Coroação de Espinhos
- Quando os algozes ficaram
fartos de bater, trançaram uma coroa de espinhos, enterram-na em Minha Cabeça e
desfilaram diante de Mim dizendo:
- Rei nós
te saudamos!
- Uns Me insultavam, outros
batiam-Me sobre a cabeça e cada um acrescentava nova dor aquelas que já
esgotavam Meu Corpo.
- Contemplai-Me, almas que amo:
- Condenado
pelos tribunais,
- Abandonado
aos insultos e as profanações da multidão,
- Entregue
ao suplício da flagelação
E, como se tudo isso não bastasse
para Me reduzir a mais humilhante condição,
- Coroado
de espinhos,
- Coberto
com um manto de purpura,
- Saudado
como um rei de escárnio,
- Tido como
louco.
- Sim Eu, que Sou o Filho de
Deus, o Sustentáculo do Universo, quis passar, aos olhos dos homens como o último
e o mais miserável de todos.
- Longe de fugir a humilhação,
abracei-a , para expiar os pecados de orgulho e arrastar as almas com Meu
exemplo.
- Consenti que Minha Cabeça fosse
coroada de espinhos e que sofresse para reparar os pecados de tantas almas
soberbas que recusam tudo que as rebaixe aos olhos das criaturas.
- Consenti que Me cobrissem os
ombros com um manto de escárnio e Me tratassem como louco, a fim que muitas
almas não desdenhassem seguir-Me numa trilha que o mundo julga vil e baixa e
que lhes parece indigna de sua condição.
Seguir a Vontade de Deus
- Não, almas queridas, caminho
algum, situação alguma é vil e humilhante quando se trata de seguir a Vontade
de Deus.
- Vós que vos sentis
interiormente atraídos a tal estado, não resistais e não procureis, com vãs e
orgulhosas razões, fazer a Vontade Divina querendo seguir, ao mesmo tempo, a
vossa própria vontade.
- Não julgueis encontrar paz e
felicidade em condição mais ou menos brilhante aos olhos das criaturas.
- Não as encontrareis senão na
submissão a Vontade de Deus e no inteiro cumprimento de tudo que vos pedir.
Honras humanas
- Há também no mundo muitas almas
que procuram fixar aqui na terra seu futuro.
- Talvez uma ou outra sinta
inclinação ou secreto atrativo por alguém em quem descobre muitas qualidades,
honradez, fé, piedade, consciência profissional e compreensão das virtudes da família;
-tudo que corresponde a seu desejo de amar.
- Mas de súbito o orgulho lhe
invade o espírito.
- Sem dúvida o coração ficaria
satisfeito desse lado, mas não a vã ambição de brilhar aos olhos do mundo.
- Então a alma se desvia para
procurar alguém que melhor atraia em si a atenção das criaturas, fazendo-a
parecer exteriormente mais rica e mais nobre.
- Ah, como esta alma está se
tornando voluntariamente cega.
- Não achareis certamente a
felicidade que buscais neste mundo e oxalá, depois de vos terdes metido em tão
perigosa situação, a encontrareis no outro.
Almas que chamo
- E que dizer de tantas almas que
chamo ao caminho da perfeição e do amor e que fazem como se não ouvissem a
Minha Voz.
Almas dispostas
- Quantas ilusões naquelas que Me
dizem estarem dispostas a fazer-Me a Vontade e unir-se a Mim e todavia enterram
na Minha Cabeça os espinhos da coroa.
Almas Esposas
- As almas que desejo como
Esposas, conheço-as até os mais íntimos refolhos do coração, e, amando-as como
as amo, com infinita delicadeza, as atraio para onde as vejo, na Minha
Sabedoria, que encontrarão os meios necessários para chegarem a santidade:
- Ali
lhes descobrirei o Meu Coração, ali elas Me darão mais amor e mais almas.
Almas cegas
- Mas, quantas resistências e
decepções.
- Quantas almas cegas pelo
orgulho e por necessidade exagerada de estima, e pelo desejo de satisfazerem a
natureza com mesquinha ambição de se tornarem ‘alguém’, deixam-se invadir por vãos
raciocínios e afinal recusam entrar no caminho traçado pelo Amor.
Atos de humildade e submissão
- Almas que Eu escolhera, credes,
porventura que, seguindo vosso gosto, dar-Me-eis a glória que de vós esperava?
- Credes fazer Minha Vontade,
resistindo a Minha Graça que vos chama a esse Caminho que vosso orgulho repele?
- Ah, desejaria que
multiplicasses HOJE atos de humildade e de submissão a Vontade Divina, para
obter que muitas almas se deixem guiar na senda que Eu lhes preparo com tanto
amor.
É preciso que se cumpram as Escrituras
- Coroado de espinhos e coberto
com o manto de purpura, os soldados Me conduziam a Pilatos, acabrunhando-Me a
cada passo, com gritos, insultos e escárnios.
- Não achando em Mim nenhum crime
digno de castigo, Pilatos Me interrogou novamente e perguntou-Me porque não lhe
respondia, sabendo que tinha o poder sobre Mim.
- Então saindo de Meu Silêncio,
disse-lhe:
“Não terias poder algum se não te fosse dado do Alto,
mas é preciso que se cumpram as Escrituras”
e fechando novamente os lábios,
abandonei-Me.
- Pilatos perturbado com o aviso
de sua mulher e perplexo entre os remorsos da consciência e o temor de ver o
povaréu amotinado revoltar-se contra ele se recusasse a Minha morte;
apresentou-Me a multidão no estado lamentável a que Me haviam reduzido e propôs
dar-Me liberdade e condenar em Meu lugar Barrabás, que era um ladrão de fama.
- Mas a multidão vociferou em côro:
“Morra Ele, queremos que Ele morra e Barrabás seja libertado”
- Ó vós que Me amais, vede como
Me compararam a um ladrão ou como Me puseram abaixo do mais perverso malfeitor;
ouvi os gritos de ódio que vociferam contra Mim, pedindo a Minha Morte.
- Longe de evitar tamanha
afronta, ao contrário, abracei-a por amor as almas e por vosso amor.
- Quis mostrar-vos que este Amor
não Me conduzia somente a morte:
- mas ao
desprezo,
- a ignominia,
- ao ódio
daqueles por quem Meu Sangue ia ser derramado em profusão.
- Trataram-Me de perturbador,
insensato e louco; aceitei tudo com a maior doçura e a mais profunda humildade.
Experiência da dor
- Não creias, porém, que deixei
de sentir então repugnância e dor.
- Pelo contrário, quis que a Minha
natureza humana experimentasse todas as que vós mesmos experimentais, a fim de
que Meu exemplo vos fortificasse em todas as circunstancias de vossa vida.
- Também, quando soou para Mim
aquela hora dolorosíssima que Eu poderia tão facilmente evitar, abracei-a
amorosamente para cumprir:
- A Vontade
do Pai
- Reparar
Sua Glória
- Expiar
os pecados do mundo e
- Comprar a Salvação de muitas almas.
Almas orgulhosas
- Aquelas almas chamadas ao
estado de perfeição e que, muitas vezes, entretanto discutem com a Voz da Minha
Graça e assim lhe respondem:
- Como me
resignar a viver nesta contínua obscuridade?
- Minha família,
meus amigos julgar-me-ão ridículo, pois tenho capacidade, e seria mais útil
em outra parte, etc...
- A essas almas vou responder:
- Quando tive que nascer de pais nobres e ignorantes, longe de minha terra e de minha casa, num estábulo durante a mais fria e mais escura noite, recusei? Vacilei?
Minha missão humana
- Durante trinta anos conheci os
rudes trabalhos da vida operária.
- Sofri com Meu Pai São José, os
desprezos daqueles para quem trabalhava.
- Não achei indigno de Mim ajudar
Minha Mãe no cuidado da pobre casa; e entretanto não tinha Eu mais talento do
que o necessário para desempenhar o modesto ofício de carpinteiro?
- Eu que já aos doze anos de
idade instruíra os doutores no templo?
- Era, porém, aquela Vontade de
Meu Pai Celeste, e era assim que mais glória Lhe podia dar.
- Desde o começo de Minha Vida pública
podia ter-Me dado a conhecer por Messias e Filho de Deus para dominar as multidões
e torna-las atentas a Meus ensinamentos.
- Não o fiz porque Meu único
desejo era cumprir em tudo a Vontade de Meu Pai.
Repugnâncias da natureza
- E quando chegou a hora da Minha
Paixão:
- no meio
da crueldade de uns e das afrontas de outros,
- do
abandono dos Meus,
- da
ingratidão do povo,
- no meio
do indizível martírio do Meu Corpo e das vivíssimas repugnâncias de Minha
natureza humana,
foi com mais Amor ainda que Meu
Coração abraçou aquela Santa Vontade.
- E sabei, Almas escolhidas:
- que
quando dominardes as repugnâncias naturais,
- a
oposição de vossas famílias,
- os juízos
do mundo,
- quando
vos entregardes generosamente a Vontade de Deus,
então chegará a hora em que,
estreitamente unida ao Esposo Divino, gozareis das mais inefáveis doçuras.
- O que digo as almas que sentem
repugnâncias pela vida humilde e escondida, repito-o também aquelas que,
inversamente, são chamadas a prodigalizar sua vida a serviço do mundo, quando
seus atrativos as levariam para a solidão e obscuridade.
Verdadeira felicidade
- Compreendei, almas queridas:
- viver
conhecidas ou desconhecidas dos homens,
- utilizar
ou não os talentos recebidos,
- ser
pouco ou muito estimada,
- gozar
ou não de saúde,
nada disso constitui, por si
mesmo, vossa felicidade.
- Conheceis a única coisa que
vo-la garantirá?
- Fazer a
Vontade de Deus,
- Abraça-la
com amor,
- Unir-vos
e conformar-vos com tudo que ela exija para sua Glória e para santificação
vossa.
- Ama e abraça alegremente a
Minha Vontade, pois bem sabes que em tudo foi traçada pelo Amor.
Eu preciso desta graça
- Na mesma tarde Josefa, confessa
humildemente que essa recomendação do Mestre não fora inútil.
- Ele quer que ela obtenha, com
sua própria vitória sobre as repugnâncias da natureza, graça semelhante para
muitas almas que dela precisam.
- Grande lição que retiramos da
seguinte confidência feita pela sua humildade:
“Sinto em mim, de novo,
contra este gênero de vida tão extraordinário,
uma espécie de revolta que me tira a paz,
porque eu queria tanto trabalhar”
- Nosso Senhor, porém, não faz
caso dessa repulsa que não pode entravar nem a Sua Vontade nem a de Josefa, e
logo na manhã seguinte, sábado da Paixão, 24 de março de 1923, Ele continua...
Sofrimento do Meu Coração
- Ocupemo-nos da Minha Paixão.
- Medita por um momento no
sofrimento de Meu Coração terníssimo e delicado, quando se viu posto abaixo de
Barrabás.
- Vendo-Me assim desprezado, fui
traspassado no mais íntimo da alma pelos gritos da multidão que reclamava a
Minha Morte.
- Como recordei então:
·
as ternuras de Minha Mãe quando Me estreitava ao
Coração,
·
os cansaços e cuidados que Meu Pai adotivo
suportara por Meu Amor.
·
Como repassava os benefícios tão prodigamente
derramados sobre esse povo:
o A
vista aos cegos,
o A
saúde aos enfermos,
o As multidões alimentadas no deserto,
o Os
próprios mortos ressuscitados.
- E agora, contemplai-Me reduzido
ao estado mais desprezível, objeto mais que qualquer outro do ódio dos homens e
condenado como um ladrão infame.
- A multidão pede a Minha Morte e
Pilatos pronunciou a sentença.
- Almas que amo, considerai
atentamente o sofrimento de Meu Coração.
Escola do Amor
- Depois de Me ter traído no
Horto das Oliveiras, Judas andou errante e fugitivo sem poder abafar os gritos de
sua consciência que o acusava do mais horrível sacrilégio.
- Quando lhe chegou aos ouvidos a
sentença de morte pronunciada contra Mim, caiu no mais terrível desespero e se
enforcou.
- Quem poderá compreender a dor
intensa e profunda de Meu Coração quando vi precipitar-se, na eterna perdição,
aquela alma que tinha passado tantos dias na Escola de Meu Amor?
- Que tinha recolhido Lições, e
tantas vezes ouvido cair de Meus Lábios perdão para os maiores pecados?
- Ah, Judas, por que não vens
atirar-te a Meus Pés a fim de que Eu te perdoe também?
- Se não ousas aproximar-te de
Mim, por medo dos que Me cercam com tanto ódio, ao menos olha para Mim e logo
encontrarás Meus Olhos fixos em ti.
Hoje, é o dia da Salvação (IICor 6,2)
- Vós, que estais mergulhados no
mal e que há mais ou menos tempo viveis errantes e fugitivos por causa de
vossos crimes:
- Se os
pecados de que sois culpados vos endureceram e cegaram o coração,
- Se para
satisfazerdes as vossas paixões, caistes nos piores escândalos.
- Ah, quando vossa alma
reconhecer o seu estado, e os motivos ou os cumplices de vossas faltas vos
abandonarem, não deixeis que de vós se apodere o desespero.
Enquanto o homem tiver um sopro de vida,
poderá ainda recorrer a Misericórdia e implorar perdão.
- Se sois jovens e já as
desordens de vossa mocidade vos deixaram em estado de degradação aos olhos do
mundo, não temais.
- Mesmo que o mundo vos trate de
criminoso, vos despreze e vos abandone, Vosso Deus não consentirá que vossa
alma seja presa do inferno.
- Pelo contrário, deseja, e com
ardor, que dele vos aproximais para vos perdoar.
- Se não ousais falar-Lhe, dirigi
para Ele vossos olhares e os suspiros do vosso coração e em breve vereis que
Sua Mão Bondosa e Paternal vos conduz a Fonte do Perdão e da Vida.
- Se, passastes, voluntariamente
a maior parte da vida na impiedade ou na indiferença e, de repente, ao se
aproximar a eternidade, o desespero tente vos vendar os olhos... ah, não vos
deixeis enganar, é ainda tempo de perdão.
- Mesmo se não vos resta senão um
segundo de vida, neste segundo podeis comprar a eternidade.
- Se vossa existência mais ou
menos longa se escoou na ignorância e no erro, se fostes causa de grandes males
para os homens, a sociedade e mesmo para a religião e se por qualquer circunstância
vindes a reconhecer que vos enganastes, não vos deixeis acabrunhar pelo peso de
vossas faltas e do mal de que fostes instrumento.
- Mas vossa alma, penetrada do
mais vivo arrependimento se lance num abismo de confiança e corra Aquele que
vos espera sempre para perdoar todos os erros de vossa vida.
Alma acomodada
- Falarei também para aquela alma
que viveu primeiro na fiel observância da Minha Lei, mas que se foi esfriando
pouco a pouco até a tibieza de uma existência cômoda.
- Ela esqueceu a própria alma,
pode-se dizer e também suas elevadas aspirações.
- Deus pedia-Lhe mais esforços,
mas os defeitos habituais cegaram-na e caiu nos gelos da tibieza, piores que os
do pecado, pois a consciência, surda e adormecida, não sente mais remorsos e não
ouve mais a Voz de Deus.
- Venha uma forte sacudidela que
a desperte subitamente:
- Sua
vida lhe parece então inútil e vazia para a eternidade.
- Perdera
inúmeras graças, e o demônio, que não quer largar a presa, explora-lhe a
angustia, mergulha-a no desânimo, na tristeza, no abatimento, e pouco a
pouco, submerge-a no temor e no desespero.
- Almas que amo, não deis ouvidos
a esse cruel inimigo.
- Vinde depressa atirar-vos a
Meus Pés e penetradas de viva dor, implorai Minha Misericórdia e não temais. Perdoo-vos.
- Começai novamente vossa vida de
fervor, recuperareis os méritos perdidos e Minha Graça não vos faltará.
Alma escolhida
- Será preciso, enfim, dirigir-Me
as Minhas escolhidas?
- Haverá alguma que tenha passado
longo anos na prática constante da Regra e dos deveres religiosos?
- Sim, uma alma que Eu favorecera
com Minhas Graças e instruíra com Meus conselhos, uma alma, por longo tempo
fiel a Voz da Graça, as inspirações Divinas.
- Eis que:
- por
uma pequena paixão,
- uma
ocasião não evitada,
- uma
satisfação concedida a natureza,
- um
relaxamento no esforço necessário.
- Esfriou pouco a pouco, caiu numa
vida ordinária, vulgar e finalmente tíbia.
- Ah, se por uma ou outra causa,
saís um dia de vosso sono, sabei que no mesmo instante o demônio, com inveja de
vosso bem:
- Vos
assaltará de mil maneiras,
- Tentará
persuadir-vos que é tarde demais e que tudo é inútil,
- Encher-vos-á
de temor e repugnância para descobrir o estado de vossa alma,
- Apertar-vos-á
a garganta para vos impedir de falar e de vos abrirdes a Luz,
- Trabalhará para abafar em vós a confiança e a paz.
Jesus escondido (Marcos 16,12)
- Escutai primeiro a Minha Voz,
dizendo-vos o que deveis fazer:
- Desde
que a Graça vos tocar e antes que a luta se trave, correi a Meu Coração...
- Pedi-Lhe
que derrame sobre vós uma gota de Seu Sangue.
- Sim, vinde a Mim.
- Sabeis que estou sempre nos
braços paternais de vossos Superiores, sejam quem forem.
- Ali estou, escondido, sob o véu
da fé; levantai aquele véu e dizei-Me com inteira confiança vosso sofrimento,
vossas misérias, vossas quedas.
- Recebei a Minha Palavra com
respeito e nada temais pelo passado; Meu Coração submergiu-o no abismo de graças.
- A lembrança de vossa vida
passada não será então motivo para vos humilhardes e aumentardes vossos méritos
e, se quereis dar-Me maior prova de amor, contai com o Meu Perdão e crede que
vossos pecados nunca conseguirão ultrapassar Minha Misericórdia que é infinita.
- Josefa, fica escondida no
abismo de Meu Amor e reza para que as almas se deixem penetrar dos mesmos
sentimentos.
22 a 25.março.1923 (410-422)
“Apelo ao Amor” A
mensagem do Coração de Jesus ao Mundo e Sua Mensageira Irmã Josefa Menéndez da
Sociedade do Sagrado Coração.
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