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segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Pecado e morte

O pecado e a morte
- Naquele momento extremo, o homem pecador será acusado pelo demônio, pelo mundo e pela carne.
- Não mais lhe farão propostas atraentes; não lhe apresentarão o amargo como doce o imperfeito como perfeito, como acontecia durante a vida.
- A Verdade virá patenteada como é.
- O remorso, antes tão enfraquecido, ladrará velozmente, quase levando o pecador ao desespero.
- Não obstante os próprios pecados; é preciso conservar a esperança no Sangue de Cristo. Meu perdão é dado por meio Dele e Minha Misericórdia é infinitamente maior do que todos os males do mundo.
- Não se demore, porém. É terrível achar-se desarmado num campo de batalha entre numerosos inimigos!

A morte do bom
- Sabes que o sofrimento existe por causa da vontade: ninguém padeceria, se a vontade de todos fosse reta e estivesse em conformidade com a minha vontade. Com isto não quero dizer que iriam desaparecer as dificuldades.
- É o sofrimento que não existiria, pois as contrariedades seriam voluntariamente aceitas por meu amor. As pessoas aceitariam-nas, por saber que são queridas por mim.
- O homem conformado a minha vontade é:
* desapegado de si mesmo,
* vence o mundo,
* o demônio e
* a carne;
ao chegar o momento da morte, seu falecimento acontece na paz.
- Como seus inimigos foram vencidos durante a vida:
* o mundo não o perturba, pois conhece as suas ilusões e já renunciou a seus prazeres;
* a carne enfraquecida não se ergue para o acusar, uma vez que foi dominada pela mortificação, vigílias, oração humilde e continua.
- Graças a renuncia ao pecado e apego a virtude, não sente mais tendências para o que é sensível e amor pelo corpo; atitudes essas que tornam a morte indesejável.
- Por um sentimento natural, o homem teme a morte; o justo supera esse sentimento, vence o medo natural mediante o desejo de alcançar a meta. Desaparece, pois, todo sofrimento que vem do apego natural ao corpo.

- A consciência do homem justo que agoniza está tranquila; durante a vida ela montou boa guarda, dera o alarme quando os inimigos da alma queriam assaltar a cidade interior.
- Como o cachorro late a chegada dos inimigos (sentidos) e acorda os guardas (potências), assim ela sempre advertira a razão. Esta última, em ação conjugada com o Livre arbítrio, distinguia quem era amigo, quem não:
* Diante dos amigos –virtudes e santos desejos do coração- acolhia-os com atenções;
* Diante dos inimigos –vícios e maus pensamentos- eram afastados com a espada do ódio e do amor.
- Dessa forma a consciência não atormenta.
- O interior da pessoa constitui uma família feliz, tudo está em paz.

- É verdade que o homem humilde, que conhece o valor do tempo e das virtudes, acusa-se na hora da morte por não ter aproveitado melhor a própria vida. Mas tal atitude não causa aflição; é mesmo meritória. Leva a pessoa a concentrar-se e a considerar o Sangue do Cordeiro Imaculado e humilde.
- Naquele instante a alma não fica a pensar nas virtudes praticadas; sabe que não pode confiar nelas, mas unicamente no Sangue de Cristo, onde achou o perdão.
- Mas como a lembrança do Sangue sempre a acompanhara, também naquele último instante nele se inebria e afoga.

- Quanto aos demônios, não tendo em que acusar o justo, aproxima-se a procura de qualquer coisa. São feios e crêem atemorizar o justo por suas figuras. Como no justo não há pecado, a visão dos demônios não atemoriza. E eles, ao notar a alma mergulhada no Sangue de Cristo, afastam-se atacam de longe, sem perturbar o homem.

- De fato, este justo, já começou a gozar da vida eterna:
* Pela fé, já contempla o bem infinito e eterno, que Sou Eu;
* Pela esperança, não por méritos pessoais mas por dom gratuito, está seguro de atingir-me na virtude do Sangue de Cristo;
* Pela caridade, estende seus braços e abraça-me.
- Antes de chegar a Mim a alma já Me possui.
- Bondosamente os coloco em seus respectivos lugares, conforme o grau de amor com que até mim chegaram.

A morte do mau
- Se grande é a dignidade do bom sacerdote, enorme é a baixeza do mau sacerdote. No momento de falecer, os demônios o acusam tremendamente e mostram-lhe sua figura que é horrível.
O homem deveria tolerar qualquer sofrimento nesta vida para não o ver jamais!
- O remorso corrói o mau sacerdote moribundo com mais violência; a sensualidade até então considerada como senhora –e também os prazeres desordenados, acusam-no. Ao tomar consciência de coisas que desconhecia, o mau se perturba grandemente, pois vivera como um infiel.
- O egoísmo apagara-lhe a iluminação da fé. Agora o demônio aponta a maldade, provocando-lhe o desespero.
- Muito difícil esta batalha para o mau sacerdote moribundo, desarmado, sem o escudo da caridade.
- Qual amigo do diabo, de tudo se vê despojado: não possui a Iluminação sobrenatural da fé, nem a Ciência Sagrada.
- Nada compreendera desta ultima, porque a soberba não lhe permitira penetrar em sua natureza intima. Na grande luta final, nem sabe o que fazer. Não se alimenta de esperança; jamais confiara no Sangue de Cristo, do qual fora distribuidor. Sua confiança repousava em si mesmo, nos cargos importantes, nos prazeres mundanos.

(O Diálogo-Santa Catarina de Sena, pg 282; 284; 288)

sábado, 21 de dezembro de 2013

Homem superior a criação

- O homem é maior que as realidades criadas, não o contrário.
- Somente estará satisfeito quando atingir um bem superior a si.
- Como somente Eu Sou maior que o homem, disto decorre que somente Eu, Deus Eterno, consigo sacia-lo.
- Separado de Mim pelo pecado, o homem vive perenemente atormentado e sofredor.
- O homem é superior a toda a criação.
- Só se satisfaz com bens superiores a Ele, que é Deus.
- Ao amar realidades inferiores a si, torna-se insaciável;
- No entanto, são as coisas que devem servir ao homem, não vice-versa.
- Só a Mim deve o homem servir, Sou seu fim ultimo.
(O Diálogo-Santa Catarina de Sena, pg192; 343)

sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Faculdades da Alma e os Sentidos

Faculdades da alma e os Sentidos
- É admirável como os perfeitos trazem bem ordenados os sentidos, sob as ordens da vontade.
- Por estarem fechadas as portas externas da alma, a pessoa toda emite uma harmoniosa melodia.
- Sua vontade acha-se fechada ao egoísmo e aberta ao amor por mim e pelos homens;
- Sua inteligência, fechada aos prazeres, deleites e misérias do mundo, que constituem uma tenebrosa noite, mas aberta a Luz da Verdade;
- Sua memória recusa as recordações pecaminosas e lembra-se dos meus benefícios.
- Com tudo isso, a pessoa emite uma harmonia alegre, uníssona, prudente, iluminada, toda orientada para a Glória do Meu Nome.
- A essa harmonia das faculdades junta-se o som agudo dos sentidos corporais.
- Os imperfeitos emitem sons mortais quando acolhem os inimigos do homem;
- Os perfeitos emitem sons de vida, acolhem as virtudes, ressoam em boas obras.
- Cada um deles cumpre exatamente sua finalidade: 
os olhos ao enxergar; 
os ouvidos ao escutar; 
o olfato ao cheirar; 
o paladar ao saborear; 
a mão ao tocar e agir; 
os pés ao caminhar.
- Todos sentidos e faculdades- ressoam na mesma tonalidade:
  • para servir os homens,
  • para louvar-me e
  • para aperfeiçoar a alma com ações virtuosas.
- São instrumentos obedientes, 
por isso os perfeitos são pessoas agradáveis a mim, aos anjos e aos santos, 
que os aguardam alegremente no céu, para com eles partilhar a sua felicidade.
- De boa ou má vontade, até os pecadores admiram-nos e muitos deles 
–conquistados por semelhante harmonia interior- 
abandonam sua vida má e recuperam a vida da graça.
- Todos os santos conquistaram homens mediante tal instrumento da harmonia pessoal:
* O primeiro foi o Verbo Encarnado que, pela união da Natureza Divina com a Humana, emitiu agradável melodia do alto da cruz:
com ele redimiu a humanidade, 
derrotou o demônio e 
retirou-lhe o domínio que exercia depois do Pecado Original.
* Junto a tal Mestre todos vós deveis aprender semelhante harmonia, imitando: 
os apóstolos, que espalharam a Palavra de Cristo por todo o mundo, 
os mártires
os confessores
os doutores
as virgens, que também salvaram almas.
- Minha providência concede a todos o instrumento, a partitura e a maneira de tocar. 
- Tudo quanto permito nesta vida tem como finalidade aperfeiçoar tal harmonia no homem. 
- A condição imposta é que a pessoa se aproxime da luz, 
dela não se afaste pelo egoísmo em busca de prazer e gostos pessoais.
(O Diálogo-Santa Catarina de Sena, pg 336)
Veja também:

Faculdades da Alma e os Mandamentos de Deus

Faculdades da Alma e os Mandamentos de Deus
- Sabes que os Mandamentos da Lei se reduzem a dois; 
sem eles, nenhum outro é observado. 
São Amar-me sobre todas as coisas e amar o próximo como a ti mesmo.
- Eis o começo, o meio e o fim dos Mandamentos da Lei.
- Todavia esses ‘dois’ não se ‘reúnem’ em Mim sem os ‘três’, isto é, sem a unificação das três Faculdades da alma: a memória, a inteligência e a vontade.
* A memória há de recordar-se dos meus benefícios e da minha bondade;
* A inteligência pensará no amor inefável revelado em Cristo, pois ele se oferece como objeto de reflexão para manifestar a chama do meu amor;
* A vontade, unindo-se as duas faculdades anteriores, me amará e desejará como seu fim.
- Quando essas três Faculdades estão assim reunidas, acho-me presente entre elas pela graça. 
- E, como conseqüência, a pessoa vê-se repleta de amor por mim e pelo próximo, ‘na companhia’ de verdadeiras e múltiplas virtudes.
Em primeiro lugar, a vontade se dispõe a ter sede.
- Sede das virtudes, sede da minha glória, sede das almas.
- As demais sedes se apagam e morrem. 
- Tendo subido o primeiro degrau, da afeição, o homem caminha seguro de si, sem temor servil.
- Livre do egoísmo, a vontade se põe acima de si mesma e acima dos bens passageiros. 
- Se a pessoa quer possuir tais bens, ama-os e deles se serve de mim, com temor santo e verdadeiro, virtuosamente.
- Em seguida, passa-se ao segundo degrau, o da inteligência, no qual a pessoa, em cordial amor por mim, medita sobre Cristo Crucificado, enquanto mediador.
- Por fim a memória enche-se da minha caridade e alcança a paz e a tranquilidade.
- Um recipiente vazio, ao ser tocado, faz rumor; 
o recipiente cheio, nenhum som produz. 
- Da mesma forma, quando a memória está tomada pela luz da inteligência e pelo amor, a pessoa já não se perturba diante das adversidades ou atrativos do mundo;
está repleta da minha presença, como sumo bem; 
não sente falsas alegrias, nem impaciência.
- Quando o homem sobre os três degraus comuns (despojamento dos vícios, aquisição de virtudes e a paz), suas faculdades unificam-se, colocam-se sob o domínio da razão e ‘congregam-se’ em meu nome. 
- Uma vez reunidos os dois amores: 
–por Deus e pelo próximo- 
com as três faculdades: 
a memória para reter, 
a inteligência para refletir e 
a  vontade para amar 
encontra-se o homem na minha companhia, forte e seguro; 
está na companhia das virtudes; 
caminha seguro de si. 
- Estou presente nele.
- Parte, então, o cristão, inflamado de desejo santo, sequioso de ir pelo caminho da verdade, a procura da fonte da água viva. 
- É o desejo da minha glória, 
da salvação pessoal e 
da santificação alheia que incentiva a caminhar, 
pois é o único meio que possibilita alcançar a meta final.
(O Diálogo-Santa Catarina de Sena, pg122)

Faculdades da Alma na Vida Espiritual

Função das Faculdades da Alma na Vida Espiritual
- Todos os males procedem do egoísmo; 
é ele que obscurece a razão, na qual se encontra a iluminação da fé. 
- Quem perde uma dessas duas luzes, perde ambas.
- Ao criar o homem à minha imagem e semelhança, dei-lhe a memória, a inteligência e a vontade.
- Entre elas, a mais nobre é a inteligência
- Embora seja movida pela vontade, é a inteligência que alimenta a vontade
- Por sua vez, a vontade fornece a memória a recordação de mim e dos meus favores. 
- Essa recordação dará à pessoa solicitude e gratidão.
- Como vês, uma faculdade reabastece a outra, nutrindo o homem na vida da graça.
- Não vive o homem sem amor; 
ele sempre procura algo para amar.
Criei por amor, 
criei-o no amor.
- Assim, a vontade move a inteligência, quase dizendo-lhe:
“Quero amar; 
o amor é meu sustento”.
- Desperta-se então a inteligência e responde:
“Se queres amar, 
vou dar-te o bem para que o ames”!
- Reflete ela sobre a dignidade humana e sobre a indignidade proveniente do pecado:
  • na dignidade enxerga a bondade e o amor com que criei o homem;
  •  na indignidade percebe a misericórdia, graças à qual dou-lhe o tempo (de arrepender-se) e o liberto do mal.
- Diante dessas realidades, a vontade se alimenta de amor: 
sente o desejo santo, despreza a sensualidade, torna-se humilde e paciente, concebe interiormente as virtudes, pratica-as mais ou menos perfeitamente no próximo, de acordo com a perfeição atingida.
- Em sentido inverso, se o apetite sensível procura os bens materiais, a eles orienta-se a inteligência
e quando a mesma toma como objeto os bens passageiros, surgem o egoísmo, o desprezo pelas virtudes, o apego ao vicio e, como consequência, o orgulho e a impaciência.
- Por sua vez, a memória encher-se-á com tais elementos, fornecidos pelo afeto sensual, obscurecendo-se a inteligência, que não mais vê senão aparências de bem.
- Tais aparências ficam sendo, então, a única claridade mediante a qual a inteligência olha e a vontade ama todo objeto de prazer.
- Sem estas aparências, o homem não pecaria, pois, como tendência inata, ele só pode desejar o bem. 
- Peca, porque o mal toma colorações de bem.
- A inteligência não mais discerne ou reconhece a Verdade; 
por cegueira, engana-se e procura o bem e a satisfação onde eles não estão.
- Os prazeres mundanos são espinhos venenosos; 
engana-se a inteligência ao considerá-los; 
a vontade ao amá-los; 
a memória ao retê-los.
- Comporta-se a inteligência como uma ladra, apoderando-se do alheio;
igualmente a memória, conservando a contínua lembrança de realidades distantes de mim. 
- Com tudo isso, a alma se priva da minha graça.
- É muito estreita a união destas três faculdades. 
- Quando uma delas me ofende, as outras também o fazem; 
uma apresenta a outra o bem ou o mal, conforme agrada ao livre arbítrio. 
- Este se acha na vontade e a move como quer, em conformidade ou não com a razão.
- Possuís a razão 
–sempre unida a mim, a menos que o livre arbítrio a afaste mediante um amor desordenado- 
e tendes em vós uma lei perversa (conf. Rom 7,23), que luta contra o espírito.
- Tendes, então, duas partes em vós mesmos: A sensualidade a razão.
- A sensualidade foi dada ao homem como servidora, a fim de que as virtudes sejam exercidas e provadas através do corpo.
- O homem é livre, já que meu Filho o libertou com seu sangue. 
- Ninguém pode dominar a pessoa humana quanto à vontade, pois ela possui o livre arbítrio
- Este se identifica com a vontade, concorda com ela. 
- Fica, pois, o livre arbítrio entre a sensualidade e a razão, e inclina-se ora de um lado, ora de outro, conforme preferir.
- Quando a pessoa tenta livremente ‘congregar’ as Três Faculdades em mim, na maneira explicada, todas as atividades espirituais e corporais humanas ficam unificadas.
- O livre arbítrio se afasta da sensualidade, tende para o lado da razão e Eu me coloco no centro das faculdades, realizando a Palavra de Meu Filho: 
“Quando dois ou três se reunirem em meu nome, estarei no meio deles” (Mt 18,20). 
- Ninguém pode vir a Mim, senão por meio de Cristo.
(O Diálogo-Santa Catarina de Sena pg117)
Veja Também:

Vontade de Deus

Vontade de Deus
- Todos os que nascem e vivem neste mundo passam por fadigas corporais e espirituais. Sim, também os meus servidores padecem nos seus corpos; mas em seus espíritos não, porque suas vontades estão identificadas com a minha.
- O que faz o homem sofrer é a vontade.
- Sabe qual é a grande felicidade dos santos? É possuir a vontade satisfeita em todas as suas aspirações:
Ao desejar-me, possuem-me, tendo deixado o peso do corpo que produzia a lei que luta contra o espírito.
- Na vida terrena, o corpo impedia o perfeito conhecimento da Verdade e minha visão face a face. Separando-se do corpo, a vontade dos bem-aventurados realiza-se: ao desejo de ver-me corresponde a visão, e com ela, a beatitude:
Vendo, conhecem-me; conhecendo, amam-me; amando, saboreiam-me; saboreando, realizam-se quanto ao desejo de me ver e conhecer.
Desejando, possuem; possuindo, desejam.
- O sofrimento está distante do desejo e o fastio da saciedade. Como vês, meus servidores são felizes, especialmente na visão celeste. Ela satisfaz seus desejos, sacia suas vontades. Neste sentido afirmei que a vida eterna consiste na posse das coisas que a vontade deseja, isto é, conhecer-me, ver-me.
- Já a partir desta vida meus servidores gozam da eternidade, ao saborearem a causa de sua felicidade.
- E qual é tal causa? Respondo: é a certeza da minha presença em suas vidas, é o conhecimento da minha Verdade. Tal conhecimento se realiza na inteligência, que é o olho da alma; pupila de tal olho é a fé.
- Pela iluminação da fé, eles distinguem, conhecem e seguem a estrada mensagem do Verbo encarnado. Sem a fé, ninguém reconhece tal estrada, à semelhança daquele que possuísse o olho, mas coberto por um pano. Sim a pupila deste olhar é a fé; nada verá quem cobrir sua inteligência com o pano da infelicidade, por causa do egoísmo. Tal pessoa terá a inteligência, mas não a luz para conhecer.
- Portanto, tais pessoas vendo, conhecem; conhecendo, amam; amando, afogam e destroem a vontade própria; tendo-a destruído, revestem-se da minha vontade, a qual deseja unicamente a vossa santificação.
- Neste sentido meus servidores não padecem no espírito, mas somente no corpo.
O querer sensível já morreu, ele que é a fonte de sofrimento e dor para o homem.

- Destruída essa ‘vontade’ sensível, o sofrimento desaparece e meus servidores tudo passam a tolerar com respeito. Consideram como graça as dificuldades que permito, só desejam o que eu desejo. Quando deixo que os demônios os atormentem com tentações para provar suas virtudes eles as superam com a intervenção da vontade, por mim fortalecida. Humilham-se, consideram-se indignos de sossego e merecedores de castigo. Vivem, pois, na alegria, sem sofrer.
- Nas perseguições e adversidades provenientes dos homens, na pobreza ou rebaixamento de posição social, na morte de filhos e pessoas amadas –espinhos produzidos pela terra depois do pecado de Adão- meus servidores tudo suportam com discernimento e fé. Confiam em mim, Bondade Suprema, certos de que somente quero o bem e para o seu bem tudo permito com amor.

O Diálogo-Santa Catarina de Sena , pg105

Virtudes e Tentações


 Virtudes x Tentações  
- Aos homens que caminham pela estrada da mentira resta apenas, qual fruto, a ‘água morta’ para onde o demônio os convida. Tendo perdido a iluminação da fé, quais cegos e loucos sem entendimento seguiram-no, como se ele dissesse: ‘quem tem sede de água morta, venha a mim, que eu lhe darei’.
- Sirvo-me do demônio qual instrumento de minha justiça para atormentar os que me ofendem. Nesta vida o coloquei qual tentador, molestando os homens. Não para que sejam vencidos, mas para que conquistem a vitória e o prêmio pela comprovação das virtudes.
- Ninguém deve temer as possíveis lutas e tentações do demônio. Fortaleci os homens, dei-lhes energia para a vontade no Sangue de Cristo.
Demônio e criatura alguma conseguem dobrar a vontade.
Ela vos pertence, é livre.
Vós, pelo Livre Arbítrio, é que escolheis o querer ou não querer alguma coisa.
- A vontade, todavia, pode ser entregue como arma nas mãos do diabo, que pode usa-la para vos ferir e matar. Se a pessoa não lhe dá essa arma, se não consente ante as tentações e lisonjas do maligno, jamais pecará por tentação. Sairá dela até fortalecido e compreenderá que permito as tentações unicamente para vos conduzir ao bem e comprovar vossa virtude.
A caminhada para o bem passa pelo conhecimento de si e de Deus.
- Este duplo conhecimento aumenta no tempo da tentação, no sentido de que o homem toma consciência da própria nulidade, percebe que não consegue evitar as dificuldades indesejáveis, reconhece minha presença a fortalecer sua vontade para não consentir nos maus pensamentos, entende que a tentação é permitida por mim, vê que o demônio é fraco e nada pode além daquilo que lhe permito. Aliás, é por amor, não por maldade, que permito as tentações; desejo a vossa vitória, não a derrota. Quero que me conheçais e vos conheçais, atingindo uma virtude provada, pois o bem é comprovado em seu contrário.
O Inferno
- Como vês, os demônios são encarregados por mim de atormentar os condenados ao inferno e de provar a virtude dos que se acham nesta existência. Tal não é a intenção dos demônios, pois nada fazem por amor. Desejariam privar-vos da virtude, mas não conseguem. A menos que queirais.
- Vê como é grande a tolice humana, cedendo justamente onde tornei o homem mais forte e consignando-se nas mãos do diabo.
Esforça-te por entender: é voluntariamente que os condenados se entregam ao demônio na hora da morte.
Disse ‘voluntariamente’, já que ninguém os pode obrigar a isso.
- Sem aguardar qualquer julgamento, logo depois do ultimo suspiro, os pecadores julgam-se a si mesmos pela própria consciência e se põem sob o perverso domínio do maligno. Desse modo, desesperados, condenam-se. No instante supremo, com muito ódio, encaminham-se para o abismo; e antes mesmo de chegar a ele, voluntariamente o escolhem como paga, junto aos demônios, seus senhores.
O Céu
- Aqueles que morrem na caridade perfeita, quando atingem o derradeiro instante, após ter vivido na perfeita iluminação da fé, na fé e na esperança do Sangue do Cordeiro, contemplam o prêmio que lhes preparei; com amor, o acolhem; apertam-me com os laços da afeição, qual Bem sumo e terno. Antes de deixar o corpo, antes de morrer, já gozam da vida eterna.
O Purgatório
- Outros, que haviam passado a vida na ‘caridade comum’ e atingem o ultimo momento sem essa perfeição, também acolhem o prêmio eterno com a nossa fé e esperança, mas de modo imperfeito. Sentem-se culpados, mas reconhecem que minha misericórdia é maior que seus pecados.
Os pecadores não agem assim. Ao divisar o lugar que lhes toca, recebem-no com ódio. Uns e outros, nem esperam o julgamento. Logo que deixam esta vida, cada um vai para o seu lugar, pressentido e aprendido antes mesmo de deixar o corpo na morte:
  • Os condenados, para o inferno, com ódio e desespero;
  • Os perfeitos, com amor , fé e esperança;
  • Os imperfeitos, com fé no perdão, vão para o purgatório.

O Diálogo-Santa Catarina de Sena , pg100

Atraídos pelo Amor

Colaboração humana
- Cada pessoa tem uma vinha, a vinha da própria alma.
- Nela trabalha com a vontade pessoal, livre, durante o tempo desta vida. Acabado este tempo, nenhum outro trabalho será realizado, seja para o bem como para o mal.
- Agora, sim, cada um pode industriar-se na vinha em que o coloquei. O operário de tal vinha –a vontade- recebe de mim tamanha força, que criatura alguma, mesmo o demônio, é capaz de impor-lhe algo sem o seu consentimento. Semelhante força lhe é dada no batismo, bem como, o amor pela virtude e o ódio pelo vicio. Esse amor e ódio provem do Sangue de Cristo, o qual, versando o Sangue por amor a vós e repulsa ao pecado, até morreu. É deste Sangue que recebeis a Vida Divina no Batismo.
- Tendes, então, a espada do amor e do ódio.
- Deve ser livremente usada durante a vida terrena para destruir os pecados e semear a virtude.
Mas é unicamente pelos ministros, por mim postos na Igreja para lutar contra o mal e distribuir a graça no Ministério do Sangue pelos Sacramentos que obtereis o fruto desse Sangue.

- Começareis por purificar-vos com a contrição interior, desapegando-vos da iniqüidade e desejando a virtude. Sem essa predisposição exigida na medida de vossas possibilidades como ramos unidos a Videira, que é Meu Filho(João 15,1), nada recebereis...
  
Atraídos pelo Amor
- No momento em que Cristo foi elevado no lenho da cruz uma ponte se ergueu do céu a terra, essa ponte é Cristo. Antes de ser erguida, ninguém passava por ela. Essa ponte tem três degraus:
* 1º degrau (despojamento dos vícios): é formado pelos Pés de Cristo, que faz com que a alma caminhe no duplo amor(Deus e o próximo).
* 2º degrau (adquire virtudes): vendo-se amada, se enche de caridade caminha ao Coração de Cristo que é a fonte do amor.
* 3º degrau (goza a paz): depois de vencer as culpas encontra a paz, que é a Boca de Cristo.
“Quando Eu for elevado, atrairei a mim todas as coisas” Jo 12,32
- Ao manifestar sua imensa caridade, meu Filho atraiu a si todas as coisas.
- É sempre o amor que atrai o coração humano. Dando a vida por vós, ele revelou o amor maior.
- Quando não existe no homem a oposição maldosa, a força do amor atrai sempre.

- O coração humano, ao ser atraído, leva consigo todas as Faculdades da alma: a memória, a inteligência, a vontade.
* Quando tais faculdades são reunidas e harmonizadas, todas as ações humanas –corporais e espirituais- ficam-me agradáveis, pois unem-se a mim na caridade.
“Quando Eu for elevado, atrairei a mim todas as coisas”, Jesus queria significar:
1º) Quando o coração humano e as faculdades forem atraídas, todas as demais faculdades e suas ações também o serão.
2º) Que todos os seres foram criados para o homem. Os demais seres devem servir ao homem e não o contrario.
- Se a humanidade for atraída, todos os demais seres a seguirão, pois para o homem foram criados.


Falso amor
- Quero que entendas melhor a maldade e crueldade dos pecadores, que vão pelo rio do pecado. Começam por conceber o mal no próprio intimo, enfermando-se; depois o praticam exteriormente e perdem a graça.
- Afogados no rio do falso amor mundano, eles morrem para a graça. Assemelham-se ao cadáver, privado de sensações, que já não se move a não ser carregado por outros.
- Nos pecadores, assim, ‘mortos’:
  • A memória já não retém a recordação da minha misericórdia.
  • A inteligência não compreende minha Verdade, preocupada que está com a própria sensualidade e pessoa.
  • A vontade permanece insensível à minha vontade e apega-se às realidades mortas.
- Com a morte destas três faculdades, toda a atividade interna e externa do pecador se esvazia quanto a graça. O pecador já não consegue defender-se dos inimigos (mundo, demônio e carne), já não reage sem meu auxilio.
- É verdade que todo ‘morto’ possui LIVRE ARBITRIO durante esta vida mortal no corpo, e, ao implorar socorro, sempre o terá de mim.
- Mas, sozinho, nada fará.
- O pecador é insuportável a si mesmo; pretendendo ser o dono do mundo, deixa-se dominar pela escravidão do nada, o pecado.
O Diálogo-Santa Catarina de Sena , pg69; 73;83

Caminho da Verdade
“Ninguém consegue seguir o ‘Caminho da Verdade’:
- Sem a luz da RAZÃO –recebida de mim com a inteligência (na concepção); e
- Sem a luz da FÉ –infundida na hora do Santo Batismo.

O Diálogo-Santa Catarina de Sena , pg69; 73;83;205

Clique aqui e veja também:

Ato de Consagração ao Imaculado Coração de Maria

As Famílias que se Consagraram a Mim

Quando o Filho do Homem voltar

Anúncio da Nova Era

Dia do Padre

 “Senhor, que vosso Amor, Sofrimento e Sangue derramado,

não tenha sido em vão pelas nossas almas e

pelas almas dos Vossos Sacerdotes, Filhos Prediletos de Nossa Senhora.”

“Senhor, sou teu servo, filho de Tua Serva.”

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Vontade: porta de entrada da alma

- A VONTADE, constitui como que a porta de entrada da alma, não permito que se abra ante os inimigos; seja os demônios como os demais adversários poderão penetrar por outros setores, mas não pela VONTADE, que é a porta principal da cidade da alma.
- Como defensor está o LIVRE ARBÍTRIO.
- Só ele pode deixar ou não que alguém passe.
- As portas que dão ingresso ao interior do homem são muitas.
- As principais são as três potências:
  • a MEMÓRIA,
  • a INTELIGÊNCIA, e
  • a VONTADE.
- Delas, somente uma abre quando quer e serve de defesa para as outras:
é a VONTADE.
- Com sua permissão, o primeiro inimigo a entrar é o EGOISMO.
- Os outros vêm depois:
  • a INTELIGÊNCIA se obscurece;
  • a MEMÓRIA dá acolhida ao ódio, que faz lembrar as ofensas recebidas e se opõe á caridade pelo próximo; a MEMÓRIA recorda, também, os prazeres ilícitos.

- Depois de abertas essas portas, escancaram-se os portões dos SENTIDOS (audição, visão, olfato, paladar, tato), que refletem em si o amor desordenado e as más ações:
- O OLHO ocupa-se em ver coisas que não deve; por sua volubilidade, vaidade, desonestidade e trejeitos, captam a morte para a própria pessoa e para os demais.
Ó olho infeliz! Eu te fiz para ver o céu, as belezas da criação, meus mistérios, e tu te fixas na lama, na baixeza, á procura da morte!

- O OUVIDO compraz-se em assuntos desonestos ou fica á espreita de noticias, a fim de emitir julgamentos.
No entanto, eu o dei ao homem para escutar minha palavra e tomar conhecimento das necessidades alheias.

- Quanto a LÍNGUA, criei-a para anunciar a palavra, confessar as culpas e promover a salvação dos homens; mas dela serve-se a pessoa para reclamar de mim, seu criador, e para prejudicar o próximo. Murmura contra ele diz que suas ações são más e blasfemas, dá falso testemunho, põe em perigo a si mesmo e os demais com palavras desonestas, diz frases ofensivas que, como punhais, ferem os corações, provocando raiva. Como são numerosos os pecados - homicídios, desonestidades, rancores, ódio, perda de tempo – provocados pela língua.

- O OLFATO também peca por desordenado prazer em sentir em sentir perfumes; se for cheiro de alimento, dá origem à gula e à insaciável procura de comida, seja pela quantidade, seja pela qualidade, a fim de satisfazer o estômago. Quem abre este portão da alma, infelizmente não percebe que a gula incentiva a sensualidade e conduz à corrupção.

- AS MÃOS foram feitas para prestar serviço ao próximo e socorrê-lo com esmolas, mas são usadas para furtar e praticar ações desonestas.

- OS PÉS têm a função de conduzir o homem a lugares santos e úteis, seja para si como para os outros, com vistas a minha glória e louvor; no entanto são usados para ir-se a lugares escusos, onde conversas e divagações corrompem as pessoas.

- Recordei tudo isso, filha querida, para que possas chorar ao ver a cidade da alma em tão grave situação, a fim de chorar ao ver a cidade da alma em tão grave situação, a fim de que sintas o mal que entra no homem pela porta principal da vontade.
- Como disse antes, não permito que os males entrem livremente no homem pela vontade, mas podem fazê-lo pelas outras faculdades.
* Consinto que a inteligência seja invadida por pensamentos ruins;
* Que a memória pareça esquecer-se de mim, que todos os sentidos se vejam sacudidos por lutas diversas.
- As vezes, até o fato de olhar, ouvir, adorar e procurar coisas santas, estremece o homem com sentimentos de desonestidade e corrupção. Tudo isto, porém, não produz a morte da alma, de minha parte não quero tal morte; só mesmo se a pessoa a quiser, livremente.
- Todas essas sensações ficam na periferia da cidade da alma, não penetram em seu interior. A menos, repito, que a pessoa o queira.
- Qual o motivo por que deixo o homem cercado por tantos inimigos? Certamente, não para que perca a graça; mas para que veja quanto sou misericordioso.
- Quero que confie em mim, não em si mesmo; que se refugie em mim e não seja negligente.
- Sou seu defensor, o Pai Bondoso que deseja sua salvação.
- Quero recordar-lhe: de mim recebeu o ‘ser’ e os demais benefícios.
Sou a sua vida.

Dureza do coração
- Enquanto se acham nesta vida e possuem a liberdade, os duros de coração, poderão invocar o sangue do meu Filho e derramá-lo sobre o próprio coração; então Cristo o romperá e elas receberão o fruto do sangue.
- Mas se demorarem, o tempo oportuno se esgotará. Já não haverá remédio, porque não aproveitaram o dom que lhes dera eu através da:
* MEMÓRIA, para se recordarem dos benefícios recebidos;
* INTELIGÊNCIA, para conhecerem a Verdade;
* VONTADE, para me amarem como herança eterna.

- Sim, esse é o dom que vos entreguei e que deve voltar as minhas mãos paternas.
- Quando o homem vende ou dá ao demônio tal presente, então passa a caminhar com o maligno e leva consigo o que adquiriu na vida, ou seja:
* MEMÓRIA cheia de recordações desonestas, de orgulho, de amor-próprio, de ódio e desprezo pelos outros, qual perseguidor dos meus servidores fiéis.

(Diálogo-Santa Catarina de Sena, pg 34; 326 e msm 04.03.81; 16.03.85 e conforme Apocalipse 2 e 3; 2,23)

domingo, 1 de dezembro de 2013

A providência e os acontecimentos da vida

Por não ler e não viver a mensagem de Jesus,
o homem, torna-se insuportável a si mesmo.
- Por minha providência reconstruí o segundo mundo, que é o homem.
- Ao primeiro permiti que causasse sofrimentos e rebelião, para o vosso bem. É algo de providencial, com a finalidade de evitar que confies nele (no mundo) e vos orienteis para mim, vossa meta final.
- Na pior das hipóteses, a importunação dos males mundanos fará a pessoa erguer o coração e o afeto até mim.
- Infelizmente os homens são demais ignorantes e nada compreendem; são de tal forma débeis, que procuram os bens terrenos apesar de todas as dificuldades e recusam-se a procurar a pátria celeste.
- Pense no que aconteceria se tudo na terra fosse perfeito, se o mundo fosse um lugar de descanso, sem dificuldades! É para provar a virtude e premiar o esforço e mesmo a violência que os bons fizerem a si mesmos.
- Desse modo, tudo ordenei com sabedoria.

- Concedo favores aos homens, porque sou rico, e posso doar ainda mais.
Minha riqueza é infinita.
- Tudo quanto existe foi feito por mim, sem minha intervenção nada subsiste:
  • Se queres beleza, Eu sou a beleza;
  • Se queres bondade, Eu sou a bondade.
- Sou a sabedoria, o Deus benigno, piedoso, justo, misericordioso.
- Sou liberal sem avareza e recompenso quem trabalha por minha glória.
- Sou alegre e faço feliz quem cumpre minha vontade.
- Sou providência que jamais falha ao cuidar dos servidores que em mim confiam, seja no que se refere a alma como ao corpo.

- Como pode o homem:
  • que me vê alimentar o verme dentro da madeira seca, nutrir os animais selvagens, dar comida aos peixes do mar e aos pássaros do céu:
  • que me vê dar a luz do sol as plantas e o orvalho que emudece a terra
- Como pode o homem pensar que não o sustento, justo a ele que foi criado a minha imagem e semelhança?
- Em todos os sentidos, seja no plano do espírito como dos bens corporais, o homem somente encontra a chama e o abismo do meu amor, manifestada em uma providência altíssima, amorosa, verdadeira, perfeita.

- Nada disso ele compreende.
- Tendo desprezado a luz, não se preocupa em entender.
- Escandaliza-se, ama menos o próximo, angustia-se pelo dia de amanhã, em uma atitude proibida pelo meu Filho, que dizia:
“Não penseis no dia de amanhã; basta a cada dia a sua preocupação”
Mateus 6,34
- Com essas palavras ele queria repreender vossas infidelidades e mostrar-vos minha providência, bem como a brevidade da vida.
Dizia: “Não penseis no dia de amanhã”, como a significar: “Não penseis nas realidades incertas; basta o presente.”
- Mediante meu filho ensinei a pedir-me primeiro o reino do céu (Mateus 6,33), isto é, uma vida santa e honesta.
- Quanto as realidades menores, bem sei que delas precisais. Por isso, na criação, ordenei a terra que produzisse frutos. (Genesis 1,11)

- Por falta de confiança em mim, o homem infeliz costuma fechar seu coração e as mãos ao próximo.
Por não ler e não viver a mensagem de Jesus,
o homem, torna-se insuportável a si mesmo.

- Todo o erro está em confiar em si mesmo, não em mim.
- Julgam-se as intenções alheias, esquecendo-se de que eu sou o juiz.
- Minha vontade não é compreendida e interpretada favoravelmente; a não ser quando tudo corre bem, em satisfação pessoal e prazer mundano.
- Já que repôs sua confiança nas realidades terrenas, revolta-se o homem quando elas acabam e começa a dizer que minha providência não existe para ele, acredita-se carente de tudo.
- Qual cego, não vê riqueza alguma ou mérito na paciência. Desde esta vida é um morto; já possui a garantia do inferno.
- Mesmo assim, não deixo de proteger bondosamente as pessoas. Faço a terra produzir frutos, tanto para o pecador como para o justo (Mateus 5,45), propiciando sol e chuva para as lavouras.
- Algumas vezes o pecador recebe até mais do que o justo.
- Ajo assim para dar maiores riquezas espirituais ao justo, que por meu amor se despojou de bens materiais e mesmo d vontade própria.
- Estes últimos tornam perfeitas suas almas, alegram-se no abismo do meu amor, despreocupam-se das riquezas e de si mesmos.
- Dirijo-os espiritual e materialmente, uso para com eles uma providência especial, acrescentada a geral.

- O Espírito Santo lhes é servidor.
- Se bem recordas, leste na “Vida dos Santos Padres” que, certa vez, adoeceu um eremita, que tudo abandonara para me glorificar; o Espírito Santo enviou um anjo que cuidasse de suas necessidades.
- Enquanto o seu corpo era socorrido, sua alma alegrava-se grandemente com a presença do enviado de Deus.
- O Espírito Santo é qual mãe a nutrir no divino amor.
- Ele liberta o homem, torna-o dono de si, isento da escravidão do egoísmo.
A chama da minha caridade não sobrevive junto ao egoísmo.

- O Espírito Santo reveste o homem, alimenta-o inebria-o de gozo e abundância.
- Quem tudo abandonou, tudo encontra; ao despojar-se de si mesmo, reveste-se o homem de mim.
- Pela humildade, passa de servo a senhor, com domínio sobre o mundo e a sensualidade.
- Como para tudo se fez cego, vive em uma perfeitíssima iluminação, coroado de fé viva e esperança perfeita, livre de sofrimentos e angústias, gozando já da vida eterna.
Como é feliz tal homem!

- Vivendo num corpo mortal, experimenta a felicidade dos imortais.
- Tudo vê com respeito, pois tanto lhe vale a mão esquerda como a direita, a dor como a consolação, a fome e a sede como o comer e o beber, o frio e o calor e a nudez como os agasalhos, a vida como a morte, a honra como a desonra, a aflição como o prazer.
Em tudo permanece estável, fundamentado na rocha viva.

- Orientado pela luz da fé e da esperança, compreende que tudo é dado por mim como uma única finalidade: a vossa salvação.

Santa Catarina de Sena O Diálogo 34.3

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Virtude e Pecado


Toda virtude é praticada no próximo
-Toda pessoa que vive longe de mim (Deus) prejudica o próximo; e a si, dado que cada um é o primeiro próximo de si mesmo.
- Acontece uma desordem geral porque sois obrigados a amar os demais como a vós mesmos. De que maneira?
  • Socorrendo espiritualmente pela oração,
  • dando bom exemplo,
  • auxiliando quanto ao corpo e quanto ao espírito, conforme as necessidades.
- No caso de alguém nada possuir, pelo menos há de ter o desejo de auxiliar!
- Quem não me ama, também não ama os homens; por isso não os socorre.
- Quem despreza a vida da graça, prejudica antes de tudo a si mesmo, mas prejudica também os outros, deixando de apresentar diante de mim –como é seu dever- orações e aspirações em favor deles.
Todo e qualquer auxilio prestado ao próximo deve provir do amor que se tem por aquela pessoa, mas como consequência do amor que se tem por mim (Deus).
- Da mesma forma, todo mal se realiza no próximo, e quem não me ama, também não tem amor pelos outros.
- A origem dos pecados está na ausência da caridade para comigo e para com o homem.
Para fazer o mal, basta que se deixe de fazer o bem.
- Contra quem se age, a quem se prejudica na prática do mal? Primeiramente contra si mesmo; depois, contra o próximo. A mim não prejudica.
- Eu não posso ser atingido, a não ser no sentido de que considero feito a mim o que se faz ao homem.
- Será um prejuízo que leva a culpa com privação da graça e, nesse caso, coisa pior não poderia acontecer; / ou será uma recusa de afeição e amor, obrigatórios e que exigem o socorro pela oração e súplicas diante de mim.
- Tudo isso é auxilio de ordem geral, porque é devido aos homens em comum.

- O auxilio de ordem pessoal consiste na colaboração prestada a pessoas com quem convivemos, pois existe a obrigação aos homens de se ajudarem mutuamente com bons conselhos, ensinamentos, bons exemplos e qualquer outra boa obra de que se necessite.
- O bom conselho há de ser desinteressado, como se fosse dado a si mesmo, sem segundas intenções egoístas.
- Quem não me ama, certamente não agirá convenientemente e prejudicará os demais. Nem serão apenas prejuízos por omissão do bem, mas ações más e danos até repetidos.

É no homem que se ama a Deus
- Todos os pecados são cometidos através do próximo, no sentido de que eles são ausência da caridade, que é a forma de todas as virtudes.
- No mesmo sentido, o egoísmo, que é a negação do amor ao próximo, constitui-se como razão e fundamento de todo o mal. Ele é a raiz dos escândalos, do ódio, da maldade, dos prejuízos causados aos outros.
O egoísmo envenenou o mundo inteiro.
- As virtudes se fundamentam no amor pelos outros; é da caridade que as virtudes recebem a vida. Sem ela, nenhuma virtude existe, pois as virtudes se adquirem no puro amor por mim.
- Consciente da minha benevolência, o homem me ama direta e indiretamente.
- Diretamente, não pensando em si mesmo ou em interesses pessoais; indiretamente, através da prática da virtude.
- Toda virtude é concebida no intimo do homem por amor de mim:
deverá ter ódio ao pecado e amor a virtude, não existe maneira de me agradar e de se chegar até mim (Deus).
- Depois de ter concebido interiormente a virtude, a pessoa a pratica no próximo. Aliás, tal modo de agir é a única prova de que alguém possui realmente uma virtude.
Quem me ama, procura ser útil ao próximo.
- Nem poderia ser de outra maneira, dado que o amor por mim e pelo próximo são uma só coisa. Tanto alguém ama o próximo, quanto me ama, pois de mim se origina o amor do outro.
- O PRÓXIMO, eis o meio que vos dei para praticardes e manifestardes a virtude que existe em vós. Como nada podeis fazer de útil para mim, deveis ser de utilidade ao homem.
- Esta é a prova de que estou presente em vós pela graça:
  • se auxiliais os outros com orações numerosas e humildes,
  • se desejais minha glória e a salvação dos homens.
Quem se apaixona por mim, jamais cessa de trabalhar pelos outros.
É na dificuldade que se provam as virtudes
- Todas as virtudes revelam sua existência e são exercitadas no próximo, da mesma forma como é nele que os maus cometem seus pecados:
  • a paciência ao ser injuriado pelos outros;
  • a humildade, quando se acha diante do orgulhoso;
  • a diante do infiel;
  • a esperança, na presença de quem nada espera;
  • a mansidão e a benignidade, ante o irascível;
- É diante da soberba que aparece a humildade. O homem humilde vence o orgulho, pois o orgulhoso é incapaz de prejudicar quem é humilde.
- Do mesmo modo o descrente –que não ama a Deus, nem N’Ele espera- não faz diminuir a fé do homem fiel ou a esperança daqueles que a possuem no coração por meu amor. Ao contrário, até as faz crescer e manifestar-se mediante o amor altruísta (sentimento de bondade desinteressada, que coloca outra pessoa acima de si próprio).

- A virtude da justiça não diminui diante das injustiças; evidencia-se até, pois a justiça se revela na paciência.
- Também a benignidade e a mansidão são evidenciadas pela doce paciência no tempo do ódio; e o amor caridoso, todo cheio da sede e desejo de salvação alheia, torna-se visível diante da inveja, do desprezo e ódio.

- Além de provar que são virtuosas, pagando o mal com o bem, tais pessoas frequentemente atiram brasas (Rm 12,20) de amor, as quais consumirão a raiva e o rancor do coração do irascível, levando-o a passar da ira a benevolência.
- Tudo isso acontece graças a caridade e perfeita paciência daquele que suporta a raiva e demais defeitos do malvado.

- Relativamente as virtudes da fortaleza e perseverança, elas são comprovadas mediante os longos sofrimentos, as ofensas, as difamações daqueles que procuram afastar o servidor fiel do caminho verdadeiro, seja com atrativos, seja com ameaças.
- Quando o servidor fiel possui a fortaleza interior, mostra-se realmente forte e perseverante, dando prova disso no contato com os homens.
Quando alguém não resiste no tempo das contradições,
é sinal de que não possuía uma virtude verdadeira.

Texto extraído do Livro “O Diálogo 2.6-2.8” de Santa Catarina de Sena