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terça-feira, 31 de março de 2020

Obrigações de estado e o Amor


Obrigações de estado e Amor
O texto Bíblico de Efésios 5, 21-23 nos apresenta uma polêmica exigência:
“Como a Igreja está sujeita a Cristo, estejam as mulheres sujeitas aos seus maridos... E vós, maridos, amai as vossas mulheres como Cristo amou a Igreja e se entregou por ela... Assim também os maridos devem amar as suas próprias mulheres, como a seus próprios corpos. Quem ama a sua mulher ama-se a sí mesmo, pois ninguém jamais quis mal a sua própria carne, antes alimenta-a e dela cuida, como também faz Cristo com a Igreja, porque somos membros do seu corpo...”

- No Matrimônio, muitas vezes, cumprimos tudo o que a moral e as “obrigações de estado” nos propõem a viver, ou seja: Ter uma casa, trazer alimento, ter filhos, leva-los a escola, cuidar da vestimenta, providenciar transporte, ser casto, dar presente nos aniversários, passear com seu cônjuge e com a família, etc... São obrigações licitas e que acumulamos méritos para com o cônjuge, com os filhos, parentes, amigos e ficamos quites com a sociedade e com nós mesmos quando tudo vai bem.
Mas,
As tempestades, tribulações, doenças, Epidemias e problemas financeiros nos atingem de vez em quando, dai temos a impressão que tudo o que fazemos não é o suficiente, pois os desentendimentos se tornam mais frequentes, os julgamentos, as cobranças, as culpas vão tomando conta da rotina do casal. Daí pensamos o que será que fiz para merecer isso, ou porque só acontece comigo, porque Deus me abandonou?
- Muitas vezes cumprimos todas as “obrigações de estado”, temos tudo o que é necessário para uma vida normal, mas esquecemos daquilo que não é obrigação, mas é essencial para que ninguém culpe ninguém quando das tempestades e sofrimentos que nos assolam: AMAR.
- AMAR não é obrigação, mas é um Mandato de Deus para que não somente o matrimônio corra bem, mas tudo.
- Podemos até mantermos uma fachada, alimentando nosso matrimônio com coisas materiais e nos escondendo na correria do dia a dia, culpando a falta de tempo, mesmo sabendo no intimo do coração que está faltando alguma coisa. Daí quando temos tempo percebemos que realmente alguma coisa está acontecendo ou não aconteceu; é o Amor, a única coisa de eu não era “obrigado” a dar mas que foi suprimido pela paixão no inicio do relacionamento e estendido até o matrimônio.
Ainda há tempo.
- Se nos falta Amor ao cônjuge ou aqueles a quem Nosso Senhor nos confiou, peçamos socorro a fonte do Amor, Nosso Deus; Aquele que mandou-nos Amar, mas por um motivo ou outro deixei passar despercebido ou não sabia o que era Amar, confundi com outro sentimento, vai nos socorrer com sua Providência de Amor, vai nos capacitar ao Amor.
- Meditemos no Amor do Pai que deu seu Filho Único, Nosso Senhor Jesus Cristo, para morrer em nosso lugar.
- Jesus é nosso modelo de Amor, peçamos a Ele e a intercessão de Nossa Senhora, sua mãe e nossa  mãe, que nos ensine a Amar como Ele nos Ama desde toda a eternidade.


Amar onde quer que eu esteja
- Estendamos este conceito às outras dimensões de nossa vida, para melhor compreendermos o que realmente é o Amor: Na profissão, nos estudos, no lazer, no trânsito...
- Faço somente o que é determinado pelas instituições e pelas Leis ou vou além?
- Imagine um médico que mesmo depois de formado, continua seus estudos para dar muito mais a seus pacientes;
- Imagine o Cientista que mesmo depois de receber seu diploma de formação acadêmica continua pesquisando e entregando a Comunidade Cientifica seus esforços extras para descobrir uma nova Vacina para uma grave Pandemia que assola o mundo.
- Imagine um professor que vai além dos livros e ensine a seus alunos não somente a teoria, mas como aplicar em suas vidas.
- Imagine um Padre que mesmo depois de ordenado, continua seus estudos e rogando a Deus por seus fieis, dando bons exemplos de como Amar a Deus sobre todas as coisas e ao Próximo como a sí mesmo, ensinando a seus fieis a serem santos como Deus é santo. Pense em sua pregação, pois as palavras ditas com Amor, Libertam.
- Imagine você no trânsito caótico da cidade grande e alguém, que sem paciência, age de forma irresponsável; qual sua reação? Você julga ou reza por ele?
- Imagine um Economista que estudando novas possibilidades, além das existentes, apresenta uma nova formula de distribuição de renda, sem colocar em risco a economia de sua nação.
- Imagine você, nas várias dimensões da sua vida, o que pode dar além das “obrigações de estado” que já cumpre, este acréscimo é o que chamamos de Amor, Amor ao próximo; aqui você cumpre os dois mandatos de Deus ao mesmo tempo: Ama a Deus no próximo.
- Imagine todos nós cumprindo o que Jesus mandou: Amar a Deus sobre todas as coisas e o próximo como a si mesmo (Amar a Deus no próximo), creio que faríamos muito mais que nossa “obrigação de estado” e o mundo em que vivemos transformaria.

Como Amar e praticar as obras de misericórdia: Pela ação, pela Palavra ou pela Oração.

Consequências do Amor
- Lembra daquela passagem Bíblica (Mateus 19, 16-30) em que o Jovem Rico que já cumpria todos os mandamentos, sentia em seu coração que faltava algo? O que Jesus lhe recomendou? Vai vende tudo e siga-me. Sim, o Amor requer despojamento, desprendimento, perdão e doação.
- O Amor tem um preço: doação da vida pelo outro (lembre-se de Jesus, nosso modelo), Amar é dar a vida pelo próximo, Amor e sofrimento se fundem em uma só coisa. 
“O Cerne do Amor é o sacrifício e o sofrimento”, Diz Deus Pai a Santa Faustina §1103
- Quem morre primeiro? Quem mais ama.
- O médico que mais Ama, se expõe mais, morre amando.
- O Padre que mais Ama, mais se expõe para salvar seu rebanho.
- O Bombeiro que mais Ama, encara o fogo para salvar uma vida.
- O Soldado que mais Ama, defende a vida do próximo.
- Os covardes não amam, demoram mais para morrer.
- Os fracos não amam, precisam de mais exemplos para amar mais.
O mundo é dos espertos, mas o céu é para aqueles que amam.

“Enquanto viveis neste mundo, podeis e deveis progredir;
se alguém estaciona, por isso mesmo retrocede.”
Santa Catarina de Sena 24,2

Texto revisado por Padre Cirio Alessandro Jacinto.

quinta-feira, 7 de setembro de 2017

Atitudes que salvam


- Toda Atitude que Deus exige de nós obtêm-se um mérito, seja para nós mesmos, seja para as almas que estão no perigo de perderem-se.
- Toda ação tem uma reação.

Abandono
- O primeiro dos tesouros é um grande abandono a tudo que Eu te pedir direta ou indiretamente, confiando, sem cessar, na Bondade de Meu Coração que toma sempre cuidado de ti.
  • Assim repararás o orgulho de tantas almas que duvidam do Meu Amor.

Humildade
- O segundo destes tesouros é uma humildade profunda que consistirá em reconheceres que não és nada, em te abaixares diante de todas as Irmãs, e quando Eu te disser, em pedires também a tua Madre que te humilhe.
  • Repararás assim o orgulho de muitas almas.

Mortificação
- O terceiro é o tesouro de uma grande mortificação em tuas palavras e ações.
- Quero que te mortifiques corporalmente tanto quanto a obediência te permitir e que recebas com verdadeiro desejo os sofrimentos que Eu mesmo te enviar.
  • Assim repararás a imortificação de grande número de almas e Me consolarás de algum modo pelas ofensas que Me causam tantos pecados de sensualidade e tantos prazeres maus.
27.dezembro.1920 a 09.janeiro.1921.


Dou-vos Graça e Força para vencerdes a natureza
- Se vos peço Amor, não o recuseis: é tão fácil amar Aquele que é o próprio Amor.
- Se exijo alguma coisa que custe a vossa natureza, dou-vos ao mesmo tempo a graça e a força necessária para vos vencerdes.

- Escolhi-vos para encontrar em vós consolo.
- Deixai-Me pois, entrar em vossa alma e, se nada tendes que seja digno de Mim, dizei com humildade e confiança:
  • Senhor, conheceis as flores e os frutos de meu jardim. Vinde e dizei-me o que devo fazer para que desde já cresça a flor que desejais.
- A alma que assim Me falar com verdadeiro desejo de Me dar provas de seu amor, Eu responderei:
  • Alma caríssima, se queres que teu jardim produza a flor de que gosto:
    • deixa que Eu próprio o cultive,
    • deixa-Me lavrar essa terra,
    • deixa-Me arrancar as raízes que Me estorvam e que tu não tens coragem para tirar.
  • Se te peço sacrificares teus gostos ou teu caráter, tal ato de caridade, de paciência ou de abnegação, tal prova de zelo, de obediência ou de mortificação, isso é o adubo que fertilizará o solo, permitindo-lhe produzir flores e frutos:
    • A vitória que alcançares sobre ti mesma dará luz a um pecador.
  • Um aborrecimento suportado com alegria:
    • cicatrizará as feridas que ele Me causou, reparará sua ofensa e expiará sua falta.
  • Uma observação aceita com paz e até com alegria:
Obterá para as almas, cegas pelo orgulho, 
a graça de deixarem penetrar luz em si 
e de pedirem humildemente perdão.
- Farei isto em tua alma se nela me deixares em liberdade.
- Então, nela crescerão flores, rapidamente, e serás o consolo de Meu Coração.
- Estou a busca de consolo e quero encontra-lo em Minhas Almas Escolhidas.
06.março.1923

“Apelo ao Amor” A mensagem do Coração de Jesus ao Mundo e Sua Mensageira Irmã Josefa Menéndez da Sociedade do Sagrado Coração.


segunda-feira, 24 de abril de 2017

Jesus as almas comuns


Apelo de Jesus as almas comuns
- Dirijo-Me a todos:
  • As almas consagradas e as do mundo;
  • Aos justos e aos pecadores;
  •  Aos sábios e aos ignorantes;
  • Aos que governam e aos que obedecem.
- A todos venho dizer:
  • Se queres felicidade, Eu Sou a Felicidade;
  • Se procurais riqueza, Eu Sou a Riqueza infinita.
  • Se DESEJAIS paz, Eu Sou a Paz.
  • Sou a Misericórdia e o Amor.
Diferentes respostas das almas aos convites e ao Amor de Deus
- Uns Me conheceram verdadeiramente e, sob o impulso do amor, sentiram acender-se neles vivo DESEJO de se dar completa e desinteressadamente ao Meu serviço que é o de Meu Pai.
- Perguntaram-Lhe que poderiam fazer por Ele, e Meu Pai respondeu:
  • Deixa a vossa casa, abandonai os vossos bens, renunciai a vós mesmos, depois vinde após mim e fazei tudo o que Eu vos disser!

- Outros sentiram o seu coração comover-se a vista do que o Filho de Deus fez pela sua salvação. Cheios de boa vontade, apresentaram-se a Ele, procurando como poderiam reconhecer a Sua Bondade e trabalhar pelos Seus interesses, mas sem abandonar os próprios.
- A esses disse o Pai:
  • Guardai a lei que o Senhor Vosso Deus vos deu. Guardai os Seus Mandamentos e, sem desvio para a direita ou para a esquerda, vivei na paz dos meus servos fieis.

- Outros, pouco compreenderam quanto Deus os ama!
  • Todavia, não lhes falta boa vontade e vivem sob a sua lei, mas sem amor, e são levados pela inclinação natural para o bem, que a graça deixou no fundo de sua alma. Estes não são servos voluntários, porque não se oferecem as ordens do Seu Deus... Mas, como não há neles má vontade, basta-lhes uma indicação, em muitos casos, para se prestarem ao Seu serviço.

- Outros enfim, mais por interesse que por amor, não se submetem a Deus senão na medida estreitamente exigida para não perderem a recompensa final prometida a observância da Sua Lei.

- Mas, apresentam-se porventura todos os homens ao serviço do Seu Deus?

- Não há também os que ignoram o grande Amor de que são objeto e que não corresponderão jamais ao que Jesus Cristo fez por eles?
- Ai!... se muitos O conheceram e desprezaram, muitos nem mesmo O conhecem!

A todos Jesus Cristo vai dizer uma palavra de amor
A quem não Me conhece:
- Falarei primeiro aqueles que não Me conhecem, sim... a vós filhos queridos, que, desde a mais tenra infância, vivestes longe de Vosso Pai! Vinde! Eu vos direi porque O não conheceis e, quando souberdes quem é Ele, e que Coração amante e terno tem para vós, não podereis resistir ao Seu Amor.
- Não acontece muitas vezes aqueles que crescem longe de seus pais, terem pouco ou nenhum amor para com eles?... Mas, se, um dia, a esses filhos se revelam a doçura e a ternura de um pai e de uma mãe, não se prendem a eles talvez ainda mais do que aqueles que, desde a infância, nunca deixaram o lar?

A quem não Me ama, Me odeia e Me persegue:
- A vós, que não somente não Me amais, mas ainda Me odiais e até Me perseguis, perguntarei:
- Por que esse ódio tão grande?
- Que vos fiz para que Me maltrateis dessa maneira?
- Muitos nunca propuseram a si mesmos esta pergunta e hoje que Eu próprio lhe proponho, responderão talvez:
  • Não sei.
- Pois responderei Eu por vós:
  • Se, desde a vossa infância, não Me conheceis é porque ninguém vos ensinou a conhecer-Me. E, ao passo que foi crescendo, cresciam também em vós as inclinações da natureza viciada:
    • O amor do prazer e do gozo,
    • O DESEJO da riqueza e da liberdade...
- Depois, um dia, ouvistes falar de Mim, ouvistes dizer que, para viver segundo a Minha Vontade, é preciso amar e suportar o próximo, respeitar os seus direitos e os seus bens, submeter e refrear a própria natureza; numa palavra, viver sob o jugo duma Lei.

A quem segue somente suas paixões:
- E vós que desde os vossos primeiros anos, viveis seguindo a inclinação da natureza e talvez os incitamentos das vossas paixões, vós, que não sabíeis de que Lei se tratava, protestastes bem alto:
  • Quero gozar! Quero ser livre! Não quero outra lei senão o meu gosto!
- Foi assim que começastes a odiar-Me e a perseguir-Me... Mas, Eu, que Sou Vosso Pai, Vos amava. E enquanto vos via tão cegamente revoltados, o Meu Coração, mais que nunca se enchia de ternura por vós. Assim se passaram os anos de vossa vida, muitos talvez.

Eu Sou Jesus
- Hoje, não posso conter por mais tempo o impulso do Meu Amor!
- E, vendo que viveis em guerra declarada contra Aquele que tanto vos ama, venho Eu mesmo dizer-vos quem Sou.
- Filhos queridos! Eu Sou Jesus, e este Nome significa Salvador. Por isso é que as minhas Mãos foram transpassadas pelos cravos que Me prenderam a Cruz, onde morri por vosso amor.
- Os Meus pés ostentam o vestígio das mesmas feridas, e o Meu Coração está aberto pela lança que o atravessou depois da Minha Morte!
- É assim que Me apresento a vós, para vos ensinar quem Sou e qual é a Minha Lei. Não vos atemorizeis! É a Lei do Amor!...
- E quando Me conhecerdes, achareis paz e felicidade.
- É triste viver na orfandade: vinde, filhos Meus, vinde a Vosso Pai.

A quem Me persegue porque não Me conhece:
- As pobres almas que Me perseguem porque não Me conhecem.
- Quero dizer-lhes o que Sou Eu e o que elas são:
  • Eu Sou o Vosso Deus e Vosso Pai! O Vosso Criador e o Vosso Salvador!
  • Vós sois as minhas criaturas, os meus filhos, os meus resgatados também, porque foi a custa da Minha Vida e do Meu Sangue que vos livrei da escravidão e da tirania do pecado.
  • Vós tendes uma alma grande, imortal e feita para a felicidade sem fim, tendes uma vontade capaz do bem, um coração nobre que tem necessidade de amar e de ser amado.
- Se procurais apagar com bens terrenos e passageiros essa sede de felicidade e essa necessidade de amar, tereis sempre fome e nunca achareis alimento que vos sacie. Vivereis continuamente em luta convosco, sempre tristes, inquietos e perturbados.
- Se sois pobres e o vosso ganha pão é o trabalho, as misérias da vida vos encherão de amargura.
- Sentireis crescer em vós o ódio contra aqueles que são vossos patrões e, talvez, ireis até o ponto de lhes DESEJAR a desgraça, a fim de que também eles se vejam como vós, sujeitos as mais duras necessidades...
- Sentireis cair sobre vós o cansaço, a revolta, o desespero, mesmo porque o caminho é áspero e, por fim é fatal a morte!
- Sim, sob o ponto de vista humano, tudo isto é duro!
- Mas Eu venho mostrar-vos a vida sob um aspecto real, muito diferente daquilo que vedes:

- Vós, que estais privados dos bens da terra e obrigados a trabalhar sob o comando de um patrão para viver, não sois todavia escravos, mas fostes criados para ser livres na eternidade...

- Vós, que procurais amor e que nunca vos sentis saciados, fostes feito para amar, não o que passa mas o que é eterno...

- Vós, que amais profundamente a vossa família e que trabalhais para assegurar a sua subsistência, o seu bem estar e a sua felicidade na terra, não esqueçais que se a morte um dia vos separa dela será por pouco tempo...

- Vós, que servis um patrão e que deveis trabalhar para ele, amá-lo e respeitá-lo, cuidar dos seus interesses e valoriza-los com o vosso trabalho e vossa fidelidade; não esqueçais que esse patrão não é o vosso patrão senão por poucos anos, pois a vida passa rapidamente e vos conduzirá a um lugar em que não mais sereis operários, mas reis para toda a eternidade...

- A vossa alma que foi criada por um Pai que vos ama, não com qualquer amor, mas com amor imenso e eterno, encontrará um dia o lugar da felicidade sem fim que Esse Pai vos prepara, resposta a todas as suas necessidades.
  • Lá, encontrareis a recompensa do trabalho cujo peso houverdes suportado aqui na terra.
  • Lá, encontrareis a família que tanto amastes sobre a terra e pela qual vertestes vossos suores.
  • Lá, vos unireis ao Vosso Pai que é Vosso Deus!
  • Se soubésseis a felicidade que vos espera!

- Mas, ouvindo-Me, talvez estejas dizendo:
- Quanto a mim, não tenho fé! Não creio na outra vida!

- Não tens fé?
- Então se não crês em Mim, porque Me persegues?
- Porque te revoltas contra as minhas Leis, e fazes guerra aqueles que Me tem amor?
- E se queres a liberdade para ti, porque não a dás aos outros?

- Não acreditas na vida eterna?
- Dize-me se vives feliz na terra e se não sentes necessidade de alguma coisa que não podes encontrar aqui...
- Procuras prazer e, se chegas a consegui-lo não ficas saciado....
- Andas atrás de riqueza e, se a encontras um dia, dentro em pouco tempo estas cansado!...

- Não, coisa nenhuma destas é o que tu DESEJAS...
- O que DESEJAS, certamente não encontrarás na terra!
- Porque, aquilo de que tens necessidade, é de paz, não a paz do mundo, mas a dos filhos de Deus, e como poderias tu encontra-la no seio da revolta?

- Por isso é que Eu venho mostrar-te onde está essa paz, onde encontrarás essa felicidade, onde saciarás esta sede que há longo tempo te devora.
- Não te revoltes, se Me ouves dizer-te:
- Tudo isso, encontrarás no cumprimento da Minha Lei; não te espantes desta palavra, a Minha Lei não é tirânica: é Lei de amor!
- Sim, a Minha Lei é de amor, porque Eu Sou teu Pai.
- Venho ensinar-te o que é essa Lei e o que é o Meu Coração que vo-la dá, esse Coração que tu não conheces e que tantas vezes tens ferido! Procuras-Me para Me dar a morte, ao passo que Eu te procuro para te dar a vida.

- Qual de nós dois triunfará?
- A tua alma ficará tão endurecida que não se renda Aquele que te deu a Sua própria Vida e todo o Seu Amor?

- Vinde agora aprender, filhos Meus, o que vos pede Vosso Pai, como prova de amor: Bem sabeis que a disciplina é necessária no exercito, e o regulamento na família bem ordenada. Também na grande família de Jesus Cristo, impõe-se uma Lei, mas uma Lei cheia de suavidade.


“Apelo ao Amor” A mensagem do Coração de Jesus ao Mundo e Sua Mensageira Irmã Josefa Menéndez da Sociedade do Sagrado Coração. 10 a 19.junho.1923

domingo, 9 de abril de 2017

Metanoia Cristã


Significado de Metanóia (Mind Set):
  • Mudança, transformação de caráter ou na maneira de pensar.
  • Mudança que resulta ou é motivada por algum tipo de arrependimento.
  • Remorso por alguma falha; penitência.
  • Modificação espiritual; conversão.
  • Modo novo de conceber ideias, de se comportar, de enxergar a vida e a realidade.
Esperança no mundo
- A Paixão de Nosso Divino Redentor deixa uma lição para nós:
  • Aqueles que, por princípios mundanos, têm como ideal obter aplauso, colocando sua esperança na aprovação dos homens, erram, porque cometem a loucura de escolher para si uma situação estável.
- A Paixão de Nosso Senhor nos mostra, de maneira eloquente, o quanto é preciso pôr nosso empenho em conhecer, amar e servir a Deus com “todo seu coração, de toda tua alma, de todo teu entendimento e com toda a tua força e o teu próximo como a ti mesmo” Marcos 12, 30-31, pouco nos importando se nos atacam ou nos elogiam, se nos recebem ou nos repudiam, mas, isto sim, se agradamos a Deus com a nossa forma de proceder.
- Ao sermos Batizados nos comprometemos –seja por nós mesmos ou na pessoa de nossos padrinhos- a renunciar ao demônio, ao mundo e a carne e ficarmos marcados com o sinal do combate.
- Não firmamos, em nenhum momento, o propósito de nos apoiarmos no aplauso dos outros. Assim sendo, devemos, sempre, nos lembrar dessas promessas de luta, que exigem de nossa parte a determinação de enfrentar todas as batalhas que tais inimigos, por nós rejeitados no Batismo, vão se apresentando no decorrer desta peregrinação.

A Cruz
- A Cruz, sinal de ignominia por constituir o pior castigo, o suplício mais horrível daqueles tempos da Encarnação de Jesus, considerado pelos Judeus como ‘Maldição Divina” Dt 21,23 e pelos romanos como infamante, a tal ponto que não era aplicado a um cidadão do Império, sendo reservado apenas aos escravos e aos criminosos mais comuns.
- No entanto, tão poderoso é este Rei Jesus que, posto nesse pedestal de humilhação, Ele o transforma em trono de glória!
- Hoje em dia, ostentar a Cruz ao peito é uma honra, e nos admiramos ao vê-la sobre as coroas ou no alto das catedrais e dos edifícios eclesiásticos:
  • É a exaltação da Cruz.
- Ora, sendo participes da vida divina, pela graça, somos chamados a trilhar a mesma via do Rei dos reis, sem nunca descer, subir para chegar ao Céu, cujas portas nos serão abertas, não por nossos méritos, mas pelos de Nosso Redentor (Metanóia).


Pela Cruz alcançamos a Luz
- Contrário a certa mentalidade muito alastrada, não é possível abolir a Cruz da face da Terra, pois, em geral, todo ser humano sofre.
- A dor é nossa companheira e só deixará de existir no Paraiso Celeste.
- É neste contexto que é imprescindível ao homem compreender o verdadeiro valor do sofrimento (Metanóia), pois uma equivocada compreensão do sofrimento leva alguns a caírem no:
  • Abatimento,
  • Revolta contra a providência,
  • Querer esquivar-se de carregar a própria cruz, cuja tentativa se torna inútil, tornando-a mais pesada, acrescentando ainda o ônus da inconformidade com a vontade de Deus, que conhece e permite cada uma de nossas angústias.
Valor da luta
- Compenetremo-nos de que a dor encerra inúmeros benefícios para nossa salvação:
  • Poderoso meio de nos aproximarmos de Deus. (Metanóia).
- Desde antes da queda, Anjos e homens, por terem sido criados em estado de prova, tem a tendência de fechar-se e esconder-se sobre si (conf Gn 3, 8-10), quando deveriam estar constantemente abertos para Deus.
- E é nisto que consiste a prova do entendimento e a compreensão de nossa realidade como Batizados, filhos de Deus e de sermos chamados de Cristãos (Metanóia).
- As lutas, reveses e aflições surgidas em nosso caminho são elementos eficazes para dirigir nosso espírito ao Bem infinito e escancarar para Ele a porta de nossa alma.
- Nessas horas experimentamos o poder da oração, sentimos nossa total dependência de Deus e nos colocamos em suas mãos sem reservas, a procura de amparo e força.
- O sofrimento pode receber o título de bem aventurança que nos faz merecer, já neste mundo, a recompensa de libertar-nos de nosso egoísmo e de vivermos voltados para Deus. Ó dor, bem aventurada dor!
- Em sua Bondade infinita, o Senhor nos “cumula de tribulações na Terra para nos obrigar a buscar a felicidade no Céu” diz Santo Antônio Maria Claret.
- O sofrimento constitui-se, então, um meio infalível de preparação para conhecer, amar e contemplar a Deus face a face.

Glória comprada pelo sofrimento
- O Verbo onipotente, Unigênito do Pai, ao Se encarnar quis passar pelas vicissitudes da condição humana, para nos dar exemplo de paciência.
- Sua Alma Santíssima que desde o primeiro instante da concepção, já possuía a glória, e esta deveria, naturalmente, refletir-se em sua carne; mas a relação natural entre alma e corpo n’Ele estava submetida a sua Divina Vontade, a qual aprouve suspender esta lei, realizando um milagre contra Si mesmo, pois preferiu tomar um corpo padecente a fim de que obtivesse com maior honra a glória do Corpo, quando a merecesse pela Paixão.
- Ele assumiu aquelas deficiências corporais derivadas do pecado original como o cansaço, a fome, a sede e a morte.
- Jesus visava apontar o combate da Cruz como causa de elevação para todos nós, Batizados, herdeiros de Deus e co-herdeiros de Cristo (conf Rm 8,17). (Metanóia).
- Tão excelente é o sacrifício de nosso Salvador, oferecendo-Se a Si mesmo ao Pai como Vitima perfeita, que os efeitos da Paixão excedem em muito a dívida do pecado. Diz o Padre Garrigou-Lagrange:
“Deus Pai pediu a seu Filho:  um ato de amor que Lhe agrada mais do que Lhe desagradam todos os pecados juntos;
um ato de amor redentor, de um valor infinito e superabundante”
Jesus lhe ofereceu o sofrimento e morte na Cruz.

O combate do Católico é sua glória
- Somos combatentes (Metanóia).
- Não fomos feitos para apoiar aqueles que põe sua esperança no mundo, mas para defender Nosso Senhor Jesus Cristo.
- O mundo só nos interessa como objeto de conquista para O Reino de Deus, pois queremos ser apóstolos, a fim de que todos os homens experimentem nossa alegria de cristãos. (Metanóia).
- Alegria proveniente da certeza (Metanóia), infundida pela fé na alma, de um dia recuperar o corpo em estado glorioso e viver a eternidade feliz no convívio com Deus, com Maria Santíssima, com os Anjos e com os Santos.
- A convicção (Metanóia) de que a Cruz conduz a Luz, isto é, a vitória e ao triunfo final, torna a alma equilibrada, calma e serena, e dá forças para encarar a morte com confiança, sabendo que no outro lado estará Aquele que por nós morreu na Cruz, pronto a nos receber (Metanóia).
- E agora? Estou preparado para a Metanóia? Ou seja:
  • Mudança,
  • transformação de caráter,
  • maneira de pensar,
  • modificação espiritual,
  • conversão. 
Metanóia de Pedro
- A famosa frase de Santo Agostinho:
“Crer para entender e entender para crer”
resume uma verdadeira Metanóia que aconteceu com Pedro; vejamos o relato em João 13, 6-9:
- “Jesus coloca agua numa bacia e começa a lavar os pés dos discípulos e a enxuga-los com a toalha que estava cingido. (Traje e função dos escravos, não dos senhores ISm 25,41).
Chega, então, a Simão Pedro, que lhe diz:
- Senhor, tu, lavar-me os pés?
Respondeu Jesus:
- O que faço, não compreenderás agora, mas o compreenderás mais tarde.
Disse-lhe Pedro:
- Jamais me lavarás os pés!
Respondeu Jesus:
- Se Eu não te lavar, não terás parte comigo.
Disse-lhe Pedro:
- Senhor, não apenas meus pés, mas também as mãos e a cabeça”

- Por não estarmos prontos, podemos voltar nas decisões tomadas; Deus purifica nosso entendimento quando cremos mas ainda não entendemos.
- Essa foi a Metanóia de Pedro: por crer em Jesus aceitou sua proposta mesmo ainda não entendendo.

- Jesus ‘sentiu’ e ‘experimentou’ toda repugnância e dor que haveremos de ‘sentir’ e ‘experimentar’ durante todo nosso processo de Metanóia (conversão).
“Não creias porém que deixei de sentir então repugnância e dor. Pelo contrário quis que a minha natureza humana experimentasse todas as que vós mesmos experimentais, a fim de que meu exemplo vos fortificasse em todas as circunstancias de vossa vida.
Também quando soou para Mim aquela hora dolorosíssima de minha Paixão, que Eu poderia tão facilmente evitar, abracei-a amorosamente para:
  • cumprir a Vontade do Pai,
  • reparar Sua Glória,
  • expiar os pecados do mundo,
  • comprar a salvação de muitas almas.
Jesus a Santa Josefa; Apelo ao Amor pg 414

Minha Metanóia
- Descreva em seu diário espiritual quais são as repugnâncias que sua natureza humana sente quando se fala de uma verdadeira conversão ao cristianismo.
- Quais as renúncias que devo proceder?
- O que me impede de ser humilde?
- O que me impede de perdoar?
- O que me impede de Amar até o extremo, como Jesus amou?
- Se voluntariamente passei a maior parte de minha vida na impiedade ou na indiferença e percebo que a eternidade já esta as portas, o que me impede de implorar o perdão?
- Qual respeito humano sinto como uma ‘repugnância’ que me está impedindo de me unir ao Senhor?
“Enquanto tiver o homem um sopro de vida, poderá ainda recorrer a Misericórdia e implorar o perdão”
Jesus a Santa Josefa; Apelo ao Amor pg 418
- Olhemos para o resultado e a recompensa que haveremos de receber na eternidade.

terça-feira, 10 de junho de 2014

Purificação Interior

Purificação interior
Quando uma alma tem certeza moral de estar na graça de Deus, embora despojada dos prazeres do mundo e dos dons de Deus, está contente sabendo que ama a Deus e é amada por ele.
Mas o que faz Deus, querendo vê-la mais purificada e despida de toda a satisfação sensível, para uni-la toda a si por meio de seu puro amor?
- Coloca-a na prova da desolação que causa uma dor pior do que todos os sofrimentos interiores e exteriores que uma alma pode sofrer. Priva-a do conhecimento de estar na graça e a deixa em densas trevas, de modo a pensar que não mais encontrará a Deus. As vezes Ele permite que seja assaltada por fortes tentações dos sentidos, tentações contra a castidade, pensamentos de desconfiança, de desespero e até mesmo de ódio a Deus.
            Parece-lhe que o Senhor a rejeitou e já não escuta as suas orações. De um lado as tentações são fortes e a concupiscência se faz sentir, de outro lado, a alma se vê em tão grande escuridão, que, embora resista com a vontade, não distingue bem se está resistindo como deve as tentações ou se nelas está consentindo.
            Com isso cresce-lhe o temor de perdido a Deus, e de que Deus, pelas suas infidelidades nesses combates, justamente a tenha abandonado de todo. Parece-lhe ter chegado a extrema ruina, de não mais amar a Deus e de ser odiada por ele.
- Santa Tereza experimentou essa provação. Diz ela que em tal estado, a solidão já não a consolava mas lhe era um tormento, e quando ia rezar, parecia-lhe encontrar um inferno.

Combater o bom combate
            Acontecendo isso a uma alma que ama a Deus, não deve ficar ela aborrecida nem o diretor espiritual ficar assustado. Tais movimentos dos sentidos, as tentações contra a fé, a desconfiança, os impulsos que a movem a odiar a Deus, são temores e tormentos da alma, esforços do inimigo, mas não são atos voluntários e por isso não são pecados.
            A pessoa que ama de verdade a Jesus Cristo resiste bem a esses combates e não consente em tais sugestões. Envolvida pelas trevas, não sabe distinguir o seu estado e se perturba. Vendo-se afastada da presença da graça, teme e se aflige. Bem se pode ver, nessas almas assim provadas, que tudo é medo e apreensão, mas não realidade. Perguntai-lhes se, enquanto se encontram abandonadas assim, cometeriam um só pecado venial conscientemente. Resolutamente responderiam estar prontas a sofrer, não uma, mas mil mortes, antes de deliberadamente dar um desgosto a Deus.

Unir-se a vontade de Deus
Devemos distinguir:
- Uma coisa é fazer um ato bom, como vencer a tentação, confiar em Deus, amar e querer o que Deus quer.
- Outra coisa é conhecer que, de fato, fazemos esse ato bom.
- Conhecer que fazemos um ato bom traz-nos consolação. O proveito não nos vem de conhecer que praticamos uma boa ação, mas de a praticarmos.
            Deus contenta-se com o ato feito e priva a alma do conhecimento. Assim ele lhe tira toda a satisfação própria que, na verdade, nada acrescenta ao ato praticado. O Senhor quer mais o nosso proveito do que a nossa satisfação.
            Consolando uma pessoa aflita, São João da Cruz escreveu-lhe:
“Nunca estiveste em melhor estado do que este, porque nunca estiveste tão humilhada e desapegada do mundo. Nunca te reconheceste tão miserável como agora, nem despojada e longe de procurar a ti mesma”
            Não creiamos, enfim, ser mais amados de Deus quando sentimos as consolações espirituais, pois, a perfeição não consiste nisso, mas em mortificar a nossa vontade e uni-la a vontade de Deus.

Perseverança na desolação
            Nessa desolação a alma não deve dar ouvidos a tentação que sugere Deus tê-la abandonado, nem deixar a oração, pois é isso que o demônio pretende para jogá-la no precipício. Diz Santa Tereza:
“O Senhor prova com aridez e tentações aqueles que o amam.
Ainda que a aridez dure toda a vida, não deixe a alma a oração; tempo virá em que tudo lhe será bem pago”.
            Em tal estado de sofrimento, a alma deve humilhar-se, julgando-se merecedora de ser assim tratada pelas ofensas feitas a Deus. Humilhar-se e resignar-se inteiramente a vontade divina, dizendo-lhe:
“Aqui estou, Senhor. Se me quereis assim desolada e aflita durante toda a minha vida ou mesmo por toda a eternidade, dai-me a vossa graça, fazei que eu vos ame; depois disponde de mim como for do vosso agrado”.

Manter-se em estado de graça
            Querer a alma ter a certeza de estar na graça de Deus, ou de que isto é provação e não abandono de Deus, será inútil e talvez causa de maior inquietação pois Ele não quer que ela saiba.
Não o quer para maior bem, para que a alma se humilhe mais e multiplique as orações e atos de confiança na sua misericórdia.
A alma quer ver e Deus não quer que veja.
            Além disso, São Francisco de Sales diz: A resolução de não consentir em nenhum pecado, por pequeno que seja, nos assegura que estamos em estado de graça”.
            Mas, quando a alma se encontra em grande desolação, nem isso conhece claramente. Ela não deve pretender sentir o que deseja, basta-lhe querer com a limitação de sua vontade. Dessa forma, deve abandonar-se toda nos braços da bondade divina. Oh! Como agradam a Deus esses atos de confiança e de resignação no meio das trevas da desolação! Confiemos no Senhor que, como diz Santa Tereza, nos ama mais do que nós amamos a nós mesmos”.

A Prática de amor a Jesus Cristo Cap XVII– Santo Afonso Maria de Ligório

terça-feira, 18 de março de 2014

Maria, 5ª, 6ª e 7ª prática de devoção

Grande Devoção pela Ave-Maria e pelo Rosário
Continua Quinta prática:
§251. Não sei como isto se faz nem por quê, mas não deixa de ser uma realidade: não tenho melhor segredo para conhecer se uma pessoa é de Deus, do que ver se ela gosta de rezar a Ave-Maria e o Terço. E digo gosta, porque pode acontecer que uma pessoa esteja na impossibilidade natural ou mesmo sobrenatural de a rezar, mas sempre gosta e a inspira aos outros.

§252. Almas predestinadas, escravas de Jesus em Maria, ficai sabendo que a Ave-Maria é a mais bela de todas as orações, depois do Pai-Nosso. É a saudação mais perfeita que podemos dirigir a Maria, porque é a que o Altíssimo lhe transmitiu por um Arcanjo, a fim de lhe ganhar o Coração. E foi tão poderosa, pelos encantos secretos de que está cheia, que Maria consentiu na Encarnação do Verbo, apesar da sua profunda humildade. Será também por meio desta saudação que lhe ganharemos infalivelmente o Coração, se a dissermos como convém.

§253. A Ave-Maria bem rezada, isto é, rezada com atenção, devoção e modéstia, segundo os santos, é a adversária que põe o demônio em fuga e o martelo que o esmaga; é a santificação da alma, a alegria dos anjos, a melodia dos predestinados, o cântico do Novo Testamento, o gozo de Maria e a glória da Santíssima Trindade.
- A Ave-Maria é um orvalho do Céu, que torna a alma fecunda; é um beijo puro e amoroso que se dá a Maria; é uma rosa vermelha que se lhe apresenta, uma pérola preciosa que se lhe oferece, é um pouco de ambrosia e de néctar divino que se lhe dá. Todas estas comparações são dos santos.
A Ave-Maria é um orvalho celeste que molha a terra, isto é, a nossa alma, para que dê frutos no seu devido tempo. Uma alma não irrigada pelo orvalho celeste dessa oração não traz nenhum fruto, mas somente tribulação e espinhos, e está próxima de ser amaldiçoada.

§254. Peço-te instantemente, pelo amor que te tenho em Jesus e Maria, que não te contentes com rezar a coroinha de Nossa Senhora, mas que rezes o Terço cada dia, e mesmo, se tiveres tempo, o Rosário quotidiano. Se o fizeres, bendirás na hora da morte o dia e o momento em que me acreditaste. Depois de teres semeado nas bênçãos de Jesus e Maria, recolherás bênçãos eternas no Céu: “Aquele que semeia nas bênçãos, bênçãos recolherá também” (2 Cor 9, 6).

O Magnificat
§255. Sexta Prática. Para agradecer a Deus as graças que concedeu à Santíssima Virgem, as almas escolhidas dirão muitas vezes o Magnificat, a exemplo da Bem-aventurada Maria de Doignies e de vários outros santos. É a única oração e a única composição da Santíssima Virgem, ou, antes, que Jesus compôs n'Ela, pois Ele falava pela sua boca. Este é o maior sacrifício de louvor que Deus recebeu na lei da graça.
- Por um lado, é o mais humilde e reconhecido, por outro, o mais sublime e elevado de todos os cânticos. Há nele mistérios tão grandes e escondidos que os anjos os ignoram.
- Gerson, doutor muito piedoso e sábio, gastou uma parte da vida a compor tratados, plenos de erudição e piedade, sobre os mais difíceis temas. Mas foi só depois, no fim da vida, que empreendeu, a tremer, a explicação do Magnificat, para assim coroar todas as suas obras. Diz-nos, num volume in-fólio, que sobre ele compôs, coisas admiráveis do belo e divino cântico.
- Entre outras coisas, ele diz que a própria Santíssima Virgem o recitava muitas vezes, particularmente depois da Sagrada Comunhão, em ação de graças.
- O erudito Benzônio, explicando também o Magnificat, conta muitos milagres operados pela sua virtude. Diz que os demônios tremem e se põem em fuga quando ouvem as palavras:
“Manifestou o poder do seu braço e confundiu os soberbos
nos pensamentos de seus corações” (Lc 1, 51).

O desprezo do mundo
§256. Sétima prática. Os fiéis servidores de Maria devem desprezar,
odiar e fugir muito do mundo corrupto, e servir-se das práticas de desprezo do mundo, que indicamos na primeira parte.

Tratado da Verdadeira Devoção a Santíssima Virgem Maria
São Luis Maria Grignion de Monfort


quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Maria sustenta o corpo e a alma

Ela os sustenta no Corpo e na Alma
§208. O segundo dever de caridade que a Santíssima Virgem exerce para com os Seus fiéis servos é que os provê de tudo, quanto ao corpo e quanto à alma. Dá-lhes vestes duplas, como acabamos de ver. Alimenta-os com os manjares escolhidos da mesa de Deus. Dá-lhes a comer o Pão de Vida que Ela própria formou: “Meus filhos, diz-lhes Ela pela boca da Sabedoria, enchei-vos dos meus frutos” (Eclo 24, 26), isto é, de Jesus, o fruto de vida, que Eu dei à luz para vós.
“Vinde, repete-lhes, comei o meu Pão, que é Jesus, e bebei o Vinho do seu Amor, que para vós preparei com o leite do meu peito” (Pr 9, 5; Ct 5, 1).
- Por Ela ser a tesoureira e a dispensadora do Altíssimo, prepara uma boa parte, e a melhor parte, para alimentar e sustentar os Seus filhos e servos.
  • Sacia-os com o pão vivo, inebria-os com o vinho que gera as virgens (Zc 9, 17).
  • Leva-os aos seios (Is 66, 12).
  • Dá-lhes tanta facilidade em levar o jugo de Jesus Cristo que quase não lhe sentem o peso, devido ao óleo da salvação em que o faz apodrecer: “Seu jugo apodrecerá por causa da abundância do azeite” (Is 10, 27).

Ela os guia
§209. O terceiro bem que a Santíssima Virgem faz aos Seus fiéis servos é que Ela os conduz e dirige segundo a vontade de seu Filho.
Rebeca conduzia seu filho Jacó e dava-lhe bons conselhos, de tempos a tempos, quer para atrair sobre ele a benção de seu pai, quer para o subtrair ao ódio e à perseguição de Esaú, seu irmão.
Maria, que é a estrela do mar, conduz todos os Seus servos fiéis a bom porto; mostra-lhes os caminhos da vida eterna e faz-lhes evitar os passos perigosos; leva-os pela mão nas veredas da justiça e sustenta-os, quando estão prestes a cair; se caem, levanta-os;
- Mãe caridosa que é, repreende-os quando erram, e chega mesmo, por vezes, a castigá-los amorosamente. Poderá um filho obediente a Maria, sua Mãe nutrícia e diretora esclarecida, perder-se nos caminhos da eternidade?
- Como diz São Bernardo: “Seguindo-a não te desvias!” (§174).
- Não receeis que um verdadeiro filho de Maria seja enganado pelo espírito maligno e caia em alguma heresia formal (§167). Onde é Maria que guia, não há lugar nem para o demônio com as suas ilusões, nem para os heréticos com as suas sutilezas: “Se Ela te sustém, não cais” (§174).

Ela os defende e protege
§210. O quarto benefício que a Santíssima Virgem presta a Seus filhos e fiéis servos é que os defende e protege contra os seus inimigos.
Rebeca, por meio dos seus cuidados e diligências, livrou Jacó de todos os perigos em que se encontrava. Livrou-o particularmente da morte que seu irmão Esaú lhe teria provavelmente dado, como outrora Caim a seu irmão Abel, tanto era o ódio e a inveja que lhe tinha.
Maria, a boa Mãe dos predestinados, abriga-os sob as asas da sua proteção, como a galinha aos seus pintainhos.
- Fala-lhes, abaixa-se até eles, condescende com as suas fraquezas.
- Cerca-os para os livrar do falcão e do abutre,
- acompanha-os como “um exército posto em linha de batalha” (Ct 6, 3).
- Um homem, rodeado por um exército bem disciplinado de cem mil homens, poderá temer os seus inimigos? (§50).
- Um fiel servo de Maria, cercado pela sua proteção e pelo seu poder imperial, tem ainda menos a temer!
- Esta boa Mãe e Poderosa Princesa dos Céus enviaria batalhões de milhões de anjos em socorro de um dos Seus servos, antes que se pudesse jamais dizer que um fiel servo de Maria, que n'Ela confiara, tinha sucumbido ante a malícia, o número e a força dos seus inimigos.

Ela intercede em seu favor
§211. Enfim, o quinto e último grande bem que esta Mãe amável presta a Seus fiéis devotos é que intercede por eles junto de seu Filho, apaziguando-o com Seus rogos. Ela os une a Ele com liames muito íntimos e nessa união os conserva. Rebeca fez aproximar Jacó do leito de seu pai, e o bom homem tocou-o, abraçou-o e até o beijou com alegria. Sentiu-se contente e saciado com a carne bem preparada que Jacó lhe trouxe, e tendo aspirado com grande prazer os preciosos aromas das roupas dele, exclamou:
“Eis que o perfume de meu filho é semelhante ao aroma dum campo fecundo, que o Senhor abençoou” (Gn 27, 27).
- Esse campo fecundo, cujo perfume regozijou o coração do pai, não é outro senão o das virtudes e méritos de Maria.
- Ela é um campo cheio de graça, onde Deus Pai semeou, qual grão de trigo dos eleitos, o seu Filho Único.
- Oh! Como um filho perfumado pelo bom odor de Maria é bem acolhido por Jesus Cristo, Pai do século futuro! (Is 9, 6). Como se une rápida e perfeitamente a Ele! Já o demonstramos mais demoradamente (§152-168; 184 e 191-200).

§212. Além disto, depois de ter cumulado de favores os Seus filhos e fiéis servos, depois de ter obtido a benção do Pai celeste, e a união com Jesus Cristo, conserva-os em Jesus Cristo e Jesus Cristo neles. Guarda-os e vela sempre por eles, para que não venham a perder a graça de Deus, e a cair nas ciladas do inimigo: “Detém os santos na sua plenitude”, e fá-los perseverar até o fim, como vimos (§173-182).
- Eis, portanto, a explicação desta grande e antiga figura da predestinação e da condenação, tão pouco conhecida e tão cheia de mistérios.

Tratado da Verdadeira Devoção a Santíssima Virgem Maria
São Luis Maria Grignion de Monfort