segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Paciência na Dor, 2ª parte

A dor e o céu
7. Dizia São José Calazans: “Para ganhar o céu, todo sofrimento é pouco”
- S. Paulo: “Os sofrimentos do tempo presente não têm proporção com a glória que deverá se revelar em nós” Rm 8,18
- Seria uma grande vantagem sofrer a vida inteira todos os tormentos sofridos pelos mártires, só para gozarmos um momento do céu. Com maior razão devemos então abraçar as nossas cruzes, sabendo que os sofrimentos desta vida curta nos farão conquistar uma felicidade eterna.
“As nossas tribulações do momento são leves
e nos preparam um peso de glória eterna” IICor4,17.
- S. Agapito, mocinho de poucos anos, quando foi ameaçado de morte, respondeu: “Que maior felicidade posso eu ter do que a de perder a minha cabeça para vê-la depois coroada no céu?
- S. Francisco costumava sempre dizer: 
“O bem que espero é tão grande que todo sofrimento é prazer para mim”
- Para obter o paraíso é preciso lutar e sofrer. “Se sofremos com Cristo, com ele reinaremos”. Não pode haver prêmio sem merecimento, nem merecimento sem paciência. “Não recebe a coroa, se não aquele que lutou segundo as regras do jogo” Terá maior coroa quem combate com maior paciência. Coisa admirável! Quando se trata dos bens temporais desta terra, os mundanos procuram conquistar o máximo de coisas possíveis. Quando se trata dos bens eternos, dizem que basta um cantinho no paraíso. Esse não foi o comportamento dos santos. Nesta vida contentaram-se com qualquer coisa e desapegaram-se dos bens terrenos. Tratando-se dos bens eternos, eles procuraram ganhar o mais possível. Agora eu lhes pergunto: quem age com mais sabedoria e prudência?

8. Falando desta vida, é certo que quem padece com mais paciência vive com mais paz.
- Dizia S. Felipe Neri que neste mundo não há purgatório; ou é paraíso ou é um inferno. Os que suportam com paciência os sofrimentos desta vida gozam do Paraíso. Quem assim não o faz, sofre o inferno!
- S. Tereza: quem abraça as cruzes que Deus lhe manda não as sente.
- S. Francisco de Sales, achando-se uma vez cercado de sofrimentos disse: “De algum tempo para cá as grandes tribulações e oposições que sinto me trazem uma paz tão grande e me predizem a união próxima e estável de minha alma com Deus; sinceramente falando, é a única ambição e o único desejo de meu coração”. Na verdade, não há paz, para aqueles que levam uma vida errada, mas só para quem vive unido com Deus e com sua santa vontade.
- Um missionário religioso, nas Índias, assistia uma vez a execução de um condenado. Este, antes de morrer, chamou-o e lhe disse: “Sabe padre, eu fui de sua Congregação Religiosa. Enquanto observava o regulamento de vida, eu era muito feliz. Mas desde que comecei a relaxar, achei tudo difícil e passei a me aborrecer com tudo. Abandonei a vida religiosa para me entregar aos vícios; eles finalmente me trouxeram a este fim desgraçado que agora o senhor está vendo. Digo-lhe isto para que o meu exemplo possa servir a outros.”
- Dizia o Pe. Luiz da Ponte: “Considere como amargas as coisas doces desta vida e como doces as amargas; assim terá sempre paz”
- Isso é verdade, porque os prazeres ainda que agradáveis a natureza, deixam sempre o amargor do remorso da consciência devido ao apego desordenado que, as mais das vezes, colocamos neles. Mas as amarguras desta vida, aceitas das mãos de Deus com resignação, tornam-se suaves e queridas as pessoas que amam ao Senhor.

Sofrer amando
9. Persuadamo-nos que neste vale de lágrimas não pode ter a verdadeira paz interior senão quem recebe e abraça com amor os sofrimentos, tendo em vista agradar a Deus. Essa é a condição a que estamos reduzidos em consequência da corrupção do pecado. A situação dos justos na terra é sofrer amando.  A situação dos santos no céu é de gozar amando.
- O Pe. Paulo Segneri, para animar a uma de suas penitentes nos sofrimentos, pediu-lhe que escrevesse aos pés do crucifixo estas palavras: “ É assim que se ama”. O sinal mais certo para saber se uma pessoa ama a Jesus Cristo é, não tanto sofrer, mas o querer sofrer por amor d’Ele. Que vantagem maior Dizia S. Tereza, poderá haver para alguém do que ter um sinal de estar sendo agradável a Deus? Mas a maior parte dos homens se espanta só com o ouvir falar as palavras cruz, humilhação, sofrimento! Muitas pessoas, porém, vivem no amor de Deus e encontram nos padecimentos a sua felicidade. Ficariam desconsoladas se tivessem que viver sem sofrer. “Olhar Jesus Crucificado torna-me a cruz tão amável que me parece impossível ser feliz sem sofrer. O amor de Jesus Cristo me basta”
- Nosso Salvador diz a quem o quer seguir: “Tome a sua cruz e siga-me” mas é preciso toma-la e carrega-la, não a força e com repugnância, mas com humildade, paciência e amor.

Purificação
11. Uma pessoa que ama a Deus só tem a intenção de unir-se inteiramente a deus. Dizia S. Catarina de Gênova: “Para se chegar a união com Deus são necessárias as tribulações; porque o Senhor, por meio delas, procura destruir em nós as más inclinações interiores e exteriores. Por isso as injurias, os desprezos, as doenças, o abandono dos parentes e amigos, as confusões, as tentações e todas as contrariedades nos são necessárias. Oferecem-nos ocasião de combatermos e vencermos em nós todos os movimentos desordenados, até que, de vitória em vitória, cheguemos a extingui-los e a não mais senti-los. Dessa forma, as contrariedades sofridas por amor a Deus já não nos parecerão desagradáveis, mas suaves. Sem isso, nunca chegaremos a união com Deus.

12. Portanto, uma pessoa que deseja ser toda de Deus deve estar resolvida a procurar nesta vida não os prazeres, mas a acolher com amor os sofrimentos do dia a dia, abraçando logo todas as mortificações, principalmente quando aparecem contra a nossa vontade. Essas são as mais agradáveis a Deus.
“Mais vale o homem paciente do que o corajoso” Pr 16,32
Quem se mortifica com Jejuns, sacrifícios, penitencias, agrada sem duvida a Deus pela coragem que emprega nestas mortificações; mais lhe agrada, porém, quem é forte em sofrer com paciência e alegria as cruzes que Deus lhe manda.
- S. Francisco de Sales dizia: “As mortificações que nos vem de Deus ou dos homens, por permissão divina, são sempre mais preciosas do que aquelas que são filhas da nossa vontade. Como regra geral, o que tem menos de nossa escolha, é o mais agradável a Deus e proveitoso para a nossa alma”

13. Peçamos ao Senhor que nos faça dignos de seu santo amor. Se o amamos perfeitamente, todos os bens da terra parecerão fumaça e lodo; as humilhações e sofrimentos tornar-se-ão alegrias para nós.


A Prática de amor a Jesus Cristo Cap V– Santo Afonso Maria de Ligório

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