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domingo, 4 de maio de 2014

Amor a pobreza (Santo Afonso)

Voto de pobreza
13. O amor a pobreza, devem tê-lo especialmente os religiosos que fizeram o voto de pobreza.
- S.Bernardo: “Muitos religiosos querem ser pobres, com a condição de que não lhes falte nada”
- S.Francisco Sales: “Estes tais querem a honra da pobreza, mas rejeitam-lhe os incômodos”. Para esses religiosos fica bem o que dizia uma monja Clarissa: “A religiosa que se gloria de ser pobre e se lamenta quando lhe falta alguma coisa, será ridicularizada pelos anjos e pelos homens”.
            Diferente é o modo de agir dos bons religiosos: amam a sua pobreza mais do que todas as riquezas.
            A filha do imperador Maximiano II, monja de Santa Clara, compareceu na presença de seu irmão, o arquiduque Alberto, com o hábito remendado. Ele estranhou isso como inconveniente a nobreza de sua irmã; mas ela lhe disse: “Meu irmão, estou mais contente com estas roupas pobres do que os reis com suas purpuras”.
- S.Maria Madalena Pazzi: “Felizes os religiosos que, desapegados de tudo por meio da pobreza, podem dizer: Senhor, sois a parte de minha herança (Sl15,5). Senhor, sois a minha herança, todo o meu bem”
            Certa vez, Santa Tereza, tendo recebido muitas esmolas de um negociante, mandou-lhe dizer que seu nome estava escrito no livro da vida e, como sinal disto, as coisas deste mundo lhe seriam tiradas. De fato, o negociante faliu e ficou pobre até a morte.”
- S.Luis Gonsaga: “Não há nenhum sinal mais certo de que alguém seja do número dos escolhidos, do que vê-lo temente a Deus, e ao mesmo tempo, ser provado com tribulações e desolações neste mundo.”

            14.De algum modo, ainda faz parte da pobreza o ser privado dos parentes e amigos pela morte. É muito importante praticar a conformidade nesta ocasião.
            Perdendo um parente, um amigo, há pessoas que perdem também a paz. Fecham-se num quarto a chorar e, dominados pela tristeza, tornam-se impacientes e insuportáveis. Eu queria saber: essas pessoas que se angustiam assim e derramam tantas lágrimas, a quem estão agradando?
- A Deus? A Deus não, porque ele quer que nos resignemos com a sua vontade.
- Agradam a alma do defunto? Também não, porque se essa se perdeu, ela odeia a vós e as vossas lágrimas.
- Se ela já está no céu, deseja que agradeçais a Deus por ela.
- Se está no purgatório, deseja que a socorrais com as vossas orações e que vos conformeis com a vontade de Deus; deseja que vos santifiqueis para, um dia, vos ter como companheiros no céu.
- De que serve, então, chorar tanto?
- S.José Caracciolo, teatino, tendo-lhe morrido um irmão e estando certo dia com os parentes, que não paravam de chorar, chamou-lhes a atenção:
“Chega! Reservemos estas lágrimas para uma finalidade melhor, para chorar a morte de jesus Cristo que foi para nós Pai, irmão e morreu por nosso amor”
- Em tais ocasiões é preciso fazer como Jó ao receber a noticia da morte dos seus filhos, conformado inteiramente com a vontade de Deus: “O Senhor deu, o Senhor tirou; como foi do seu agrado, assim aconteceu; bendito seja o nome do Senhor!” o que aconteceu foi da vontade de Deus, e por isso, também do meu agrado; que ele seja sempre louvado por mim!

Os desprezos
            15.Devemos também praticar a paciência e provar nosso amor a Deus suportando em paz os desprezos que recebemos. Quando uma pessoa se dá para Deus, ele mesmo faz ou permite que seja desprezada e perseguida pelos homens.
            Conta-se do Beato Henrique Suso que, certa vez, tomou consciência dos sofrimentos impostos pelos homens: “Henrique, até agora tens praticado a mortificação a teu modo. De hoje em diante, serás mortificado como os outros quiserem”. No dia seguinte, vendo um cachorro rasgando um farrapo, pensou consigo: “Assim serás tu, dilacerado pela boca dos homens”. Desceu do lugar onde estava, guardou um pedaço daquele pano para lembrar-se dele no meio dos sofrimentos.

            16.Os desprezos e as injurias são desejadas e procuradas pelos santos.
- S.Felipe Neri, como hóspede, sofreu muitos maus tratos durante 30-anos; apesar disso, não queria mudar-se e passar para uma nova casa que ele mesmo fundara.
- S.João Cruz, precisando mudar de ares por causa de uma doença, não quis aceitar uma casa cômoda, onde havia um superior que gostava muito dele. Escolheu, porém, uma casa pobre, dirigida por um superior que não lhe tinha simpatia e que o perseguiu e o maltratou durante muito tempo e de várias maneiras.
- S.Tereza: “Quem procura a perfeição deve evitar de dizer: fizeram-me isso sem razão. Se queres carregar a cruz, mas somente aquela que se apoia na razão, a santidade não é para ti”
- É conhecida a resposta que Jesus crucificado deu a São Pedro, mártir, quando se lastimava de estar encarcerado, sem ter feito mal algum: “E eu que mal fiz para estar pregado nesta cruz sofrendo e morrendo pelos homens”
- Os santos consolavam-se, quando injuriados, com as ofensas que Jesus Cristo padeceu por nós.
- S.Eleazar, perguntado por sua esposa, como podia sofrer com tanta paciência as numerosas injúrias recebidas até mesmo de seus empregados, respondeu: “Penso em Jesus desprezado. Vejo que as afrontas feitas a mim não são nada, em comparação com as que ele sofreu por mim. Assim Deus me dá força para suportar tudo em paz.”
            As injúrias, a pobreza, os sofrimentos e todas as tribulações que sobrevêm a uma pessoa que não ama a Deus, tornam-se ocasião para mais se afastarem dele. Mas, sobrevindo a quem ama a Deus, tornam-se motivo de maior união com ele e de maior amor:
“As torrentes não puderam extinguir o amor,
nem os rios o puderam submergir” Ct 8,7
- As tribulações, por muitas e graves que sejam, não só não extinguem, mas sim, aumentam as chamas da caridade num coração que ama somente a Deus.

A Prática de amor a Jesus Cristo Cap XIV– Santo Afonso Maria de Ligório

segunda-feira, 7 de abril de 2014

Santidade de vida (Santo Afonso)

A vocação e os pais
14. A escolha da vocação é chamada pelo Pe. Granada de ‘roda mestra’. No relógio, estragada a roda mestra, todo o relógio fica desacertado. Do mesmo modo, quando se trata da nossa salvação, estando errada a nossa vocação, toda a nossa vida ficará desacertada. Tantos pobres jovens perderam sua vocação por causa dos pais; tiveram um mau fim e se tornaram a ruina da casa.
Certo jovem perdeu a vocação religiosa por instigação de seu pai. Mais tarde teve com o próprio pai grandes brigas, chegando a mata-lo com suas próprias mãos. Finalmente, foi justiçado. Um outro, que frequentava o seminário, sentiu-se chamado por Deus a deixar o mundo. Surdo a esse chamado, primeiro deixou a vida piedosa que levava, a oração, a comunhão. Depois entregou-se aos vícios. Finalmente, numa noite, ao sair da casa de uma mulher, foi morto por seu rival. Veio o sacerdote, mas já o encontrou morto. Quantos exemplos semelhantes a este eu poderia apresentar aqui!

15. S.Tomas aconselha aos vocacionados a não se aconselharem com seus parentes porque, neste assunto, eles se tornam verdadeiros inimigos. Ora, se os filhos não estão obrigados a se aconselhar com os pais, muito menos estão obrigados a esperar a licença deles. Nem a pedir, sempre que possam temer que provavelmente lhes será negada injustamente, resultando com isso um impedimento para seguirem sua vocação. S. Tomas Aquino, S. Pedro Alcântara, S. Francisco Xavier, S. Luiz Beltrão e muitos outros santos abraçaram a vida religiosa sem avisarem a seus pais.

Vocação sacerdotal
            16. Note-se ainda que, assim como corre grande perigo de condenar-se quem não segue o chamado de Deus só para satisfazer os pais, também corre grande risco quem se ordena padre sem vocação, só para agradar seus parentes. São três os principais sinais para se conhecer a verdadeira vocação sacerdotal:
·         A ciência competente;
·         A reta intenção de buscar só a Deus;
·         A boa conduta de vida.
- O Concilio de Trento, falando especialmente da boa conduta, mandou aos bispos que não promovam as ordens sacras a não ser os já aprovados na virtude e bons costumes. Isso jpa tinha sido estabelecido por antigas prescrições canônicas. Isso se entende principalmente da constatação externa que o bispo deve fazer a respeito da boa conduta de quem vai ser ordenado. Mas, não se põe em duvida que o Concilio exige e pede tanto a probidade exterior como a interior. Sem a interior, a probidade exterior não passa de um puro engano e fingimento. Por isso admoesta o Concilio: “Saibam os bispos que ninguém deve ser promovido as ordens sacras sem ser digno, e sem que seu procedimento esteja de acordo com a probidade de vida. Com a mesma intenção de ter provas completas sobre aquele que cai ser ordenado, o Concilio estabeleceu ainda intervalos entre os diversos graus das ordens “para que aumente neles, juntamente com a idade, a maturidade da vida e a abundância do saber”.

Santidade de vida
            17. Quem é ordenado, é destinado ao ministério de servir a Jesus Cristo na Eucaristia; por isso –diz S.Tomas- a santidade do sacerdote deve ser maior do que a do religioso. Acrescenta ainda que as ‘ordens sacras’ preexigem santidade. A palavra ‘preexigem’ supõe que o jovem deve ser santo já antes de ser ordenado. Indica, então, o santo a diferença entre a vocação religiosa e a vocação de quem recebe as ordens sacras. Na vida religiosa se purificam os vícios, mas querendo alguém receber as ordens sacras, é preciso que se encontre já purificado por meio de uma vida santa.
- Explicando esse mesmo pensamento, diz “Como os que recebem as ordens sacras, são colocados acima do povo, assim devem eles estar acima pelo mérito da santidade”. O santo exige essa santidade de vida antes da ordenação, porque a julga necessária não só para que se possa exercer dignamente entre os ministros de Cristo. Finalmente conclui: “Na ordenação lhes é concedida maior abundância de graça para que, por meio dela, possam tornar-se idôneos para coisas maiores.”
            Notemos a expressão   “para coisas maiores”.
- S.Tomas declara que a graça do sacramento, que depois se confere, não será inútil, mas dará ao ordenado maiores auxílios para que se torne capaz de conquistar maiores méritos. Mas exprime que no ordenado se requer a graça precedente, suficiente para torna-lo digno de ser contado entre os membros do povo de Cristo.



Boa conduta
            18. Sobre esse assunto, escrevi uma longa exposição provando que se alguém recebe uma ordem sacra sem a experiência de uma vida exemplar, não pode se isentar de uma grave culpa. Isso porque abraça um estado de vida sem a vocação de Deus. Não se pode dizer chamado por Deus quem se ordena sem estar livre de todo o vicio habitual, especialmente contra a castidade. Embora possa receber o sacramento da Penitência, por estar preparado através do arrependimento, em tal estado ainda não está capacitado para receber as ordens sacras. Além disso é necessária já antes a boa conduta, comprovada com a experiência há mais tempo.
             Não pode, igualmente, se isentar de pecado mortal quem, por grande presunção, assume os sagrados ministérios sem a devida vocação. Grande perigo de condenação em semelhante caso, ao se expor assim. “Quem conscientemente, sem ter em conta a vocação de Deus” –como o faz um habituado a qualquer vicio grave- “entra como intruso no sacerdócio, colocando-se em evidente perigo de condenação.”
- Falando do sacramento da Ordem, Soto afirma: “Embora a boa conduta não seja da essência do sacramento, ela é absolutamente necessária por preceito divino... tal idoneidade de costumes não se identifica com a disposição geral exigida na recepção de qualquer sacramento para que a graça não encontre obstáculo. O homem que abraça o sacerdócio não só recebe a graça, mas abraça um estado de vida mais sublime. Exige-se, pois, dele a honestidade de vida e o brilho das virtudes”. O mesmo afirmaram Tomas Sanchez, P. Holzman e os Salmanticenses.
- O que acabo de escrever não é opinião de algum doutor particular, mas opinião comum; todos se fundamentam na doutrina por Santo Tomas.

Sequência da postagem “Coração vazio”

A Prática de amor a Jesus Cristo Cap XI– Santo Afonso Maria de Ligório

sábado, 11 de janeiro de 2014

Maria, Apóstolos dos Últimos Tempos

Os Apóstolos dos Últimos Tempos
§55. Deus quer que sua Mãe seja hoje mais conhecida, mais amada e mais honrada do que nunca. Isso acontecerá, sem dúvida, se os predestinados entrarem, com a graça e a luz do Espírito Santo, na prática interior e perfeita que seguidamente lhes descobrirei.
- Verão então, com tanta claridade quanto a fé lhes permitir, a formosa estrela do mar, e, se obedecerem às suas diretivas, chegarão a bom porto apesar das tempestades e dos piratas.
- Conhecerão as grandezas desta soberana e devotar-se-ão inteiramente ao seu serviço, como Seus súditos e Seus escravos de amor. Experimentarão as suas doçuras e bondades maternais, e amar-lhe-ão ternamente, como Seus filhos muito queridos.
Conhecerão as misericórdias de que Ela é cheia, e sentirão a necessidade que têm do seu socorro.
- Recorrerão sempre a Ela, em todas as coisas, como sua querida advogada e medianeira junto de Jesus Cristo. Compreenderão que Ela é o meio mais fácil, mais curto, mais perfeito para irem a Jesus, e a Ela se entregarão de corpo e alma, sem reservas, para do mesmo modo pertencerem a Jesus Cristo.

§56. Mas quem serão esses servos, escravos e filhos de Maria?
  • Serão “ministros do Senhor” (Hb 1, 7; Sl 103, 4) que, qual fogo crepitante, levarão a toda parte as chamas do Amor Divino.
  • Serão “setas na mão do Poderoso” (Sl 126, 4), flechas agudas nas mãos poderosas de Maria para trespassarem os seus inimigos.
  • Serão “filhos de Levi” (Ml 3, 3), bem purificados no fogo das grandes tribulações, bem apegados a Deus, que trarão o Ouro do Amor em seus corações, o incenso da oração no espírito, e a mirra da mortificação no corpo.
  • Serão por toda parte o “bom odor de Jesus Cristo”: odor de vida para os pobres, os pequenos e os humildes; odor de morte para os grandes, os ricos e orgulhosos mundanos (2Cor 2, 15-16).

§57. Serão “nuvens tonitruantes” ( Mc 3, 17; Sl 103, 7), que voarão pelos ares ao menor sopro do Espírito Santo. E, sem se apegarem a coisa alguma, nem se admirarem ou inquietarem, espalharão a chuva da Palavra de Deus e da Vida Eterna. Bradarão contra o pecado, clamarão contra o mundo, fulminarão o demônio e seus adeptos. Atravessarão de lado a lado, para a vida ou para a morte, com a espada de dois gumes da Palavra de Deus (Ef 6, 17; Hb 4, 12), todos aqueles a quem forem enviados da parte do Altíssimo.

§58. Serão verdadeiros apóstolos dos últimos tempos, a quem o Senhor das virtudes dará a palavra e a força para operar maravilhas e arrebatar gloriosos despojos ao inimigo.
  • Dormirão sem ouro nem prata e, o que é mais, sem cuidados, no meio dos outros sacerdotes eclesiásticos e clérigos (Sl 67,14).
  • Terão, no entanto, as asas prateadas da pomba, para irem, com a reta intenção da glória de Deus e da salvação das almas, aonde o Espírito Santo os chamar.
  • Deixarão após si, nos lugares onde tiverem pregado, o ouro da caridade, que é o cumprimento de toda a Lei (Rm 13, 10).

§59. Sabemos, enfim, que serão os verdadeiros discípulos de Jesus Cristo, que seguirão as pegadas da sua pobreza, humildade, desprezo do mundo e caridade.
  • Ensinarão o estreito caminho de Deus na pura verdade, segundo o Santo Evangelho e não segundo as máximas do mundo, sem se colocar em inquietação nem fazer acepção de pessoas, sem poupar, escutar ou temer nenhum mortal, por poderoso que seja.
  • Terão nos lábios a espada de dois gumes, que é a Palavra de Deus; trarão aos ombros o estandarte sangrento da Cruz, o crucifixo na mão direita, o Rosário na esquerda, os sagrados
nomes de Jesus e Maria no coração, e a modéstia e mortificação de Jesus Cristo em toda a sua conduta.
- Eis os grandes homens que hão de vir, mas que Maria suscitará por ordem do Altíssimo, para estender o seu Império sobre o dos ímpios, idólatras e maometanos.
* Quando e como acontecerá isto? Só Deus o sabe.
- Quanto a nós, apenas nos compete calar, rezar, suspirar e esperar:
“Esperei ansiosamente o Senhor” (Sl 39, 2).
Tratado da Verdadeira Devoção a Santíssima Virgem Maria

São Luis Maria Grignion de Monfort