sábado, 21 de dezembro de 2013

Ato Incessante de Amor

- Compreende-se facilmente como, para a maioria das almas - isto é, para todas as que não receberam o dom de contemplação infusa -, a vida de amor, num ato permanente de amor em grau perfeito, não seria possível sem a ajuda de qualquer meio prático, digamos, de uma fórmula breve e fácil que servisse de expressão ao próprio amor, e facilitasse assim a intimidade de amor com Jesus.

- E eis aí que, tal como a mãe se debruça em ato amoroso sobre o seu menino, para dizer-lhe, e tornar-lhe a dizer a frase que ele há de, posteriormente, repetir em correspondência de afeto, assim Jesus dignou debruçar-se sobre uma alma pequenina – Soror Consolata Betrone – para ditar-lhe, e logo exigir-lhe, o ato incessante de amor, que veio depois a constituir a vida da sua vida espiritual, o meio principal com que ela exercitou a sua vocação de amor, e finalmente ainda sua vida de amor.
- Fórmula de amor esta que Jesus ditou a Soror Consolata para ser ensinada as almas.
- O ato de amor ditado por Jesus a Soror Consolata é assim Formulado:
JESUS, MARIA, AMO–VOS,
SALVAI ALMAS

- Algumas considerações importantes sobre o valor deste ato de amor:
1-         Não é possível formular, em tão poucas palavras, ato mais perfeito de amor, no sentido acima exposto. Está nele tudo: amor a Jesus, a Maria e às almas.
2-         É ato de puro amor, com o qual se dá a Deus quanto de mais excelente se Lhe pode dar: amor e almas.
3-         É, ao mesmo tempo, ato de caridade perfeita, porque o amor do próximo tem nele a mais alta expressão, na incessante súplica em favor das almas – de todas as almas, incluindo as do purgatório -, bem como de todas as suas precisões, de acordo com a explicação que dele dará o próprio Jesus.
4-         Compendia, por isso, os dois grandes mandamentos, que são, por sua vez, compêndio de toda a Lei.
5-         Mais ainda: pelo fato de ser incessante – no sentido que se vai explicar a seguir -, leva a alma ao cumprimento literal e perfeito do mesmo primeiro mandamento
Amar a Deus com todo o coração: o ato de amor há de brotar do coração, é o coração que ama o mais incessante e intensamente possível;
com toda a mente: a continuidade do ato exclui, de per si, todo pensamento inútil voluntário;
- com toda a alma: (como diz São Tomáz, com toda a vontade:) o ato incessante de amor radica no fervor da vontade, não do sentimento;
- com todas as forças: para conseguir a maior continuidade e intimidade de amor é mister fazer convergir para ele todas as energias da alma.
O homem é a perfeição do universo,
a alma é a perfeição do homem,
o amor é a perfeição da alma...porém,  acima de tudo, 
o amor de Deus é o fim,  a perfeição e a excelência do universo.
- Nisto consiste a grandeza e o primado do Mandamento Divino, que o Salvador chama de primeiro e o maior dos mandamentos.
- Este mandamento é como o sol que ilumina e infunde dignidade a todas as leis santas, a todos os preceitos divinos, a todas as Sagradas Escrituras.
- Tudo foi feito para esse celeste amor e tudo a ele se refere.
- Do sagrado tronco deste mandamento brotaram todos os conselhos, as exortações, as inspirações e os outros mandamentos, como flores da mesma arvore, e a vida eterna como seu fruto. Mandamento grande, cuja prática perfeita perdura na vida eterna, melhor, outra coisa não é que essa mesma vida eterna
São Francisco de Sales

6-         O ato de amor, tanto em si como na referida fórmula, sendo também oração, melhor dito, a perfeita oração, leva a alma à prática literal e perfeita de outro preceito evangélico:
“É preciso orar sempre, sem nunca desfalecer” Lucas 18,1.
7-         Por meio dele, a alma vive a vida sobrenatural o mais intensamente possível:
para glória de Deus, santificação própria e salvação das almas.
8-         Por meio dele, a alma vive essencialmente mortificada, no esquecimento de tudo e na doação silenciosa de si mesma, e vem assim a estabelecer-se no estado de vitima de amor.

- Jesus, todavia não se propôs sugerir às almas uma jaculatória apenas: teve o intuito de indicar-lhes um caminho espiritual que lhes facilitasse a vida de amor.
- O Ato Incessante de Amor é, portanto, uma contínua e silenciosa efusão de amor.
- A fórmula – não fique isto esquecido – é apenas uma ajuda, para a alma poder mais facilmente fixar-se no amor e amor perfeito.
- Conclui-se isto também das palavras de Jesus a Sóror Consolata, que podem servir de introdução à doutrina sobre o Ato Incessante de Amor (16.11.1935) Escreve isto:
“Se uma criatura de boa vontade quiser amar-ME e fazer da própria vida um ato só de amor, desde o levantar ao adormecer – com o coração, já se entende -, Eu farei, por esta alma, loucuras.”

- O fruto da vida de amor é, portanto, a união da alma com Jesus, para alcançar a santidade. È este o tesouro de que fala o Evangelho, e quem o descobriu compra o campo onde ele está escondido, vendendo para isso quanto tenha. Para o conseguir há de despojar-se de tudo, rigorosa mortificação do coração e dos sentidos, tanto internos como externos.
- Jesus, Rei de Amor, dá tudo, mas quer tudo;
·         o coração com todas as palpitações,
·         a mente com todos os pensamentos,
·         os sentidos com todas as operações,
·         a alma com todas as potências.
- Depois disso, não põe limites em dar nem em dar-se, e a alma, como que absorvida por Ele, vive e age Nele, em tão inefável intimidade de afetos e entendimentos que só tem paralelo na vida dos habitantes do céu.
 “Sim, Consolata, os corações das almas Pequeníssimas estão destinados a morrer de amor por Mim, a consumirem a vida exclusivamente por Mim. O mundo não Me pode chamar cruel, porque, quantos e quantos morrem consumidos pelo vicio, vitimas do mundo!
E não é justo que a criatura se consuma pelo seu criador?” 146

“As almas Pequeníssimas amarão imensamente à Virgem Senhora, porque o Ato Incessante de Amor que oferecem a Jesus é também para Maria Santíssima”...a verdadeira e perfeita alma Pequeníssima. 147

“Ó Maria Imaculada, poderosa advogada minha, eis-me prostrada aos vossos pés para renovar o ato com que me consagrei como alma Pequeníssima ao Santíssimo Coração de Jesus.
- Para Jesus e para Vós são todos os meus pensamentos e afetos, todo o meu coração e toda minha vida.
- Neste dia Bendito em que a Igreja recorda o Vosso aparecimento entre nós, incorporada, como Jesus, em nossa natureza, tomai, por favor, o peço, sob a proteção especial a nova Obra das almas Pequeníssimas de Jesus, concretizada na maravilhosa e miraculosa laus perennis infantil, que o Vosso Divino Filho mostrou ser-lhe agradável e abençoar com as graças mais sublimes do seu Divino Coração.
- Eu confio ao Vosso Imaculado Coração as minhas consolações e as minhas penas, os meus temores e as minhas esperanças, nas divinas expressões do ato incessante de amor.
- Alcançai-me que eu acabe a minha vida como Jesus acabou a sua, dando-a em homenagem à Santíssima Trindade e a Vós por todos os séculos dos séculos”
[Festa da Natividade de Nossa Senhora em 1937- onde Joana, a primeira “Piccolissima”(alma Pequeníssima), renova sua consagração]

Extraído do livro: O Coração de Jesus ao Mundo-Pe.Lourenço Sales/Loyola-1985.

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