Oração constante
Entre
todos os remédios contra as tentações, o mais eficaz e mais necessário, o
remédio dos remédios, é suplicar a Deus o seu auxilio e continuar a pedir
enquanto durar a tentação.
Não
é raro que o Senhor destine a vitória não na primeira oração, mas sim na
segunda, na terceira ou na quarta. É preciso que nos convençamos de que da
oração depende todo o nosso bem. Da oração depende a nossa mudança de vida, o
vencer das tentações; dela depende conseguirmos o amor de Deus, a perfeição, a
perseverança e a salvação eterna.
Tentação constante, oração constante
Parece
enfadonho de tanto recomendar a importância e a necessidade de recorrer a Deus
continuamente pela oração. Mas, não me parece ter falado demais, mas ainda bem
pouco.
Sabemos
que somos tentados todos os dias, todas as noites, e que o demônio não perde
ocasião para nos fazer cair.
Sabemos que,
sem a ajuda de Deus, não temos força para resistir aos assaltos do demônio.
Por isso mesmo
disse São Paulo: “Revesti-vos da armadura de Deus para que possais resistir as
ciladas do demônio. Porque nós não temos de lutar somente contra a carne e o
sangue, mas sim contra os príncipes e potestades, contra os dominadores deste
mundo tenebroso” Efésios 6, 11-12.
Quais
são essas armas que São Paulo nos manda revestir para resistir ao demônio?
Ei-las: “Orando continuamente em espírito com toda a perseverança” Efésios 6,
18. Essas armas são as orações continuas e fervorosas a Deus para que nos
socorra e para que não sejamos vencidos.
A
Sagrada Escritura, tanto no Antigo como no Novo testamento, exorta-nos a orar: “Invoca-me
e eu te livrarei. Recorre a mim e eu te ouvirei. É preciso orar sempre sem
desfalecer. Pedi e vos será dado. Vigiai e orai. Orai sem cessar” (Salmo 49,
15; Jeremias 33,3; Lucas 18,1; Mateus 7,7; 26,61; I Tessalonicenses 5, 17).
Desejaria
que todos os pregadores nada recomendassem tanto aos seus ouvintes como a
oração e que os confessores nada aconselhassem com mais calor aos seus
penitentes do que a oração. Quereria que os que escrevem livros espirituais
falassem mais abundantemente da oração.
Mas eu me
lamento e penso até que seja um castigo de nossos pecados o fato de tanto
pregadores, confessores e escritores falarem tão pouco da oração. Não há duvida
de que as pregações, as meditações, as comunhões, as mortificações ajudam a
vida espiritual. Mas se, quando vêm as tentações, não nos recomendamos a Deus,
apesar de todas as pregações, meditações, comunhões, penitências e de todos os
bons propósitos feitos, acabaremos por cair.
Portanto,
se queremos nos salvar, rezemos sempre.
Recomendemo-nos
Jesus Cristo, nosso Redentor, especialmente no momento da tentação.
Peçamos-lhe
não só a perseverança final, mas também a graça de rezar sempre.
Recomendemo-nos
também a Mãe de Deus que é a dispensadora das graças como diz São Bernardo: “Busquemos
a graça e busquemo-la por meio de Maria”.
O mesmo São
Bernardo nos diz que é da vontade de Deus que não recebamos nenhuma graça, sem
que passe pelas mãos de Maria: “Deus quis que não recebêssemos nada que não
passasse pelas mãos de Maria”.
Oração
Jesus,
meu Redentor, espero pelo vosso sangue que me tenhais perdoado todas as ofensas
que vos fiz. Espero um dia ir vos dar graças no paraíso, cantarei eternamente as misericórdias do
Senhor”.
Vejo
que na minha vida passada, cai e tornei a cair miseravelmente, porque me
descuidei de vos pedir a perseverança na vossa graça. É essa perseverança que
vos suplico: “Não permitais que eu me separe de vós”. Faço o propósito de pedir
sempre, especialmente quando me vir tentado a vos ofender. Jesus, assim
proponho e prometo.
Mas
de que me servirá esse propósito e essa promessa, se não me derdes a graça de
recorrer a vós? Pelos méritos de vossa paixão, concedei-me a graça de sempre me
recomendar a vós em todas as minhas necessidades.
Maria,
minha mãe e minha Rainha, pelo amor que tendes a Jesus Cristo, eu vos suplico
que me alcanceis a graça de recorrer sempre a vosso Filho e a vós mesma em toda
a minha vida.
A Prática de amor a Jesus Cristo Cap XVII–
Santo Afonso Maria de Ligório