segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Pecado e morte

O pecado e a morte
- Naquele momento extremo, o homem pecador será acusado pelo demônio, pelo mundo e pela carne.
- Não mais lhe farão propostas atraentes; não lhe apresentarão o amargo como doce o imperfeito como perfeito, como acontecia durante a vida.
- A Verdade virá patenteada como é.
- O remorso, antes tão enfraquecido, ladrará velozmente, quase levando o pecador ao desespero.
- Não obstante os próprios pecados; é preciso conservar a esperança no Sangue de Cristo. Meu perdão é dado por meio Dele e Minha Misericórdia é infinitamente maior do que todos os males do mundo.
- Não se demore, porém. É terrível achar-se desarmado num campo de batalha entre numerosos inimigos!

A morte do bom
- Sabes que o sofrimento existe por causa da vontade: ninguém padeceria, se a vontade de todos fosse reta e estivesse em conformidade com a minha vontade. Com isto não quero dizer que iriam desaparecer as dificuldades.
- É o sofrimento que não existiria, pois as contrariedades seriam voluntariamente aceitas por meu amor. As pessoas aceitariam-nas, por saber que são queridas por mim.
- O homem conformado a minha vontade é:
* desapegado de si mesmo,
* vence o mundo,
* o demônio e
* a carne;
ao chegar o momento da morte, seu falecimento acontece na paz.
- Como seus inimigos foram vencidos durante a vida:
* o mundo não o perturba, pois conhece as suas ilusões e já renunciou a seus prazeres;
* a carne enfraquecida não se ergue para o acusar, uma vez que foi dominada pela mortificação, vigílias, oração humilde e continua.
- Graças a renuncia ao pecado e apego a virtude, não sente mais tendências para o que é sensível e amor pelo corpo; atitudes essas que tornam a morte indesejável.
- Por um sentimento natural, o homem teme a morte; o justo supera esse sentimento, vence o medo natural mediante o desejo de alcançar a meta. Desaparece, pois, todo sofrimento que vem do apego natural ao corpo.

- A consciência do homem justo que agoniza está tranquila; durante a vida ela montou boa guarda, dera o alarme quando os inimigos da alma queriam assaltar a cidade interior.
- Como o cachorro late a chegada dos inimigos (sentidos) e acorda os guardas (potências), assim ela sempre advertira a razão. Esta última, em ação conjugada com o Livre arbítrio, distinguia quem era amigo, quem não:
* Diante dos amigos –virtudes e santos desejos do coração- acolhia-os com atenções;
* Diante dos inimigos –vícios e maus pensamentos- eram afastados com a espada do ódio e do amor.
- Dessa forma a consciência não atormenta.
- O interior da pessoa constitui uma família feliz, tudo está em paz.

- É verdade que o homem humilde, que conhece o valor do tempo e das virtudes, acusa-se na hora da morte por não ter aproveitado melhor a própria vida. Mas tal atitude não causa aflição; é mesmo meritória. Leva a pessoa a concentrar-se e a considerar o Sangue do Cordeiro Imaculado e humilde.
- Naquele instante a alma não fica a pensar nas virtudes praticadas; sabe que não pode confiar nelas, mas unicamente no Sangue de Cristo, onde achou o perdão.
- Mas como a lembrança do Sangue sempre a acompanhara, também naquele último instante nele se inebria e afoga.

- Quanto aos demônios, não tendo em que acusar o justo, aproxima-se a procura de qualquer coisa. São feios e crêem atemorizar o justo por suas figuras. Como no justo não há pecado, a visão dos demônios não atemoriza. E eles, ao notar a alma mergulhada no Sangue de Cristo, afastam-se atacam de longe, sem perturbar o homem.

- De fato, este justo, já começou a gozar da vida eterna:
* Pela fé, já contempla o bem infinito e eterno, que Sou Eu;
* Pela esperança, não por méritos pessoais mas por dom gratuito, está seguro de atingir-me na virtude do Sangue de Cristo;
* Pela caridade, estende seus braços e abraça-me.
- Antes de chegar a Mim a alma já Me possui.
- Bondosamente os coloco em seus respectivos lugares, conforme o grau de amor com que até mim chegaram.

A morte do mau
- Se grande é a dignidade do bom sacerdote, enorme é a baixeza do mau sacerdote. No momento de falecer, os demônios o acusam tremendamente e mostram-lhe sua figura que é horrível.
O homem deveria tolerar qualquer sofrimento nesta vida para não o ver jamais!
- O remorso corrói o mau sacerdote moribundo com mais violência; a sensualidade até então considerada como senhora –e também os prazeres desordenados, acusam-no. Ao tomar consciência de coisas que desconhecia, o mau se perturba grandemente, pois vivera como um infiel.
- O egoísmo apagara-lhe a iluminação da fé. Agora o demônio aponta a maldade, provocando-lhe o desespero.
- Muito difícil esta batalha para o mau sacerdote moribundo, desarmado, sem o escudo da caridade.
- Qual amigo do diabo, de tudo se vê despojado: não possui a Iluminação sobrenatural da fé, nem a Ciência Sagrada.
- Nada compreendera desta ultima, porque a soberba não lhe permitira penetrar em sua natureza intima. Na grande luta final, nem sabe o que fazer. Não se alimenta de esperança; jamais confiara no Sangue de Cristo, do qual fora distribuidor. Sua confiança repousava em si mesmo, nos cargos importantes, nos prazeres mundanos.

(O Diálogo-Santa Catarina de Sena, pg 282; 284; 288)

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