“É o Testemunho do Espírito que convencerá o mundo do Pecado. | A Luz da Sua Verdade, toda a Humanidade compreenderá o abismo a que se deixou conduzir por Satanás, que quis repetir, nela e por meio dela, o orgulhoso gesto da sua recusa de Deus e da Sua Lei. | Ela será totalmente Purificada pelo Fogo Divino do Espírito Santo, para que se possa tornar o Novo Jardim em que a Santíssima Trindade receberá a Sua Maior Glória.” Mensagem: A Luz da Sua Verdade.
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sábado, 2 de setembro de 2017
domingo, 9 de abril de 2017
Metanoia Cristã
Significado de Metanóia (Mind Set):
- Mudança, transformação de caráter ou na
maneira de pensar.
- Mudança que resulta ou é motivada por algum
tipo de arrependimento.
- Remorso por alguma falha; penitência.
- Modificação espiritual; conversão.
- Modo novo de conceber ideias, de se comportar, de enxergar a vida e a realidade.
Esperança no mundo
- A Paixão de Nosso Divino
Redentor deixa uma lição para nós:
- Aqueles
que, por princípios mundanos, têm como ideal obter aplauso, colocando sua
esperança na aprovação dos homens, erram, porque cometem a loucura de
escolher para si uma situação estável.
- A Paixão de Nosso Senhor nos
mostra, de maneira eloquente, o quanto é preciso pôr nosso empenho em conhecer,
amar e servir a Deus com “todo seu
coração, de toda tua alma, de todo teu entendimento e com toda a tua força e o
teu próximo como a ti mesmo” Marcos
12, 30-31, pouco nos importando se nos atacam ou nos elogiam, se nos
recebem ou nos repudiam, mas, isto sim, se agradamos a Deus com a nossa forma
de proceder.
- Ao sermos Batizados nos
comprometemos –seja por nós mesmos ou na
pessoa de nossos padrinhos- a renunciar ao demônio, ao mundo e a carne e
ficarmos marcados com o sinal do combate.
- Não firmamos, em nenhum momento,
o propósito de nos apoiarmos no aplauso dos outros. Assim sendo, devemos,
sempre, nos lembrar dessas promessas de luta, que exigem de nossa parte a
determinação de enfrentar todas as batalhas que tais inimigos, por nós
rejeitados no Batismo, vão se apresentando no decorrer desta peregrinação.
A Cruz
- A Cruz, sinal de ignominia por
constituir o pior castigo, o suplício mais horrível daqueles tempos da
Encarnação de Jesus, considerado pelos Judeus como ‘Maldição Divina” Dt 21,23 e pelos romanos como infamante, a tal
ponto que não era aplicado a um cidadão do Império, sendo reservado apenas aos
escravos e aos criminosos mais comuns.
- No entanto, tão poderoso é este
Rei Jesus que, posto nesse pedestal de humilhação, Ele o transforma em trono de
glória!
- Hoje em dia, ostentar a Cruz ao
peito é uma honra, e nos admiramos ao vê-la sobre as coroas ou no alto das
catedrais e dos edifícios eclesiásticos:
- É a
exaltação da Cruz.
- Ora, sendo participes da vida
divina, pela graça, somos chamados a trilhar a mesma via do Rei dos reis, sem
nunca descer, subir para chegar ao Céu, cujas portas nos serão abertas, não por
nossos méritos, mas pelos de Nosso Redentor (Metanóia).
Pela Cruz alcançamos a Luz
- Contrário a certa mentalidade muito
alastrada, não é possível abolir a Cruz da face da Terra, pois, em geral, todo
ser humano sofre.
- A dor é nossa companheira e só
deixará de existir no Paraiso Celeste.
- É neste contexto que é imprescindível
ao homem compreender o verdadeiro valor do sofrimento (Metanóia), pois uma equivocada compreensão do sofrimento leva
alguns a caírem no:
- Abatimento,
- Revolta
contra a providência,
- Querer esquivar-se de carregar a própria cruz, cuja tentativa se torna inútil, tornando-a mais pesada, acrescentando ainda o ônus da inconformidade com a vontade de Deus, que conhece e permite cada uma de nossas angústias.
Valor da luta
- Compenetremo-nos de que a dor
encerra inúmeros benefícios para nossa salvação:
- Poderoso
meio de nos aproximarmos de Deus. (Metanóia).
- Desde antes da queda, Anjos e
homens, por terem sido criados em estado de prova, tem a tendência de fechar-se
e esconder-se sobre si (conf Gn 3, 8-10),
quando deveriam estar constantemente abertos para Deus.
- E é nisto que consiste a prova do
entendimento e a compreensão de nossa realidade como Batizados, filhos de Deus
e de sermos chamados de Cristãos (Metanóia).
- As lutas, reveses e aflições
surgidas em nosso caminho são elementos eficazes para dirigir nosso espírito ao
Bem infinito e escancarar para Ele a porta de nossa alma.
- Nessas horas experimentamos o
poder da oração, sentimos nossa total dependência de Deus e nos colocamos em
suas mãos sem reservas, a procura de amparo e força.
- O sofrimento pode receber o título
de bem aventurança que nos faz merecer, já neste mundo, a recompensa de
libertar-nos de nosso egoísmo e de vivermos voltados para Deus. Ó dor, bem
aventurada dor!
- Em sua Bondade infinita, o
Senhor nos “cumula de tribulações na
Terra para nos obrigar a buscar a felicidade no Céu” diz Santo Antônio Maria
Claret.
- O sofrimento constitui-se,
então, um meio infalível de preparação para conhecer, amar e contemplar a Deus
face a face.
Glória comprada pelo sofrimento
- O Verbo onipotente, Unigênito
do Pai, ao Se encarnar quis passar pelas vicissitudes da condição humana, para
nos dar exemplo de paciência.
- Sua Alma Santíssima que desde o
primeiro instante da concepção, já possuía a glória, e esta deveria,
naturalmente, refletir-se em sua carne; mas a relação natural entre alma e
corpo n’Ele estava submetida a sua Divina Vontade, a qual aprouve suspender
esta lei, realizando um milagre contra Si mesmo, pois preferiu tomar um corpo
padecente a fim de que obtivesse com maior honra a glória do Corpo, quando a
merecesse pela Paixão.
- Ele assumiu aquelas
deficiências corporais derivadas do pecado original como o cansaço, a fome, a
sede e a morte.
- Jesus visava apontar o combate
da Cruz como causa de elevação para todos nós, Batizados, herdeiros de Deus e
co-herdeiros de Cristo (conf Rm 8,17). (Metanóia).
- Tão excelente é o sacrifício de
nosso Salvador, oferecendo-Se a Si mesmo ao Pai como Vitima perfeita, que os
efeitos da Paixão excedem em muito a dívida do pecado. Diz o Padre
Garrigou-Lagrange:
“Deus Pai pediu a seu Filho: um
ato de amor que Lhe agrada mais do que Lhe desagradam todos os pecados juntos;
um ato de amor redentor, de um valor infinito e superabundante”
Jesus lhe ofereceu o sofrimento e
morte na Cruz.
O combate do Católico é sua glória
- Somos combatentes (Metanóia).
- Não fomos feitos para apoiar
aqueles que põe sua esperança no mundo, mas para defender Nosso Senhor Jesus
Cristo.
- O mundo só nos interessa como
objeto de conquista para O Reino de Deus, pois queremos ser apóstolos, a fim de
que todos os homens experimentem nossa alegria de cristãos. (Metanóia).
- Alegria proveniente da certeza (Metanóia), infundida pela fé na alma, de um dia recuperar o corpo
em estado glorioso e viver a eternidade feliz no convívio com Deus, com Maria
Santíssima, com os Anjos e com os Santos.
- A convicção (Metanóia) de que a Cruz conduz a Luz,
isto é, a vitória e ao triunfo final, torna a alma equilibrada, calma e serena,
e dá forças para encarar a morte com confiança, sabendo que no outro lado
estará Aquele que por nós morreu na Cruz, pronto a nos receber (Metanóia).
- E agora? Estou preparado para a
Metanóia? Ou seja:
- Mudança,
- transformação de caráter,
- maneira de pensar,
- modificação espiritual,
- conversão.
Metanóia de Pedro
- A famosa frase de Santo
Agostinho:
“Crer para entender e entender para crer”
resume uma verdadeira Metanóia
que aconteceu com Pedro; vejamos o relato em João 13, 6-9:
- “Jesus coloca agua numa bacia e
começa a lavar os pés dos discípulos e a enxuga-los com a toalha que estava
cingido. (Traje e função dos escravos,
não dos senhores ISm 25,41).
Chega, então, a Simão Pedro, que
lhe diz:
- Senhor, tu, lavar-me os pés?
Respondeu Jesus:
- O que faço, não compreenderás agora, mas o compreenderás mais tarde.
Disse-lhe Pedro:
- Jamais me lavarás os pés!
Respondeu Jesus:
- Se Eu não te lavar, não terás
parte comigo.
Disse-lhe Pedro:
- Senhor, não apenas meus pés,
mas também as mãos e a cabeça”
- Por não estarmos prontos,
podemos voltar nas decisões tomadas; Deus purifica nosso entendimento quando
cremos mas ainda não entendemos.
- Essa foi a Metanóia de Pedro:
por crer em Jesus aceitou sua proposta mesmo ainda não entendendo.
- Jesus ‘sentiu’ e ‘experimentou’
toda repugnância e dor que haveremos de ‘sentir’
e ‘experimentar’ durante todo nosso
processo de Metanóia (conversão).
“Não creias porém que deixei de sentir então repugnância e dor. Pelo
contrário quis que a minha natureza humana experimentasse todas as que vós
mesmos experimentais, a fim de que meu exemplo vos fortificasse em todas as
circunstancias de vossa vida.
Também quando soou para Mim aquela hora dolorosíssima de minha Paixão,
que Eu poderia tão facilmente evitar, abracei-a amorosamente para:
- cumprir a Vontade do Pai,
- reparar Sua Glória,
- expiar os pecados do mundo,
- comprar a salvação de muitas almas.
Jesus a Santa Josefa; Apelo ao Amor pg 414
Minha Metanóia
- Descreva em seu diário
espiritual quais são as repugnâncias que sua natureza humana sente quando se
fala de uma verdadeira conversão ao cristianismo.
- Quais as renúncias que devo
proceder?
- O que me impede de ser humilde?
- O que me impede de perdoar?
- O que me impede de Amar até o
extremo, como Jesus amou?
- Se voluntariamente passei a
maior parte de minha vida na impiedade ou na indiferença e percebo que a
eternidade já esta as portas, o que me impede de implorar o perdão?
- Qual respeito humano sinto como
uma ‘repugnância’ que me está impedindo de me unir ao Senhor?
“Enquanto tiver o homem um sopro de vida, poderá ainda recorrer a
Misericórdia e implorar o perdão”
Jesus a Santa Josefa; Apelo ao Amor pg 418
- Olhemos para o resultado e a
recompensa que haveremos de receber na eternidade.
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sexta-feira, 2 de maio de 2014
Mérito no sofrimento (Santo Afonso)
Mérito no
Sofrimento
6. Quantos méritos se podem ganhar só
em suportar com paciência as doenças! Suportando com paciência as dores de
nossas doenças, tecemos uma grande parte e talvez a maior parte da coroa que
Deus nos prepara no céu.
- S.Liduvina, depois de ter
suportado tantas doenças, tão dolorosas, desejava morrer mártir por Jesus
Cristo. Um dia, suspirando por esse martírio, entendeu que uma bela coroa,
ainda inacabada, estava sendo preparada para ela. Ansiosa para que fosse
terminada, suplicou ao Senhor o aumento de suas dores. Jesus a ouviu... sofreu
mais ainda e pouco depois morreu.
7.Para as pessoas que amam ardentemente a Jesus Cristo,
como são leves e agradáveis as dores e os desprezos! Por isso os mártires iam
ao encontro das torturas, unhas de ferro, chapas incandescentes e espadas, com
tanta alegria.
- S.Prosdócimo, mártir: “Atormentem-me
quanto quiserem, mas fiquem sabendo que para quem ama a Jesus Cristo não existe
coisa mais desejável do que sofrer por seu amor”
- S.Gordiano: “Tu que me
ameaças com a morte, mas o que me desagrada é que não posso morrer por Jesus
Cristo senão uma só vez”.
Mas, pergunto eu, por que os mártires falavam assim?
Porque eram insensíveis aos sofrimentos ou tinham perdido o juízo?
- Não, responde São Bernardo,
de maneira alguma, “Não foi a loucura que fez isso, mas sim o amor”. Eles não
eram loucos. Sentiam as dores dos tormentos, mas porque amavam a Deus,
consideravam grande vantagem sofrer e perder tudo, até mesmo a própria vida,
por amor de Deus.
Nossa morte
8.Principalmente no tempo da doença, devemos estar
prontos para aceitar a morte, aquela morte que é da vontade de Deus. Temos de
morrer. Nossa vida vai terminar na última doença e não sabemos qual delas nos
levará a sepultura. Portanto, é necessário que nos preparemos em todas as
enfermidades para abraçar a morte que Deus nos tem destinado.
- Algum doente poderá dizer:
- Mas eu fiz tantos pecados e nenhuma penitência! Queria viver,
não por viver, mas para dar alguma satisfação a Deus antes de morrer.
- Dize-me, meu irmão, como sabes que, vivendo, farás penitência e
não te comportarás pior que antes? Neste momento podes esperar que Deus te
tenha perdoado. Mas que melhor penitência do que aceitar com resignação a
morte, se Deus assim o quer?
- S.Luis Gonzaga que morreu
aos 23 anos, abraçou a morte alegremente, dizendo: “Encontro-me agora, assim
espero, na graça de Deus. Mais tarde não sei o que será de mim. Morro contente,
se nesta hora Deus quiser me chamar para a outra vida.
- S.João A’Vila dizia que uma
pessoa, encontrando-se com boas disposições, mesmo medíocres, deve desejar a
morte par sair do perigo em que sempre vivemos neste mundo, de poder pecar e
perder a graça de Deus.
9.Devido a nossa fragilidade, não podemos viver nesta
terra sem cometer, ao menos, pecados veniais. Por isso, ao menos, por esse
motivo, de não ofender a Deus, deveríamos abraçar com alegria a morte.
- Se amamos a Deus de verdade,
devemos ardentemente desejar vê-lo e amá-lo com todas as forças do céu. Isso
ninguém pode fazer perfeitamente nesta vida. Mas, se a morte não nos abre a
porta, não podemos entrar no paraíso.
- S.Agostinho: “Morra eu,
Senhor, para vos ver”.
- Senhor, fazei-me morrer
porque, se não morro, não posso vos amar e vos ver face a face.
A pobreza
10.Precisamos praticar a paciência, suportando a pobreza.
- É certo que é muito
necessário praticar a conformidade, quando nos faltam os bens materiais.
- S.Agostinho: “Quem não tem
Deus, não tem nada; quem tem Deus, tem tudo”. Possuindo Deus e estando unido a sua
vontade, encontramos nele todos os bens.
- S.Francisco: descalço,
vestido com uma roupa pobre, pobre de tudo e que ao dizer: “Meu Deus e meu
tudo”, achava-se o mais rico de todos os reis da terra. Chama-se pobre quem
deseja bens que não possui.
Mas quem não
deseja nada e está contente com sua pobreza, é perfeitamente rico.
- S.Paulo “Não tendo nada, mas
possuindo tudo” IICor 6,10. Quem ama a Deus de verdade, diz quando lhe faltam
os bens temporais: “Meu Jesus, só tu me bastas” e fica contente.
Os santos não só tiveram paciência na pobreza, mas
procuraram também desfazer-se de tudo, para viverem desapegados e unidos só a
Deus. Se não temos o espirito de renunciar a todas as coisas do mundo, ao menos
contentemo-nos com a situação em que o Senhor nos quer. Não tenhamos ansiedade
para adquirir as riquezas da terra, mas sim as do céu, imensamente maiores e
eternas. Convençamo-nos do que diz Santa Tereza: “Quanto menos tivermos aqui,
mais possuiremos lá”
11.S.Boaventura: A abundância dos bens temporais é um
empecilho para a alma, impedindo-a de voar para Deus. Pelo contrário, escreve
S.João Climaco que a pobreza é um meio de caminhar para Deus sem impedimentos.
“Bem aventurados os pobres de
espírito, porque deles é o reino dos céus” Mt 5,3 Para as outras bem
aventuranças, dos mansos, dos puros de coração, está prometido o céu, isto é, a
felicidade do céu é ainda nesta vida: ‘deles é o reino dos céus’. Ainda nesta
vida os pobres gozam de um paraiso antecipado. “Pobres de espírito” quer dizer:
não só são pobres das coisas da terra, mas também não as cobiçam. Vivem
contentes, possuindo o que lhes basta para se alimentar e se vestir. “Tendo,
pois, de que nos sustentar e cobrir, contentemo-nos com isto” ITm6,8
- S.Lourenço Justiniano:
“Feliz pobreza, que nada possui e nada tem! É sempre feliz e sempre abundante;
todos os incômodos que experimenta faz com que sirvam para o bem da alma”
- S.Bernardo: “O avarento está
sempre faminto como um mendigo, nunca chega a ficar satisfeito com os bens que
deseja. O pobre, como senhor de tudo, os despreza, pois não deseja nada”
12.Se a pobreza não fosse um grande bem, Jesus Cristo não
a teria escolhido para si, nem a teria deixado em herança para os seus preferidos.
De fato, os santos, vendo Jesus tão pobre, amaram tanto a pobreza.
- O próprio São Paulo nos
alerta contra a cobiça de enriquecimento como laço do demônio para perder os
homens: “Porque os que querem fazer-se ricos, caem na tentação e no laço do
demônio e em muitos desejos inúteis e perniciosos, que submergem os homens no
abismo da morte e da perdição”.
- Deus só nos baste!
Bastem-nos os bens que ele nos dá. Alegremo-nos de sermos pobres quando nos
faltar o que queríamos. Aí é que está o mérito: Não é pobreza que é considerada
virtude, mas sim o amor a pobreza.
- Muitos são pobres, mas
porque não amam a sua pobreza, não tem nenhum mérito.
A Prática de amor a Jesus Cristo Cap XIV–
Santo Afonso Maria de Ligório
sexta-feira, 11 de abril de 2014
Coração manso (Santo Afonso)
Quem ama a Jesus Cristo, não se irrita com
o próximo
1. A virtude de não se irritar nas
contrariedades que acontecem, é filha da mansidão. Por ser uma virtude que deve
ser continuamente praticada por quem vive no meio dos homens, trataremos aqui
apenas de alguns pontos mais particulares, mais uteis na prática.
2. A humildade
e a mansidão foram as virtudes mais estimadas por Jesus Cristo. Por isso ele
disse aos seus discípulos: “Aprendei de mim, que sou manso e humilde de
coração” Mt11,29.
- Nosso redentor foi chamado
cordeiro: “Eis o Cordeiro de Deus” Jo1,29, não só pelo sacrifício que devia
fazer na cruz para satisfazer pelos nossos pecados, mas também pela mansidão manifestada
em toda sua vida, especialmente na sua paixão. Na casa de Caifás, recebeu uma
bofetada daquele servo que, ao mesmo tempo, o tratava como um atrevido: “Assim
respondes ao pontífice?” Jesus só disse estas humildes palavras: “Se falei mal,
dize-me em que; se falei bem, por que me bates?” Esta mansidão ele continuou a
vive-la até a morte. Pregado na cruz, enquanto todos caçoavam e praguejavam,
ele apenas dizia ao Pai Eterno que lhes perdoasse: “Pai, perdoa-lhes, porque
não sabem o que fazem” Lc23,34
Coração manso
3. Como são
caros a Jesus Cristo os corações mansos. Recebendo ofensas, desprezos,
calúnias, perseguições e até mesmo pancadas e ferimentos, não se irritam contra
quem os injuria ou maltrata.
“Sempre lhe agradaram as
súplicas dos mansos” As eles, de modo especial, está prometido o céu”: “Bem
aventurados os mansos, porque eles possuirão a terra”.
- Padre Alvarez dizia que o
paraíso é a pátria dos desprezados, perseguidos e oprimidos. A eles, e não aos
orgulhosos, que são honrados e estimados pelo mundo, está reservada a posse
daquele reino eterno.
- As pessoas bondosas não só
alcançarão a felicidade eterna na outra vida, mas já nesta terra gozarão de uma
grande paz. Isso é verdade, porque os santos não guardam ódio de quem os
maltrata, mas os amam mais do que antes. O Senhor, em recompensa a sua
paciência, aumenta-lhes a paz interior.
- S.Tereza: “As pessoas que
falam mal de mim, parece que eu as amo com maus amor”. Mais tarde, disseram
dela: “As ofensas eram para ela alimento de amor”, isto é, as ofensas davam-lhe
mais oportunidade para mais amar aquelas pessoas que mais a ofendiam.
- Tal mansidão só possui quem
tem grande humildade e pouco conceito de si mesmo, pelo que julga merecer todo
o desprezo. Por isso mesmo, os orgulhosos são sempre raivosos e vingativos,
porque julgam-se bons e acreditam ser merecedores de toda a honra.
Morrer no Senhor
4. “Bem
aventurados os que morrem no Senhor”. É preciso morrer no Senhor para ser
bem-aventurado, para gozar a felicidade desde esta vida. Esta felicidade é a que
podemos ter já antes de ir para o céu, muito menor na certa do que a alegria do
céu, mas que supera a todos os prazeres sensíveis desta vida: “A paz de Deus,
que vai além de toda a compreensão, guarde vossos corações e vossos espíritos”
Fl 4,7
Para alcançar essa paz, mesmo no meio das ofensas e
calunias, é preciso estar morto no Senhor. O morto, ainda que maltratado e
desprezado pelos outros, não se ressente. Também a pessoa manda de coração,
como o morto vê nem ouve, procura suportar todos os desprezos. Quem ama de
coração a Jesus Cristo chegará facilmente a isso.
Quem ama de coração a Jesus Cristo chegará facilmente a
isso. Unido inteiramente com a vontade de Deus, com a mesma paz e a mesma
tranquilidade, recebe as coisas favoráveis e as desfavoráveis, as alegrias e as
tristezas, as injurias e os louvores. Assim fez São Paulo que podia dizer:
“Estou cheio de alegria no meio de minhas tribulações”.
Feliz aquele que atinge esse grau de virtude! Goza de uma
paz contínua, que é bem maior que os outros bens do mundo.
S.Francisco Sales: “Que vale
todo o mundo em comparação com a paz do coração?” Realmente, o que adiantam
todas as riquezas e todas as honras do mundo para quem vive inquieto e sem paz
no coração?
5. Para
estarmos sempre unidos com Jesus Cristo, é preciso fazermos tudo com
tranquilidade, sem nos inquietarmos com alguma dificuldade que se apresente: “O
Senhor não está na agitação” Deus não mora nos corações agitados!
- Vejamos os belos
ensinamentos que nos dá o mestre da mansidão, S.Francisco Sales: “Nunca vos
irriteis, nem mesmo abrais a porta a cólera por qualquer motivo. Se ela entrar
em nós, já não poderemos expulsá-la nem dominá-la, quando quisermos. Os meios
para isso são:
1º. Afastar
imediatamente a cólera, desviando a atenção para outra coisa e calando-se.
2º. Imitando
os apóstolos quando viram a tempestade, recorrer a Deus a quem pertence pôr o
coração em paz.
3º. Se
a cólera, por vossa fraqueza, já colocou o pé em vosso coração, esforçai-vos
por vos tranquilizar e, depois, praticai atos de humildade e de mansidão para
com a pessoa com quem vos sentis irritados. Tudo isso deve ser feito com
suavidade e sem violência, porque é importante não irritar mais as feridas”.
- O próprio São Francisco de
Sales dizia que precisou se esforçar durante toda a sua vida para vencer duas
paixões que o dominavam: a cólera e o amor. Para vencer a paixão da cólera,
confessava ter se esforçado durante vinte e dois anos. Quanto a paixão do amor,
tinha procurado modificar o objeto, deixando as criaturas e dirigindo todos os
seus afetos a Deus. Desse modo alcançou uma paz interior tão grande que até
mesmo exteriormente a demostrava, apresentando quase sempre um rosto sereno e
um sorriso nos lábios.
A Prática de amor a Jesus Cristo Cap XII–
Santo Afonso Maria de Ligório
quarta-feira, 22 de janeiro de 2014
Maria, 3ª verdade da devoção
Devemos esvaziar-nos do que há de mau em
nós
§78. Terceira
Verdade. As nossas melhores ações são ordinariamente manchadas e
corrompidas pelo mau fundo que há em nós.
- Quando se deita água límpida
e clara numa vasilha que não tem bom cheiro, ou vinho numa pipa cujo interior está
azedado por outro vinho, que teve anteriormente, a água clara e o vinho bom
ficam estragados e ganham facilmente o mau cheiro.
- Do mesmo modo, quando Deus
infunde em nossa alma, corrompida pelo pecado original e atual, as suas graças e
orvalhos celestes, ou o vinho delicioso do seu Amor, assim também os Seus dons
são ordinariamente manchados e estragados pelo mau fermento e mau fundo que o
pecado deixou em nós.
- Os nossos atos, mesmo as
virtudes mais sublimes, disso se ressentem.
- É, pois, da mais alta
importância, para adquirir a perfeição - que só se alcança pela união com Jesus
Cristo - esvaziarmo-nos do que há de mau em nós. Doutra forma, Nosso Senhor,
que é infinitamente puro e que odeia infinitamente a menor mancha que vê na
alma, afastar-nos-á de Seus olhos e não se unirá a nós.
Para nos despojar de nós mesmos é preciso:
§79. Em primeiro lugar, conhecer bem, pela luz do Espírito Santo:
- o nosso fundo mau,
- a nossa incapacidade para
qualquer bem útil à salvação,
- a nossa fraqueza em todas
as coisas,
- a nossa permanente inconstância,
- a nossa indignidade de
toda a graça,
- a nossa iniquidade em toda
a parte.
- O pecado dos nossos
primeiros pais arruinou-nos a todos quase por completo, azedou-nos,
corrompeu-nos, fez-nos inchar como o fermento faz à massa em que é lançado.
- Os pecados atuais que cometemos,
quer mortais, quer veniais, embora tenham sido perdoados, aumentaram-nos a
concupiscência, a fraqueza, a inconstância e corrupção, deixando maus vestígios
na nossa alma.
- O nosso corpo é tão corrupto
que é chamado pelo Espírito Santo corpo de pecado (Rm 6, 6; Sl 50, 7),
concebido no pecado, alimentado no pecado, capaz de todo pecado e sujeito a mil
enfermidades.
- Corrompe-se de dia a dia, e
gera somente sarna, vermes e corrupção.
- A nossa alma, unida ao
corpo, tornou-se tão carnal que chega a ser chamada carne:
“Toda a carne tinha
corrompido o seu caminho” (Gn 6, 12).
- A nossa única herança é:
·
o orgulho e a
cegueira de espírito,
·
o endurecimento do
coração,
·
a fraqueza e a
inconstância da alma,
·
a concupiscência,
·
a revolta das
paixões e as doenças do corpo.
- Somos, naturalmente:
·
mais orgulhosos que os
pavões,
·
mais apegados à Terra que os sapos,
·
piores que os bodes,
·
mais invejosos que as serpentes,
·
mais gulosos que os porcos,
·
mais coléricos que os tigres e
·
mais preguiçosos que as tartarugas,
·
mais fracos que caniços e
·
mais inconstantes que os cata-ventos.
De nosso só temos o
nada e o pecado,
e só merecemos a ira
de Deus e o inferno eterno.
§80. Depois disto, será para admirar que Nosso Senhor tenha dito
que quem o quisesse seguir devia renunciar a si mesmo e odiar a sua própria
alma? (Mt 16, 24).
- Que aquele que amasse a sua
alma a perderia, e o que a odiasse a salvaria? (Jo 12, 25).
- Esta Sabedoria infinita, que
não impõe mandamentos sem razão, não nos manda odiarmo-nos a nós mesmos senão porque
somos sumamente dignos de ódio. Nada há tão digno de amor como Deus, e nada tão
digno de ódio como nós.
Podemos, portanto,
conforme os sentimentos dos Santos
e de muitos homens
célebres, dizer-nos e tornar-nos
escravos de amor de Maria
Santíssima, para ser, assim,
mais perfeitamente
escravos de Jesus Cristo.
§81. Em
segundo lugar, para nos despojar de nós mesmos, é preciso morrer todos
os dias.
- Isto quer dizer que é
preciso renunciar às operações das potências da nossa alma e dos sentidos do
nosso corpo, ou seja:
temos de ver como se não víssemos,
·
de ouvir como se não ouvíssemos,
·
de nos servir das coisas deste mundo como se delas não nos
servíssemos (1Cor 7, 29-31).
- É a isto que São Paulo chama
de morrer todos os dias (1 Cor 15, 31).
“Se o grão de trigo
cai à Terra e não
morre, permanece só e
não produz fruto” (Jo 12, 24).
- Se não morrermos para nós
mesmos, e se as nossas devoções mais santas não nos levam a esta morte
necessária e fecunda, não daremos fruto que valha. Porque então as nossas
devoções tornar-se-ão inúteis, todas as nossas boas obras serão manchadas pelo
amor próprio e pela nossa vontade própria, o que fará com que Deus abomine os
maiores sacrifícios e as melhores ações que possamos fazer.
- E, nesse caso, encontrar-nos-emos
com as mãos vazias de virtudes e méritos na hora da nossa morte, e não teremos
sequer uma centelha de Puro Amor, pois este só é dado às almas mortas para si
mesmas e cuja vida está oculta com Jesus Cristo em Deus (Cl 3, 3).
§82. Em
terceiro lugar, é preciso
escolher, dentre todas as devoções à Santíssima Virgem, aquela que nos leva
mais a esta morte para nós próprios, porque é esta a melhor e a mais santificante.
- Não se julgue, de fato, que
tudo o que brilha é ouro, que tudo o que é doce é mel, e que tudo o que é fácil
e praticado pela maior parte das pessoas é o mais santificante.
- Na natureza há segredos para fazer operações naturais em pouco
tempo, econômica e facilmente.
- Na ordem da graça existem também segredos para fazer operações
sobrenaturais em pouco tempo, suavemente e facilmente, tais como: despojar-se
de si mesmo, encher-se de Deus e tornar-se perfeito.
- A prática que quero revelar
é um desses segredos de graça, desconhecido pela maior parte dos
cristãos, conhecido por poucas almas piedosas, praticado e apreciado
por menos ainda.
- Para começar a descobrir
esta prática, eis uma quarta verdade, que é uma consequência da
terceira.
Tratado da Verdadeira Devoção a
Santíssima Virgem Maria / São Luis Maria Grignion de Monfort
segunda-feira, 13 de janeiro de 2014
Pecado e morte
O pecado e a morte
- Naquele momento extremo, o
homem pecador será acusado pelo demônio,
pelo mundo e pela carne.
- Não mais lhe farão propostas
atraentes; não lhe apresentarão o amargo como doce o imperfeito como perfeito,
como acontecia durante a vida.
- A Verdade virá patenteada como é.
- O remorso, antes tão enfraquecido, ladrará velozmente, quase
levando o pecador ao desespero.
- Não obstante os próprios
pecados; é preciso conservar a esperança
no Sangue de Cristo. Meu perdão é dado por meio Dele e Minha Misericórdia é
infinitamente maior do que todos os males do mundo.
- Não se demore, porém. É
terrível achar-se desarmado num campo de batalha entre numerosos inimigos!
A morte do bom
- Sabes que o sofrimento existe por causa da vontade: ninguém padeceria, se a vontade de todos fosse reta e estivesse
em conformidade com a minha vontade.
Com isto não quero dizer que iriam desaparecer as dificuldades.
- É o sofrimento que não existiria, pois as contrariedades seriam
voluntariamente aceitas por meu amor. As pessoas aceitariam-nas, por saber que
são queridas por mim.
- O homem conformado a minha vontade é:
* desapegado de si mesmo,
* vence o mundo,
* o demônio e
* a carne;
ao chegar o momento da
morte, seu falecimento acontece na paz.
- Como seus inimigos foram
vencidos durante a vida:
* o mundo não o perturba, pois conhece as suas ilusões e já renunciou
a seus prazeres;
* a carne enfraquecida não se ergue para o acusar, uma vez que foi
dominada pela mortificação, vigílias, oração humilde e continua.
- Graças a renuncia ao pecado
e apego a virtude, não sente mais tendências para o que é sensível e amor pelo corpo; atitudes
essas que tornam a morte indesejável.
- Por um sentimento natural, o homem teme a morte; o justo supera esse sentimento, vence o medo natural mediante o desejo de alcançar a meta. Desaparece,
pois, todo sofrimento que vem do
apego natural ao corpo.
- A consciência do homem justo que agoniza está tranquila; durante a
vida ela montou boa guarda, dera o alarme quando os inimigos da alma queriam
assaltar a cidade interior.
- Como o cachorro late a chegada
dos inimigos (sentidos)
e acorda os guardas (potências), assim ela sempre advertira a razão. Esta última, em ação conjugada
com o Livre arbítrio, distinguia
quem era amigo, quem não:
* Diante dos amigos –virtudes e santos desejos do coração-
acolhia-os com atenções;
* Diante dos inimigos –vícios e maus pensamentos- eram
afastados com a espada do ódio e do amor.
- Dessa forma a consciência não atormenta.
- O interior da pessoa constitui
uma família feliz, tudo está em paz.
- É verdade que o homem humilde,
que conhece o valor do tempo e das virtudes, acusa-se na hora da morte por não
ter aproveitado melhor a própria vida. Mas tal atitude não causa aflição; é
mesmo meritória. Leva a pessoa a concentrar-se e a considerar o Sangue do
Cordeiro Imaculado e humilde.
- Naquele instante a alma não
fica a pensar nas virtudes praticadas; sabe que não pode confiar nelas, mas
unicamente no Sangue de Cristo, onde achou o perdão.
- Mas como a lembrança do Sangue
sempre a acompanhara, também naquele último instante nele se inebria e afoga.
- Quanto aos demônios, não tendo em que acusar o justo, aproxima-se
a procura de qualquer coisa. São feios e crêem atemorizar o justo por suas
figuras. Como no justo não há pecado, a visão dos demônios não atemoriza. E
eles, ao notar a alma mergulhada no Sangue de Cristo, afastam-se atacam de
longe, sem perturbar o homem.
- De fato, este justo, já começou
a gozar da vida eterna:
* Pela fé, já contempla o bem infinito e eterno, que Sou Eu;
* Pela esperança, não por méritos pessoais mas por dom gratuito, está
seguro de atingir-me na virtude do Sangue de Cristo;
* Pela caridade, estende seus braços e abraça-me.
- Antes de chegar a Mim a alma já
Me possui.
- Bondosamente os coloco em seus
respectivos lugares, conforme o grau de amor com que até mim chegaram.
A morte do mau
- Se grande é a dignidade do bom
sacerdote, enorme é a baixeza do mau sacerdote. No momento de falecer, os
demônios o acusam tremendamente e mostram-lhe sua figura que é horrível.
O homem deveria
tolerar qualquer sofrimento nesta
vida para não o ver jamais!
- O remorso corrói o mau sacerdote moribundo com mais violência; a sensualidade até então considerada
como senhora –e também os prazeres desordenados, acusam-no. Ao tomar
consciência de coisas que desconhecia, o mau se perturba grandemente, pois
vivera como um infiel.
- O egoísmo apagara-lhe a iluminação
da fé. Agora o demônio aponta a maldade, provocando-lhe o desespero.
- Muito difícil esta batalha para
o mau sacerdote moribundo, desarmado, sem o escudo da caridade.
- Qual amigo do diabo, de tudo se
vê despojado: não possui a Iluminação
sobrenatural da fé, nem a Ciência Sagrada.
- Nada compreendera desta ultima, porque a soberba não lhe permitira penetrar em sua natureza intima. Na
grande luta final, nem sabe o que fazer. Não se alimenta de esperança; jamais confiara no Sangue de
Cristo, do qual fora distribuidor. Sua confiança
repousava em si mesmo, nos cargos importantes, nos prazeres mundanos.
(O Diálogo-Santa Catarina de Sena, pg
282; 284; 288)
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