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sexta-feira, 11 de abril de 2014

Coração manso (Santo Afonso)

Quem ama a Jesus Cristo, não se irrita com o próximo
1. A virtude de não se irritar nas contrariedades que acontecem, é filha da mansidão. Por ser uma virtude que deve ser continuamente praticada por quem vive no meio dos homens, trataremos aqui apenas de alguns pontos mais particulares, mais uteis na prática.

            2. A humildade e a mansidão foram as virtudes mais estimadas por Jesus Cristo. Por isso ele disse aos seus discípulos: “Aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração” Mt11,29.
- Nosso redentor foi chamado cordeiro: “Eis o Cordeiro de Deus” Jo1,29, não só pelo sacrifício que devia fazer na cruz para satisfazer pelos nossos pecados, mas também pela mansidão manifestada em toda sua vida, especialmente na sua paixão. Na casa de Caifás, recebeu uma bofetada daquele servo que, ao mesmo tempo, o tratava como um atrevido: “Assim respondes ao pontífice?” Jesus só disse estas humildes palavras: “Se falei mal, dize-me em que; se falei bem, por que me bates?” Esta mansidão ele continuou a vive-la até a morte. Pregado na cruz, enquanto todos caçoavam e praguejavam, ele apenas dizia ao Pai Eterno que lhes perdoasse: “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem” Lc23,34

Coração manso
            3. Como são caros a Jesus Cristo os corações mansos. Recebendo ofensas, desprezos, calúnias, perseguições e até mesmo pancadas e ferimentos, não se irritam contra quem os injuria ou maltrata.
“Sempre lhe agradaram as súplicas dos mansos” As eles, de modo especial, está prometido o céu”: “Bem aventurados os mansos, porque eles possuirão a terra”.
- Padre Alvarez dizia que o paraíso é a pátria dos desprezados, perseguidos e oprimidos. A eles, e não aos orgulhosos, que são honrados e estimados pelo mundo, está reservada a posse daquele reino eterno.
- As pessoas bondosas não só alcançarão a felicidade eterna na outra vida, mas já nesta terra gozarão de uma grande paz. Isso é verdade, porque os santos não guardam ódio de quem os maltrata, mas os amam mais do que antes. O Senhor, em recompensa a sua paciência, aumenta-lhes a paz interior.

- S.Tereza: “As pessoas que falam mal de mim, parece que eu as amo com maus amor”. Mais tarde, disseram dela: “As ofensas eram para ela alimento de amor”, isto é, as ofensas davam-lhe mais oportunidade para mais amar aquelas pessoas que mais a ofendiam.
- Tal mansidão só possui quem tem grande humildade e pouco conceito de si mesmo, pelo que julga merecer todo o desprezo. Por isso mesmo, os orgulhosos são sempre raivosos e vingativos, porque julgam-se bons e acreditam ser merecedores de toda a honra.

Morrer no Senhor
            4. “Bem aventurados os que morrem no Senhor”. É preciso morrer no Senhor para ser bem-aventurado, para gozar a felicidade desde esta vida. Esta felicidade é a que podemos ter já antes de ir para o céu, muito menor na certa do que a alegria do céu, mas que supera a todos os prazeres sensíveis desta vida: “A paz de Deus, que vai além de toda a compreensão, guarde vossos corações e vossos espíritos” Fl 4,7
            Para alcançar essa paz, mesmo no meio das ofensas e calunias, é preciso estar morto no Senhor. O morto, ainda que maltratado e desprezado pelos outros, não se ressente. Também a pessoa manda de coração, como o morto vê nem ouve, procura suportar todos os desprezos. Quem ama de coração a Jesus Cristo chegará facilmente a isso.
            Quem ama de coração a Jesus Cristo chegará facilmente a isso. Unido inteiramente com a vontade de Deus, com a mesma paz e a mesma tranquilidade, recebe as coisas favoráveis e as desfavoráveis, as alegrias e as tristezas, as injurias e os louvores. Assim fez São Paulo que podia dizer: “Estou cheio de alegria no meio de minhas tribulações”.
            Feliz aquele que atinge esse grau de virtude! Goza de uma paz contínua, que é bem maior que os outros bens do mundo.
S.Francisco Sales: “Que vale todo o mundo em comparação com a paz do coração?” Realmente, o que adiantam todas as riquezas e todas as honras do mundo para quem vive inquieto e sem paz no coração?

            5. Para estarmos sempre unidos com Jesus Cristo, é preciso fazermos tudo com tranquilidade, sem nos inquietarmos com alguma dificuldade que se apresente: “O Senhor não está na agitação” Deus não mora nos corações agitados!
- Vejamos os belos ensinamentos que nos dá o mestre da mansidão, S.Francisco Sales: “Nunca vos irriteis, nem mesmo abrais a porta a cólera por qualquer motivo. Se ela entrar em nós, já não poderemos expulsá-la nem dominá-la, quando quisermos. Os meios para isso são:
1º.    Afastar imediatamente a cólera, desviando a atenção para outra coisa e calando-se.
2º.    Imitando os apóstolos quando viram a tempestade, recorrer a Deus a quem pertence pôr o coração em paz.
3º.    Se a cólera, por vossa fraqueza, já colocou o pé em vosso coração, esforçai-vos por vos tranquilizar e, depois, praticai atos de humildade e de mansidão para com a pessoa com quem vos sentis irritados. Tudo isso deve ser feito com suavidade e sem violência, porque é importante não irritar mais as feridas”.

- O próprio São Francisco de Sales dizia que precisou se esforçar durante toda a sua vida para vencer duas paixões que o dominavam: a cólera e o amor. Para vencer a paixão da cólera, confessava ter se esforçado durante vinte e dois anos. Quanto a paixão do amor, tinha procurado modificar o objeto, deixando as criaturas e dirigindo todos os seus afetos a Deus. Desse modo alcançou uma paz interior tão grande que até mesmo exteriormente a demostrava, apresentando quase sempre um rosto sereno e um sorriso nos lábios.

A Prática de amor a Jesus Cristo Cap XII– Santo Afonso Maria de Ligório

terça-feira, 8 de abril de 2014

Reta intenção (Santo Afonso)

O desprendimento
21. Quem deseja ser todo de Deus, deve desprender-se a estima mundana. Quantos se afastam de Deus e quantos até o perdem por causa desta maldita estima! Por exemplo, ouvindo falar de algum dos próprios defeitos, fazem tudo para se justificar e fazer acreditar que é falsidade e calunia o que dizem. Se praticam algum bem, o que não fazem para o tornar conhecido de todos?
- Desejariam que todo o mundo soubesse, para serem louvados.
- O modo de agir dos santos é bem diferente. Gostariam que todo o mundo conhecesse seus defeitos para tê-los como pobres pecadores, como eles mesmos se julgam. Se praticam alguma virtude, gostariam que só Deus soubesse pois só a ele desejam agradar. Por isso, eles amam tanto a vida escondida, lembrados do ensinamento de Jesus: “Quando das esmola, não saiba tua mão esquerda o que fez a direita... Quando fazes oração, entra no teu quarto, fecha a porta e reza a teu pai em segredo”

            22. É preciso, principalmente, desprendermo-nos de nós mesmos, isto é, de nossa própria vontade. Quem vence a si mesmo facilmente vencerá todas as dificuldades.
S.Francisco Xavier costumava das a todos o conselho: “Vence a ti mesmo”. Jesus mesmo disse: “Se alguém quer me seguir, renuncie a si mesmo”
            Nisso consiste tudo o que precisamos fazer para sermos santos: renunciar a nós mesmos e não seguir nossa vontade própria, “Não te deixes levar por tuas más inclinações, e refreia os teus apetites”
S.Francisco Assis: a maior graça que uma pessoa pode receber de Deus é vencer a si mesma, renunciando a própria vontade.
S.Bernardo: se os homens fizessem guerra a vontade própria, ninguém se condenaria: “Desapareça a vontade própria e não haverá inferno. Grande mal é a vontade própria que faz com que tuas boas ações não sejam boas para ti”
- Assim seria se um penitente quisesse fazer alguma mortificação, jejuns, mas contra a orientação de seu diretor espiritual. Essa mortificação, realizada para seguir a própria vontade, torna-se um defeito. Infeliz daquele que vive escravo da própria vontade. Desejará muitas coisas e não poderá alcança-las: “Donde vem as lutas e questões entre vós? Não vêm elas de vossas paixões que combatem em vossos membros? Cobiçais e não recebeis: sois invejosos e ciumentos, e não conseguis o que desejais” Tg 4, 1-2
- A primeira guerra vem-nos das paixões sensuais. Fujamos das ocasiões, mortifiquemos nossos olhares, encomendemo-nos a Deus e a guerra acabará.
- A segunda guerra vem-nos da cobiça das riquezas. Esforcemo-nos por amar a pobreza, e a guerra terminará.
- A terceira guerra vem-nos da ambição pelas honras. Amemos a humildade, a vida oculta e a guerra acabará.
- A quarta guerra, a mais prejudicial, vem-nos da vontade própria. Sejamos resignados com a vontade de Deus em tudo que acontece e a guerra chegará ao seu fim.
S.Bernardo: quando se vê uma pessoa perturbada, a causa dessa perturbação não é outra coisa senão a incapacidade de satisfazer a própria vontade: “Donde vem as perturbações, senão do fato de seguirmos nossa vontade própria?”

União com Deus
            23. É preciso amar a Deus como ele quer, e não como nós queremos. Deus quer que o coração esteja despojado de tudo, para se unir a ele e se saciar de seu amor.
S.Tereza: “A oração de intimidade com Deus não é outra coisa senão um morrer quase total a todas as coisas do mundo pra alegrar-se só em Deus. Quanto mais nos esvaziamos das criaturas, quanto mais nos desprendemos delas por amor a Deus, tanto mais ele nos saciará dele mesmo e mais estaremos unidos com ele”
            Muitas pessoas desejam chegar a união com Deus, mas não querem as dificuldades que Deus lhe permite. Não querem as doenças que as afligem, nem a pobreza que sofrem, nem as ofensas que recebem. Sem a resignação, jamais conseguirão unir-se perfeitamente a Deus.
S.Catarina Gênova: Para chegar a união com Deus, são necessárias as dificuldades mandadas por Ele. Por meio delas, Ele espera destruir em nós as paixões internas e externas. Por isso, todos os desprezos, as doenças, a pobreza, as tentações, todas as dificuldades, tudo nos é necessário. Assim teremos de lutar e por meio das vitórias, nossas paixões se enfraquecerão a tal ponto, que não mais as sentiremos. Enquanto as dificuldades não nos parecerem amargas, mas suaves por amor a Deus, não chegaremos a união com Ele”

A Mortificação
            24. S.João Cruz diz que para a perfeita união com Deus ”é necessária a mortificação total dos nossos sentidos e paixões. Qualquer que seja a satisfação que se apresente aos nossos sentidos, se não é puramente para a glória de Deus, deve logo ser afastada por amor a Jesus Cristo. Quanto aos nossos desejos, esforcemo-nos por inclinarmo-nos para o pior, o mais desagradável, o mais pobre, sem desejar outra coisa do que sofrer e ser desprezado”
            Resumindo, quem ama verdadeiramente a Jesus Cristo, não se apega aos bens da terra e procura despojar-se de tudo para se conservar unido a Jesus Cristo. Para Jesus Cristo dirige todos os seus desejos, pensa sempre nele, procura agradar-lhe em todo o lugar, em todo o tempo, em toa a ocasião.
            Mas para se chegar a isso, é preciso esforçar-se continuamente para esvaziar o coração de todo o afeto que não se dirige para Deus.
Pergunto: O que deve fazer uma pessoa que se dá toda a Deus?
·                    Deve fugir de tudo que ofende a Deus e fazer tudo o que mais lhe agrada.
·                    Deve, depois, acolher sem exceção tudo o que vem de suas mãos, por mais duro e desagradável que seja.
·                    Deve, enfim, preferir em todas as coisas a vontade de Deus e não a nossa própria vontade.
Isso é que requer para ser todo de Deus.

Oração
            Meu Deus e meu todo. Apesar de minhas ingratidões e negligenciassem vos servir, continuas a me atrair ao vosso amor. Aqui estou, não quero resistir mais. Quero renunciar a tudo ara pertencer só a vós. Além de tudo, vós me tendes obrigado a vos amar. Eu me encantei convosco e quero a vossa amizade.
            Como posso amar outra coisa, depois de vos ter visto morrer de dor numa cruz para me salvar? Como poderei contemplar-vos morto, consumido nos sofrimentos, sem vos querer bem com todo o meu coração? – Sim, Redentor meu, amo-vos com toda a minha alma e não tenho outro desejo senão vos amar nesta vida e por toda a eternidade.
Amém.
Sequência da postagem “Santidade de vida”

A Prática de amor a Jesus Cristo Cap XI– Santo Afonso Maria de Ligório

segunda-feira, 7 de abril de 2014

Santidade de vida (Santo Afonso)

A vocação e os pais
14. A escolha da vocação é chamada pelo Pe. Granada de ‘roda mestra’. No relógio, estragada a roda mestra, todo o relógio fica desacertado. Do mesmo modo, quando se trata da nossa salvação, estando errada a nossa vocação, toda a nossa vida ficará desacertada. Tantos pobres jovens perderam sua vocação por causa dos pais; tiveram um mau fim e se tornaram a ruina da casa.
Certo jovem perdeu a vocação religiosa por instigação de seu pai. Mais tarde teve com o próprio pai grandes brigas, chegando a mata-lo com suas próprias mãos. Finalmente, foi justiçado. Um outro, que frequentava o seminário, sentiu-se chamado por Deus a deixar o mundo. Surdo a esse chamado, primeiro deixou a vida piedosa que levava, a oração, a comunhão. Depois entregou-se aos vícios. Finalmente, numa noite, ao sair da casa de uma mulher, foi morto por seu rival. Veio o sacerdote, mas já o encontrou morto. Quantos exemplos semelhantes a este eu poderia apresentar aqui!

15. S.Tomas aconselha aos vocacionados a não se aconselharem com seus parentes porque, neste assunto, eles se tornam verdadeiros inimigos. Ora, se os filhos não estão obrigados a se aconselhar com os pais, muito menos estão obrigados a esperar a licença deles. Nem a pedir, sempre que possam temer que provavelmente lhes será negada injustamente, resultando com isso um impedimento para seguirem sua vocação. S. Tomas Aquino, S. Pedro Alcântara, S. Francisco Xavier, S. Luiz Beltrão e muitos outros santos abraçaram a vida religiosa sem avisarem a seus pais.

Vocação sacerdotal
            16. Note-se ainda que, assim como corre grande perigo de condenar-se quem não segue o chamado de Deus só para satisfazer os pais, também corre grande risco quem se ordena padre sem vocação, só para agradar seus parentes. São três os principais sinais para se conhecer a verdadeira vocação sacerdotal:
·         A ciência competente;
·         A reta intenção de buscar só a Deus;
·         A boa conduta de vida.
- O Concilio de Trento, falando especialmente da boa conduta, mandou aos bispos que não promovam as ordens sacras a não ser os já aprovados na virtude e bons costumes. Isso jpa tinha sido estabelecido por antigas prescrições canônicas. Isso se entende principalmente da constatação externa que o bispo deve fazer a respeito da boa conduta de quem vai ser ordenado. Mas, não se põe em duvida que o Concilio exige e pede tanto a probidade exterior como a interior. Sem a interior, a probidade exterior não passa de um puro engano e fingimento. Por isso admoesta o Concilio: “Saibam os bispos que ninguém deve ser promovido as ordens sacras sem ser digno, e sem que seu procedimento esteja de acordo com a probidade de vida. Com a mesma intenção de ter provas completas sobre aquele que cai ser ordenado, o Concilio estabeleceu ainda intervalos entre os diversos graus das ordens “para que aumente neles, juntamente com a idade, a maturidade da vida e a abundância do saber”.

Santidade de vida
            17. Quem é ordenado, é destinado ao ministério de servir a Jesus Cristo na Eucaristia; por isso –diz S.Tomas- a santidade do sacerdote deve ser maior do que a do religioso. Acrescenta ainda que as ‘ordens sacras’ preexigem santidade. A palavra ‘preexigem’ supõe que o jovem deve ser santo já antes de ser ordenado. Indica, então, o santo a diferença entre a vocação religiosa e a vocação de quem recebe as ordens sacras. Na vida religiosa se purificam os vícios, mas querendo alguém receber as ordens sacras, é preciso que se encontre já purificado por meio de uma vida santa.
- Explicando esse mesmo pensamento, diz “Como os que recebem as ordens sacras, são colocados acima do povo, assim devem eles estar acima pelo mérito da santidade”. O santo exige essa santidade de vida antes da ordenação, porque a julga necessária não só para que se possa exercer dignamente entre os ministros de Cristo. Finalmente conclui: “Na ordenação lhes é concedida maior abundância de graça para que, por meio dela, possam tornar-se idôneos para coisas maiores.”
            Notemos a expressão   “para coisas maiores”.
- S.Tomas declara que a graça do sacramento, que depois se confere, não será inútil, mas dará ao ordenado maiores auxílios para que se torne capaz de conquistar maiores méritos. Mas exprime que no ordenado se requer a graça precedente, suficiente para torna-lo digno de ser contado entre os membros do povo de Cristo.



Boa conduta
            18. Sobre esse assunto, escrevi uma longa exposição provando que se alguém recebe uma ordem sacra sem a experiência de uma vida exemplar, não pode se isentar de uma grave culpa. Isso porque abraça um estado de vida sem a vocação de Deus. Não se pode dizer chamado por Deus quem se ordena sem estar livre de todo o vicio habitual, especialmente contra a castidade. Embora possa receber o sacramento da Penitência, por estar preparado através do arrependimento, em tal estado ainda não está capacitado para receber as ordens sacras. Além disso é necessária já antes a boa conduta, comprovada com a experiência há mais tempo.
             Não pode, igualmente, se isentar de pecado mortal quem, por grande presunção, assume os sagrados ministérios sem a devida vocação. Grande perigo de condenação em semelhante caso, ao se expor assim. “Quem conscientemente, sem ter em conta a vocação de Deus” –como o faz um habituado a qualquer vicio grave- “entra como intruso no sacerdócio, colocando-se em evidente perigo de condenação.”
- Falando do sacramento da Ordem, Soto afirma: “Embora a boa conduta não seja da essência do sacramento, ela é absolutamente necessária por preceito divino... tal idoneidade de costumes não se identifica com a disposição geral exigida na recepção de qualquer sacramento para que a graça não encontre obstáculo. O homem que abraça o sacerdócio não só recebe a graça, mas abraça um estado de vida mais sublime. Exige-se, pois, dele a honestidade de vida e o brilho das virtudes”. O mesmo afirmaram Tomas Sanchez, P. Holzman e os Salmanticenses.
- O que acabo de escrever não é opinião de algum doutor particular, mas opinião comum; todos se fundamentam na doutrina por Santo Tomas.

Sequência da postagem “Coração vazio”

A Prática de amor a Jesus Cristo Cap XI– Santo Afonso Maria de Ligório

domingo, 6 de abril de 2014

Coração Vazio (Santo Afonso)

Coração Vazio
7. O amor de Deus entra e preenche um coração vazio de todo o afeto as criaturas.
- S.Tereza: “Afastai os olhos das más ocasiões e logo a alma se volta para Deus” É verdade, porque nenhuma pessoa pode viver sem amar; ou ama o Criador ou ama as criaturas. É preciso deixar tudo para ganhar tudo: “O todo pelo todo”
- S.Tereza enquanto alimentava certo afeto, honesto, para com um seu parente, não era ainda toda de Deus. Quando depois teve coragem e rompeu aquele laço, sentiu como se Jesus lhe dissesse: “Tereza, agora você é toda minha e eu sou todo seu”
- É pouco demais só um coração para amar a Deus que ama tanto e é tão capaz de ser amado, merecedor de um amor infinito. Como então ainda dividir este coração entre as criaturas e o Criador? O venerável Luis da Ponte envergonhava-se de dizer a Deus: Senhor, eu vos amo acima de tudo, mais do que as riquezas, honras, amigos, parentes. Parecia-lhe dizer a Deus: Senhor, eu vos amo mais do que o lodo, mais do que a fumaça, mais do que os vermes da terra”

            8. Deus é todo bondade para aqueles que o buscam: “O Senhor é bom para quem o procura”, isto é, para a pessoa que só deseja a Deus. Feliz perda e feliz conquista! Perder as coisas mundanas que não satisfazem o coração e acabam rapidamente, para conquistar a suma e eterna felicidade, Deus!
- Conta-se que um príncipe viu um homem piedoso num lugar deserto, como quem procura alguma coisa. Surpreendido de o ver assim vagando, perguntou-lhe quem ra e o que estava fazendo. Ele lhe respondeu:
            - E o Senhor, o que está fazendo neste deserto?
            - Eu? Eu amo a caça de animais.
            - Eu –respondeu-lhe o solitário- ando a caça de Deus.
- Dizendo isso, continuou para frente e seguiu o seu caminho.
- Este deve ser, ainda nesta vida, nosso único pensamento, nosso único propósito: procurar a Deus para amá-lo, conhecer sua vontade para cumpri-la, afastando do coração todo o afeto as criaturas.
- Quando se apresentar diante de nós algum bem da terra para atrair nosso amor, estejamos prontos para lhe dizer: “Renunciei, por amor a Jesus Cristo, a todas as grandezas deste mundo e a todas as suas ilusões. O que são todas as dignidades e grandezas deste mundo, senão fumaça, lodo e vaidade que desaparecem com a morte? Feliz daquele que pode dizer: “Jesus, deixei tudo por seu amor. Você é o meu tudo, só você me basta.”

Amor que purifica
            9. Quando o amor de Deus se apossa totalmente de uma pessoa, ela –ajudada pela graça- procura por si mesma desfazer-se de todas as coisas que lhe dificultam ser inteiramente de Deus.
- S.Francisco Sales diz que quando uma casa esta em chamas, jogam-se pela janela todos os móveis. Quando alguém se dá inteiramente a Cristo, procura desprender-se de todo o apego as coisas da terra, sem precisar das exortações dos padres quando pregam ou confessam.
- Pe.Segneri Jr dizia que o amor de Deus é um ladrão que nos tira tudo, para só nos fazer possuir Deus. Certo homem tinha renunciado a seus bens e era pobre por amor de Jesus Cristo. Perguntou-lhe, então, um amigo como se tinha reduzido a tamanha pobreza. Ele tirou do bolso o livro do Evangelho e lhe disse: “Aqui está, isto é que me despojou de tudo”.
- “Se um homem der todas as riquezas de sua casa por amor, ele as desprezará como se não tivesse dado nada” Realmente quando alguém coloca toda a sua afeição em Deus, despreza tudo: riquezas, prazeres, dignidades, autoridade, reinos, não querendo nada senão a Deus. Diz e repete sempre: “Meu Deus, só a vós quero e nada mais”
- S.Francisco Sales: “O amor puro de Deus consome tudo o que não é de Deus para transformar tudo nele, pois tudo o que faz por amor de Deus é amor”

            10. “O Rei introduziu-me na adega de vinho e ordenou em mim a caridade” Esta adega de vinho, explica S.Tereza, é a amizade de Deus que, tomando conta de um coração, o faz ficar fora de si, esquecido de todas as criaturas.
- Um homem embriagado é como um morto nos sentidos, não vê, não ouve, não fala. Uma alma embriagada de Deus é também assim: quase não sente as coisas do mundo, não quer pensar nem falar senão de Deus, não tem outro interesse senão amar e agradar a Deus. No livro dos Cânticos, o Senhor ordena que não se acorde sua esposa que está dormindo: “Eu vos suplico... não perturbeis o descanso de minha amada, nem a façais despertar” Ct 2,7 Este sono feliz, explica S.Basilio, experimentado pelas almas esposas de Jesus Cristo não é outra coisas “Senão o esquecimento completo de tudo” é o esquecimento virtuoso e voluntário de todas as criaturas para pensar só em Deus e poder dizer: “Meu Deus e Meu Tudo”

A vocação
            12. Tratando-se da escolha de nossa vocação, não somos obrigados a obedecer a nossos pais. Se um jovem é chamado a vida religiosa e seus pais se opõem, é obrigado a obedecer a Deus e não aos pais que, por interesse ou motivos particulares, prejudicam seu bem espiritual. “Frequentemente, os parentes impedem a perfeição espiritual”, preferem até que os filhos se percam a deixarem a sua casa.

            13. Nesse assunto, como é estranho ver certos pais e mães, mesmo tementes a Deus, mas enlouquecidos pela paixão, se esforçarem por impedir a vocação religiosa de seus filhos. Não deixam de empregar todos os meios para isso. A não ser em algum caso raríssimo, eles não podem se isentar de um pecado mortal. Mas dirá alguém:
- Então, se esse jovem não se fizer religioso, não pode se salvar? Sendo assim, todas as pessoas que ficam no mundo se condenam?
Respondo:
- Aqueles que não são chamados por Deus a vida religiosa, salvar-se-ão no mundo, cumprindo as obrigações de sua vocação. Mas os que são chamados e não obedecem a Deus, poderiam sim, salvar-se, mas dificilmente se salvarão. Isto porque lhes faltarão aqueles auxílios especiais que o Senhor lhes tinha preparado na vocação religiosa. Sem esses auxílios não conseguirão salvar-se. Diz o teólogo Habert que quem não obedece a vocação de Deus, fica na Igreja como um membro fora do seu lugar. Dificilmente poderá cumprir sua missão e, portanto, alcançar a salvação:
“Não poderá, sem grandes dificuldades, cuidar da sua salvação” e conclui: “Ainda que absolutamente possa se salvar, contudo, dificilmente tomará o caminho do céu e usará dos meios da salvação.

A Prática de amor a Jesus Cristo Cap XI– Santo Afonso Maria de Ligório

Sequência da postagem “Desprendimento”

sábado, 5 de abril de 2014

Desprendimento (Santo Afonso)

Quem ama a Jesus Cristo, procura desprender-se
1. Quem quiser amar a Jesus Cristo de todo o coração, precisa expulsar do coração tudo o que não é de Deu, mais o amor próprio.
- Isso é o significado de ‘não procurar o que não lhe pertence’ não procurar a si mesmo, mas só aquilo que agrada e Deus. É isto que pede o Senhor a cada um de nós: ‘Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração’
- Para amar a Deus com todo o coração, requerem-se duas coisas:
1.      Esvazia-lo das coisas da terra;
2.      Enchê-lo do amor de Deus.
0 O coração no qual existe algum afeto terreno, não pode jamais ser todo de Deus. Mas, como se purifica o coração das coisas terrenas?
- S.Felipe Neri: ‘Quanto de amor pomos nas criaturas, tanto tiramos de Deus’ Purifica-se o coração com as mortificações e com o desapego das coisas criadas. Certas pessoas queixam-se de que procuram a Deus e não o encontram. Ouçam o que diz S.Tereza: ‘Desapeguem o seu coração das criaturas e procurem a Deus que o encontrará’

            2. O erro está em alguns quererem tornar-se santos, mas a seu modo. Querem amar a Jesus Cristo, mas conforme sua inclinação, sem deixar certos divertimentos, certas vaidades no vestir, certos alimentos apetitosos.
- Amam a Deus, mas se não conseguem tal emprego, vivem inquietos. Se alguém lhes toca na fama, logo se irritam. Se não saram de uma doença, perdem a paciência.
- Amam a Deus, mas não abandonam o apego as riquezas, as honras do mundo, a vaidade de serem tidos por pessoas de classe, sábios, melhores que os outros. Essas pessoas rezam, comungam; mas porque tem o coração cheio de coisas terrenas, pouco proveito tiram. A eles o Senhor não fala, porque vê que perde tempo: ‘Eu falaria a muitas almas, mas o mundo faz muito barulho nos seus ouvidos, de modo que a minha voz não pode ser percebida por eles. Oh! Se eles se afastassem um pouco do mundo!’

- Quem está, portanto, cheio de apegos terrenos não é capaz de ouvir a voz de Deus que lhe fala. Infeliz daquele que tem apego as coisas sensíveis deste mundo! Não será difícil que, cego por eles, deixe um dia de amar a jesus Cristo; para não perder estes bens passageiros, poderá vir a perder para sempre a Deus, felicidade infinita.
- S.Tereza: ‘Se uma pessoa corre atrás dos bens perdidos, justamente acontece que também ela acaba se perdendo’

Escolha de Deus
            3. S.Agostinho: ‘Tibério Cesar queria que Jesus Cristo fosse contado entre os deusas pelo senado romano. O senado não quis admiti-lo, dizendo que ele era um Deus soberbo, desejando fazer-se adorar sozinho, sem companhia.’ Isso é verdade: Deus quer ser o único a ser adorado sozinho e ser amado por nós, não por soberba, mas porque o merece e pelo amor que nos tem. Quer todo o nosso amor, porque muito nos ama. Ele não admite que ninguém tome parte dos corações que ele quer só para si.
- S.Jerônimo: ‘Jesus é ciumento; ele não quer nossas afeições colocadas em outras coisas, senão nele só’ se por acaso vê alguma coisa ocupando um coração, é como se tivesse inveja. Ele não suporta concorrentes no amor, mas quer ser o único a ser amado: “Acaso imaginais que em vão diz as escrituras: O Espírito que habita em vós, vos ama com ciúmes.Tg4,5”

            Na Bíblia o Senhor elogia a alma-esposa, dizendo: “Jardim fechado, minha irmã esposa Ct 4,12” Chama-se de ‘jardim fechado’ porque a alma-esposa tem seu coração fechado a todos os afetos terrenos, conservando nele somente o de Jesus Cristo. Por acaso Jesus Cristo não merece todo o nosso amor?  Certamente, muito o merece pela sua bondade e pelo afeto que nos tem. Os santos entendiam muito bem tudo isso.
- S.Francisco sales: “Se eu souber que em meu coração há uma fibra que não fosse de Deus, queria logo arrancá-la”

Ser livre
            4. O rei Davi DESEJAVA ter asas livres de qualquer afeto mundano, para voar e repousar em Deus: “Tivesse eu asas como a pomba, voaria para o lugar de meu repouso. Sl 54,7”
- Muitas pessoas DESEJARIAM ver-se livre de todos os laços da terra para voarem até Deus. Dariam grandes passos, realmente, se se desprendessem de todas as coisas deste mundo. Mas, porque conservam alguma pequena afeição desordenada e não se esforçam por se libertarem o pé da terra.
- S.João Cruz: “A pessoa que está presa por algum afeto a alguma coisa, mesmo pequena, não alcançará a união com Deus, mesmo que tenha muitas virtudes. Pouco importa se o passarinho está preso com um fio grosso ou fino. Mesmo que o fio seja fino, se ele mão consegue arrebentá-lo, ficará sempre preso e não poderá voar. Como é triste ver certas pessoas, com muitas devoções, virtudes e graças de Deus, mas que por falta de coragem de acabar com uma pequena afeição, não podem chegar a união com Deus. É necessário dar um forte vôo e acabar de arrebentar esse fio. Livres de todo afeto as criaturas, não pode Deus deixar de se dar completamente a elas”

Doação total
            5. Quem DESEJA que Deus seja todo seu, deve dar-se totalmente a Ele: “O meu amado é para mim e eu para ele” Ct2,16 O meu Deus deu-se todo a mim e eu me dôo todo a Ele. Jesus Cristo, por causa do amor que nos tem, DESEJA todo o nosso amor e não estará contente enquanto não o tiver totalmente.
- S.Tereza: “Procure formar as pessoas desprendidas de todas as coisas porque se preparam para ser esposas de um Rei tão ciumento, que DESEJA até mesmo que se esqueçam de si”
- S.Maria Madalena Pazzi tirou um livro espiritual de uma noviça, simplesmente porque estava muito apegada a este livro.
- Muitas pessoas fazem meditação, visitas ao Santíssimo sacramento, comungam; mas pouco ou nada progridem na perfeição por terem o coração apegado a alguma coisa. Vivendo assim, não só serão sempre miseráveis, mas estão em risco de perder tudo.

            6. É necessário pedir a Deus que nos purifique o coração de todo o apego a terra: “Criai em mim, ó meu Deus, um coração puro Sl50,12”; do contrário, não poderemos pertencer-lhe inteiramente.
- Cristo nos ensinou que quem não renuncia a todas as coisas deste mundo não pode ser seu verdadeiro discípulo: “Assim, pois, qualquer um de vós que não renuncia a tudo quanto possui, não pode ser meu discípulo. Lc 14,33” É por causa disso que os antigos monges do deserto, quando um jovem vinha juntar-se a eles, logo lha faziam esta pergunta: “Você tem o coração vazio de todo o afeto mundano para que o Espírito Santo possa enchê-lo?

- S.Gertrudes, pedindo a Jesus Cristo a graça de entender a sua vontade, ouviu como resposta: “Outra coisa não quero de você, a não ser um coração livre das criaturas”.
- É preciso dizer a Deus com ânimo forte e resoluto: “Senhor, eu vos escolho acima de tudo, acima da saúde, das riquezas, das dignidades, das honras, dos elogios, da ciência, das consolações, das esperanças, dos desejos. Acima até mesmo das graças e dons que poderei receber de vós. Em resumo, escolho-vos acima de todas as criaturas que não são vós, ó meu Deus. Qualquer graça que me dais, sem vós não me é suficiente. Eu quero só a vós e nada mais”

A Prática de amor a Jesus Cristo Cap XI– Santo Afonso Maria de Ligório

segunda-feira, 31 de março de 2014

Vida simples (Santo Afonso)

Quem ama a Jesus Cristo só a Ele ambiciona
1. Quem ama a Deus, não anda a busca de afeição das pessoas.
- Seu único DESEJO é estar bem com Deus, o único objeto de seu amor.
- S.Hilário: As honrarias deste mundo são negócios do demônio. É isso mesmo, porque ele negocia para o inferno quando introduz na alma os DESEJOS de estima. Perdendo a humildade, qualquer pessoa se coloca em risco de abraçar todos os males. Deus, ao dar suas graças, abre sua mão aos humildes e a fecha aos orgulhosos: Resiste aos orgulhosos, isto é, nem sequer escuta suas orações. Entre os atos de orgulho, certamente um é este: ambicionar a afeição dos homens e tornar-se vaidoso com as honras recebidas deles.

            2. Muito espantoso foi o exemplo de Frei Justino. Ele tinha adquirido um grande grau de conhecimento de Deus, mas possivelmente ou certamente alimentava dentro de si o DESEJO de ser estimado pelo mundo. Um dia o Papa Eugênio IV mandou chama-lo. Pela fama que tinha de sua santidade, recebeu-o com muitas honras, abraçando-o e fazendo com que se assentasse junto dele. Depois deste fato, Frei Justino encheu-se de vaidade, de tal forma que S.João Capristano lhe disse: “Frei Justino, você foi lá como um anjo e voltou como um demônio” De fato, crescendo dia a dia em seu orgulho, pretendendo ser tratado como julgava merecer, chegou até a matar um frade com um punhal. Depois perdeu a fé e fugiu para Nápolis onde fez outros crimes. Finalmente, aí morreu, apóstata, numa prisão.
- Por isso, quando ouvimos ou lemos que caíram certos cedros do Libano, um Salomão, um Tertuliano, um Osio, considerados por todos como santos e no entanto caíram, é sinal que eles não se deram totalmente a Deus. É sinal que interiormente alimentavam em si sentimentos de orgulho e por isso caíram.
- Tremamos de medo, portanto, quando sentirmos aparecer em nós qualquer DESEJO de aparecer a de ser estimado pelo mundo. Quando as pessoas nos homenagearem, cuidado para não nos comprazermos nessas honras. Elas poderão ser a causa de nossa ruína.

Vida oculta
            3. Cuidemo-nos especialmente de andar buscando pequenas honras.
- S.Tereza: Onde há pequenos pontos de honra, não haverá espirito interior.
- Muitas pessoas dizem ter vida espiritual, mas idólatras da estima própria. Mostram exteriormente certas virtudes, mas ambicionam ser louvados por tudo o que fazem e quando não há ninguém que as louve, louvam-se a si mesmas. Procuram enfim, parecer melhores do que os outros e, se por acaso, alguém as machuca em algum ponto de honra, perdem a paz, deixam de comungar, abandonam todas as suas devoções. Não ficam sossegadas enquanto não lhes parecer que readquiriram a fama perdida.
- Aqueles que amam a Deus de verdade não fazem assim. Fogem de falar em seu próprio louvor, não se comprazem nas palavras elogiosas que lhes dizem. Longe de tudo isso, eles se entristecem com tais elogios e se alegram quando são desprezados pelas pessoas.

            4. S.Francisco Sales: Sou aquilo que sou diante de Deus.
- Que valor tem ser estimado pelas pessoas deste mundo, se diante de Deus somos nada? Ao contrário, o que importam os desprezos do mundo, se somos agradáveis e queridos aos olhos de Deus?
- S. Agostinho: O elogio do adulador não cura a má consciência, nem as injurias de quem ofende ferem a consciência boa.
- Dessa forma, quem nos louva não nos livra do castigo de nossas más ações e quem nos condena não nos tira o merecimento de nossas boas ações.
- S.Tereza: Que nos importa sermos julgados como culpados pelas pessoas, tidos por ordinários, se diante de Deus somos grandes e inocentes?
- Os santos DESEJAVAM  viver desconhecidos e desconsiderados por todos.
- S.Francisco Sales: Que mal as pessoas nos fazem quando tem uma fraca opinião de nós, se nós mesmos a devemos ter? Talvez saibamos que somos maus e pretendemos que os outros nos tenham por bons?

Vida simples
            5. Como é segura a vida escondida para aqueles que querem amar d todo o coração a Jesus Cristo! Jesus mesmo nos deu o exemplo disso, vivendo desconhecido e desprezado durante trinta anos numa oficina. Por isso, os santos fugindo a estima dos homens, foram viver nos desertos e nas grutas.
- S.Vicente Paulo: “O gosto de aparecer, de ser elogiado, o DESEJO de que seja louvado o comportamento, de que se diga que somos bem sucedidos e que fazemos maravilhas, é um mal. Fazendo-nos esquecer a Deus, prejudica nossas ações mais santas r torna-se para nós o vicio mais pernicioso ao progresso da vida espiritual”

            6. Aquele, portanto, que quer crescer no amor a Jesus Cristo, precisa fazer morrer em si mesmo o amor a própria estima.
- Como se faz morrer a própria estima?
- S.Maria Madalena Pazzi: “A vida da própria estima é a boa reputação na qual os outros nos têm. Portanto, a morte da própria estima consiste em nos escondermos para não sermos conhecidos de ninguém. Enquanto não chegarmos a morrer desse modo, não seremos verdadeiros servos de Deus”

            7. Portanto, para nos fazermos agradáveis aos olhos de Deus, é preciso afastar de nós o DESEJO de aparecer e de agradar aos homens. Principalmente refrear o DESEJO de dominar os outros.
- S.Tereza preferia que o seu mosteiro, com todas as religiosas, fosse devorado pelo fogo, antes que entrasse lá essa maldita ambição. Se, por acaso, uma das suas religiosas pretendesse ser superiora, queria que fosse expulsa do convento ou, no mínimo, encarcerada para sempre.
- S.Maria Madalena Pazzi: “A honra de uma pessoa desejosa da vida espiritual está em ser colocada depois de todos os outros e em ter horror de ser preferida aos outros.” A ambição de uma pessoa que ama a Deus deve ser a de superar a todos na humildade: “Nada fazendo por competição ou vanglória, mas com humildade”

Oração
            Meu Jesus, dai-me a ambição de vos agradar e fazei-me esquecer a todas as criaturas e até a mim mesmo. O que me adianta ser amado por todo o mundo, se não sou amado por vós, o tudo de minha vida? Jesus, viestes a este mundo para ganhar os nossos corações. Se eu não sei vos dar o meu coração, tomai-o vós; enchei-o de vosso amor e não permitais que me separe de vós.
            No passado, virei as costas para vós, mas agora, vendo o mal que fiz, arrependo-me de coração e nada me aflige tanto como a lembrança das ofensas que vos fiz. Consola-me o saber que sois a bondade infinita e amais um pecador que vos ama.
            Eis-me aqui, quero vos pertencer, quero sofrer tudo o que for de vossa vontade, já que, por meu amor, morrestes de dor numa cruz. Quereis que eu seja santo, podeis fazer-me santo; em vós confio.
            Maria, grande mãe de Deus, eu confio também na vossa proteção.


A Prática de amor a Jesus Cristo Cap X– Santo Afonso Maria de Ligório

sexta-feira, 28 de março de 2014

Humildade (Santo Afonso)

Quem ama a Jesus Cristo não se envaidece de suas qualidades
1. O orgulhoso é como um balão cheio de vento que se sente grande diante de si mesmo. Na verdade, toda a sua grandeza se reduz a um pouco de ar que se esvai rapidamente, quando o balão se rompe.
- Quem ama a Deus é verdadeiramente humilde. Não se orgulha vendo em si algumas boas qualidades. Sabe que tudo quanto possui é dom de Deus; de seu, só tem o nada e o pecado. Por isso, conhecendo os dons concedidos por Deus, mais se humilha, sentindo-se indigno e tão favorecido por Deus.

            2. S.Tereza falando das graças especiais concedidas a ela por Deus, diz: “Deus faz comigo como se faz com uma casa prestes a cair, sustenta-as com escoras.”
- Quando alguém recebe uma visita de Deus, sentindo em si a força extraordinária do amor divino que o leva até a emoção e a uma grande ternura de coração, não se julgue favorecido ou recompensado pelo Senhor por ter feito alguma obra boa. Humilha-se ainda mais, entendendo que Deus acaricia, para que não o abandone. Mas se tais graças lhe inspiram alguma vaidade, sentindo-se mais favorecido porque é mais fiel a Deus do que os outros, tal defeito fará com que Deus o prive de suas graças. Para conservar uma casa, duas são as coisas mais necessárias: o alicerce e o telhado. Na casa da nossa santificação, o alicerce é a humildade, reconhecendo que nada somos e nada podemos. O telhado é a proteção de Deus na qual unicamente devemos confiar.

            3. Quando nos vemos mais favorecidos por Deus, ais devemos ser humildes. Quando S.Tereza recebia uma graça procurava pôr diante de seus olhos todas as suas faltas e assim o Senhor mais se unia a ela. Quanto mais uma pessoa se acha indigna de graças, mais Deus a enriquece delas.
- S.Taís era uma pecadora e depois se tornou uma santa. Humilhava-se tanto na presença de Deus, julgando-se até indigna de dizer: “Meu Criador, tende piedade de mim” .
- S.Jerônimo diz ter visto um lugar especial no céu para ela por tal humildade.

- Um caso semelhante se lê na vida de S.Margarida de Cortona: Sentindo com ternura o amor de Deus, dizia: “Senhor, já esquecestes do que eu fui? Como me pagais com favores a tantas ofensas que vos fiz?”
- Deus então a fez sentir que, quando uma pessoa o ama e se arrepende de coração por tê-lo ofendido, ele se esquece das faltas recebidas. “Se no entanto, o homem mau renuncia a todos os seus erros... não lhe será tomada em conta qualquer das faltas cometidas” Como prova disso, mostrou-lhe no céu um lugar glorioso que lhe estava  preparado entre os anjos. Oh, se pudéssemos compreender o valor da humildade! Vale mais um ato de humildade do que a conquista de todas as riquezas do mundo.

Quem ama a Jesus Cristo é humilde
            4. S.Tereza: “Não acrediteis ter progredido na perfeição, se não vos julgardes piores de todos e se não DESEJAIS ser tratados como os últimos.” Assim fazia S.Tereza e todos os outros santos.
- S.Francisco Assis, S.Maria Madalena Pazzi e outros julgavam-se os maiores pecadores do mundo. Admiravam-se de que a terra os sustentasse e não se abrisse debaixo de seus pés. Afirmavam isso com verdadeira sinceridade. Achando-se perto da morte, S.João Ávila, que teve uma vida santa desde a juventude, veio assisti-lo um sacerdote que lhe dizia coisas muitos sublimes, tratando-o como uma grande servo de Deus e  como um grande sábio, o que era de fato. Mas João lhe disse: “Padre, peço-te que recomende a minha alma como se faz a um malfeitor, condenado a morte; porque eu sou isso” É isto o que sentem os santos!

            5. Façamos também assim, se queremos salvar-nos e conservar-nos na graça de Deus até a morte, colocando toda nossa confiança somente em Deus. O soberbo confia nas próprias forças e por isso cai. O humilde, embora seja assaltado pelas mais fortes tentações, resiste e não cai, porque só confia em Deus: “Tudo posso naquele que me conforta” Fl 4,13.
- O demônio ora nos tenta de presunção, ora de desconfiança. Quando ele diz que para nós não há perigo de cair, então temamos mais porque, se por um instante Deus não nos ajuda com sua graça, estamos perdidos. Quando nos tenta a desconfiar, voltemo-nos para Deus e digamo-lhe com grande confiança: “Em vós, Senhor, eu esperei; não seja eu confundido para sempre” Sl30,2. Meu Deus, coloquei em vós minhas esperanças; espero que jamais me veja confuso e afastado de vossa graça. Estes atos de desconfiança em nós e de confiança em Deus, devemos fazê-los até o ultimo momento de nossa vida, pedindo sempre ao Senhor que nos dê sai santa humildade.

O medo de ser humilhado
            6. Para ser humilde não basta ter um baixo conceito de si e da própria fraqueza.
- Tomás Kempis: o verdadeiro humilde é aquele que reconhece seu nada e se alegra nas humilhações. Isso é o que o Senhor nos recomendou fazer, segundo seu exemplo: “Aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração” Mt11,29
- Quem diz ser o maior pecador do mundo e fica irritado quando o desprezam, mostra que é humilde da boca para fora, mas não de coração.
- S.Tomás: quando alguém, vendo-se desprezado, fica ressentido, mesmo se fizesse milagres, pode-se ter certeza que está ainda bem longe da perfeição. “A humildade consiste em alegrarmo-nos com tudo o que nos leva a reconhecer nosso nada”. Notemos bem ‘alegrarmo-nos. Se nossos sentimentos se ressentem com os desprezos recebidos, ao menos em nosso espírito devemos nos alegrar.

            7. Como poderá uma pessoa que ama a Jesus Cristo deixar de aceitar os desprezos, vendo seu Deus suportar escarros e tapas como sofreu na sua paixão? “E cuspiram-lhe no rosto, bateram-lhe com murros e deram-lhe tapas”
- Nosso Divino Redentor quis ser representado e exposto sobre os altares, não sob o aspecto glorioso, mas crucificado, para termos sempre diante de nós seus desprezos. Vendo-o assim, os santos também se alegravam quando desprezados na terra. Esta foi a oração de S.João Cruz a jesus Cristo que se lhe apresentava com a cruz as costas: “Senhor, quero padecer e ser desprezado por amor de vós”. Senhor, vendo-vos desprezado por meu amor outra coisa não vos peço, senão me fazerdes sofrer e ser desprezado por amor a vós.

O alicerce da humildade
            8. S.Francisco Sales: “Suportar os desprezos é pedra de toque da humildade e da verdadeira virtude. Uma pessoa que se apresenta como religiosa, reza, comunga frequentemente, jejua, pratica a mortificação, mas que depois não pode suportar uma injúria, uma palavra picante, mostra ser o que?
- Mostra que não passa de um pau oco, sem humildade e sem virtude. E que sabe fazer uma pessoa que ama a Jesus Cristo, se não é capaz de sofrer um desprezo por amor dele, que tanto sofreu por seu amor?
- Tomás kempis: “Já que te aborreces tanto em ser humilhado, é sinal de que não estás morto para o mundo, não tens humildade, não tens Deus como tudo na vida. Quem não tem Deus como tudo, perturba-se com toda a palavra de critica que escuta” Não podemos suportar bofetadas e ferimentos por Deus? Ao menos, suportemos alguma palavra mais dura!


A Prática de amor a Jesus Cristo Cap IX– Santo Afonso Maria de Ligório

sábado, 8 de março de 2014

Oração

Sequencia da postagem “Eucaristia”
A Oração
            33. O quinto meio e o mais necessário para a vida espiritual e para se ter o amor a Jesus Cristo, é a Oração.
            Em primeiro lugar, Deus nos faz conhecer, por este meio, o grande amor que nos tem. Que maior prova de amizade uma pessoa pode dar a seu amigo do que lhe dizer: pede-me o que quiseres e de mim receberás? Ora, é justamente isso que o Senhor nos diz: “Pedi e vos será dado, buscai e achareis” Lucas11, 9. Por isso mesmo, a oração se torna poderosa junto de Deus para nos alcançar todos os bens. A oração tudo pode, quem reza alcança de Deus o que quer.
“Bendito seja Deus que não rejeitou minha oração,
nem retirou de mim sua misericórdia” Sl 62,20
- S.Agostinho: Quando percebes que não te falta a oração, fica sossegado, pois a misericórdia de Deus não te faltará.
- S.João Crisóstomo: “Sempre se alcança, até mesmo enquanto estamos rezando”. Quando pedimos ao Senhor, já antes de terminarmos de pedir, ele nos dá a graça que suplicamos.
- Se, portanto, somos pobres, queixemo-nos só de nós mesmos.
- Somos pobres porque assim o queremos e por isso não merecemos compaixão. Que compaixão pode merecer um mendigo que, tendo um patrão muito rico e disposto a lhe dar tudo, contanto que peça, prefere ficar na sua miséria só para não pedir o que lhe é necessário?
- Deus está pronto a enriquecer todos os que lhe pedem:
“Rico para todos que o invocam” Rm 10,12

            34. A prece humilde consegue tudo de Deus. Saibamos também que ela nos é útil e mesmo necessária para nossa salvação. Para vencermos as tentações temos necessidade absoluta da ajuda de Deus. Algumas vezes, em tentações mais fortes, a graça suficiente que Deus não nega a ninguém, poderia bastar para resistirmos ao pecado. Mas, devido as nossas más tendências, ela não nos bastará; necessitamos então de uma graça especial. Quem reza, alcança esta graça; quem não reza, não a consegue e se perde.
            Tratando-se particularmente da graça da perseverança final, isto é, de morrer na amizade de Deus, o que é absolutamente necessário para a nossa salvação, do contrário estaremos para sempre perdidos, esta graça Deus não a dá senão a quem pede. Este é um dos motivos porque muitos não se salvam, pois são poucos os que cuidam de pedir a Deus a graça da perseverança final.

Rezar sempre
35. Resumindo, a oração é necessária não só por necessidade de preceito, mas ainda por necessidade de meio. Isto quer dizer: quem não reza, é impossível que se salve. A razão é que não podemos alcançar a salvação sem o auxilio da graça de Deus e Deus só dá esta graça a quem lhe pede. Sendo contínuas as tentações e os perigos de perdermos a amizade de Deus, contínuas também devem ser as nossas orações.
- S.Tomáz: A oração contínua é necessária ao homem. Para entrar no céu. No momento em que deixarmos de nos recomendar a Deus, o demônio nos vencerá.
            Embora a graça da perseverança final não possa se merecida por nós, como ensina o Concilio de Trento, contudo pode-se merecê-la de certo modo com a oração.
- S.Gregório: O Senhor quer nos dar suas graças, mas quer que as peçamos; que até mesmo ser importunado e como que constrangido com nossas orações.
- S.Maria Madalena Pazzi: Quando pedimos as graças de Deus, ele não só nos atende, mas de certo modo nos agradece. Sim, porque sendo Deus a bondade infinita, DESEJA comunicar-se com as pessoas tendo, por assim dizer, um DESEJO enorme de distribuir seus bens; mas ele quer que peçamos. Por isso, quando uma pessoa lhe pede, é tanto o seu prazer que de certo modo se vê obrigado a agradecer.
            36. Portanto, se queremos permanecer na amizade de Deus até a morte, precisamos sempre nos fazer mendigos e ter a boca aberta para pedir a Deus que nos ajuda, repetindo sempre:
“Meu Jesus, misericórdia! Não permitais que eu me separe de vós.
Meu Deus, ajudai-me, socorrei-me”
- A oração frequente dos antigos monges do deserto era: “Senhor atendei as minhas preces, vinde depressa em meu auxilio” Senhor, ajudai-me depressa, porque se demorardes, eu cairei na desgraça e me perderei.
- É preciso fazer assim principalmente nos momentos de tentações. Quem não faz assim, está perdido!

Confiança na oração
            37. Tenhamos grande fé na oração: Deus prometeu atender aquele que lhe pede: “Pedi e recebereis” Jo16,24. Por que vamos duvidar, se o Senhor se obrigou com sua promessa e ele não pode faltar à promessa de nos conceder a graça que lhe pedimos?.
- Quando recorremos a Deus, tenhamos plena confiança de que Deus nos atenderá e alcançaremos aquilo que queremos. “Tudo o que pedirdes na oração, crede que o recebereis, e ser-vos-á dado” Mc 11,24.

            38. Mas alguém poderá dizer:
- Sou um pecador, não mereço ser ouvido.
- Mas Jesus é que disse “Todo aquele que pede, recebe” Lc11,10 seja justo ou pecador.
- S.Tomás diz que a força da oração para obtermos a graça, não vem dos nossos méritos mas da misericórdia de Deus que prometeu ouvir aquele que lhe pede. Nosso Salvador para nos tirar todo receio quando rezamos, nos diz: “Em verdade, em verdade vos digo, o que pedirdes ao Pai, em meu nome, ele vos dará” Jo16,23 É como se dissesse: Pecadores, não tendes merecimentos para ganhar as graças. Fazei assim, quando DESEJARDES as graças: pedi ao meu Pai em meu nome, isto é, pelos meus merecimentos e pelo amor; pedi quanto quiserdes e vos será dado.
- Notemos a expressão “em meu nome”, isto é, em nome do Salvador. Por isso tudo que pedimos deve ser graças referentes a nossa salvação; é bom reparar que a promessa não se refere a bens temporais. Os bens temporais, quando são úteis a salvação eterna, ele nos concede, mas quando não são, ele nos nega. Pedindo bens temporais, lembremo-nos de pedi-los com a condição de que sejam uteis a nossa alma. Quando são graças espirituais, então não existem condições, mas confiança e confiança infalível.
- Podemos dizer: “Pai eterno, em nome de Jesus Cristo, livrai-me desta tentação e dai-me a santa perseverança, dai-me vosso amor, dai-me o céu”
- Todas estas graças podemos pedi-las a Jesus Cristo em seu nome, isto é, pelos méritos, pois aqui existe a promessa de Jesus:
“Tudo que pedirdes a meu Pai em meu nome, eu o farei”
- Quando rezamos a Deus, não nos esqueçamos de nos recomendar a dispensadora das graças. Maria.
- Deus é quem dá as graças, mas é pelas mãos de Maria que ele as dá.
- S.Bernardo: “Busquemos as graças e busquemo-las por meio de Maria, porque o que ela procura para nós, sempre acha; nada lhe pode ser recusado”
- Se Maria pede também por nós, estamos seguros, porque as orações de Maria são todas ouvidas e nunca rejeitadas.
 A Prática de amor a Jesus Cristo Cap VIII– Santo Afonso Maria de Ligório

sexta-feira, 7 de março de 2014

Eucaristia

Sequencia da postagem “Meditação”
A Eucaristia
            26. O quarto meio para se chegar a perfeição e perseverar na graça de Deus é a comunhão frequente.
- Não se pode fazer nada mais agradável a Jesus Cristo do que recebe-lo muitas vezes na Eucaristia.

- S.Tereza: Não há melhor meio para se chegar a perfeição do que a comunhão frequente. Oh, como o Senhor a vai aperfeiçoando de um modo admirável!
- Falando de uma maneira geral, as pessoas comungam com mais frequência geralmente são mais avançadas na perfeição. Nos mosteiros onde se frequenta ,as a comunhão, ali existe mais amos. Eis porque os santos padres louvaram e incentivaram a comunhão frequente e até diária.
- Concilio de Trento: a comunhão liberta-nos das faltas diárias, protege-nos dos pecados mortais.

- S.Bernardo: diz: A comunhão reprime os movimentos da ira e sensualidade, as duas paixões que mais fortemente e mais vezes nos assaltam. A comunhão destrói as tentações do demônio, dá-nos uma grande inclinação para as virtudes e agilidade em pratica-las, uma grande paz, tornando-nos assim mais fácil e agradável o caminho da santificação.
- De modo especial, nenhum outro sacramento faz crescer tanto o amor de Deus nas almas, como a Eucaristia, onde Jesus se dá todo para nos unir inteiramente a ele através de seu amor.

- S.João Ávila: Quem se afasta da comunhão frequente faz o papel do demônio, porque o demônio tem ódio da Eucaristia, onde as pessoas recebem grande força para progredir no amor de Deus.

            27. Para comungar bem, é preciso fazer uma conveniente preparação. A primeira preparação para se poder comungar bem todos os dias ou muitas vezes durante a semana é:
1.      Evitar toda falta deliberada, isto é, cometida de olhos abertos.
2.      Praticar muita meditação.
3.      Mortificar os nossos sentidos a paixões.
- A preparação mais próxima para a comunhão é tudo isso, mais todas as orações que se fazem antes da comunhão.

            28. Para tirar grandes frutos da comunhão é conveniente fazer depois a ação de graças. O tempo que segue a comunhão é “tempo de ganhar muitas graças de Deus”.

- S.Maria Madalena Pazzi: O tempo mais apropriado para crescermos no amor de Deus é aquele que segue após a comunhão.
- S.Tereza: Não percamos tão boa ocasião de negociar com Deus! Ele não costuma pagar mal a hospedagem, se o recebemos bem.

Fuga da Comunhão
            29. Certas pessoas tímidas, aconselhadas pelo seu confessor a comungar com mais frequência, costumam responder: eu não sou digna.
Não sabes que quanto menos comungas mais indigna te tornas, porque sem a comunhão terás menos força e cairás em mais faltas?
- Obedece ao confessor, deixa-se guiar por ele!  As faltas, quando não plenamente voluntárias, não impedem a comunhão. Das tuas faltas, a maior é a de não obedecer ao teu confessor.

            30. Mas, dirá ainda: Mas eu levei uma vida má no passado!
- Não sabes que tem mais necessidade do médico e dos remédios justamente a pessoa que está mais doente? Jesus na Eucaristia é médico e remédio.
- S.Ambrósio: Eu, que sempre peco, preciso sempre do remédio ao meu alcance. Este pão do céu requer que se tenha fome, ele quer ser DESEJADO. Este pensamento: “Hoje eu comunguei, amanhã eu vou comungar” nos torna atentos pata fugir do pecado e fazer a vontade de Deus!
            Mas eu não sou fervoroso.
- Se falas do fervor sensível, isso não é necessário e Deus nem sempre o dá até mesmo as pessoas mais piedosas. Basta que tenha o fervor de ima vontade resolvida a ser toda de Deus e a progredir no amor de Deus.
- Gerson diz que quem deixa a comunhão por não sentir a devoção que DESEJARIA sentir, faz como aqueles que não se achegam ao fogo porque sentem frio.

            31. Quantas pessoas deixam de procurar a comunhão para não se sentirem obrigadas a viver com maior recolhimento e maior desapego das coisas desta terra. Esse é o motivo verdadeiro porque muitos não comungam com maior frequência. Sabem que a comunhão diária não pode estar junto com o DESEJO de aparecer, com a vaidade no vestir, com o apego aos prazeres da gula, as comodidades, as conversas maldosas. Sabem que deveria haver mais oração, praticar mais mortificações internas e externas, maior recolhimento. É por isso que se envergonham de aproximar mais vezes da comunhão. Sem dúvida, tais pessoas fazem bem em deixar a comunhão frequente enquanto se acham neste estado lastimoso de tibieza. Mas deve sair dessa situação de tibieza quem se sente chamado a uma vida mais perfeita e não quer pôr em perigo a própria salvação eterna.

            32. É também muito bom para se manter com fervor espiritual, fazer frequentemente a “Comunhão espiritual”, louvada pelo Concílio de Trento, que exorta os fiéis a pratica-la. Ela consiste num fervoroso DESEJO de receber a Jesus Cristo na Eucaristia.
- Por isso os santos a faziam varias vezes ao dia.
- O modo de faze-la é este:
“Meu Jesus creio que estais no sacramento da Eucaristia. Amo-vos e DESEJO vos receber; vinde a minha alma. Uno-me a vós e vos peço que não permitais que nunca me separe de vós”.
- Ou então, simplesmente:
“Meu Jesus, vinde a mim, eu quero vos receber para que vivamos intimamente unidos e não vos separeis de mim”

- Este tipo de comunhão espiritual pode ser feito varias vezes ao dia, quando se reza, ou se faz uma visita ao Santíssimo Sacramento ou também na missa quando não se pode comungar.
- A Bem aventurada Agueda da Cruz costumava dizer:
“Se não me tivessem ensinado este modo de comungar muitas vezes ao dia, não sei como poderia viver”


A Prática de amor a Jesus Cristo Cap VIII– Santo Afonso Maria de Ligório