domingo, 9 de fevereiro de 2014

Cristo, Confiar no seu Amor

1. Davi colocava toda a esperança de sua salvação no Redentor futuro: “Em vossas mãos entrego meu espírito; salvai-me, Senhor, Deus de verdade” (Salmo 30,6). Com mais razão nós devemos pôr nossa confiança em Jesus Cristo, depois que ele veio e realizou a obra da redenção! Por isso devemos dizer com maior confiança e repetir sempre: “Em vossas mãos entrego meu espírito; salvai-me, Senhor, Deus de verdade”.

2. Se nós temos motivos de temer a morte eterna por causa das ofensas feitas a Deus, temos também, em compensação, motivos muito mais fortes de esperar a vida eterna pelos merecimentos de Jesus Cristo! Seus méritos são de um valor infinitamente maior para nos salvar do que os nossos pecados para nos perder. Pecamos e merecemos o inferno. Mas veio o redentor, tomou sobre si todas as nossas culpas para paga-las com seus sofrimentos: “Em verdade, ele tomou sobre si nossas doenças e encarregou-se de nossos sofrimentos”(Is 53,4)

3. No mesmo instante em que pecamos, a sentença de condenação a morte eterna foi logo escrita por Deus contra nós. Mas o que fez nosso Redentor? “Apagou o documento escrito contra nós e o suprimiu definitivamente, pregando-o na cruz” (Cl 2,14). Cancelou com seu sangue o decreto de nossa condenação. Pregou-o na cruz para que nós, olhando a sentença de nossa condenação pelos pecados cometidos, olhássemos ao mesmo tempo para a cruz. Jesus Cristo, morrendo, apagou nossa condenação com seu sangue para que assim recuperássemos a esperança do perdão e da salvação eterna.

Fala por nós...
4. O sangue de Jesus fala por nós e nos obtém a divina misericórdia, mais do que o sangue de Abel falava contra Caim. “Vós vos aproximastes de jesus, o mediador da nova aliança e do sangue da aspersão, que fala com mais eloquência que o sangue de Abel” Hb 12,4
- É como se o apóstolo Paulo dissesse: Pecadores, felizes de vós que, depois do pecado, recorrestes a Jesus Crucificado. Ele derramou todo o sangue para se tornar assim o mediador da paz entre os pecadores e Deus, e obter para eles o perdão. As vossas iniquidades clamam contra vós, mas o sangue do Redentor está a vosso favor. A Justiça divina não pode deixar de ser aplacada com a voz deste sangue.

5. É verdade que prestaremos contas rigorosas ao Juiz Eterno de todos os nossos pecados. Mas quem será nosso Juiz?  “O Pai a ninguém julga, mas confiou ao Filho todo julgamento (Jo 5,22). Consolemo-nos, o Pai eterno constituiu como nosso Juiz o nosso redentor.
- Por isso S. Paulo nos encoraja: “Quem nos condenará? Cristo Jesus, aquele que morreu.... é que intercede por nós” (Rm 8,34). Quem é o Juiz que vai nos condenar? É aquele mesmo Salvador que, para não nos condenar a morte eterna, quis condenar-se a si mesmo e morreu. Continua ainda no céu, junto do Pai, a procurar nossa salvação.
- Por isso escreve S. Tomás Vilanova: “Que você teme, pecador, se já detestou os seus pecados? Como é possível condena-lo aquele que morreu para o salvar? Se você volta a seus pés, como o rejeitará aquele que veio do céu para procura-lo quando você fugia dele?

6. Se por causa de nossa fraqueza, temos medo de cair sob os ataques de nossos inimigos, contra os quais devemos combater, eis o que devemos fazer: “Corramos com perseverança para o combate que nos é proposto, com os olhos fixos naquele que é o autor e realizador da fé, Jesus, que em vez da alegria que lhe foi proposta, abraçou a cruz desprezando a vergonha” (Hb 12, 1-2) Combatamos com coragem, contemplando Jesus Crucificado que da sua cruz nos oferece sua ajuda, a vitória, a coroa. Caímos no passado porque deixamos de olhar para as chagas e as ignominias sofridas pelo nosso Redentor e, assim, não recorremos a ele pedindo ajuda. Mas se para o futuro pusermos diante dos olhos o quanto sofreu por nosso amor e como está pronto a nos ajudar se a ele recorrermos, não seremos certamente vencidos pelos nossos inimigos.
- Dizia S. Tereza: “Não entendo aqueles que falam com medo do demônio, quando podiam dizer ‘Deus, oh Deus’ e fazê-lo tremer” E continua a mesma santa: “Se nós não colocamos toda nossa confiança em Deus, pouco ou nada nos servirão nossos esforços. Todos os esforços pouco valem, se não deixarmos de confiar em nós para confiar somente em Deus”

Mistérios de Esperança
7. Que mistérios de esperança e de amor são para nós a Paixão de Jesus Cristo e o Sacramento da Eucaristia! Mistérios que, se a fé não nos garantisse, quem poderia acreditar? Um Deus Onipotente fazer-se homem, derramar todo seu sangue e morrer de dor numa cruz! Para que?
- Para pagar a divida dos nossos pecados e salvar-nos, a nós, miseráveis rebeldes. E depois, para se unir mais estreitamente a nós, ele quis dar-nos em alimento o seu próprio corpo, um dia sacrificado por nós na cruz. Como estes dois mistérios deveriam incendiar de amor todos os corações dos homens! Que pecador, por pior que seja, arrependido do mal que fez, poderá desesperar do perdão, vendo um Deus assim apaixonado pelos homens e inclinado a misericórdia?
- Por isso dizia S. Boaventura: “Agirei com confiança esperando com firmeza, pois nada do necessário para a salvação me será negado por aquele que tanto fez e sofreu para me salvar”

8. S. Paulo exorta: “Aproximemo-nos com confiança do trono da graça a fim de conseguir misericórdia e alcançar a graça de uma ajuda oportuna” (Hb 4, 16).  O trono da graça é a cruz onde Jesus se assenta para distribuir graças e misericórdia a quem recorre a ele. Mas é preciso recorrer logo, para encontrarmos o auxilio oportuno para a nossa salvação. Virá depois talvez o tempo em que não poderemos mais encontra-lo! Abracemos, pois , logo a cruz de Cristo, com grande confiança! Não nos desanimem nossas misérias: em Jesus Cristo Crucificado encontraremos para nós toda a riqueza da graça. “Nele recebestes todos os dons... nenhum dom vos falta”(ICor 1,5-7)
- Os merecimentos de Cristo nos tornaram ricos de todos os tesouros divinos e fizeram-nos capazes de toda a graça que DESEJAMOS.

É Preciso pedir
9. S. Paulo diz que “Todas as coisas” (Rm 8, 32) Deus nos concederá, portanto nenhuma graça é excluída: nem o perdão, nem a perseverança, nem o santo amor, nem a perfeição, nem o paraiso. Tudo, tudo nos deu. Mas é preciso pedir-lhe. Deus é todo liberal com quem lhe pede: “É rico para todos que o invocam” (Rom 10,12)
11. S. João Ávila Diz:  Não vos esqueçais que entre o Pai Eterno e nós, Jesus Cristo é o mediador e por ele somos amados e ligados com laços de amor tão fortes que nada os pode desatar, se o homem não os cortar com algum pecado mortal. O sangue de Cristo clama pedindo misericórdia por nós, clama de tal modo que não se ouve o rumor de nossos pecados. A morte de Cristo fez morrer nossas culpas: “Ó morte, eu serei a tua morte” Os 13,14. Aqueles que se perdem, não se perdem por falta de salvação, mas por não quererem aproveitar da salvação dada por Jesus Cristo por meio dos Sacramentos.

A Prática de amor a Jesus Cristo Cap III– Santo Afonso Maria de Ligório

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