílio.

Ó dia feliz, ó dia abençoado em que meu coração se inflamará de um calor eterno, porque já agora Te pressinto, embora os véus, Tu és para mim, ó Jesus, enlevo e encanto na vida e na morte

Ó dia, pelo qual espero a vida toda, Eu te espero tanto, ó Senhor; porque unicamente a Ti desejo: Tu és no meu coração, e tudo a mais, é o nada.

Ó dia de delicias, de eternas suavidades, Deus de grande majestade, Esposo meu, Tu sabes que nada satisfará um coração virginal, Em Teu doce Coração reclino o meu rosto. Amém. . §1230
Diário de Santa Faustina

domingo, 20 de abril de 2014

Novena Divina Misericórdia, 3º dia

Terceiro Dia:
Cristo, Rei vitorioso.
§1214 - Hoje, traze-Me todas as almas piedosas e fiéis e mergulha-as no oceano da Minha misericórdia, essas almas confortaram-Me na via sacra, foram aquela gota de consolações em meio ao mar de amarguras.

- Misericordiosíssimo Jesus, que concedes prodigamente a todos, as graças do tesouro da Tua misericórdia, acolhe-nos na morada do Teu compassivo coração e não nos deixes sair dele pelos séculos; suplicamos-Te pelo amor inconcebível de que está inflamado o Teu coração para com o Pai celestial. 
As maravilhas da misericórdia são insondáveis; 
nem o pecador nem o justo as entenderá. 
Para todos olhas com o olhar da compaixão,
e a todos atrais para o Teu amor.
- Eterno Pai, olhai com o olhar da Vossa misericórdia para as almas fiéis, como para a herança do Vosso Filho, e pela Sua dolorosa paixão concedei-lhes a Vossa bênção e cercai-as da Vossa incessante proteção, para que não percam o amor e o tesouro da santa fé, mas para que, com toda multidão dos Anjos e dos Santos, glorifiquem a Vossa imensurável misericórdia, por toda a eternidade. Amém.

Oração para todos os dias
Ó dia eterno, ó dia desejado, espero por ti com saudade e ansiedade,
O amor afastará logo os véus, e Tu serás a minha salvação.

Ó dia lindíssimo, momento incomparável em que verei, pela primeira vez, a meu Deus, esposo da minha alma e Senhor dos senhores, sinto que o terror não dominará minha alma.

Ó dia soleníssimo, ó dia luminoso, em que a alma conhecerá a Deus em Seu poder e mergulhará toda em Seu amor, e conhecerá que já passaram as penúrias do exílio.

Ó dia feliz, ó dia abençoado em que meu coração se inflamará de um calor eterno, porque já agora Te pressinto, embora os véus, Tu és para mim, ó Jesus, enlevo e encanto na vida e na morte

Ó dia, pelo qual espero a vida toda, Eu te espero tanto, ó Senhor; porque unicamente a Ti desejo: Tu és no meu coração, e tudo a mais, é o nada.

Ó dia de delicias, de eternas suavidades, Deus de grande majestade, Esposo meu, Tu sabes que nada satisfará um coração virginal, Em Teu doce Coração reclino o meu rosto. Amém. . §1230


domingo, 13 de abril de 2014

Paz no coração (Santo Afonso)

A paz no coração
6. “De onde vem a guerra, senão de vossas concupiscências? Tg4,1
- Quando alguém fica tomado de cólera por qualquer contrariedade, pensa encontrar alívio e paz desafogando sua raiva com atos ou, ao menos, com palavras. É um engano porque, depois desse desabafo, ficará muito mais perturbado do que antes. Quem deseja conservar-se em paz contínua, procure jamais estar de mau humor. Percebendo estar dominado por ele, procure libertar-se imediatamente e não o deixe dormir consigo nem uma noite, distraindo-se com alguma leitura, um canto piedoso, ou a conversa agradável de algum amigo.
            Diz a Sagrada Escritura: “É no coração dos insensatos que reside a irritação” Eclo7,9 a cólera no coração dos insensatos, que pouco amam a Jesus Cristo, encontra morada por muito tempo. Mas no coração daqueles que amam a Jesus Cristo, se por acaso entrar, é logo expulsa e não permanece. Quem ama a Jesus de coração, nunca está de mau humor. Não querendo senão o que Deus quer, sempre tem tudo o que quer e por isso se encontra sempre tranquilo e sempre o mesmo. A vontade de Deus o tranquiliza em todas as dificuldades que acontecem, e por isso demonstra para com todos uma total mansidão. Essa mansidão não pode ser alcançada sem um grande amor a Jesus Cristo. De fato, percebe-se que nunca somos mais delicados e mansos com os outros, do que quando sentimos maior ternura a Jesus Cristo.

            7. Por não experimentarmos sempre esta ternura, é preciso que na oração mental nos preparemos para sofrer as contrariedades que nos possam sobrevir. Assim fizeram os santos e ficaram prontos para receber com paciência e mansidão as ofensas, os insultos e as mágoas.
            No momento em que somos atingidos pelos insultos do próximo, se não estivermos preparados, dificilmente saberemos o que fazer para não sermos vencidos pela raiva. A paixão nos fará julgar razoável rebater com atrevimento o atrevimento de quem nos maltrata sem razão. Mas diz S. João Crisóstomo que não é um meio adequado para apagar um fogo aceso no coração do próximo, usar o fogo de uma resposta ressentida, que mais o inflama: “Fogo não se apaga com fogo”.
- Mas não é justo –dirá alguém- usar delicadeza e mansidão com um atrevido que nos ofende sem razão.
- É preciso usar de mansidão –responde S.Francisco Sales- não só com a razão, mas também contra a razão
            8. Nesses casos é preciso responder com uma palavra branda: esse é o meio de apagar o fogo: “A resposta mansa aplaca a ira”. Mas quando nosso animo está agitado, o melhor é calar-se.
- S.Bernardo: “A vista ofuscada pela raiva não enxerga direito”. Os olhos ofuscados pela ira já não veem o que é justo ou injusto. A paixão é como um véu colocado diante dos olhos não nos permitindo distinguir o certo do errado. “É necessário fazer um contrato com a língua, de não falar quando o meu coração estiver agitado”

Corrigir com amor
            9. Algumas vezes é necessário corrigir um insolente com palavras ásperas. “Irai-vos, mas sem pecar” Sl 4,5. As vezes é licito ficar irado mas sem pecar e aí é que está a dificuldade. Teoricamente falando, pode parecer em certos momentos conveniente falar ou responder com aspereza para fazer alguém entrar em si. O caminho seguro é o chamar a atenção ou responder com brandura e estar atento para não se deixar levar pela raiva. “Eu nunca me deixei conduzir pela ira –Dizia S.Francisco Sales- sem que logo me tenha arrependido”
            Quando nos sentimos ainda perturbados, como disse acima, o caminho mais seguro é calar, reservando a resposta ou admoestação para um momento mais oportuno, quando o coração estiver mais sossegado.
            10. Devemos especialmente praticar a mansidão ao sermos corrigidos por nossos superiores ou amigos.
- S.Francisco Sales: “Aceitar de bom grado as repreensões é sinal de que amamos as virtudes contrárias aos defeitos de que somos corrigidos. É um grande sinal de progresso na perfeição”.
            É preciso também usar a mansidão para conosco mesmos. O demônio mostra-nos como coisa louvável o ficar com raiva de nós mesmos quando cometemos uma falta. Mas não; isso é tentação dele que se esforça para nos inquietar a fim de que não possamos fazer nenhum bem.
- “Tende por certo que todos os pensamentos, que nos trazem inquietação, não vêm de Deus, príncipe da paz. Eles vêm ou do demônio ou do amor próprio ou da estima desregrada que temos de nós mesmos. São essas as três fontes de onde brotam todas as nossas perturbações. Por isso, quando aparecem pensamentos que nos inquietam, é necessário rejeitá-los e desprezá-los logo”

            11. a mansidão também nos é muito necessária quando temos que repreender os outros. Admoestações feitas com zelo amargo causam mais frequentemente  mais prejuízo do que proveito, principalmente estando perturbada a pessoa a ser corrigida. Deve-se então retardar a correção e esperar uma oportunidade em que esteja acalmado o fogo da raiva.
            Deixemos, ainda, de corrigir os outros, quando estamos de mau humor. Nesse estado, a admoestação será sempre feita com aspereza. A pessoa, vendo-se repreendida desse modo, fará pouco caso da admoestação, por ser feita com paixão. Isto vale tratando-se do bem do próximo. No que se refere ai nosso proveito, mostremos que amamos a Jesus Cristo, suportando com paz e alegria os maus tratos, as injurias e os desprezos.

Oração
            Meu Jesus desprezado, amor e alegria de minha vida. Com vosso exemplo, tornastes possível ais que vos amam, amar também s desprezos. De hoje em diante eu vos prometo sofrer, por vosso amor, todas as ofensas, já que por meu amor fostes tão injuriado pelos homens, neste mundo. Dai-me forças para realiza-lo, fazei-me conhecer e praticar tudo o que desejais de mim.
            Meu Deus e meu tudo, não quero procurar outro bem fora de vós, bondade infinita. Vós que cuidais tanto de meu progresso, fazei que eu não tenha outro cuidado senão o de vos dar alegria. Fazei que meus pensamentos sejam empregados sempre em fugir de tudo. Afastai de mim toda a ocasião que me afaste de vosso amor. Privo-me de minha liberdade e a consagro toda a vossa divina vontade.
            Eu vos amo, bondade sem fim, Verbo encarnado, amo-vos mais do que a mim mesmo. Tende piedade de mim e curai todas as feridas de que sofre minha alma por causa das ofensas que vis fiz.
- Abandono-me inteiramente em vossos braços, meu bom Jesus: quero vos pertencer, quero sofrer por vosso amor; só a vós desejo.
            Maria, virgem santa e minha mãe, eu vos amor e em vós confio. Socorrei-me com a vossa poderosa intercessão! Amém.


A Prática de amor a Jesus Cristo Cap XII– Santo Afonso Maria de Ligório

terça-feira, 8 de abril de 2014

Reta intenção (Santo Afonso)

O desprendimento
21. Quem deseja ser todo de Deus, deve desprender-se a estima mundana. Quantos se afastam de Deus e quantos até o perdem por causa desta maldita estima! Por exemplo, ouvindo falar de algum dos próprios defeitos, fazem tudo para se justificar e fazer acreditar que é falsidade e calunia o que dizem. Se praticam algum bem, o que não fazem para o tornar conhecido de todos?
- Desejariam que todo o mundo soubesse, para serem louvados.
- O modo de agir dos santos é bem diferente. Gostariam que todo o mundo conhecesse seus defeitos para tê-los como pobres pecadores, como eles mesmos se julgam. Se praticam alguma virtude, gostariam que só Deus soubesse pois só a ele desejam agradar. Por isso, eles amam tanto a vida escondida, lembrados do ensinamento de Jesus: “Quando das esmola, não saiba tua mão esquerda o que fez a direita... Quando fazes oração, entra no teu quarto, fecha a porta e reza a teu pai em segredo”

            22. É preciso, principalmente, desprendermo-nos de nós mesmos, isto é, de nossa própria vontade. Quem vence a si mesmo facilmente vencerá todas as dificuldades.
S.Francisco Xavier costumava das a todos o conselho: “Vence a ti mesmo”. Jesus mesmo disse: “Se alguém quer me seguir, renuncie a si mesmo”
            Nisso consiste tudo o que precisamos fazer para sermos santos: renunciar a nós mesmos e não seguir nossa vontade própria, “Não te deixes levar por tuas más inclinações, e refreia os teus apetites”
S.Francisco Assis: a maior graça que uma pessoa pode receber de Deus é vencer a si mesma, renunciando a própria vontade.
S.Bernardo: se os homens fizessem guerra a vontade própria, ninguém se condenaria: “Desapareça a vontade própria e não haverá inferno. Grande mal é a vontade própria que faz com que tuas boas ações não sejam boas para ti”
- Assim seria se um penitente quisesse fazer alguma mortificação, jejuns, mas contra a orientação de seu diretor espiritual. Essa mortificação, realizada para seguir a própria vontade, torna-se um defeito. Infeliz daquele que vive escravo da própria vontade. Desejará muitas coisas e não poderá alcança-las: “Donde vem as lutas e questões entre vós? Não vêm elas de vossas paixões que combatem em vossos membros? Cobiçais e não recebeis: sois invejosos e ciumentos, e não conseguis o que desejais” Tg 4, 1-2
- A primeira guerra vem-nos das paixões sensuais. Fujamos das ocasiões, mortifiquemos nossos olhares, encomendemo-nos a Deus e a guerra acabará.
- A segunda guerra vem-nos da cobiça das riquezas. Esforcemo-nos por amar a pobreza, e a guerra terminará.
- A terceira guerra vem-nos da ambição pelas honras. Amemos a humildade, a vida oculta e a guerra acabará.
- A quarta guerra, a mais prejudicial, vem-nos da vontade própria. Sejamos resignados com a vontade de Deus em tudo que acontece e a guerra chegará ao seu fim.
S.Bernardo: quando se vê uma pessoa perturbada, a causa dessa perturbação não é outra coisa senão a incapacidade de satisfazer a própria vontade: “Donde vem as perturbações, senão do fato de seguirmos nossa vontade própria?”

União com Deus
            23. É preciso amar a Deus como ele quer, e não como nós queremos. Deus quer que o coração esteja despojado de tudo, para se unir a ele e se saciar de seu amor.
S.Tereza: “A oração de intimidade com Deus não é outra coisa senão um morrer quase total a todas as coisas do mundo pra alegrar-se só em Deus. Quanto mais nos esvaziamos das criaturas, quanto mais nos desprendemos delas por amor a Deus, tanto mais ele nos saciará dele mesmo e mais estaremos unidos com ele”
            Muitas pessoas desejam chegar a união com Deus, mas não querem as dificuldades que Deus lhe permite. Não querem as doenças que as afligem, nem a pobreza que sofrem, nem as ofensas que recebem. Sem a resignação, jamais conseguirão unir-se perfeitamente a Deus.
S.Catarina Gênova: Para chegar a união com Deus, são necessárias as dificuldades mandadas por Ele. Por meio delas, Ele espera destruir em nós as paixões internas e externas. Por isso, todos os desprezos, as doenças, a pobreza, as tentações, todas as dificuldades, tudo nos é necessário. Assim teremos de lutar e por meio das vitórias, nossas paixões se enfraquecerão a tal ponto, que não mais as sentiremos. Enquanto as dificuldades não nos parecerem amargas, mas suaves por amor a Deus, não chegaremos a união com Ele”

A Mortificação
            24. S.João Cruz diz que para a perfeita união com Deus ”é necessária a mortificação total dos nossos sentidos e paixões. Qualquer que seja a satisfação que se apresente aos nossos sentidos, se não é puramente para a glória de Deus, deve logo ser afastada por amor a Jesus Cristo. Quanto aos nossos desejos, esforcemo-nos por inclinarmo-nos para o pior, o mais desagradável, o mais pobre, sem desejar outra coisa do que sofrer e ser desprezado”
            Resumindo, quem ama verdadeiramente a Jesus Cristo, não se apega aos bens da terra e procura despojar-se de tudo para se conservar unido a Jesus Cristo. Para Jesus Cristo dirige todos os seus desejos, pensa sempre nele, procura agradar-lhe em todo o lugar, em todo o tempo, em toa a ocasião.
            Mas para se chegar a isso, é preciso esforçar-se continuamente para esvaziar o coração de todo o afeto que não se dirige para Deus.
Pergunto: O que deve fazer uma pessoa que se dá toda a Deus?
·                    Deve fugir de tudo que ofende a Deus e fazer tudo o que mais lhe agrada.
·                    Deve, depois, acolher sem exceção tudo o que vem de suas mãos, por mais duro e desagradável que seja.
·                    Deve, enfim, preferir em todas as coisas a vontade de Deus e não a nossa própria vontade.
Isso é que requer para ser todo de Deus.

Oração
            Meu Deus e meu todo. Apesar de minhas ingratidões e negligenciassem vos servir, continuas a me atrair ao vosso amor. Aqui estou, não quero resistir mais. Quero renunciar a tudo ara pertencer só a vós. Além de tudo, vós me tendes obrigado a vos amar. Eu me encantei convosco e quero a vossa amizade.
            Como posso amar outra coisa, depois de vos ter visto morrer de dor numa cruz para me salvar? Como poderei contemplar-vos morto, consumido nos sofrimentos, sem vos querer bem com todo o meu coração? – Sim, Redentor meu, amo-vos com toda a minha alma e não tenho outro desejo senão vos amar nesta vida e por toda a eternidade.
Amém.
Sequência da postagem “Santidade de vida”

A Prática de amor a Jesus Cristo Cap XI– Santo Afonso Maria de Ligório

sexta-feira, 4 de abril de 2014

“Este é o tempo para minha alma”

“Eis agora o tempo favorável por excelência.
Eis agora o dia da salvação” II Corintios 6,2
Entre a época da 1ª vinda de Cristo (Rom 3,26);
e a do seu retorno (ICor 1,8);
decorre um tempo intermediário (Rom 13,11)
que é o “Dia da Salvação”.

Tempo concedido em vista da conversão (Atos 3,20),
da salvação do ‘resto’ (Rm 11,5),
e dos gentios (Rm 11,25; Ef 2,12; Ap 6,11; Lc 21,24)

Embora tenha duração incerta (ITess 5, 1),
esse tempo de peregrinação (IPedro 1,17)
deve ser considerado com o breve (ICor 7,26-31; Ap 10,6; 12,12; 20,3),
cheio de provações (Ef 5,16; 6,13)
e de sofrimentos, que preparam a glória futura (RM 8,11).

Importa vigiar (ITess 5,6; Mc 13,33)
e fazer sábio uso do tempo que resta (Cl 4,5; Ef 5,16),
para que nos salvemos e salvemos os outros (Gl 6,10)
deixando a Deus a tarefa de fazer a retribuição final. (Rm 12,19; ICor 4,5)

“Este é o tempo para minha alma”
No dia 25.abril.2007, Nossa Senhora Rainha da Paz, em Medjugorje diz:
“Queridos filhos, Também hoje Eu os convido novamente a conversão.
Abri seus corações.
Este é o tempo de graças enquanto estou com vocês.
Aproveitem-no! Digam (em forma de Jaculatória):
‘ESTE É O TEMPO PARA MINHA ALMA’.
Eu estou com vocês e os amo com um amor incomensurável.
Obrigada por terem atendido a Meu chamado.”

Anunciar a Boa Nova
- Após ter considerado o chamado da Palavra de Deus:
“Eis agora o tempo favorável por excelência.
Eis agora o dia da salvação”
E também entendido o chamado pessoal e constante de Nossa Senhora em suas mensagens, levemos adiante a Salvação para as almas que nos são confiadas:
“Anunciar a Boa Nova aos que a desconhecem, é para:
·         consolidar, completar e elevar a verdade e o bem que Deus difundiu entre os homens e os povos e para purifica-los do erro e do mal.
·         Para a glória de Deus, a confusão do demônio e a felicidade do homem” 
CIC-Catecismo da Igreja Católica §856


segunda-feira, 31 de março de 2014

Vida simples (Santo Afonso)

Quem ama a Jesus Cristo só a Ele ambiciona
1. Quem ama a Deus, não anda a busca de afeição das pessoas.
- Seu único DESEJO é estar bem com Deus, o único objeto de seu amor.
- S.Hilário: As honrarias deste mundo são negócios do demônio. É isso mesmo, porque ele negocia para o inferno quando introduz na alma os DESEJOS de estima. Perdendo a humildade, qualquer pessoa se coloca em risco de abraçar todos os males. Deus, ao dar suas graças, abre sua mão aos humildes e a fecha aos orgulhosos: Resiste aos orgulhosos, isto é, nem sequer escuta suas orações. Entre os atos de orgulho, certamente um é este: ambicionar a afeição dos homens e tornar-se vaidoso com as honras recebidas deles.

            2. Muito espantoso foi o exemplo de Frei Justino. Ele tinha adquirido um grande grau de conhecimento de Deus, mas possivelmente ou certamente alimentava dentro de si o DESEJO de ser estimado pelo mundo. Um dia o Papa Eugênio IV mandou chama-lo. Pela fama que tinha de sua santidade, recebeu-o com muitas honras, abraçando-o e fazendo com que se assentasse junto dele. Depois deste fato, Frei Justino encheu-se de vaidade, de tal forma que S.João Capristano lhe disse: “Frei Justino, você foi lá como um anjo e voltou como um demônio” De fato, crescendo dia a dia em seu orgulho, pretendendo ser tratado como julgava merecer, chegou até a matar um frade com um punhal. Depois perdeu a fé e fugiu para Nápolis onde fez outros crimes. Finalmente, aí morreu, apóstata, numa prisão.
- Por isso, quando ouvimos ou lemos que caíram certos cedros do Libano, um Salomão, um Tertuliano, um Osio, considerados por todos como santos e no entanto caíram, é sinal que eles não se deram totalmente a Deus. É sinal que interiormente alimentavam em si sentimentos de orgulho e por isso caíram.
- Tremamos de medo, portanto, quando sentirmos aparecer em nós qualquer DESEJO de aparecer a de ser estimado pelo mundo. Quando as pessoas nos homenagearem, cuidado para não nos comprazermos nessas honras. Elas poderão ser a causa de nossa ruína.

Vida oculta
            3. Cuidemo-nos especialmente de andar buscando pequenas honras.
- S.Tereza: Onde há pequenos pontos de honra, não haverá espirito interior.
- Muitas pessoas dizem ter vida espiritual, mas idólatras da estima própria. Mostram exteriormente certas virtudes, mas ambicionam ser louvados por tudo o que fazem e quando não há ninguém que as louve, louvam-se a si mesmas. Procuram enfim, parecer melhores do que os outros e, se por acaso, alguém as machuca em algum ponto de honra, perdem a paz, deixam de comungar, abandonam todas as suas devoções. Não ficam sossegadas enquanto não lhes parecer que readquiriram a fama perdida.
- Aqueles que amam a Deus de verdade não fazem assim. Fogem de falar em seu próprio louvor, não se comprazem nas palavras elogiosas que lhes dizem. Longe de tudo isso, eles se entristecem com tais elogios e se alegram quando são desprezados pelas pessoas.

            4. S.Francisco Sales: Sou aquilo que sou diante de Deus.
- Que valor tem ser estimado pelas pessoas deste mundo, se diante de Deus somos nada? Ao contrário, o que importam os desprezos do mundo, se somos agradáveis e queridos aos olhos de Deus?
- S. Agostinho: O elogio do adulador não cura a má consciência, nem as injurias de quem ofende ferem a consciência boa.
- Dessa forma, quem nos louva não nos livra do castigo de nossas más ações e quem nos condena não nos tira o merecimento de nossas boas ações.
- S.Tereza: Que nos importa sermos julgados como culpados pelas pessoas, tidos por ordinários, se diante de Deus somos grandes e inocentes?
- Os santos DESEJAVAM  viver desconhecidos e desconsiderados por todos.
- S.Francisco Sales: Que mal as pessoas nos fazem quando tem uma fraca opinião de nós, se nós mesmos a devemos ter? Talvez saibamos que somos maus e pretendemos que os outros nos tenham por bons?

Vida simples
            5. Como é segura a vida escondida para aqueles que querem amar d todo o coração a Jesus Cristo! Jesus mesmo nos deu o exemplo disso, vivendo desconhecido e desprezado durante trinta anos numa oficina. Por isso, os santos fugindo a estima dos homens, foram viver nos desertos e nas grutas.
- S.Vicente Paulo: “O gosto de aparecer, de ser elogiado, o DESEJO de que seja louvado o comportamento, de que se diga que somos bem sucedidos e que fazemos maravilhas, é um mal. Fazendo-nos esquecer a Deus, prejudica nossas ações mais santas r torna-se para nós o vicio mais pernicioso ao progresso da vida espiritual”

            6. Aquele, portanto, que quer crescer no amor a Jesus Cristo, precisa fazer morrer em si mesmo o amor a própria estima.
- Como se faz morrer a própria estima?
- S.Maria Madalena Pazzi: “A vida da própria estima é a boa reputação na qual os outros nos têm. Portanto, a morte da própria estima consiste em nos escondermos para não sermos conhecidos de ninguém. Enquanto não chegarmos a morrer desse modo, não seremos verdadeiros servos de Deus”

            7. Portanto, para nos fazermos agradáveis aos olhos de Deus, é preciso afastar de nós o DESEJO de aparecer e de agradar aos homens. Principalmente refrear o DESEJO de dominar os outros.
- S.Tereza preferia que o seu mosteiro, com todas as religiosas, fosse devorado pelo fogo, antes que entrasse lá essa maldita ambição. Se, por acaso, uma das suas religiosas pretendesse ser superiora, queria que fosse expulsa do convento ou, no mínimo, encarcerada para sempre.
- S.Maria Madalena Pazzi: “A honra de uma pessoa desejosa da vida espiritual está em ser colocada depois de todos os outros e em ter horror de ser preferida aos outros.” A ambição de uma pessoa que ama a Deus deve ser a de superar a todos na humildade: “Nada fazendo por competição ou vanglória, mas com humildade”

Oração
            Meu Jesus, dai-me a ambição de vos agradar e fazei-me esquecer a todas as criaturas e até a mim mesmo. O que me adianta ser amado por todo o mundo, se não sou amado por vós, o tudo de minha vida? Jesus, viestes a este mundo para ganhar os nossos corações. Se eu não sei vos dar o meu coração, tomai-o vós; enchei-o de vosso amor e não permitais que me separe de vós.
            No passado, virei as costas para vós, mas agora, vendo o mal que fiz, arrependo-me de coração e nada me aflige tanto como a lembrança das ofensas que vos fiz. Consola-me o saber que sois a bondade infinita e amais um pecador que vos ama.
            Eis-me aqui, quero vos pertencer, quero sofrer tudo o que for de vossa vontade, já que, por meu amor, morrestes de dor numa cruz. Quereis que eu seja santo, podeis fazer-me santo; em vós confio.
            Maria, grande mãe de Deus, eu confio também na vossa proteção.


A Prática de amor a Jesus Cristo Cap X– Santo Afonso Maria de Ligório

terça-feira, 18 de março de 2014

Maria, 5ª, 6ª e 7ª prática de devoção

Grande Devoção pela Ave-Maria e pelo Rosário
Continua Quinta prática:
§251. Não sei como isto se faz nem por quê, mas não deixa de ser uma realidade: não tenho melhor segredo para conhecer se uma pessoa é de Deus, do que ver se ela gosta de rezar a Ave-Maria e o Terço. E digo gosta, porque pode acontecer que uma pessoa esteja na impossibilidade natural ou mesmo sobrenatural de a rezar, mas sempre gosta e a inspira aos outros.

§252. Almas predestinadas, escravas de Jesus em Maria, ficai sabendo que a Ave-Maria é a mais bela de todas as orações, depois do Pai-Nosso. É a saudação mais perfeita que podemos dirigir a Maria, porque é a que o Altíssimo lhe transmitiu por um Arcanjo, a fim de lhe ganhar o Coração. E foi tão poderosa, pelos encantos secretos de que está cheia, que Maria consentiu na Encarnação do Verbo, apesar da sua profunda humildade. Será também por meio desta saudação que lhe ganharemos infalivelmente o Coração, se a dissermos como convém.

§253. A Ave-Maria bem rezada, isto é, rezada com atenção, devoção e modéstia, segundo os santos, é a adversária que põe o demônio em fuga e o martelo que o esmaga; é a santificação da alma, a alegria dos anjos, a melodia dos predestinados, o cântico do Novo Testamento, o gozo de Maria e a glória da Santíssima Trindade.
- A Ave-Maria é um orvalho do Céu, que torna a alma fecunda; é um beijo puro e amoroso que se dá a Maria; é uma rosa vermelha que se lhe apresenta, uma pérola preciosa que se lhe oferece, é um pouco de ambrosia e de néctar divino que se lhe dá. Todas estas comparações são dos santos.
A Ave-Maria é um orvalho celeste que molha a terra, isto é, a nossa alma, para que dê frutos no seu devido tempo. Uma alma não irrigada pelo orvalho celeste dessa oração não traz nenhum fruto, mas somente tribulação e espinhos, e está próxima de ser amaldiçoada.

§254. Peço-te instantemente, pelo amor que te tenho em Jesus e Maria, que não te contentes com rezar a coroinha de Nossa Senhora, mas que rezes o Terço cada dia, e mesmo, se tiveres tempo, o Rosário quotidiano. Se o fizeres, bendirás na hora da morte o dia e o momento em que me acreditaste. Depois de teres semeado nas bênçãos de Jesus e Maria, recolherás bênçãos eternas no Céu: “Aquele que semeia nas bênçãos, bênçãos recolherá também” (2 Cor 9, 6).

O Magnificat
§255. Sexta Prática. Para agradecer a Deus as graças que concedeu à Santíssima Virgem, as almas escolhidas dirão muitas vezes o Magnificat, a exemplo da Bem-aventurada Maria de Doignies e de vários outros santos. É a única oração e a única composição da Santíssima Virgem, ou, antes, que Jesus compôs n'Ela, pois Ele falava pela sua boca. Este é o maior sacrifício de louvor que Deus recebeu na lei da graça.
- Por um lado, é o mais humilde e reconhecido, por outro, o mais sublime e elevado de todos os cânticos. Há nele mistérios tão grandes e escondidos que os anjos os ignoram.
- Gerson, doutor muito piedoso e sábio, gastou uma parte da vida a compor tratados, plenos de erudição e piedade, sobre os mais difíceis temas. Mas foi só depois, no fim da vida, que empreendeu, a tremer, a explicação do Magnificat, para assim coroar todas as suas obras. Diz-nos, num volume in-fólio, que sobre ele compôs, coisas admiráveis do belo e divino cântico.
- Entre outras coisas, ele diz que a própria Santíssima Virgem o recitava muitas vezes, particularmente depois da Sagrada Comunhão, em ação de graças.
- O erudito Benzônio, explicando também o Magnificat, conta muitos milagres operados pela sua virtude. Diz que os demônios tremem e se põem em fuga quando ouvem as palavras:
“Manifestou o poder do seu braço e confundiu os soberbos
nos pensamentos de seus corações” (Lc 1, 51).

O desprezo do mundo
§256. Sétima prática. Os fiéis servidores de Maria devem desprezar,
odiar e fugir muito do mundo corrupto, e servir-se das práticas de desprezo do mundo, que indicamos na primeira parte.

Tratado da Verdadeira Devoção a Santíssima Virgem Maria
São Luis Maria Grignion de Monfort


domingo, 16 de março de 2014

Maria, 4ª e 5ª prática de devoção

Culto especial ao Mistério da Encarnação
Continua 4ª prática de devoção:
§245. 1ª. Estamos num século orgulhoso, em que abundam os sábios soberbos, os espíritos fortes e críticos, que acham o que criticar nas práticas de piedade mais fundadas e mais sólidas.
- A fim de não lhes fornecer, sem necessidade, um pretexto de crítica, vale mais dizer escravidão de Jesus Cristo em Maria, e dizer-se escravo de Jesus Cristo do que escravo de Maria. Assim denomina-se esta Devoção mais de acordo com o seu fim último, que é Jesus Cristo, do que com o caminho e meio para lá chegar, que é Maria. Apesar disso, podemos, na verdade, usar sem escrúpulos ambas as denominações, como eu mesmo faço. Por exemplo, um homem que vai de Orleans a Tours pelo caminho de Amboise pode muito bem dizer que vai a Amboise, e que vai a Tours; que é viajante para Amboise e para Tours. No entanto, a diferença é que Amboise é apenas o caminho direto para ir a Tours, e que só Tours é o seu fim último e o termo da sua viagem.

§246. 2ª. O principal mistério que se celebra e honra nesta Devoção é o mistério da Encarnação, no qual se pode ver Jesus em Maria, encarnado no seu seio. Por isso vem mais a propósito dizer escravidão de Jesus em Maria. Jesus habitando e reinando em Maria, conforme a bela oração de tantos homens célebres:
“Ó Jesus, que viveis em Maria, vinde e vivei em Vossos servos, no espírito da Vossa Santidade, na Plenitude de Vossa Força, na Perfeição de Vossas Vias, na Verdade de Vossas Virtudes, na Comunhão de Vossos Mistérios, dominai sobre toda a potestade inimiga, em Vosso Espírito para a Glória do Pai. Amém.”

§247. Este modo de falar mostra mais claramente a íntima união que existe entre Jesus e Maria. Estão unidos tão intimamente que um está todo no outro: Jesus todo em Maria e Maria toda em Jesus. Ou antes, Ela já não existe: é Jesus que é tudo n'Ela. Seria mais fácil separar do Sol a sua luz, que Maria de Jesus. Pelo que se pode chamar a Nosso Senhor, Jesus de
Maria, e à Santíssima Virgem, Maria de Jesus.

§248. O tempo não permite deter-me aqui para explicar as excelências e grandezas deste mistério de Jesus vivendo e reinando em Maria, ou da Encarnação do Verbo. Por isso contento-me com dizer, em duas palavras, que este é o primeiro dos mistérios de Jesus Cristo, o mais oculto, o mais elevado e o menos conhecido.
- Foi neste mistério que Jesus escolheu todos os eleitos com a colaboração de Maria, escondido no seu seio, que por isso é chamado pelos santos de “A Sala dos Segredos Divinos”. Foi neste mistério que Jesus operou todos os mistérios que depois se seguiram na sua vida, pela aceitação que deles fez. “Jesus, entrando no mundo, disse: Eis que venho para fazer a tua vontade, ó Deus” (Hb 10, 5-9). Por conseguinte, este mistério é um resumo de todos os outros; encerra a vontade e a graça de todos.
- Finalmente é o Trono da Misericórdia, da Liberalidade e da Glória de Deus.

Trono da sua Misericórdia para nós, pois só podemos nos aproximar de Jesus por meio de Maria, bem como só podemos vê-lo e falar-lhe por intermédio de Maria. Jesus, que atende sempre à sua querida Mãe, concede neste mistério sua graça e misericórdia aos pobres pecadores. “Vamos, pois, com confiança, ao trono da graça” (Hb 4, 16).

Trono da sua Liberalidade para com Maria, pois, enquanto o Novo Adão permaneceu neste verdadeiro Paraíso Terrestre, operou tantas maravilhas escondidas, que nem os anjos nem os homens as podem compreender. É por isso que os santos chamam Maria de a Magnificência de Deus, como se Deus só em Maria fosse Magnífico (Is 33, 21).

Trono da sua Glória para o Pai celeste, pois foi em Maria que Jesus Cristo aplacou perfeitamente seu Pai, irritado com os homens. Foi n'Ela que Jesus reparou cabalmente a glória que o pecado lhe tinha roubado. No sacrifício que fez da sua vontade e de si mesmo, Jesus deu mais glória a Deus do que jamais lhe teriam dado todos os sacrifícios da Antiga Lei. Enfim, foi em Maria que Jesus deu ao Pai uma glória infinita, que jamais havia recebido do homem.

Grande Devoção pela Ave-Maria e pelo Rosário
§249. Quinta prática. Terão muita devoção em rezar a Ave-Maria, ou Saudação Angélica. Poucos cristãos, embora esclarecidos, conhecem o valor, o mérito, a excelência e a necessidade desta oração. Foi preciso que a Santíssima Virgem aparecesse repetidas vezes a grandes santos muito esclarecidos, como São Domingos, São João Capistrano, o bem-aventurado Alano da Rocha, para lhes mostrar o mérito desta oração. Compuseram grossos volumes sobre as maravilhas da sua eficácia na conversão das almas. Publicaram altamente e pregaram publicamente que, tendo a salvação do mundo começando pela Ave-Maria, a salvação de cada alma em particular está ligada a esta oração.

- Foi esta oração que fez dar à Terra seca e estéril o fruto da vida, e é esta mesma oração que, rezada com devoção, deve fazer germinar nas nossas almas a Palavra de Deus, e fazer brotar o fruto de vida, que é Jesus Cristo.
- Disseram ainda que a Ave-Maria é um celeste orvalho que rega a Terra, isto é, a alma, para lhe fazer produzir fruto a seu tempo. E a alma que não for regada por esta oração ou orvalho celeste não dará fruto, mas apenas sarças e espinhos, não estando longe de ser amaldiçoada.

§250. Eis o que a Santíssima Virgem revelou ao Bem-aventurado Alano da Rocha, conforme é referido no seu livro “De dignitate Rosarii”, e depois citado por Cartagena. “Fica sabendo, meu filho, e fá-lo saber a todos, que um sinal provável e próximo de condenação eterna é ter aversão, tibieza e negligência em rezar a Saudação Angélica, que salvou todo o mundo”.
- Palavras tão consoladoras quão terríveis, que dificilmente se acreditariam se não tivéssemos esse santo por garantia e, antes dele, São Domingos, e depois muitos outros grandes personagens, com a experiência de muitos séculos.
- Efetivamente, sempre se verificou que os que trazem o sinal da condenação, como todos os hereges, os ímpios, os orgulhosos e os mundanos odeiam e desprezam a Ave-Maria e o Terço.

- Os hereges ainda aprendem e rezam o Pai-Nosso, mas não a Ave-Maria, nem o Terço. Têm-lhes horror; preferiam trazer consigo uma serpente a um Terço. Os orgulhosos, embora católicos, como têm as mesmas inclinações que seu pai Lúcifer, também desprezam ou votam indiferença à Ave-Maria,
considerando o Terço como uma devoção para efeminados, própria para ignorantes e analfabetos. Pelo contrário, a experiência tem mostrado que aqueles e aquelas que apresentam grandes sinais de predestinação amam, saboreiam e rezam com prazer a Ave-Maria, e que quanto mais são de Deus, tanto mais gostam desta oração. Foi o que disse a Santíssima Virgem
ao bem-aventurado Alano, depois das palavras que acabo de citar.
  
Tratado da Verdadeira Devoção a Santíssima Virgem Maria / São Luis Maria Grignion de Monfort

quarta-feira, 12 de março de 2014

Maria, 1ª e 2ª prática de devoção

Práticas exteriores
§226. Embora o essencial desta Devoção consista no interior, não deixa de compreender várias práticas exteriores, que não se devem negligenciar. “É preciso fazer estas coisas, mas sem omitir aquelas” (Mt 23, 23). A razão disto esclarece-se, quer porque as práticas exteriores bem feitas ajudam as interiores, quer porque lembram ao homem, que sempre se guia pelos sentidos, o que está fazendo ou o que deve fazer. Também podem edificar os que as vêem, o que não sucede com as puramente interiores.
- Portanto, que nenhum mundano critique, nem aqui meta o nariz, para dizer que a “Verdadeira Devoção a Santíssima Virgem Maria” reside no coração, que é preciso evitar as exterioridades, que pode haver nisso vaidade, que é preciso ocultar a devoção, etc. Respondo-lhes com o meu Mestre: “Que os homens vejam as vossas obras boas, e glorifiquem o vosso Pai que está nos céus” (Mt 5, 16). Não que se devem fazer as ações e devoções exteriores, como diz São Gregório, para agradar aos homens e tirar daí algum motivo de louvor, pois isso seria vaidade. Mas por vezes fazem-se diante dos homens com o fim de agradar a Deus e de, por este meio, o fazer glorificar, sem a preocupação do desprezo ou louvor dos homens. Mencionarei apenas, em resumo, algumas práticas exteriores, a que chamo exteriores não porque sejam feitas sem o interior, mas porque têm qualquer coisa de exterior, que as distingue das que são puramente interiores.

Consagração depois dos exercícios preparatórios
§227. Primeira prática. Esta Devoção particular da entrega total não está erigida em confraria, embora isso fosse de desejar (atualmente já está). Ora, aqueles e aquelas que quiserem seguir esta Devoção, primeiro empregarão pelo menos doze dias a esvaziar-se do espírito do mundo, contrário ao de Jesus Cristo, conforme já disse na primeira parte desta preparação para o Reino de Jesus Cristo. Depois empregarão três semanas em encher-se de Jesus Cristo, por meio da Santíssima Virgem. Eis a ordem que se pode observar:

§228. Durante a primeira semana, aplicarão todas as suas orações e atos de piedade para pedir o conhecimento de si mesmos e a contrição de seus pecados; farão tudo em espírito de humildade. Para isso poderão, se quiserem, meditar no que eu disse sobre o nosso fundo mau (§78-79), e considerar-se durante os dias dessa semana como caracóis, lesmas, sapos, porcos, serpentes, bodes. Ou meditem estas três palavras de São Bernardo: “Pensa no que foste, um pouco de lama;
no que és, um vaso de estrume;
no que serás, alimento de vermes!”
- Pedirão a Nosso Senhor, e ao divino Espírito Santo que os esclareça, repetindo as palavras: “Senhor, que eu veja!” (Lc 18, 41).
Ou: “Que eu me conheça!” Ou: “Vinde, Espírito Santo!”
- Rezarão todos os dias a ladainha do Espírito Santo e a oração que se lhe segue.
- Recorrerão à Santíssima Virgem, pedindo-lhe esta grande graça, que deve ser o fundamento de todas as outras. Para isso dirão todos os dias o “Ave Maris Stella” e a ladainha de Nossa Senhora.

§229. Na segunda semana aplicar-se-ão, em todas as orações e obras de cada dia, a conhecer a Santíssima Virgem. Pedirão este conhecimento ao Espírito Santo, podendo ler e meditar o que sobre isto dissemos. Rezarão, como na primeira semana, a ladainha do Espírito Santo e o “Ave Maris Stella” ajuntando um Rosário cada dia, ou pelo menos um Terço, por esta intenção.

§230. Empregarão a terceira semana em conhecer Jesus Cristo.
- Poderão ler e meditar o que a este respeito dissemos, e ler a oração de Santo Agostinho, que vem no princípio desta segunda parte (§67).
- Poderão dizer e repetir, com o mesmo santo, mil e mil vezes ao dia: “Senhor, que eu Vos conheça!”
Ou então: “Senhor, fazei que eu veja quem sois Vós!” Rezarão, como nas semanas precedentes, a ladainha do Espírito Santo e o “Ave Maris Stella”, e acrescentarão todos os dias a ladainha do Santíssimo Nome de Jesus.

§231. No fim dessas três semanas confessar-se-ão e comungarão com a intenção de se darem a Jesus Cristo na qualidade de escravos de amor, pelas mãos de Maria. E depois da comunhão, que se esforçarão por fazer segundo o método abaixo indicado (§266), dirão a fórmula da consagração, que também acharão mais adiante. Deverão escrevê-la ou mandá-la escrever, se não estiver impressa, e assiná-la no mesmo dia em que a fizerem.

§232. Será bom que nesse dia paguem algum tributo a Jesus Cristo e a sua Santíssima Mãe, quer como penitência da sua passada infidelidade às promessas do Batismo, quer para protestar a sua dependência do domínio de Jesus e Maria. Esse tributo será segundo a devoção e a capacidade de cada um. Poderá ser um jejum, uma mortificação, uma esmola, uma vela. Ainda mesmo que não dessem mais que a homenagem de um alfinete, mas de todo o coração, isso bastaria, pois Jesus só olha a boa vontade.

§233. Uma vez por ano, pelo menos, renovarão a mesma consagração, no mesmo dia em que a fizeram, observando as mesmas práticas durante três semanas. E poderão até mesmo renovar tudo o que fizeram todos os meses, e mesmo todos os dias, com estas breves palavras:
“Eu sou todo Vosso e tudo o que tenho Vos pertence, ó
meu amável Jesus, por Maria, Vossa Santa Mãe!” (§266).

A Coroinha da Santíssima Virgem
§234. Segunda prática. Rezarão todos os dias de sua vida, mas sem a isso se obrigarem, a coroinha da Santíssima Virgem.
- Esta compõe-se de três Pai-Nosso e doze Ave-Maria, em honra dos doze privilégios e grandezas da Santíssima Virgem.
- Esta prática é muito antiga e fundamenta-se na Sagrada Escritura. São João viu uma mulher coroada de doze estrelas, vestida de Sol e tendo a Lua debaixo dos pés (Ap 12, 1). Segundo os intérpretes, essa mulher é a Santíssima Virgem.

§235. Há várias maneiras de recitar bem esta coroinha, e seria demasiado longo mencioná-las. O Espírito Santo as ensinará aos que forem mais fiéis a esta Devoção. Entretanto, para rezá-la em sua forma mais simples dir-se-á ao começar:
“Dignai-Vos conceder-me que Vos louve, ó Virgem Sagrada,
dai-me virtude contra os Vossos inimigos!”
- Em seguida reza-se o Credo, depois um Pai-Nosso, quatro Ave-Marias e um Glória ao Pai; e novamente um Pai-Nosso, quatro Ave-Marias e um Glória ao Pai, e assim por diante.
- No fim se dirá:
“Sob a Vossa proteção nos acolhemos, Santa Mãe de Deus;
não desprezeis as nossa súplicas em nossa necessidades;
mas livrai-nos sempre de todos os perigos, ó Virgem Gloriosa e Bendita!”

Tratado da Verdadeira Devoção a Santíssima Virgem Maria / São Luis Maria Grignion de Monfort