quarta-feira, 4 de junho de 2014

Aridez espiritual

Aridez espiritual
            Diz São Francisco de Sales: “É um erro querer medir a nossa devoção através das consolações que experimentamos. A verdadeira piedade no caminho de Deus consiste em ter uma vontade resoluta de fazer tudo que lhe agrada”.
            Deus une a si as almas que ele mais ama através da aridez espiritual. O que nos impede a verdadeira união com Deus é o apego as nossas inclinaçõesdesordenadas.
Por isso, quando Jesus quer atrair uma alma ao seu perfeito amor, procura desprende-la de todos os apegos aos bens criados. Assim a vai afastando dos bens temporais, dos prazeres mundanos, das coisas, das honrarias, dos amigos, dos parentes, da saúde física. Por meio dessas perdas, desgostos, desprezos, mortes e enfermidades, ele a vai desprendendo de todas as coisas criadas para leva-la a colocar no seu Criador todas as suas afeições.

Para afeiçoá-la aos bens espirituais, Deus lhe faz experimentar muitas consolações sensíveis.
Por isso, a alma procura desapegar-se dos prazeres sensuais e até mesmo praticar mortificações. É preciso que seu diretor espiritual a ajude negando-lhe licença de fazer mortificações, ao menos em tudo que pede. Levada por esse entusiasmo sensível, poderia facilmente prejudicar a saúde.

É tática do demônio, vendo uma alma dar-se a Deus e percebendo que Deus a consola como o faz com principiantes, procura fazer-lhe perder a saúde com penitências indiscretas. Depois, vindo as doenças, poderá deixar não só as penitências mas também a oração, a comunhão e todos os exercícios piedosos e voltar a vida antiga.
Por isso, o diretor espiritual desse ser muito sóbrio em conceder licenças a essas almas que começam a vida espiritual e procuram penitências. Procure exorta-las a se mortificarem interiormente, sofrendo com paciência os desprezos e contrariedades, obedecendo aos superiores, refreando a curiosidade dos olhos e dos ouvidos e outras coisas semelhantes. Diga-lhes que depois, quando tiverem adquirido o costume de praticar essas mortificações interiores, poderão praticar as mortificações externas.

É claro o erro daqueles que dizem que as mortificações externas de nada ou pouco servem. Está fora de dúvida que as mortificações internas são necessárias a perfeição. Mas nem por isso deixam de ser necessárias também as externas.
Dizia São Vicente de Paulo que quem não pratica as mortificações externas, não será mortificado nem externa nem internamente. E acrescentava São João da Cruz que não se deve dar crédito a um diretor espiritual que despreza as mortificações externas, ainda que ele fizesse milagres.


A Prática de amor a Jesus Cristo Cap XVII– Santo Afonso Maria de Ligório

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