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sábado, 11 de janeiro de 2014

Maria, ofício nos últimos tempos

Ofício Especial de Maria nos Últimos Tempos
§49. A salvação do mundo começou por Maria, e é por Ela que se deve consumar.
- Na primeira vinda de Jesus Cristo, Maria quase não apareceu, a fim de que os homens, ainda pouco instruídos e esclarecidos sobre a pessoa de seu Filho, não se afastassem da verdade, apegando-se muito intensa e grosseiramente a Ela.
- Sendo a Virgem conhecida, é provável que isso tivesse acontecido por causa dos encantos admiráveis que o Altíssimo lhe tinha concedido, mesmo exteriormente.
- Tanto assim é que São Dionísio Areopagita deixou escrito que, quando a viu, a teria tomado por uma divindade, - devido aos Seus secretos atrativos e à sua beleza incomparável -, se a fé, em que estava bem confirmado, lhe não tivesse garantido o contrário.
- Mas, na segunda vinda de Jesus Cristo, Maria tem de ser conhecida e, por isso, deve ser manifestada pelo Espírito Santo.
- Por Ela fará Conhecer, Amar e Servir Jesus Cristo, uma vez que já não subsistem as razões que o levaram a ocultar, durante a vida, a sua Esposa, e a revelá-la só muito pouco, desde a pregação do Santo Evangelho.

§50. Deus quer, portanto, revelar e manifestar Maria, a obra-prima das suas mãos, nesses derradeiros tempos.
·         Porque Ela se escondeu neste mundo, e se colocou mais abaixo que o pó, em sua humildade profunda, tendo obtido de Deus, dos Seus Apóstolos e Evangelistas, que não fosse manifestada.
·         Porque Ela é obra-prima saída das mãos de Deus, tanto na Terra pela graça, como no Céu pela glória. Por isso Deus quer, por meio d’Ela, ser louvado e glorificado sobre a terra pelos viventes.
·         Sendo a aurora que precede e descobre o Sol da Justiça, Jesus Cristo, Maria deve ser conhecida e vista, para que Jesus o seja também.
·         Visto ser Ela o caminho por onde Jesus Cristo veio a nós da primeira vez, haverá de sê-lo ainda quando Ele vier pela segunda, embora de maneira diversa.
·         Como é Maria o meio seguro, a via reta e imaculada para ir a Jesus Cristo e para o encontrar perfeitamente, é por Ela que o devem achar as almas chamadas a brilhar em santidade.     Aquele que achar Maria, achará a vida (Pr 8, 35), isto é, encontrará Jesus Cristo, que é o Caminho, a Verdade e a Vida (Jo 14, 6).
Mas não a pode achar quem a não procurar; não pode procurá-la quem a não conhecer: pois não se busca nem se deseja um objeto desconhecido.      É pois necessário que Maria seja conhecida mais do que nunca, para maior conhecimento e glória da Santíssima Trindade.
·         Maria deve brilhar mais do que nunca em misericórdia, em força e em graça nestes últimos tempos.
- Em misericórdia, para reconduzir e receber amorosamente os pobres pecadores e extraviados, que se converterão e regressarão à Igreja Católica.
- Em força, para se opor aos inimigos de Deus, aos idólatras, cismáticos, maometanos, judeus e ímpios endurecidos, que se revoltarão terrivelmente, para seduzir e fazer cair, por meio de promessas e ameaças, todos os que lhes forem contrários.
- Em graça, para animar e suster os valorosos soldados e fiéis servos de Jesus Cristo, que combaterão pelos Seus interesses.
·         Enfim, Maria deve ser terrível para o demônio e seus sequazes, como um exército disposto em linha de batalha (Ct 6, 3.9), principalmente nestes últimos tempos.
- A razão disso é que o demônio intensifica todos os dias seus esforços e combates, visto saber bem que tem pouco tempo (Ap 12, 12), e muito menos do que nunca, para perder as almas.
- Suscitará em breve cruéis perseguições, e armará terríveis emboscadas aos servos fiéis e verdadeiros filhos de Maria, pois lhe são precisos mais esforços para vencer estes do que os outros.

§ 51. Estas últimas e cruéis perseguições do demônio aumentarão dia a dia, até vir o Reino do Anticristo. É principalmente a estas que se deve aplicar a primeira e célebre predição e maldição de Deus proferida no Paraíso Terrestre contra a serpente. Vem a propósito explicá-la aqui, para a glória da Santíssima Virgem, salvação dos Seus filhos e confusão do demônio.
Porei inimizades entre ti e a mulher, entre a tua descendência
e a d'Ela; Ela te esmagará a cabeça, e tu armarás
ciladas ao seu calcanhar” (Gn 3, 15).

§52. Deus nunca estabeleceu e formou senão uma única inimizade, mas esta irreconciliável, devendo durar e mesmo aumentar até o fim.
- É a inimizade entre Maria, sua digna Mãe, e o demônio; entre os filhos e servos da Santíssima Virgem e os filhos e satélites de Lúcifer.
- Deste modo, o inimigo mais terrível que Deus constituiu contra o demônio é Maria, sua Santa Mãe.
- E Maria, ainda existindo apenas na mente de Deus, foi por Ele dotada, desde o Paraíso Terrestre, de tanto ódio contra este maldito inimigo, tanta diligência em descobrir a malícia desta antiga serpente, tanta força para vencer, aniquilar e esmagar este ímpio orgulhoso, que este a teme, não só mais que a todos os anjos e homens, mas, num certo sentido, mais do que ao próprio Deus.
- Não é que a ira, o ódio e o poder de Deus não sejam infinitamente superiores aos da Santíssima Virgem, visto as perfeições d'Ela serem limitadas.
Mas é que:
Em primeiro lugar, Satanás, sendo orgulhoso, sofre infinitamente mais em ser vencido e castigado por uma pequena e humilde serva de Deus, e a humildade desta humilha-o mais que o poder divino.
Em segundo lugar, Deus conferiu a Maria um tão grande poder sobre os demônios, que eles temem mais um único dos Seus suspiros por alguma alma, que as orações de todos os santos, e uma só das suas ameaças, mais que qualquer outro tormento. Isto foram eles obrigados a confessar muitas vezes, ainda que de má vontade, pela boca dos possessos.

§53. O que Lúcifer perdeu por orgulho, ganhou-o Maria pela sua humildade; o que Eva condenou e perdeu pela desobediência, salvou-o Maria obedecendo.
- Eva, ao obedecer à serpente, perdeu consigo todos os seus filhos e entregou-os ao demônio.
- Maria, tendo sido perfeitamente fiel a Deus, salvou juntamente consigo todos os Seus filhos e servos, e consagrou-os à Divina Majestade.

§54. Deus constituiu não somente uma inimizade, mas “inimizades”, não apenas entre Maria e o demônio, mas também entre a descendência da Virgem Santa e a de Satanás.
- Isto quer dizer que Deus estabeleceu inimizades, antipatias e ódios secretos entre os verdadeiros filhos e servos da Santíssima Virgem e os filhos e escravos do demônio: eles não se amam, nem têm qualquer correspondência interior uns com os outros.
- Os filhos de Belial (Dt 13, 13), os escravos de Satanás, os amigos do mundo (não há diferença), até hoje perseguiram sempre, e perseguirão mais do que nunca, aqueles que pertencem à Santíssima Virgem, como outrora Caim perseguiu seu irmão Abel, e Esaú perseguiu Jacó, figuras dos réprobos e dos predestinados.
- Mas a humilde Maria alcançará sempre a vitória sobre este orgulhoso, e essa vitória será tão grande que chegará a esborrachar-lhe a cabeça, onde reside o seu orgulho.
- Ela descobrirá sempre a sua malícia de serpente, e porá a descoberto as suas tramas infernais.
- Dissipará os seus conselhos e protegerá, até o fim dos tempos, os Seus servos fiéis contra aquelas garras cruéis.
- Mas o poder de Maria sobre todos os demônios brilhará particularmente nos últimos tempos, em que Satanás armará ciladas contra o seu calcanhar, ou seja, contra os humildes escravos e pobres filhos, que Ela suscitará para lhe fazer guerra.
- Eles serão pequenos e pobres na opinião do mundo, humilhados perante todos, calcados e perseguidos como o calcanhar o é em relação aos outros membros do corpo.
- Mas, em troca, serão ricos da graça de Deus, que Maria lhes distribuirá abundantemente.
- Serão grandes e de elevada santidade diante de Deus, e superiores a toda criatura pelo seu zelo ardente.
- Estarão tão fortemente apoiados no socorro divino que esmagarão, com a humildade de seu calcanhar e em união com Maria, a cabeça do demônio, fazendo triunfar Jesus Cristo.
Tratado da Verdadeira Devoção a Santíssima Virgem Maria

São Luis Maria Grignion de Monfort

sábado, 30 de novembro de 2013

Maria, necessária para os últimos tempos

§47. Disse que isto acontecerá especialmente no fim do mundo, e em breve. Porque o Altíssimo e a sua Santa Mãe devem suscitar grandes santos, que ultrapassarão tanto em santidade a maior parte dos outros santos, quanto os cedros do Líbano excedem os arbustozinhos. Assim foi revelado a uma santa alma, cuja vida foi escrita por M. de Renty.

§48. Essas grandes almas, cheias de graça e de zelo, serão escolhidas para se opor aos inimigos de Deus, que se agitarão de todos os lados.
- Serão singularmente devotas da Santíssima Virgem:
·         esclarecidas pela sua luz,
·         alimentadas com seu leite,
·         conduzidas pelo seu espírito,
·         sustentadas pelo seu braço, e
·         guardadas sob a sua proteção,
de modo que hão de combater com uma das mãos e edificar com a outra.
- Com uma combaterão, derrubarão, esmagarão os heréticos com suas heresias, os cismáticos com seus cismas, os idólatras com a sua idolatria e os pecadores com suas impiedades. Com a outra mão edificarão o Templo do Verdadeiro Salomão e a Mística Cidade de Deus, ou seja, a Santíssima Virgem, que pelos Santos Padres foi chamada “Templo de Salomão e Cidade de Deus”.
- Levarão todo o mundo, por suas palavras e exemplos, à Verdadeira Devoção. Isto atrair-lhes-á o ódio de muitos, mas também lhes trará muitas vitórias e muita glória para Deus só.
- Foi o que revelou Deus a São Vicente Ferrer, grande apóstolo do seu tempo, que claramente o indicou numa das suas obras.
- É o que o Espírito Santo parece ter predito no Salmo 58 por estas palavras: “O Senhor reinará em Jacó e em toda a Terra; converter-se-ão pela tarde, sofrerão fome como cães e hão de andar à volta da cidade para encontrar de comer” (vv. 14-15). Esta cidade, à volta da qual os homens andarão no fim do mundo, para se converterem e saciarem a sua fome de justiça, é a Santíssima Virgem, chamada pelo Espírito Santo Morada e Cidade de Deus (Sl 86, 3).
Somente Maria dá aos miseráveis filhos de Eva,
a infiel, o livre-acesso ao Paraíso Terrestre.
Tratado da Verdadeira Devoção a Santíssima Virgem Maria

São Luis Maria Grignion de Monfort

Maria, necessária a perfeição

§43. Se a Devoção à Santíssima Virgem é necessária a todos os homens simplesmente para conseguirem a salvação, o é ainda muito mais àqueles que são chamados a uma perfeição particular.
- Não creio mesmo que alguém possa atingir uma íntima união com Deus e uma perfeita fidelidade ao Espírito Santo, sem uma união muito grande com a Santíssima Virgem e sem uma grande dependência do seu patrocínio.

§44. Só Maria encontrou graça diante de Deus sem o auxílio de qualquer outra criatura (Lc 1, 30).
- Todos os que acharam graça diante de Deus desde então, só por seu intermédio a acharam, e também só por Ela a encontrarão todos os que ainda hão de vir. Maria estava cheia de graça ao ser saudada pelo arcanjo São Gabriel (Lc 1, 28), e recebeu uma plenitude superabundante de graça quando o Espírito Santo a cobriu com a sua sombra inefável (Lc 1, 35).
- De tal modo essa dupla plenitude foi aumentando dia a dia, momento a momento, que a sua alma atingiu um grau imenso e inconcebível de graça.
- Por isso o Altíssimo a fez única tesoureira dos Seus tesouros e única dispensadora das suas graças, para que Ela enobrecer, elevar e enriquecer a quem lhe aprouver, possa fazer entrar no caminho estreito do Céu quem Ela quiser, para fazer passar, apesar de tudo, quem Ela quiser pela porta estreita
da vida, e para dar a quem Ela entender o trono, o cetro e a coroa de rei.
- Jesus é, em toda a parte e sempre, o fruto e o filho de Maria; e Maria é, por toda a parte, a verdadeira árvore que dá o fruto da vida, e a verdadeira mãe que o produz.

§45. Só a Maria confiou Deus as chaves dos celeiros do Divino Amor (Ct 1, 3) e o poder de entrar nos caminhos mais sublimes e mais secretos da perfeição, bem como de neles fazer entrar os outros.
- Só Maria dá aos miseráveis filhos da infiel Eva a entrada no Paraíso Terrestre para aí passearem aprazivelmente com Deus (Gn 3, 8), para aí se esconderem dos seus inimigos, para aí comerem o alimento delicioso - já sem temer a morte - do fruto das árvores da vida e da ciência do bem e do mal, e beberem a grandes tragos as celestes águas da bela fonte que aí jorra abundantemente. Ou melhor, visto ser Ela própria esse Paraíso Terrestre, essa Terra virgem e abençoada de onde Adão e Eva culpados foram expulsos, só acolhe em si aqueles e aquelas que lhe apraz, para os tornar santos.

§46. Todos os ricos do povo” (Sl 44, 13) 
-para me servir da expressão do Espírito Santo, segundo a explicação de São Bernardo- 
suplicarão a Vossa face pelos séculos afora” e especialmente no fim do mundo. 
- Isto é, os maiores santos, as almas mais ricas em graça e em virtudes serão as mais assíduas em orar à Santíssima Virgem e em a ter sempre presente, como o perfeito modelo que desejam imitar e o poderoso auxílio que as pode socorrer.
Tratado da Verdadeira Devoção a Santíssima Virgem Maria / São Luis Maria Grignion de Monfort


Maria, necessária para salvar-se

Maria é necessária aos homens para conseguir a salvação
§39. Em segundo lugar, sendo a Santíssima Virgem necessária a Deus, duma necessidade que se chama hipotética, em consequência da Vontade Divina, é preciso concluir que Ela é muito mais necessária aos homens para alcançarem o seu fim último.
- Em razão disto não se deve confundir a Devoção à Santíssima Virgem com a devoção aos outros Santos, como se Ela não fosse muito mais necessária, e fosse apenas de superrogação, isto é, um acréscimo.

A Devoção à Virgem Maria é necessária a todos para salvar-se
§40. Baseados na opinião dos Padres da Igreja (entre outros, de Santo Agostinho, Santo Efrém, diácono de Edessa, São Cirilo de Jerusalém, São Germano de Constantinopla, São João Damasceno, Santo Anselmo, São Bernardo, São Bernardino, São Tomás e São Boaventura), o douto e piedoso Suarez, da Companhia de Jesus, o sábio e devoto Justo Lípsio, doutor de Lovaina, e vários outros provaram, de maneira incontestável, que a Devoção à Santíssima Virgem é necessária para a salvação.
- Provaram ainda que é sinal infalível de reprovação - segundo o sentir do próprio Ecolampádio e de alguns outros heréticos -, a falta de estima e amor à Santíssima Virgem, e que, pelo contrário, é sinal certo de predestinação ser-lhe inteira e verdadeiramente dedicado ou devoto.

§41. Provam-no as figuras e palavras do Antigo e do Novo Testamentos, confirmam-no os sentimentos e exemplos dos santos, ensina-o e demonstra-o a experiência. O próprio demônio e os seus sequazes, instados pela força da verdade, foram muitas vezes obrigados a confessá-lo, ainda que de má vontade.
- De todas as passagens dos Santos Padres e Doutores - de que fiz ampla colheita, para comprovar esta verdade -, cito apenas uma, de São João Damasceno, a fim de não me alongar:
“Ser Vosso devoto, ó Maria Santíssima,
é uma arma de salvação que Deus dá àqueles que quer salvar!”

§42. Poderia referir aqui vários fatos em confirmação do mesmo assunto. Entre outros:
1º. O que vem narrado nas crônicas de São Francisco.
Viu ele, num êxtase, uma grande escada que ia ter ao Céu, e em cuja extremidade estava a Santíssima Virgem. Foi-lhe dado a entender que é necessário subir por essa escada para chegar ao Céu.
2º. O que está nas crônicas de São Domingos, segundo o qual, perto de Carcassone, onde o santo pregava o Rosário, a alma dum infeliz herético estava possessa de quinze mil demônios. Estes foram, por ordem da Santíssima Virgem e para a própria confusão, obrigados a confessar grandes e consoladoras verdades sobre a Devoção a Nossa Senhora.
- Fizeram-no com tanta força e clareza que, por pouca devoção que se tenha à Santíssima Virgem, não se pode ler sem lágrimas de alegria esta história autêntica e o panegírico que da mesma Devoção o demônio fez, ainda que de má vontade.

 Tratado da Verdadeira Devoção a Santíssima Virgem Maria
São Luis Maria Grignion de Monfort

terça-feira, 19 de novembro de 2013

Deus por Pai, Maria por Mãe

§30. Como na geração natural e corporal há um pai e uma mãe, assim também na geração sobrenatural e espiritual há um pai, que é Deus, e uma mãe, que é Maria.
- Todos os verdadeiros filhos de Deus e predestinados têm a Deus por pai e a Maria por mãe; e quem a não tem por mãe, não tem Deus por Pai.
- Eis porque os réprobos, como os heréticos, os cismáticos etc., que odeiam ou olham com desprezo ou com indiferença a Santíssima Virgem, não têm Deus por pai, ainda que disto se gloriem, porque não têm Maria por mãe. Pois se a tivessem por mãe, honrá-la-iam e amá-la-iam como um verdadeiro e bom filho ama e honra naturalmente sua mãe, que lhe deu a vida.
- O sinal mais infalível e indubitável para distinguir um herético, um homem de má doutrina, um réprobo de um predestinado, é que o herético e o réprobo não têm senão desprezo ou indiferença pela Santíssima Virgem. Com suas palavras e exemplos, abertamente ou às ocultas, esforçam-se por lhe diminuir o culto e o amor, e isso por vezes sob belos pretextos.
Ah! Deus Pai não disse a Maria para habitar com eles, porque são Esaús.

§31. Deus Filho quer ser formado e, por assim dizer, encarnar todos os dias por intermédio de sua muito amada Mãe, nos Seus membros, e diz-lhe: “Recebe Israel por herança” (Eclo 24, 13). É como se dissesse: Meu Pai deu-me por herança todas as nações da Terra, todos os homens, bons e maus, predestinados e réprobos. Conduzirei uns com vara de ouro e outros com vara de ferro.
Serei Pai e Advogado de uns, Justo Vingador de outros e Juiz de todos.
- Mas Vós, minha Mãe, não tereis por herança e posse senão os predestinados, de quem Israel é figura. - Como sua boa mãe os dareis à luz, os alimentareis e educareis; como sua soberana os conduzireis, governareis e defendereis.

§32. Um homem e um homem nasceu d'Ela” (Sl 86, 5), diz o Espírito Santo. Segundo a explicação de alguns Santos Padres, o primeiro homem que nasceu de Maria foi o Homem-Deus, Jesus Cristo; o segundo é um homem impuro, filho de Deus e de Maria por adoção.
- Se Jesus Cristo, cabeça dos homens, nasceu d'Ela, todos os predestinados, membros desta cabeça, também d'Ela devem nascer, por uma consequência necessária.
- A mesma mãe não pode dar à luz a cabeça ou o chefe sem os membros, nem os membros sem a cabeça: isso seria uma monstruosidade da natureza.
- Do mesmo modo, na ordem da graça, a cabeça e os membros nascem também duma só mãe. Se um membro do Corpo Místico de Jesus Cristo, quer dizer, um predestinado, nascesse de outra mãe que não fosse Maria, que gerou a Cabeça, não seria um predestinado nem um membro de Jesus Cristo, mas sim um monstro na ordem da graça.

§33. Além disso, Jesus Cristo é hoje, como aliás sempre, o fruto de Maria, como o Céu e a Terra lho repetem mil e mil vezes por dia: “... bendito é o fruto do Vosso ventre, Jesus”.
- Por isso é certo que Jesus Cristo é tão realmente o fruto e a obra de Maria para cada homem em particular, que o possui, como para todo o mundo em geral. De maneira que, se algum fiel tem Jesus Cristo formado no seu coração, pode dizer ousadamente:
Graças a Maria! O que eu possuo é fruto e obra sua, e sem Ela não o teria”.
- Podem aplicar-se à Santíssima Virgem, com mais verdade ainda do que São Paulo as aplicava a si próprio, estas palavras: “Filhinhos meus, por quem eu sinto de novo as dores do parto, até que Cristo se forme em vós” (Gl 4, 19): Todos os dias dou à luz os filhos de Deus, até que meu Filho Jesus Cristo seja neles formado em toda a plenitude da sua idade.
- Santo Agostinho, ultrapassando-se a si mesmo e a tudo o que eu acabo de dizer, afirma que os predestinados, para se tornarem conformes à imagem do Filho de Deus, vivem neste mundo escondidos no seio da Santíssima Virgem. Lá são guardados, alimentados, sustentados e criados por esta boa Mãe, até que Ela os gere para a glória depois da morte. Este é propriamente o dia do seu nascimento, pois é assim que a Igreja chama a morte dos justos.
Ó Mistério de graça, escondido aos réprobos e tão pouco conhecido dos predestinados!

§34. Deus Espírito Santo quer formar n'Ela e por Ela eleitos, e diz-lhe: “Lança raízes entre os meus escolhidos” (Eclo 24, 13).
- Ó minha bem-amada e minha esposa, lança as raízes de todas as tuas virtudes nos meus eleitos, a fim de que eles cresçam de virtude em virtude e de graça em graça. Tive tanta complacência em Ti, quando vivias na Terra, praticando as mais sublimes virtudes, que desejo encontrar-te ainda na Terra, sem que deixes de estar no Céu. Reproduze-te, para isso, nos meus eleitos: que Eu possa ver neles, com agrado, as raízes da tua fé invencível, da tua humildade profunda, da tua mortificação universal, da tua oração sublime e ardente caridade, da tua firme esperança e de todas as tuas virtudes. Tu continuas a ser minha esposa tão fiel, tão pura e tão fecunda como nunca. Que a tua fé me dê fiéis; dê-me virgens a tua pureza, e a tua fecundidade, eleitos e templos.

§35. Depois de lançar as suas raízes numa alma, Maria opera nela maravilhas de graça que só Ela pode produzir, pois só Ela é a Virgem Fecunda que tem sido e será sempre sem igual em pureza e fecundidade. Maria produziu, com o Espírito Santo, a maior maravilha de quantas existiram ou existirão: o Homem-Deus.
- Produzirá ainda, consequentemente, as coisas mais admiráveis que hão de existir nos últimos tempos.
- A formação e educação dos grandes santos, que hão de vir no fim do mundo, estão-lhe reservadas, pois só esta Virgem Singular e Miraculosa pode produzir, em união com o Espírito Santo, coisas singulares e extraordinárias.

§36. Tendo-a encontrado numa alma, o Espírito Santo, seu Esposo, voa para lá, entra plenamente e comunica-se a essa alma abundantemente e na mesma medida em que ela dá lugar a Maria.
- Uma das grandes razões por que o Espírito Santo não opera agora maravilhas retumbantes nas almas é que não encontra nelas uma união bastante íntima com a sua fiel e indissolúvel esposa. Digo inseparável esposa porque desde que este Amor substancial do Pai e do Filho desposou Maria para produzir Jesus Cristo, Cabeça dos eleitos, e Jesus Cristo nos eleitos, nunca mais a repudiou, porque Ela foi sempre fiel e fecunda.
Quando o Espírito Santo, seu Esposo, encontra Maria numa alma,
voa para ela, entra nela com plenitude e comunicasse-lhe tanto mais abundantemente quanto maior lugar esta alma dá à sua Esposa.
Tratado da Verdadeira Devoção a Santíssima Virgem Maria

São Luis Maria Grignion de Monfort

Maria é Rainha

§28. No Céu, Maria impera aos anjos e aos bem-aventurados.
- Como recompensa da sua profunda humildade (Lc 1,48), deu-lhe Deus o poder e o encargo de encher de santos os tronos deixados vazios pela orgulhosa queda dos anjos apóstatas.
- É vontade do Altíssimo, que exalta os humildes (Lc 1, 52), que o Céu, a Terra e os infernos obedeçam, livre ou forçadamente, às ordens da humilde Maria.
- Fê-la:
·         soberana do Céu e da Terra,
·         condutora dos Seus exércitos,
·         guarda dos Seus tesouros,
·         dispensadora das suas graças,
·         obreira das suas grandes maravilhas,
·         reparadora do gênero humano,
·          medianeira dos homens,
·         vencedora dos inimigos de Deus e fiel companheira de suas grandezas e triunfos.

§29. Deus Pai quer formar filhos por Maria, até a consumação do mundo, e diz-lhe estas palavras: “Habita em Jacó” (Eclo 24, 13). Isto quer dizer: faze a tua morada e habitação entre os meus filhos e predestinados, figurados por Jacó, e não entre os filhos do demônio e os réprobos, figurados por Esaú.
Nenhum Dom Celeste é, portanto, concedido aos homens, que não passe pelas suas Mãos Virginais.

 Tratado da Verdadeira Devoção a Santíssima Virgem Maria
São Luis Maria Grignion de Monfort

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Jesus, Filho de Maria

§27. Visto que a graça aperfeiçoa a natureza e a glória aperfeiçoa a graça, é certo que Nosso Senhor, no Céu, é ainda tão filho de Maria como o foi na Terra. Conservou, portanto, a submissão e a obediência do mais perfeito de todos os filhos para com Maria, a melhor das mães.
- Cuidemos, porém, de não ver nesta dependência rebaixamento algum de Jesus ou alguma imperfeição. Maria, estando infinitamente abaixo de seu Filho, que é Deus, não se lhe impõe como uma mãe da Terra o faz a seu filho, que lhe é inferior. Maria está toda transformada em Deus pela graça e pela glória, que transformam n'Ele todos os santos. Por isso não pede, não quer, não faz nada que seja contrário à eterna e imutável vontade de Deus.
- Quando, pois, se lê nos escritos de São Bernardo, São Bernardino, São Boaventura etc., que no Céu e na Terra tudo está sujeito a Maria, até o próprio Deus, deve apenas entender-se que a autoridade que Deus lhe quis conceder é tão grande que parece igualar o poder divino, e que as suas orações e súplicas são tão poderosas junto de Deus que equivalem sempre a ordens junto da sua majestade.

Ele não resiste nunca à oração de sua dileta Mãe, porque é sempre humilde e conforme à sua vontade.

- Moisés deteve tão poderosamente a cólera de Deus contra os Israelitas, pela força da sua oração, que este altíssimo e infinitamente misericordioso Senhor, não lhe podendo resistir, pediu-lhe que o deixasse encolerizar-Se e castigar aquele povo rebelde (Ex 32, 10).
- O que então não devemos pensar, com muito mais razão, da humilde oração de Maria, mais poderosa junto de Deus que as preces e as intercessões de todos os anjos e santos do Céu e da Terra?!
 Tratado da Verdadeira Devoção a Santíssima Virgem Maria
São Luis Maria Grignion de Monfort

sábado, 16 de novembro de 2013

Deus Espírito Santo e Maria

§20. Sendo o Espírito Santo estéril em Deus, isto é, não produzindo nenhuma outra Pessoa Divina, tornou-se fecundo por Maria, a quem desposou. Foi com Ela e n'Ela e d'Ela que formou a sua obra-prima: um Deus feito homem, e que forma todos os dias, até o fim dos séculos, os predestinados e os
membros do corpo que tem por cabeça o adorável Jesus. É por isso que, quanto mais numa alma Ele encontra Maria, sua amada e inseparável esposa, tanto mais operante e poderoso se torna para produzir Jesus Cristo nessa alma e essa alma em Jesus Cristo.

§21. Não se quer dizer com isto que a Santíssima Virgem dê ao Espírito Santo a fecundidade, como se Ele a não tivesse. Ele é Deus e, por isso, possui a fecundidade (ou a capacidade de produzir) tal como o Pai e o Filho, embora a não transforme em ato, produzindo outra pessoa divina. O que se quer dizer é que o Espírito Santo reduz a ato a sua fecundidade por intermédio da Santíssima Virgem. Mas o Espírito Santo quer servir-se d'Ela, embora disso não tenha uma necessidade absoluta, para produzir
n'Ela e por Ela Jesus Cristo e os Seus membros. Mistério de graça, escondido mesmo aos cristãos mais sábios e mais espirituais!

 Tratado da Verdadeira Devoção a Santíssima Virgem Maria
São Luis Maria Grignion de Monfort

Deus Filho e Maria

§18. Como o novo Adão ao seu Paraíso Terrestre, assim desceu Deus Filho ao seio virginal de Maria para aí achar as suas delícias e operar, às escondidas, maravilhas de graça. O Deus feito homem encontrou a sua liberdade em se ver aprisionado no seio d'Ela; fez brilhar a sua força, deixando-se levar por essa jovem Virgem. Achou a sua glória, e a de seu Pai, escondendo os Seus esplendores a todas as criaturas da Terra, para só os revelar a Maria; glorificou a sua independência e majestade dependendo desta amável Virgem na sua concepção, nascimento, apresentação no templo, na sua vida oculta de trinta anos e, até, na sua morte. Maria devia assistir a essa morte, porque Jesus quis oferecer com Ela um mesmo sacrifício e ser imolado ao Eterno Pai com seu assentimento, como outrora Isaac também fora imolado à vontade de Deus pelo consentimento de Abraão. Foi Ela que o amamentou, nutriu, sustentou, criou e sacrificou por nós.
- Ó admirável e incompreensível dependência de um Deus! Nem o Espírito Santo a pôde ocultar no Evangelho para nos mostrar o seu valor e glória infinita, embora tenha escondido quase todas as maravilhas operadas pela Sabedoria Encarnada durante a sua vida oculta. Jesus Cristo deu mais glória
a Deus Pai pela sua submissão a Maria durante trinta anos do que lhe teria dado se convertesse toda a Terra operando os maiores prodígios.
- Oh! Quão altamente glorificamos a Deus quando nos submetemos, para lhe agradar, à Virgem Santíssima, a exemplo de Jesus Cristo, nosso único modelo!

§19. Se examinarmos de perto o resto da vida de Jesus, veremos que Ele quis iniciar os Seus milagres por Maria. Santificou São João no seio de sua mãe, Santa Isabel, pela palavra de Maria. Logo que Ela falou, João ficou santificado; e este foi o primeiro milagre de Jesus na ordem da graça (Lc 1, 41-44). Nas bodas de Caná, Jesus mudou a água em vinho, atendendo ao humilde pedido de sua Mãe; e este foi o seu primeiro milagre na ordem natural (Jo 2, 1-11). Começou e continuou os Seus milagres por Maria; por Ela os continuará até o fim dos séculos.

 Tratado da Verdadeira Devoção a Santíssima Virgem Maria
São Luis Maria Grignion de Monfort

Deus Pai e Maria

§16. Deus Pai não deu ao mundo o seu Unigênito senão por Maria. Por mais ardentes que fossem os suspiros dos Patriarcas e as súplicas que durante quatro mil anos lhe fizeram os Profetas e os Santos da Antiga Lei para obterem esse tesouro, só Maria o mereceu. Só Ela encontrou graça diante de Deus pela força das suas orações e pela grandeza das suas virtudes. Diz Santo Agostinho que, não sendo o mundo digno de receber o Filho de Deus diretamente das mãos do Pai, este O deu a Maria, para que os homens O recebessem por Ela. O Filho de Deus fez-Se homem para nos salvar, mas foi em Maria e por Maria. Deus Espírito Santo formou Jesus Cristo em Maria, mas só depois de lhe ter pedido o consentimento por um dos primeiros ministros da sua corte.

§17. Deus Pai, para dar a Maria o poder de produzir o seu Filho e todos os membros do seu Corpo Místico, comunicou-lhe a sua fecundidade, na medida em que uma simples criatura a podia receber.
Tratado da Verdadeira Devoção a Santíssima Virgem Maria
São Luis Maria Grignion de Monfort


quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Ave Maria


A oração da Ave Maria e o Rosário
- Poucos cristãos, embora esclarecidos, desconhecem o valor, o mérito, a excelência e a necessidade da oração da Ave Maria.
- Foi preciso que a Santíssima Virgem aparecesse repetidas vezes a grandes santos muito esclarecidos, como São Domingos, São João Capistrano, o bem aventurado Alano da Rocha (e no século presente, a tantos outros), para lhes mostrar o mérito desta oração.
- Compuseram grossos volumes sobre as maravilhas da sua eficácia na conversão das almas. Pregaram e publicaram que:
Tendo a salvação do mundo começado pela Ave Maria (Lucas 1, 28);
a salvação de cada alma está ligada a esta oração.
- Foi esta oração que fez dar a terra seca e estéril o fruto da vida-Jesus Cristo, e é esta mesma oração que, rezada com devoção, deve fazer germinar nas nossas almas a Palavra de Deus, e fazer brotar o fruto da vida, que é Jesus Cristo.
- Disseram ainda que a Ave Maria é um celeste orvalho que rega a terra, isto é, a alma, para lhe fazer produzir fruto ao seu tempo. E a alma que não for regada por esta oração ou orvalho celeste não dará fruto, mas apenas sarças e espinhos, não estando longe de ser amaldiçoada.
- Eis o que a Santíssima Virgem revelou ao Bem-aventurado Alano da Rocha, conforme é referido no seu livro “De dignitate Rosarii”, e depois citado por Cartagena:
“Fica sabendo, meu filho, e fá-lo saber a todos, que um sinal provável e próximo de condenação eterna é ter aversão, tibieza e negligência em rezar a Saudação Angélica, que salvou todo o mundo”
- Palavras tão consoladoras quão terríveis, que dificilmente se acreditariam se não tivéssemos esse santo por garantia e, antes dele, São Domingos, e depois muitos outros grandes personagens, com a experiência de muitos séculos.
- Efetivamente, sempre se verificou que os que trazem o sinal da condenação, como todos os hereges, os ímpios, os orgulhosos e os mundanos odeiam e desprezam a Ave Maria e o Terço.
- Os hereges ainda aprendem e rezam o Pai-Nosso, mas não a Ave Maria, nem o Terço. Têm-lhes horror; prefeririam trazer consigo uma serpente a um Terço. Os orgulhosos, embora católicos, como têm as mesmas inclinações que seu pai lúcifer, também desprezam ou votam indiferença a Ave Maria, considerando o Terço como uma devoção para efeminados, própria para ignorantes e analfabetos.
- Pelo contrário, a experiência tem mostrado que aqueles e aquelas que apresentam grandes sinais de predestinação amam, saboreiam e rezam com prazer a Ave Maria, e que quanto mais são de Deus, tanto mais gostam desta oração. Foi o que disse a Santíssima Virgem ao bem-aventurado Alano, depois das palavras que acabo de citar.

- Não sei como isto se faz nem por que, mas não deixa de ser uma realidade: não tenho melhor segredo para conhecer se uma pessoa é de Deus, do que ver se ela gosta de rezar a Ave Maria e o Terço. E digo gosta, porque pode acontecer que uma pessoa esteja na impossibilidade natural ou mesmo sobrenatural de a rezar, mas sempre gosta e a inspira aos outros.

- Almas predestinadas, escravas de Jesus em Maria, ficai sabendo que a Ave Maria é a mais bela de todas as orações, depois do Pai Nosso:
É a saudação mais perfeita que podemos dirigir a Maria, porque é a que o Altíssimo lhe transmitiu por um Arcanjo, a fim de lhe ganhar o Coração.
- E foi tão poderosa, pelos encantos secretos de que está cheia, que Maria consentiu na Encarnação do Verbo, apesar da sua profunda humildade. Será também por meio desta saudação que lhe ganharemos infalivelmente o Coração, se a dissermos como convém.

- A Ave Maria bem rezada, isto é, rezada com atenção, devoção e modéstia, segundo os santos:
·         é a adversária que põe o demônio em fuga e o martelo que o esmaga; é a santificação da alma, a alegria dos anjos, a melodia dos predestinados, o cântico do Novo Testamento, o gozo de Maria e a glória da Santíssima Trindade.
- A Ave Maria:
·         é um orvalho do Céu, que torna a alma fecunda; é um beijo puro e amoroso que se dá a Maria.
·         é uma rosa vermelha que se lhe apresenta, uma pérola preciosa que se lhe oferece, é um pouco de ambrosia e de néctar divino que se lhe dá.
Todas estas comparações são dos santos.
 (Consulte também: CIC-Catecismo da Igreja Católica §2673-2679)

O Magnificat  Lucas 1,46-55
- Para agradecer a Deus as graças que concedeu a Santíssima Virgem, as almas escolhidas dirão muitas vezes o Magnificat, a exemplo da Bem aventurada Maria de Doignies e de vários outros santos.
- É a única oração e a única composição da Santíssima Virgem, ou, antes, que Jesus compôs n’Ela, pois Ele falava pela sua boca.
- Este é o maior sacrifício de louvor que Deus recebeu na Lei da Graça. Por um lado, é o mais humilde e reconhecido, por outro, o mais sublime e elevado de todos os cânticos. Há nele mistérios tão grandes e escondidos que os anjos os ignoram.
- Gerson, doutor muito piedoso e sábio, gastou uma parte da vida a compor tratados, plenos de erudição e piedade, sobre os mais difíceis temas. Mas foi só depois, no fim da vida, que empreendeu, a tremer, a explicação do Magnificat, para assim coroar as suas obras. Diz-nos que sobre ele compôs, coisas admiráveis do belo e divino cântico. Entre outras coisas, ele diz que a própria Santíssima Virgem o recitava muitas vezes, particularmente depois da Sagrada Comunhão, em ação de graças.
- O erudito Benzônio, explicando também o Magnificat, conta muitos milagres operados pela sua virtude. Diz que os demônios tremem e se põem em fuga quando ouvem as palavras:
Leitor 1: A minha alma engrandece o Senhor,
Todos:    e meu espírito exulta em Deus meu Salvador,
             porque olhou para a humilhação de sua serva.
L 2: Sim! Doravante as gerações todas me chamarão de bem-aventurada,
Todos:    O Poderoso fez em mim maravilhas, e Santo é o Seu nome!
Leitor 3:  E Sua misericórdia perdura de geração em geração,
Todos:    para aqueles que o temem.
Leitor 4:  Agiu com a força de seu braço.
Todos:    dispersou os homens de coração orgulhoso.
Leitor 5:  Depôs poderosos de seus tronos,
Todos:   e a humildes exaltou.
Leitor 6:  Cumulou de bens os famintos
Todos:    e despediu ricos de mãos vazias.
Leitor 7:  Socorreu Israel, seu servo,
Todos:    fiel ao seu amor.
Leitor 8:  conforme prometera a nossos pais
Todos:   em favor de Abraão e de sua descendência, para sempre.

(Tratado da verdadeira devoção à Santíssima Virgem São Luiz Maria Grignion de Monfort §249s)