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quarta-feira, 15 de julho de 2020

Apóstolo dos últimos tempos / Padre Michel Rodrigue 3




Apóstolo dos últimos tempos / Padre Michel Rodrigue 3

- Meus queridos filhos e filhas,

- Está chegando a hora, e a glória do Meu Filho Vivo será manifestada a toda a humanidade.

- Suas orações são preciosas e seus sacrifícios acalmam a dor que sobe das almas dos justos até Mim.

- Escute e ouça o clamor daqueles que foram mortos no ventre de suas mães e daqueles que são mortos e sacrificados na idade da sabedoria para servir o inimigo de Deus e sua escuridão controladora.

- Feliz é você estar reunido aqui em Nome do meu amado Filho Jesus.

- Ouça, meus servos, e conheça minha vontade.

- Nem um único fio de cabelo existe sem a Minha vontade.

- Você verá o que os olhos do homem ainda não viram.

- Você verá o sinal glorioso de meu Filho brilhando no céu e o fogo do Espírito Santo cair na terra, revelando o estado das almas que vivem na terra.

- O castigo seguirá se a humanidade perseverar na dureza do pecado.

- Minha filha, Maria, já chamou o apóstolo dos últimos tempos.

[Nota: Padre Michel também ouviu São Miguel Arcanjo chamar a Igreja para "orar com a Mãe de Deus para que os apóstolos dos últimos dias se levantem!" Por isso, Padre Michel não é o único chamado a testemunhar esses "tempos do fim"].

- Ouça a minha voz na boca de sua mãe e da mãe de meu amado filho, e esteja pronto para responder ao clamor da filha Maria.

- Ela é a arca da nova aliança, a coluna de fogo durante a noite e o orvalho fresco da manhã durante o dia.

- E Meu Filho Jesus é a Rocha que abrirá a fenda do seu lado para protegê-lo das cobras dos últimos dias.

- Receba Sua Misericórdia e beba as águas vivas da salvação.

- Juntos, peço que você faça tudo o que puder para ajudar Meu filho, Michel, a construir o mosteiro que informará os padres sobre o fim dos tempos e responderá ao chamado de Minha filha, Maria.

- O grupo de santos agora vem à Terra com Minha filha, Maria, e sua avó, Anna, para ajudá-lo a pedir a intercessão de Meu Filho.

- Não recuso nada do que Ele pede de mim. Ele e Eu somos um.

- Escute a minha voz. . . esteja pronto. . . Os padres que são preparados pelo Mosteiro de São Bento Joseph Labre serão aqueles que servirão aos sobreviventes que sairão do Meu abrigo.

- Multiplicarei o chamado ao sacerdócio para meu servo fiel.

- Em breve, meus anjos cumprirão minha vontade por você e pelo mundo.

- Você seguirá as luzes à sua frente. Eles são meus anjos!

- Amo-te através do Coração do Meu Filho Amado e do sopro do Espírito Santo.

- Seja abençoado!

- Seu Pai.

 

- Padre Michel Rodrigue fala sobre a construção dos dois mosteiros que Deus, o Pai, pediu a ele para a Fraternidade de São José Bento Labre (Fraternidade Apostólica São Benoît-Joseph Labre) na diocese de Amos, Quebec, Canadá.

- Há sete anos, quando recebi essa nova missão de ser o fundador desse novo ministério, Deus me deu cinco anos [para construir um mosteiro].

- Depois de cinco anos, eu estava cuidando de três paróquias. Eu tinha toda a cidade de Amos nas minhas costas. Eu estava sozinho. Ninguém me ajudou. Quando fui designado para outras três paróquias onde construí o novo mosteiro, eles me substituíram por seis sacerdotes. "Desculpe, Pai", disse a Deus, "estamos no quinto ano e não fiz nada. Eu sou culpado."

Ele disse: "Eu darei mais um ano".

Eu disse: "Pai, você é tão bom."

Ele disse: "Mas este ano será um ano de misericórdia."

Fui ao bispo e disse: “O Pai me disse que prolongaria meu tempo, e você deve me libertar agora da cidade de Amós e do outro, e eu vou buscar o novo.

E ele disse: “Ok, eu farei isso. O que ele disse?"

Ele disse que teremos um ano de misericórdia.

"Isso é impossível. Michel, acabamos de terminar um ano sagrado com São Paulo. O papa não anunciará outro.

Eu disse: "Sim, nós teremos." Então, um mês e meio depois, o ano de misericórdia foi pronunciado.

 

- No ano passado, em janeiro de 2017, fazia frio lá fora, 40 graus abaixo de zero. E eu amo o frio. Isso me dá um desafio. Representa para mim a frieza do diabo, por isso me dá uma atitude calorosa com a qual lutar. Eu amo isso!

- Eu estava do lado de fora e o Pai disse: “Olha. O que você vê?

"Uma pequena colina."

"Compre."

"Pai, eu não tenho dinheiro."

"Compre."

- Foi uma dor de cabeça para mim porque duas vezes fui ver esse cara [dono da terra].

- Vamos chamá-lo de "dinheiro". A primeira vez que ele me pediu uma quantia tão grande que era loucura. Eu voltei. Mesma coisa.

- No dia 13 de maio, data da aparição da Virgem Maria em Fátima. Um dos meus amigos veio e celebramos a missa na capela do Santo Anjo e oramos por esta terra: “Faça alguma coisa, Maria!” - Depois, saímos e ele disse: “Este é o lugar. Você deve construir seu mosteiro aqui.”

- Eu disse: “Eu sei disso. Mas o cara quer muito dinheiro.”

"Você quer ir vê-lo?"

"Sim agora." Então fui direto para a casa dele e entrei na garagem. Eu sabia que ele estava lá. Eu olhei para ele e disse: "É hoje ou nunca".

- Ele olhou para mim e disse: "Ok".

- Eu perguntei: "Quanto você quer pela sua terra?"

- Ele disse: "Oito mil". Antes disso, ele havia pedido US $ 20.000.

- Eu disse: “Ok. Você é um homem de palavra?

- Ele disse: "Sim, vamos fazer o contrato aqui". Fizemos o contrato ali.

- Meu amigo disse: "Eu quero o mesmo, mas ao lado dele."

- Ele disse sim."

- Alguns meses depois, ele voltou dizendo: "Não sei por que concordei com isso".

- Eu pensei: "A Virgem Maria".

- Então compramos a terra e começamos a construir porque o Pai disse em janeiro: “Até o final de setembro, você terá o mosteiro fora do chão”.

- Garanto-lhe que, no final de setembro, todos os prédios estavam erguidos.

- O interior, tudo, foi feito em três meses. Tantos milagres aconteceram em toda parte. Por causa disso, hoje temos o mosteiro e o abrimos com a graça do Senhor. Abençoei o mosteiro com a presença de meu bispo, que também estava feliz.

- Naquele dia, perguntei algo à Virgem Maria: “Virgem Maria, você sabe que eu estou sempre com calor. Eu gostaria de ter um dia frio coberto de nuvens para que o sol não passasse. E quando eu abençoar o mosteiro, por favor, quando as pessoas estiverem na frente, mostre-lhes o amor do Pai. Abra as nuvens para que o sol brilhe no mosteiro. Aconteceu exatamente assim.

- Jesus disse: “O Pai e eu iremos, e faremos em você nosso lar.” [“Quem me ama, cumprirá minha palavra, e meu Pai o amará; nós iremos a ele e moraremos com ele. (João 14:23)]

- Pela força e confiança de sua oração, pela fé que você tem e com os dons do Espírito Santo em seus corações, você pode falar com o Pai, pode falar com Jesus.

- Jesus não é um estranho quando você tem o Espírito Santo em seu coração.

- Ele se torna um amigo, ele se torna nosso Senhor. Essa é a verdade.

- Fiquei tão feliz no mês de setembro porque tive a impressão, quando olhei em volta, que meus olhos estavam vendo um filme de eventos na minha frente. “Eu não fiz nada, Pai. Você fez tudo. Sou apenas uma testemunha da sua graça em todos os lugares.”

Ele me disse: "Prepare-se meu filho".

"O que, pai?"

"Você tem um segundo para construir."

- Ele disse: “Esteja ciente, porque esta mensagem é realmente importante. Você construirá o segundo mosteiro quando a tribulação chegar.

- Vou surpreender muitos de vocês aqui. “Você o construirá no final do mandato de Trump. Isso significa que em 2020, você terá que construí-lo.”

- Eu tinha uma pergunta no meu coração: “Trump? Por quê?”- mas não perguntei. A resposta voltou imediatamente,

- “Este eu escolhi. Eles não podem controlá-lo.

- Deus não disse que ele é um santo. Ele nunca disse isso. “Eles [o povo do Governo Mundial que tenta tomar o poder] não podem controlá-lo.

- Eles não sabem em qual perna ele está dançando. Por causa disso, eles não foram capazes de realizar sua tarefa.” Isto é o que Deus disse. E foi isso que aconteceu.

 

Mensagem ao Padre Michel Rodrigue de Deus Pai, 5 de janeiro de 2017:

- Já se passaram cinco anos desde que te estabeleci nesta terra de Amos, em Saint-Dominique-du-Rosaire.

- Eu escolhi você para ser evangelizador da mesma maneira que escolhi Dominic, meu filho.

- Contemple, medite na Palavra e nos Santos Mistérios de Meu Filho, Jesus.

- Fui eu quem lhe deu o nome, o nome que salva dos tormentos do maligno.

- Ore, e sob os sussurros do Meu Espírito Santo, ensine e proclame, em tempos favoráveis e em momentos desfavoráveis, a este mundo que continua procurando respostas.

- Você está se perguntando por que tantos santos o ajudam?

- Desejo que, através deles, você possa entrar na intimidade do Meu mistério de amor por você.

- Olhe para eles: Benedict Labre, filho de Adoração e da Paixão de meu Filho; John Vianney, que em sacrifício, viveu o Sacerdócio único de Meu Filho através da reconciliação e penitência pelos pecadores; Teresa de Ávila, inflamada de amor por meu Filho e desejava espalhar o espírito de oração pela renovação da vida cristã e verdadeiro apostolado em Meu Espírito Santo.

- Sim, aqui está você antes da creche, antes que Minha filha Maria, a quem eu escolhi, protegesse para ser a Mãe do meu Filho Jesus.

- Ele a deu como sua mãe.

- Aqui está você diante de José, a quem chamei e agradeço a Minha misericórdia para ser pai à minha semelhança.

- Meus filhos, vocês não julgam por mérito ou por superdotação.

- Somente o amor que vocês têm um pelo outro fala da verdade de seus dons.

- Seja a chama que arde diante do Tabernáculo, a chama que carrega o sinal da presença de Meu Filho e o poder de Sua humildade amorosa.

- Seja o refúgio do coração de Jesus, que tanto amou o mundo.

- Seja vigilante e permaneça pronto!

- Prepare a terra que lhe dei para semear.

- Comece o trabalho de construção, por mais humilde que seja, e Meus anjos cuidarão disso. . . 

- Meu dia chegará e toda a verdade será divulgada.

- O orgulho dos fortes será quebrado.

- Vocês são portadores de um sinal através do mistério da Natividade do meu Filho.

- Vocês são portadores do sinal do Pentecostes que em breve revelará a cegueira dos corações de pedra.

- Fique pronto, prepare-se através da oração e jejum para o Grande Dia da Fé.

- Não olhe para o dia ou a hora!

- Tudo vem da Minha misericórdia; a hora pertence a mim e o dia está chegando!

- Eu sou o Senhor!

- Para você, as famílias, o mistério do Natal mostra o acolhimento da Palavra a Vida no exemplo de Maria e José.

- Medite neste mistério e viva em obediência ao Meu Filho.

- Ensine seus filhos a orar, compartilhar, entender o amor verdadeiro.

- Ensine-lhes perdão, recebendo o perdão de Meu Filho.

- Ensine-os a respeitar seus irmãos, bem como seus irmãos e irmãs na humanidade.

- Para vocês, meus filhos e filhas consagrados, estejam em união de coração com Meu Filho, à semelhança de Maria que uniu seu coração ao dele, colocando toda a sua vida em Minhas mãos.

- Como ela, você coopera no trabalho de salvação anunciado pelos anjos aos pastores.

- Aos Meus filhos da predileção e a todos os Meus sacerdotes, repousem suas cabeças no Coração do Meu Filho.

- Com isso, você colherá os segredos da salvação, a força da libertação e a doçura incomparável da cura.

- Perseverar em amor mútuo.

- Estão chegando os dias em que somente aqueles que repousam a cabeça no Coração do Meu Filho saberão discernir as tramas e esquemas do diabo e manifestarão a luminosa vitória de Meu Filho.

- A todos vocês que eu criei por amor, aproximem-se de Jesus.

- Venha e receba alegria na fonte da salvação.

- Ele está presente para você em todos os Tabernáculos do mundo.

- Venha a Ele.

Eu te abençoo.

Deus Pai

Para continuar no próximo post do "retiro virtual" com o Padre Michel, clique aqui:

Padre Pio e Sagrada Família / Padre Michel Rodrigue 4


sábado, 11 de março de 2017

Mulher e Ano Mariano


- No Ano Mariano, a Igreja deseja render graças a Santíssima Trindade pelo mistério da mulher, por toda mulher, e por aquilo que constitui a eterna medida da sua dignidade feminina, pelas grandes obras de Deus que na história das gerações humanas nela e por seu meio se realizaram.
- Em última análise, não foi nela e por seu meio que se operou o que há de maior na história do homem sobre a terra:
  • O evento pelo qual Deus mesmo se fez homem?
- A Igreja rende graças por todas e cada uma das mulheres:
  • Pelas mães, pelas irmãs, pelas esposas;
  • Pelas mulheres consagradas a Deus na virgindade;
  • Pelas mulheres que se dedicam a tantos e tantos seres humanos, que esperam o amor gratuito de outra pessoa;
  • Pelas mulheres que cuidam do ser humano na família, que é o sinal fundamental da sociedade humana;
  • Pelas mulheres que trabalham profissionalmente, mulheres que, as vezes, carregam uma grande responsabilidade social;
  • Pelas mulheres ‘perfeitas’ e pelas mulheres ‘fracas’, por todas: tal como saíram do coração de Deus, com toda a beleza e riqueza da sua feminilidade;
v  tal como abraçadas pelo seu amor eterno;
v  tal como, juntamente com o homem, são peregrinas sobre a terra, que é no tempo a pátria dos homens e se transforma, as vezes, num vale de lágrimas;
v  tal como assumem, juntamente com o homem, uma comum responsabilidade pela sorte da humanidade, segundo as necessidades cotidianas e segundo os destinos definitivos que a família humana tem no próprio Deus, no seio da inefável Trindade.

- A Igreja agradece todas as manifestações do gênio feminino surgidas no curso da história, no meio de todos os povos e Nações;
·         agradece todos os carismas que o Espírito Santo concede as mulheres na história do Povo de Deus, todas as vitórias que deve a fé, a esperança e caridade das mesmas;
·         agradece todos os frutos de santidade feminina.

- A Igreja pede, ao mesmo tempo, que estas inestimáveis manifestações do Espírito (conforme ICor 12,4), com grande generosidade concedidas as ‘filhas’ da Jerusalém eterna, sejam atentamente reconhecidas e valorizadas, para que redundem em vantagem comum para a Igreja e para a humanidade, especialmente em nosso tempo.
- Meditando o mistério bíblico da mulher, a Igreja reza, a fim de que todas as mulheres encontrem neste mistério a sí mesma e a sua suprema vocação.

Carta Apostólica Mulieris Dignitatem, 31. São João Paulo II-1988

sábado, 4 de março de 2017

Conhecimento da Verdade




"Deus quer que todos os homens sejam salvos e cheguem ao conhecimento da Verdade" ITimóteo 2,4

Conhecimento da Verdade
7. O conhecimento da Verdade tem três graus.
- A verdade buscamo-la em nós, no próximo e em si mesma:
·         em nós, julgando-nos a nós mesmos;
·         no próximos, compadecendo-nos de seus males;
·         em si mesma, contemplando-a com coração limpo.

- Assinalei-te o número dos graus; observa agora sua ordem. Gostaria, antes
de tudo, de que a própria Verdade te ensinasse por que ela deve ser buscada antes nos próximos que em si mesma. Entenderás, depois, por que deves buscá-la antes em ti que nos próximos.
- Ao pregar as bem-aventuranças, com efeito, o Senhor antepôs os misericordiosos aos limpos de coração (Mt 5, 7-8). É que os misericordiosos logo descobrem a verdade nos próximos: dirigem-lhes seus afetos e adaptam-se de tal modo, que sentem como próprios os bens e os males dos outros:
·         Com os doentes, adoecem; com os que se escandalizam, abrasam-se (II Cor 11, 29). “Alegrai-vos com os que estão alegres, chorai com os que choram” (Rm 12, 15).
- Purificados já no íntimo de seu coração pela mesma caridade fraterna, deleitam-se em contemplar a verdade em si mesma, por cujo amor toleram os males dos outros.
- Os que no entanto não se consociam assim com seus irmãos, senão que ofendem aos que choram, menosprezam aos que se alegram, ou não entendem em si mesmos o que se passa com os outros, por não sentir afetos semelhantes aos seus, nunca poderão descobrir a verdade nos próximos. A estes, adequa-se perfeitamente o tão conhecido ditado: “Nem são sente o que sente o doente, nem o saciado o que sente o faminto”. O doente e o faminto, com efeito, são os que melhor se compadecem dos doentes e dos famintos, porque o vivem igualmente.
- A verdade pura não a compreende senão o coração puro; e ninguém sente tão vivamente a miséria do irmão do que o coração que assume sua própria miséria.
- Para que sintas na miséria de teu irmão teu próprio coração de miséria, precisas conhecer antes tua própria miséria:
·         só assim poderás viver em ti seus males, e surgirão em ti iniciativas de ajuda fraterna.
- E, com efeito, foi assim que agiu o nosso Salvador:
·         quis sofrer para saber compadecer-se; fez-se miserável para aprender a ter misericórdia.
- E, assim como dele se escreveu: “Aprendeu a obediência pelas coisas que sofreu” (Hb 5, 8), assim também soube o que é a misericórdia. Isso, naturalmente, não quer dizer que Aquele cuja misericórdia é eterna ignorasse a misericórdia, senão que aprendeu no tempo pela experiência o que por sua natureza sabia desde a eternidade.

13. Se o que não era miserável se fez miséria para experimentar o que já sabia previamente, quanto mais não deves tu, não digo fazer-te o que não és, mas atender ao que és, porque, com efeito, és miserável? Aprenderás assim a misericórdia, e só assim a podes aprender.
- Porque, se consideras o mal de teus próximos e não atendes ao teu, sentir-se-á movido não à compaixão, mas à indignação; tendemos, com efeito, a julgar, não a ajudar; a destruir furiosamente, não a instruir com brandura. “Vós, que sois espirituais”, diz o Apóstolo, “admoestai-o com espírito de mansidão” (Gl 6, 1). O conselho e preceito do Apóstolo consiste em que ajudes ao irmão enfermo com a mesma mansidão que queres que te ajudem a ti quando te enfermas; e consiste ainda em que entendas quanta mansidão deves ter no trato com o pecador: “refletindo cada um sobre si mesmo”, diz ainda o Apóstolo, “não caia também em tentação”.

14. Importa considerar com que perfeição o discípulo da verdade segue a ordem estabelecida pelo Mestre. Nas bem-aventuranças a que me referi mais acima, com efeito, os misericordiosos precedem aos limpos de coração, e os mansos aos misericordiosos (Mt 5, 4.7-8). O Apóstolo, ao exortar os espirituais a que instruam os carnais, acrescenta: “com espírito de mansidão”.
- A instrução dos irmãos certamente corresponde aos misericordiosos; fazê-lo com brandura, aos mansos. É como se dissesse: não pode contar-se entre os misericordiosos aquele que não é manso em si. Veja como o Apóstolo mostra claramente o que mais acima prometi demonstrar:
·         a verdade, com efeito, havemos de buscá-la antes em nós mesmos que nos próximos “Refletindo cada um sobre si mesmo”, isto é, sobre quão fácil é tentado e quão propenso é a pecar: por esta consideração, far-se-á manso e poderá aproximar-se dos outros para socorrê-los “com espírito de mansidão”.
- E, se não és capaz de escutar o discípulo que te aconselha, teme ao menos o Mestre que te acusa:
·         “Hipócrita, tira primeiro a trave de teu olho, e então verás para tirar a aresta do olho de teu irmão” (Mt 7, 5).

- A soberba da mente, com efeito, é essa trave grande e grossa no olho, que por sua corpulência vã, não sã, inchada, não sólida, obscurece o olho da mente, e escurece a verdade. Se chegar a ocupar tua mente, já não poderás ver-te nem sentir-te como és ou como podes ser, mas como te queres, como pensas que és, ou como esperas vir a ser.
- Que é a soberba senão, como a define Santa Teresa de Ávila, o amor da própria excelência?
- E podemos dizer que, pelo contrário, a humildade é o entendimento da própria excelência, que o humilde não ama desordenadamente a própria excelência, mas sabe reconhecê-la em si, quando é real, sem jamais perder de vista que ela é, antes e acima de tudo, um dom de Deus.

- Nem o amor nem o ódio conhecem o juízo da verdade.
- Queres ouvir o juízo da verdade?
·         “Julgo segundo o que ouço” (Jo 5, 30): não segundo odeio, nem segundo amo, nem segundo temo.
- Há um juízo do ódio, como este:
·         “Nós temos uma lei, e segundo a lei [Ele] deve morrer” [Jo 19, 7].
- Há um também do temor, como este:
·         “Se o deixamos assim, crerão todos nele; e virão os romanos, e destruirão nossa cidade e nossa nação” [Jo 11, 48].
- Mas o juízo do amor é como o de Davi com respeito ao filho parricida:
·         “Trata bem”, diz ele, “ao jovem Absalão” [II Sm 18, 5].

- Há uma norma segundo as leis humanas que se observa tanto nas causas eclesiásticas como nas civis:
·         está disposto que os amigos íntimos dos litigantes nunca devem ser convocados a juízo, para que, levados pelo amor dos amigos, não enganem nem se deixem enganar.
- E, se o amor que professas a teu amigo influi em teu critério como atenuante ou ausência de culpa, quanto mais o amor que te professas a ti mesmo não te enganará quanto emitas um juízo contra ti?

15. Por conseguinte, o que cuida de conhecer a verdade de si mesmo deve tirar a trave de sua soberba, porque ela impede a seus olhos a luz, e terá de dispor-se a ascender no coração, observando-se a si mesmo em si mesmo, até alcançar, com o décimo segundo grau da humildade (Temor a Deus), o primeiro da verdade:
·         “Rememorar a própria pequenez e a degradação dos pecados cometidos, fazendo tudo não mais pelo temor do inferno, mas por amor a Cristo” (Regra de São Bento Capitulo VII)
- Quando pois tiver encontrado em si mesmo a verdade, ou melhor, quando se tiver encontrado a si mesmo na verdade e puder dizer:
·         “Eu fiei-me, e por isso falei; eu estou pois extremamente humilhado” [Sl 116, 10], ascenda mais então o homem no coração, para que a verdade seja exaltada, e alcance o segundo grau, e diga em seu arroubo: “Todos os homens são mentirosos” [Sl 116, 11].
- Pensas que Davi não seguiu esta mesma ordem? Pensas que o profeta não advertiu o que o Senhor, o Apóstolo e eu entendemos seguindo seu exemplo? Diz ele:
·         “Eu fiei-me” na Verdade, que dizia: “O que me segue não anda nas trevas” [Jo 8, 12]. “Fiei-me”, pois, seguindo-a, “e por isso falei” confessando.
- Que confessei?
·         A verdade que conhecia na fé. E, depois que “me fiei” para a justiça e “falei” para a salvação, “estou extremamente humilhado” – ou seja, perfeitamente.
- É como se dissesse:
·         já que não me envergonhei confessando contra mim mesmo a verdade que conheci em mim, cheguei à perfeição da humildade.
- “Extremamente”, portanto, pode entender-se por “perfeitamente”, como aqui:
·         “Compraz-se extremamente em seus mandatos” [Sl 112, 1].
- Se todavia alguém sustenta que “extremamente” significa aqui “muito” e não “perfeitamente”, por ser tal o significado que lhe dão os expositores, tal tradução não discordaria do sentido do Profeta, como se se dissesse:
·         Eu, com efeito, quando ainda não conhecia a verdade, considerava-me algo, ainda que não fosse nada. No entanto, desde que me fiei em Cristo, ou seja, desde que imitei sua humildade, passei a conhecer a verdade: ela foi enaltecida em mim, por causa de minha mesma confissão.
- Mas “eu estou extremamente humilhado”, isto é:

·         a mesma consideração de mim suscitou-me grande desprezo.

27. Há pois um caminho para cima e outro para baixo. Um caminho leva ao bem, enquanto o outro ao mal. Esquiva o mau caminho, e escolhe o bom. Se porém te sentes incapaz disso, suplica com o profeta dizendo: “Da via da iniquidade, afasta-me” [Sl 118, 29].
De que modo?
“E concede-me o favor de tua lei” [Sl 118, 29], ou seja, da lei que deste aos que delinquem no caminho, aos que deixam a verdade. Um destes sou eu, que caí da verdade. Mas, então, o que cai já não poderá levantar-se?
Por isso elegi o caminho da verdade, para ascender até à cúspide de onde caí por causa de minha soberba.
Ascenderei e cantarei: “Foi bom para mim, Senhor, que me humilhasses; melhor para mim é a lei de tua boca que milhares de moedas de ouro e de
prata” [Sl 118, 71-72].

- Pode parecer-te, sim, que Davi propõe dois caminhos; mas presta atenção e verás que não é senão um, ainda que com dois nomes:
Chama-se iniquidade para os que descem,
e verdade para os que sobem.
·          Os degraus são os mesmos tanto para os que ascendem ao trono como para os que descem.
·          Um só, com efeito, é o caminho tanto para os que se aproximam da cidade como para os que a deixam; e
·          Uma só é a porta tanto para os que entram na casa como para os que saem dela.
- Jacó viu em sonho que por uma mesma e só rampa subiam e desciam anjos (Gn 28, 12). Que quer dizer isso? Que, se queres voltar à verdade, não precisas buscar um novo e desconhecido caminho:
- Basta-te o mesmo pelo qual desceste. Já o conheces. E, desandando o mesmo caminho, sobe humilhado os mesmos degraus que desceste ensoberbecido.
- Desse modo, o que é o:
·         décimo segundo degrau da soberba (O costume de pecar) para o que desce,
o   esse mesmo degrau há de ser o primeiro da humildade (O Temor a Deus: nos sentidos, na vontade e na inteligência) para o que sobe;
·         o décimo primeiro da Soberba (Liberdade de pecar) para o que desce,
o   o segundo da Humildade (A negação dos próprios desejos) para o que sobe;
·         o décimo da Soberba (Rebelião) para o que desce,
o   o terceiro da Humildade (Prática da obediência) para o que sobe;
·         o nono da Soberba (Confissão simulada) para o que desce,
o   o quarto da Humildade (Suportar o desprezo e a injustiça dos homens) para o que sobe;
·         o oitavo da Soberba (Escusa dos pecados) para o que desce,
o   o quinto da Humildade (Confiar a consciência ao Diretor Espiritual) para o que sobe;
·         o sétimo da Soberba (Presunção) para o que desce,
o   o sexto da Humildade (Renunciar a qualquer conforto externo) para o que sobe;
·         o sexto da Soberba (Arrogância) para o que desce,
o   o sétimo da Humildade (Renunciar ao reconhecimento dos méritos pessoais) para o que sobe;
·         o quinto da Soberba (Singularidade) para o que desce,
o   o oitavo da Humildade (Renunciar ao desejo de governar a qualquer tipo de mando) para o que sobe;
·         o quarto da Soberba (Jactância) para o que desce,
o   o nono da Humildade (Exercitar o silêncio) para o que sobe;
·         o terceiro da Soberba (Alegria tola) para o que desce,
o   o décimo da Humildade (Ser circunspecto e evitar o riso fútil) para o que sobe;
·         o segundo da Soberba (Ligeireza de espírito) para o que desce,
o   o décimo primeiro da Humildade (Ser discreto) para o que sobe;
·         o primeiro da Soberba (Curiosidade) para o que desce,
o   o décimo segundo da Humildade (Rememorar a própria pequenez e a degradação dos pecados cometidos, fazendo tudo não mais pelo temor do inferno, mas por amor a Cristo) para o que sobe.
(Resumo esquemático Regra de São Bento Capitulo VII)
- Quanto houveres encontrado, ou melhor, reconhecido em ti tais degraus
da soberba, já não terás de laborar para encontrar o caminho da humildade.

Os Graus da Humildade e da Soberba-São Bernardo de Claraval-Editora Concreta

quinta-feira, 17 de novembro de 2016

Vícios: Impureza, Ganância e Poder

Julgamento falso e repreensões divinas
- Por causa dos vícios: Impureza, Ganância e Poder, os pecadores pronunciam um julgamento falso, como passo a explicar-te.
- Embora sejam retas as minhas ações e praticadas com amor e justiça, os pecadores continuamente se opõem a elas.
- Foi com semelhante falso juízo, envenenado ainda pela inveja e orgulho, que (os judeus) injustamente condenaram a atividade de meu Filho.
- Mentindo eles diziam: "Ele age na força de Belzebu" Mateus 12,24.
- Hoje os pecadores comportam-se da mesma maneira, cheios de egoísmo, impureza, orgulho, ganância e inveja.
- Baseados em interpretações falsas, impacientes e por outros defeitos, em tudo se opõem a mim e a meus servidores, que chamam de fingidos.
- Donos de um coração corrompido e de uma viciada percepção dos fatos, julgam más as coisas boas e vice versa.
- Ó cegueira humana, que nem respeitas a própria dignidade:
·         sendo grande, fazes-te pequena;
·         de senhora, tu fazes-te escrava do mais vil patrão, o pecado.
- Tornas-te semelhante aquele a quem serves e como o pecado é nada, a nada te reduzes. Perdes-te a vida, encontraste a morte.
- O Verbo Encarnado, meu Filho único e ponte de glória, deu aos homens vida e grandeza:
·         Eram escravos do demônio e ele os libertou.
·         Para que cumprisse tal missão, tornei-o servo;
·         para cobrir a desobediência de Adão, exigi que obedecesse;
·         para confundir o orgulho, humilhou-se até a morte de cruz.
- Por sua morte, destruiu o pecado; já ninguém, pode dizer: "Restou este ou aquele vício, que não foi remido com seus sofrimentos."
- No intuito de livrar a humanidade da morte eterna, fez de seu corpo uma bigorna (Cristo atrai a si todas as coisas) e usou todos os remédios.
- No entanto, os pecadores desprezam seu sangue, pisoteiam-no com um amor desordenado.
- Esta é a injustiça, este o julgamento falso a respeito do qual o mundo é e será repreendido até o dia do Juízo Final. A esse respeito, dizia meu Filho: "Mandarei o Paráclito; Ele repreenderá o mundo da injustiça e do julgamento falso." João 16,8.
- Tal repreensão começou quando enviei o Espírito Santo sobre os apóstolos. 

São três as repreensões:
1ª repreensão: A Voz da Igreja
- A primeira repreensão iniciou, com a vinda do Espírito Santo sobre os discípulos. Fortalecidos pelo Meu Poder, iluminados pela Sabedoria do amado Filho, receberam a Plenitude do Espírito Santo. Este, que é uma só coisa comigo e com meu Filho, repreendeu então o mundo pela boca dos apóstolos através da mensagem de Cristo.
- Por tal forma, eles e os sucessores que ouviram a Verdade, repreendem o mundo.
- É a mesma perene repreensão, sempre feita ao mundo pelas Escrituras Sagradas e pelos meus servidores.
- Coloco o Espírito em seus lábios e eles dizem a verdade, da mesma forma como o demônio se põe na boca dos seus asseclas, que pecaminosamente vão pelo rio do pecado.
- É a mesma doce e contínua repreensão realizada por mim com imenso amor pela salvação humana.
- Não se pode dizer: "Ninguém me chamou a atenção"!
A todos foi mostrada a verdade sobre o vício e a virtude,
sobre os frutos das virtudes e as conseqüências do pecado.
- Para que odiassem o mal e amassem o bem, a todos foi oferecido o amor e o santo temor.
- Nem foi um anjo a lhes revelar a mensagem da Verdade, de modo que pudessem escusar-se, dizendo: "O anjo é um espírito feliz, não padece, não sente as fraquezas da carne como nós ou o peso do corpo". Não, não podem falar assim, pois enviei-lhes o Filho, homem mortal como vós.
- E os demais servidores do meu Filho, como eram?
- Criaturas mortais e passíveis como vós, sujeitos as lutas da carne contra o espírito. Assim aconteceu com o glorioso apóstolo Paulo, assim com os outros santos.
- Cada um deles, a seu modo, sofreu as tentações da Sensibilidade. (14.2)
- Permiti e ainda permito essas dificuldades para o crescimento da graça e das virtudes nas almas. Como vós, os santos nasceram no pecado, nutriram-se do mesmo alimento (Eucaristia).
Também Eu Sou o mesmo Deus daquelas épocas;
Meu Poder não diminuiu.
Posso, quero e sei socorrer a quem deseja ser por mim socorrido.
- Assim os pecadores abandonam o Rio do Pecado e vão pela Ponte, vivendo a mensagem do meu Filho.

2ª repreensão: O Juízo particular
- Os pecadores não podem desculpar-se.
- Continuamente são por mim convidados ao Conhecimento da Verdade (conforme Catecismo da Igreja Católica §851).
- Não se corrigindo enquanto podem fazê-lo, uma segunda repreensão os condenará. Ela acontece no último instante da vida, quando meu Filho chamar:
"Levantai-vos, ó mortos, vinde para o julgamento"!
- Tu que morreste para a graça e morto chegas ao fim da vida terrena, levanta-te, aproxima-te do Supremo Juiz. Aproxima-te com tua maldade, com teus julgamentos falsos, com a lâmpada da fé apagada. No Santo Batismo, ela foi-te entregue acesa; tu a apagaste com o sopro do orgulho e da vaidade do coração, usados como velas enfunadas as ventanias contrárias a salvação.

- O amor da fama soprava teu amor próprio (egoísmo) e tu corrias alegre pelo rio dos prazeres mundanos; seguias a frágil carne, as incitações do demônio, as tentações. Tua vontade era um pano retesado e o diabo te conduziu pela estrada do mal, junto com ele, para a eterna condenação.
- Filha muito querida, esta segunda repreensão se dá no fim da vida, quando não há mais remédio.
- Ao chegar no instante da morte, o homem sente remorso.
- Já afirmei que ele é um verme cego por causa do egoísmo.
- No instante final, quando a pessoa compreende que não pode fugir das minhas mãos, esse verme recupera a visão e atormenta interiormente a pessoa, fazendo ver que por própria culpa chegou a tão triste situação.

- Se o pecador se deixar iluminar e se arrepender - não por medo dos castigos infernais, mas por ter ofendido a suma e eterna bondade - ainda será perdoado.
- Mas se ultrapassar o momento da morte nas trevas, no remorso, sem esperança no sangue ou, então, lamentando-se apenas pela infelicidade em que se acha - e não por ter me ofendido - irá para a perdição.
- Sobrevirá, pois, a Repreensão pela injustiça e Julgamento falso:
·         Em primeiro lugar, a Repreensão da injustiça e do Julgamento falso em geral, praticados no conjunto de suas ações;
·         depois, em particular, do último instante, quando o pecador considera seu pecado maior que minha misericórdia.
- Este (Mateus 12,32) é o pecado que não será perdoado, nem aqui nem no além. O desprezo voluntário da minha misericórdia constitui pecado mais grave que todos os anteriores. Neste sentido, o desespero de Judas desagradou-me e foi mais grave que a sua traição.
- Também para meu Filho! É por causa deste (último) Julgamento falso que o pecador sofre a repreensão, ou seja, porque acha que sua falta é maior que meu perdão. Este é o motivo da punição, indo sofrer eternamente com os demônios.

- A Repreensão da injustiça acontece porque os pecadores sentem mais tristeza pelos próprios danos que por me terem ofendido.
- São injustos, no sentido de que não atribuem a mim o que me pertence e a si o que é deles.
- A mim deveriam oferecer o amor, a tristeza e contrição dos pecados cometidos. Mas agem no sentido oposto, só demonstrando auto compaixão e angústia pelo castigo que lhes merecem seus pecados. Como vês, são injustos. E por tal motivo são punidos por uma e outra coisa.
- Já que desprezaram meu perdão, com justiça mando-os ao castigo (Mateus 25, 41), juntamente com a Sensualidade e o tirano demônio, a quem na Sensualidade serviam.
- Já que solidariamente me ofenderam, juntos serão punidos e atormentados. Os próprios demônios, encarregados por mim de cumprir a sentença de justiça, atormentá-los-ão.
- Filha, tua linguagem é incapaz de descrever os sofrimentos, destes infelizes.
- Sendo três os seus vícios principais - egoísmo, medo de perder a boa fama e orgulho - os quais se acrescentam a injustiça, a maldade e vergonhosos pecados, no inferno os pecadores padecem quatro tormentos principais:
Primeiro tormento no inferno: a ausência da visão de Deus.
- Um sofrimento tão grande que os condenados, se fosse possível, prefeririam sofrer o fogo vendo-me, que ficar fora dele sem me ver.

Segundo tormento no inferno: o remorso.
- Como conseqüência, é o remorso que corrói interiormente o pecador privado de mim, longe da conversação dos anjos, a conviver com os demônios.

Terceiro tormento no inferno: visão do diabo.
- Ao vê-lo, duplica-se o sofrer.
- No céu os bem-aventurados exultam com minha visão e sentem rejuvenescer o prêmio recebido pelas fadigas amorosamente suportadas (no mundo);
- Da mesma forma, mas em sentido contrário, os infelizes danados vêem crescer seus padecimentos ao verem os demônios. Nestes, eles se conhecem melhor, entendendo que por própria culpa mereceram o castigo.
- Assim o remorso os martiriza e jamais cessará o ardor da consciência.
- Muito grande é este tormento, porque o diabo é visto no próprio ser; tão horrível é sua fealdade, que a mente humana não consegue imaginar.
- Se ainda o recordas, já te mostrei o demônio uma vez assim como ele é; foi por um átimo de tempo. Quando retornaste aos sentidos, preferias caminhar por uma estrada de fogo até o Juízo final que tornar a vê-lo.
- No entanto, apesar do que viste, ignoras sua fealdade. Especialmente porque, segundo a justiça divina, ele é visto mais ou menos horrível pelos condenados, segundo a gravidade das culpas.

Quarto tormento no inferno: fogo.
- Um fogo que arde sem consumir, sem destruir o ser humano.
- É algo de imaterial, que não destrói a alma incorpórea.
- Na minha justiça permito que tal fogo queime, faça padecer, aflija; mas não destrua.
- É ardente e fere de modo crudelíssimo em muitas maneiras, conforme a diversidade das culpas.
- A uns mais, a outros menos, segundo a gravidade dos pecados.

- Destes quatro tormentos derivam os demais: o frio, o calor, o ranger de dentes (Mateus 22,13).
- Como vês, repreendo os pecadores nesta vida por seus Julgamentos falsos e injustiças;
·         se não se corrigem, faço-lhes uma segunda repreensão na hora da morte;
·         pela ausência de esperança e arrependimento, sobrevem-lhes a morte eterna em indizível infelicidade.


3ª repreensão: O Juízo final
- Passo a tratar do Julgamento geral, quando a alma do condenado sentirá renovar-se o seu tormento, e mesmo aumentar, com a recuperação do corpo.
- Será um padecimento intolerável, acompanhado de muita confusão e vergonha. Quero que entendas quanto se enganam os pecadores (neste mundo).
- Por ocasião do Juízo final, o Verbo encarnado virá com divina majestade para repreender o mundo. Não mais se apresentará pobrezinho, na forma como nasceu da Virgem numa estrebaria, entre animais, para morrer depois no meio de ladrões.
- Naquela ocasião, ocultei nele o Meu poder e permiti que suportasse penas e dores como homem:
·         A natureza divina se unira a humana e foi enquanto homem que sofreu para reparar vossas culpas.
- No Juízo final, não será assim, pois virá com poder a fim de julgar:
·         As criaturas humanas estremecerão e Ele a cada um dará a sentença conforme o merecimento.
- Tua língua não consegue exprimir o que se sucederá aos condenados.
- Para os bons, Jesus será motivo de temor santo e alegria imensa.

- Em si mesmo, meu Filho não terá diferenças, pois sendo Deus, é imutável. Ele é uma só coisa Comigo.
- Pela gloria da ressurreição, até a natureza humana não padece mudanças.
- Mas os condenados não o verão assim:
·         Olhá-lo-ão com visão obscurecida e horrível, como lhes é próprio.
- O olho doentio, mesmo diante do sol, somente vê escuridão, ao passo que o olho sadio vê apenas luz. Não que o sol, em sua luz, transforme-se diante do cego ou daquele que possui bons olhos. o defeito está na cegueira.
- O mesmo acontece com os condenados:
·         Verão o Ressuscitado em escuridão, na confusão, no ódio.
Repito: não por imperfeição da Majestade divina, que virá julgar o mundo, mas por causa da própria cegueira.
- Grande é o ódio dos condenados, pois já não amam o bem. Blasfemam continuamente contra mim!
- Queres saber por que já não podem desejar o bem?
- É porque, no fim desta vida, vincula-se o Livre Arbítrio.
- Com o cessar do tempo, já não se merece mais.
- Quem termina esta existência no pecado mortal, por direito divino fica para sempre apegado ao ódio, obstinado no mal, a roer-se interiormente.
- Seus sofrimentos irão aumentando sempre, especialmente por causa das demais pessoas que por sua causa irão para a condenação:
- Tendes a respeito disto o exemplo do rico epulário (Lucas 16,27), que suplicava a Lázaro para que fosse até seus irmãos, no mundo, a fim de adverti-los sobre os futuros castigos.
- Ele não agia assim por amor e compaixão deles.
- Não tinha mais a virtude da caridade, nem poderia desejar-lhes o bem, seja querendo honrar-me ou salvar os irmãos.
- Já te disse anteriormente que os condenados ao inferno não podem fazer o bem:
·         eles só blasfemam contra mim, uma vez que suas vidas acabaram no ódio a todo bem.
- Porque então o rico epulário fala daquela maneira?
- Porque fora o mais velho dos irmãos e dera-lhes maus exemplos durante a vida:
·         Pessoalmente era causa de condenação para eles.
- Se viessem para a sua companhia, teria seus próprios tormentos aumentados.
O Diálogo | Santa Catarina de Sena 14.3