quarta-feira, 14 de maio de 2014

Céu (Santo Afonso)

            10. Amemos a Jesus Cristo o quanto podemos neste mundo. Desejemos a todo instante ir vê-lo no céu para lá o amarmos perfeitamente. Seja esse o principal objeto de toda a nossa esperança: ir amá-lo com todas as nossas forças.
            Temos nesta vida o mandamento de amar a Deus com todas as nossas forças: “Amarás o Senhor, tu Deus, com todo o teu coração, com toda a tua alma, com todas as tuas forças” Lc 10,27.
- S.Tomás: Esse mandamento não pode ser perfeitamente cumprido pelos homens nesta vida. Somente jesus Cristo, o homem e Deus, e Maria Santíssima, a cheia de graça e livre da culpa original, é que o cumpriram perfeitamente. Nós, pobres filhos de adão, contagiados pelo pecado, não podemos amar a Deus sem alguma imperfeição. Só no céu, quando virmos Deus face a face, nós o amaremos e até teremos necessidade de amá-lo com todas as nossas forças.

            11. Eis a meta a que devem tender todos os nossos desejos, aspirações, pensamentos, nossas esperanças: ir gozar de Deus no Paraíso para amá-lo com todas as nossas forças e gozar do gozo de Deus! Gozam, sim, os santos da sua felicidade no céu, mas o gozo principal que ultrapassa todos os outros prazeres será o conhecerem a felicidade infinita de Deus, pois amam mais a ele do que a si mesmos.
            Qualquer santo, pelo amor que tem a Deus, perderia com prazer todas as alegrias e sofreria tudo para que não faltasse a Deus –se lhe fosse possível faltar- uma parcela mínima da felicidade que ele goza. Todo o seu paraíso consiste em ver que Deus é infinitamente feliz e que sua felicidade nunca lhe pode faltar. Dessa forma se entende o que diz o Senhor a toda a alma, ao lhe dar o céu: “Entra no gozo de teu Senhor” Mt25,21. Não é o gozo que entra na alma, mas é a alma que entra na felicidade de Deus. A felicidade de Deus é o objeto da felicidade do bem-aventurado. Dessa forma, o bem de Deus será o seu bem, a riqueza de Deus será a sua riqueza, a felicidade de Deus será a sua felicidade.

            12. Logo que uma alma entra no céu e vê claramente com a luz da glória a infinita Beleza de Deus, achar-se-á toda presa e consumida pelo amor. Ela fica perdida e mergulhada no mar infinito da bondade divina, esquece de si mesma e, inebriada pelo amor de Deus, não pensa em mais nada, senão em amar o seu Deus: “Eles se saciam da abundancia de vossa casa” Sl 35,9.
            Uma pessoa embriagada não pensa mais em si. Do mesmo modo quem está no céu não pensa senão em amar e contentar a Deus. Deseja possui-lo todo, e já o possui todo sem o medo de poder perdê-lo. Deseja dar-se todo a ele, por amor, em todos os momentos, e já consegue, porque a todo o momento se entrega sem reservas a Deus. Deus o abraça com amor e, assim abraçado, o tem e terá por toda a eternidade.


A Prática de amor a Jesus Cristo Cap XVI– Santo Afonso Maria de Ligório

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