segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Cristo, quanto devemos ama-lo?

Quanto devemos amar a Jesus Cristo
1. Jesus Cristo, sendo Deus, merece todo o nosso amor. Ele nos amou de tal modo que nos colocou, por assim dizer, na necessidade de amá-lo ao menos por gratidão por tudo que fez e padeceu por nós. Muito nos amou para muito ser amado por nós. É isso que Moisés declarava a seu povo: “E agora, ó Israel, o que te pede o Senhor, senão que temas o Senhor Deus... e o ames? Por isso o primeiro mandamento que nos deu foi este: Amarás o Senhor, teu Deus, com todo o teu coração” Dt 10,12; 6,5.

2. Diz S. Paulo: “O amor é o pleno cumprimento da Lei” Rm 13,10. O cumprimento da Lei de Deus é o amor. Mas quem poderia deixar de amar um Deus crucificado, que morre por nosso amor? Os espinhos, os pregos, a cruz as chagas, o Sangue de Cristo clamam por nosso amor! Querem que amemos aquele que muito nos amou. Um coração é pouco para amar um Deus que nos ama tanto. Para retribuir o amor de jesus Cristo, seria preciso que um outro Deus morresse por seu amor.
- S. Francisco de Sales exclamava: “Por que não nos lançamos sobre Jesus Crucificado para morrer na cruz com ele, ele que DESEJOU morrer por nós?
- S. Paulo nos lembra que Jesus Cristo quis morrer por todos nós, para que não vivamos mais para nós, mas somente para Deus! “Ele morreu por todos, a fim de que os que vivem já não vivam para si, mas para aquele que por eles morreu” IICor 5,15.

Não vos esqueçais
3. Aqui vem, a propósito, a recomendação: “Não esqueças os benefícios daquele que se responsabiliza por ti, pois ele deu a vida por ti” Eclo 29,20. Não te esqueças do teu Salvador, que para satisfazer pelos teus pecados, quis pagar com sua morte a pena que mereceis!
Quanto agrada a Jesus Cristo a recordação frequente de sua Paixão!
- Quanto sente se dela nos esquecemos! Se alguém sofre ofensas, maus tratos e prisão por seu amigo, fica muito triste ao saber que o amigo não se lembra nem quer se fale desse assunto. Ao contrário, quanto lhe agradaria saber que o amigo sempre fala disso com ternura e gratidão! Assim Jesus Cristo fica muito contente que nos recordemos com reconhecimento de amor das suas dores e da morte que sofreu por nós.
- Antes da sua vinda a terra, Jesus Cristo era muito DESEJADO pelos antigos patriarcas e por todos os povos. Agora ele deve ser mais ainda o nosso único DESEJO e nosso único amor pois sabemos que ele veio até nós, sabemos o que ele fez e padeceu por nós até morrer na cruz por nosso amor.

4. Por isso Jesus instituiu o sacramento da Eucaristia na véspera de sua morte, recomendando que nos recordássemos de sua morte cada vez que nos alimentássemos de seu corpo: “Tomai e comei, fazei isto em minha memória... Cada vez que comerdes deste pão... recordareis a lembrança da morte do Senhor” ICor 11, 24-26.
- A Santa Igreja repete o mesmo em suas preces: “Deus, que neste admirável mistério nos deixastes a lembrança de vossa paixão...”
- Há também um canto que diz: “Ó Banquete sagrado, em que recebemos Jesus Cristo e onde se renova a lembrança da sua paixão”.
- Percebemos então, o quanto agrada a Jesus Cristo quem medita sempre em sua Paixão. De propósito, ele deixou o seu corpo e sangue no sacramento da Eucaristia para que tivéssemos contínua e grata memória do que sofreu por nós, e assim crescesse sempre em nós o amor para com ele.
- São Francisco de Sales chamou o Calvário de “Montanha dos que amam”. Não é possível pensar no Calvário, sem amar Jesus Cristo, que lá quis morrer por nosso amor.

5. E porque os homens não amam este Deus que fez tanto para ser amado por eles? Antes da encarnação do Verbo, o homem podia duvidar se Deus o amava com verdadeiro amor. Mas depois da vinda do Filho de Deus, e depois que ele morreu por amor dos homens, como poderíamos ainda duvidar?
- S. Tomas Vilanova diz: “Olha aquela cruz, aqueles sofrimentos, aquela morte cruel de Jesus por ti. Após tantas e tão grandes provas e amor não podes duvidar que ele te ama muito”.
- S. Bernardo diz que da cruz e das chagas de nosso Redentor sai um grito para nos fazer entender o amor que ele nos tem.

A Caridade de Cristo
6. Neste grande mistério da redenção dos homens, é preciso considerar o DESEJO e o cuidado que teve Jesus Cristo em achar diversos modos de ser amado por nós. Se ele queria morrer para nos salvar, bastava-lhe morrer junto com os outros meninos mortos por Herodes. Mas não, antes de morrer ele quis passar durante trinta e três anos uma vida cheia de trabalhos e sofrimentos. Durante essa vida, quis manifestar-se de tantas formas diversas para atrair nosso amor. Apareceu primeiro como pobre criancinha numa estrebaria de animais. Depois como simples operário em uma oficina e finalmente como um condenado sobre a cruz.
- Antes de morrer na cruz, quis ainda passar por circunstâncias comovedoras para nos fazer amá-lo. Quis que o víssemos agonizante no horto das Oliveiras todo banhado de suor de sangue, depois diante de Pilatos, todo machucado por açoites.
- Depois gozam dele como se fosse um rei de teatro, trazendo na mão uma cana, um trapo de cores vivas sobre os ombros, e uma coroa de espinhos na cabeça. Arrastado a morte pela rua  com a cruz sobre os ombros, foi finalmente pregado na cruz, no Monte Calvário. Merece ou não merece ser amado um deus que quis sofrer tantas dores e empregar tantos meios para atrair nosso amor?
- Dizia o Padre João Rigoleu: “Eu não farei outra coisa senão chorar de amor por um Deus que foi levado por amor a morrer pela salvação dos homens.

7. Diz S. Bernardo: “Grande coisa é o amor”. Grande e preciosa coisa é o amor!
- Salomão, falando da sabedoria divina, que não é outra coisa senão a caridade, chamou-a de tesouro infinito, porque quem tem a caridade torna-se participante da amizade de Deus.
- Diz S. Tomas que a caridade é a rainha das virtudes: onde reina a caridade, ai aparecem todas as outras virtudes, como em cortejo, encaminhando todas a unir-nos mais a Deus. Mas, como diz S. Bernardo, propriamente é a caridade a virtude que nos une com Deus. De fato, lemos muitas vezes na Bíblia que Deus ama os que o amam: “Amo os que me amam, Se alguém me ama, meu Pai o amará e nós viremos a ele e nele faremos nossa orada. Quem permanece no amor permanece em Deus e Deus Nele. Eis a bela união que opera a caridade.: une a alma a Deus! Além disso, o amor nos dá força para fazer e sofrer grandes coisas por Deus. “O amor é forte como a morte” Cl 8,6
- S. Agostinho escreve: “Não há coisas tão difícil que a força do amor não supere; por isso naquilo que se ama, ou não se sente o cansaço ou o próprio cansaço é amado”.

A Prática de amor a Jesus Cristo Cap IV– Santo Afonso Maria de Ligório

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