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terça-feira, 13 de dezembro de 2016

Resgate do EU


Resgate do EU

                                        Meu nome é José Paulo Sanitá, moro no Território dos Sentidos no País do Medo, Estado da Desmotivação, Cidade da Solidão á Rua da Perda do Prazer de Viver; sou vizinho da Srª Taquicardia mãe da Falta de Ar que é prima da Hipertensão esposa do Queda de Cabelo. Aqui o sentir é comum aos seus habitantes e a porta de entrada para este Território é o Tato, Paladar, Olfato, Visão e Audição.
                                        Minha profissão é Dor de Cabeça, minha Função é Desanimar meus clientes, o produto que vendo é Sofrimento por Antecipação, Agressividade, Sentimento de Culpa Intenso, Baixa Auto estima e Cansaço exagerado, o produto mais vendido é a Ideia de Desistir da Vida, pois a matéria prima deste produto é bem fácil de se encontrar neste Território e que ao longo da vida são propostos:
- Consumismo (tendência a comprar exageradamente ou além da necessidade);
- Corrupção (cuidados com o mundo e a sedução das riquezas terrenas);
- Hedonismo (considerar o prazer como objetivo de vida);
- Relativismo (ato de afirmar que as verdades que cremos –morais, religiosas, etc... variam conforme a época, lugar, grupo social ou indivíduos).
- Permissivismo [tudo posso, faço, ouço e vejo tudo o que quero, tudo experimento em minha vida. Contrário a Palavra de Deus que diz: “Tudo posso, mas nem tudo me convém” (ICor6,12)]
                                       No Banco Perdas e Frustrações se movimenta a Angústia e o Estresse, as moedas deste Território.
                                       O transporte utilizado aqui é feito da Matéria Prima Corrupção, o nome da empresa é Autossabotagem e o motorista é o Srº Gastrite.
                                       Fui convidado pelo Srº Inconsciente da Equipe de Reedição da Criatividade a conhecer outros Territórios utilizando o Caminho da Transfiguração; atravessar o Rio da Liberdade pela Ponte da Superação, sem bagagem, totalmente desapegado dos Bens Exteriores acumulados no Território dos Sentidos. Orientou-me a ter as seguintes disposições para viajar entre os Territórios:
Atitude Física: Recolhimento; fechar as portas dos sentidos. (conf. Mateus 6,6)
Atitude Psicológica: Raciocínio Anti dialético; predisposição a remover o modo de vida anterior para revestir-se do homem novo. (conf. Rom 12,2; Ef 4, 22-24)
Atitude Espiritual: Desejar a Sabedoria, pois Ela é a perfeição da inteligência. (conf. Sab 6)
Foi assim que cheguei ao Território Psíquico.

                  A Equipe Reinterpretar recebeu-me no Território Psíquico e foi logo dizendo-me que o EU poderia mudar seus Comportamentos através da mudança dos Pensamentos e que após o processo de mudança e Ressignificação dos Pensamentos, voltaria ao Território dos Sentidos, aplicaria o método aprendido conformando este novo comportamento com a vida sensível (Rom 12, 2).
Candidatei-me no Processo seletivo chamado Pensar antes de Agir ou Reagir.
Conquistei o Território Psíquico onde o Inteligir é comum aos habitantes deste Território.
                                        Puxa vida, o EU começou a pensar. Conheci o tão famoso Território Psíquico escondido na Cidade da Alma e em seu interior dois Estados: a Lógica e a Emoção, que tem como projeto social Gerenciar Pensamentos e Administrar Emoções. No alto Comando da Cidade da Alma está a Excelentíssima Vontade cujo defensor é o Exército do Livre Arbítrio, tem um Banco de Dados com divisões e sub divisões de altíssima tecnologia e capacidade de armazenamento chamado Memória. Com Autoridade e Poder a Vontade me exortou:
“Não te guies pelo sentimento, porque nem sempre ele está em teu poder,
mas todo poder e mérito está contido na Vontade” (Diário §1760).
                                          A princípio não entendi porque tudo era diferente da Vida Sensível, mesmo assim fiz novos amigos: Auto imagem, Auto estima, Auto consciência, Auto diálogo e Auto crítica que me encaminharam para Contemplar o Belo, soube que Ele é o Início e o Fim de tudo, Ele é a Sabedoria, Beleza, Bondade, Ordem e Harmonia em Perfeição e que o EU poderia participar de tudo d’Ele e jamais seria o mesmo depois desta experiência; porém, mandou-me Ama-lo como Ele me ama e amar aqueles a quem Ele me confiar como eu passaria a me amar quando voltasse para o Território dos Sentidos e que minha queda ou minha ascensão afetaria toda a comunidade em que vivo e a felicidade do EU é composta de conhecimento e amor (Sab 3,9). Que a restauração e transformação daqueles a quem Ele me confiar se dará pela atração não pela imposição, assim como ocorreu com o meu EU (conf. Mateus 28, 20).
                                        Soube também que o Território Psíquico é intermediário entre o Território dos Sentidos e o Território Eterno e quanto mais convivência e correspondência no Território Intermediário mais Sementes de Valor Eterno serão plantadas para compartilhar e multiplicar no Território dos Sentidos cujos frutos serão colhidos no Território Eterno.
                                        Logo que aceitei o desafio a Equipe da Qualidade de Vida me transferiu para a Cidade Metanoia, lá pratiquei o Sono Reparador a Alimentação Saudável a Arte de Ouvir e a Arte de Dialogar, descobri que é possível Resgatar a Liderança do EU que estava à deriva no Rio do Pensamento Acelerado e no Lago das Ideias fúteis.
                                     Depois de algum tempo mostraram-me uma sala silenciosa chamada Mesa Redonda do Eu onde conheci a Inteligência Multifocal e a Inteligência Existencial, tão logo aprendi a usar estas Inteligências inteligindo, percebi que o domínio dos dois Territórios era possível, poderia desfrutar de uma Vida Saudável, poderia torná-la uma Festa e que é possível também alcançar uma tal de Saúde Financeira, que, a propósito, já o tinha ouvido no Canal Prazer de Viver no Programa Código do EU como Gestor do Intelecto e das Emoções, cujo apresentador é o Ancião Resiliência que é exemplo na superação das tribulações e minha Inspiração consciente; sempre dizia: (IICor4, 8; 16-18)
“Somos atribulados por todos os lados, mas não esmagados;
postos em extrema dificuldade, mas não vencidos pelos impasses;
perseguidos mas não abandonados;
prostrados por terra, mas não aniquilados.
Embora em nós o Homem Exterior vá caminhando para sua ruína,
o Homem Interior se renova dia a dia;
pois o que se vê é transitório, mas o que não se vê é eterno”

                                           Sob a supervisão do mediador Auto controle tenho caminhado confiante, indo e vindo entre os Territórios, buscando acumular Bens Interiores, vivendo dos Bens Necessários e a desapegar dos Bens Exteriores; mesmo que de vez em quando, apressado me deparo com a Autossabotagem me oferecendo carona na Rua das Decisões para chegar mais rápido na Avenida das Escolhas e apesar de ter desejo de viver só na mansão do Território Psíquico e Espiritual o EU é sabedor que AMANHÃ terei que abandonar o Território dos Sentidos e ascender para o Território Eterno onde haverei de levar somente o Território Psíquico e possuir em perfeição os Bens Interiores desejados HOJE, porque o ONTEM não existe mais.

                                           De Território em Território, do desejo de perfeição a perfeição, dos Bens Necessários aos Bens Eternos; estes são os presentes que me foram dados e que me proporcionaram conhecer o outro lado do EU enquanto EU estava a Procura de Mim Mesmo. Eu amo todas as etapas; sou um e outro e o mesmo; minha Alma exulta de alegria e Gratidão ao Belo a oportunidade de conhece-Lo e ama-Lo, porque, sem o conhecimento dos Bens e Amor Eternos jamais seria o que sou HOJE, ou seja, ter a capacidade de compartilhar e respeitar, com toda a criação, dos Bens Passageiros.

Duvidando, Criticando e Determinando no Território dos Sentidos, Silenciando no Território Psíquico, e desejando o Território Eterno, despeço-me com um ósculo santo convidando-o a conhecer o seu EU na sua Cidade da Alma.

Esta é uma experiência compartilhada pelo autor José Paulo Sanitá com os integrantes do Curso de Gestão das Emoções para o Sucesso Profissional  (junto com seus dois filhos Jessica e Guilherme)  / GESP 19º Encontro / Dezembro/2015

quarta-feira, 21 de maio de 2014

Felizes os humildes (Santo Afonso)

10. “Quem é verdadeiramente humilde, vendo-se humilhado, mais se humilha” diz S.Joana Chantal. Sim, porque a pessoa humilde nunca se julga tão humilhada quanto merece. Os que fazem assim são chamados por Cristo de ‘felizes’. Os que são estimados, honrados e louvados por sua nobreza, ciência e poder não são chamados ‘felizes’ por Cristo.
Mas uma grande recompensa será dada no céu aos que são amaldiçoados pelo mundo, perseguidos e caluniados pelos homens, se sofrerem tudo isso com paciência: “Bem aventurados sois vós, quando vos injuriarem e vos perseguirem e mentindo, disserem todo o mal contra vós por causa de mim. Alegrai-vos e regozijai-vos, porque será grande a vossa recompensa nos céus” Mt5, 11-12.

11. Devemos praticar a humildade principalmente quando somos repreendidos por alguma falta pelos nossos superiores ou por outra pessoa qualquer.
Alguns fazem como ouriços: quando não são atacados, parecem calmos e cheios de mansidão. Mas quando um superior ou amigo o toca lembrando-lhes alguma coisa mal feita, arrepiam logo os espinhos. Respondem com azedume dizendo que não é verdade, ou que tiveram motivos para o fazer, ou que não tinham cabimento aquela admoestação. Em resumo, quem os repreende torna-se seu inimigo. Fazem como aqueles que se zangam com o médico porque os faz sofrer dores quando realiza os curativos de suas feridas.
Diz S.João Crisóstomo: “A pessoa santa é humilde, quando é repreendida, arrepende-se da falta que fez. Ao contrário, quem é orgulhoso fica magoado quando é corrigido. Fica magoado por ver descoberto o seu defeito e por isso responde e indigna-se com quem o adverte.”
S.Felipe Neri dá esta regra a quem é acusado sem motivo: “Quem quer ficar verdadeiramente santo nunca desse se desculpar, nem que seja falso o que lhe atribuem”. A única exceção acontece quando é necessário defender-se para evitar escândalo. Quando merecimento perante Deus tem uma pessoa que é repreendida, até mesmo sem razão, e se cala e não se desculpa!
S.Tereza: “Uma pessoa caminha mais para Deus quando deixa de desculpar-se do que ouvindo dez sermões. Não se desculpando, começa a adquirir a liberdade interior e a não se preocupar se dizem dele bem ou mal”.


A Prática de amor a Jesus Cristo Cap IX– Santo Afonso Maria de Ligório

sábado, 5 de abril de 2014

Desprendimento (Santo Afonso)

Quem ama a Jesus Cristo, procura desprender-se
1. Quem quiser amar a Jesus Cristo de todo o coração, precisa expulsar do coração tudo o que não é de Deu, mais o amor próprio.
- Isso é o significado de ‘não procurar o que não lhe pertence’ não procurar a si mesmo, mas só aquilo que agrada e Deus. É isto que pede o Senhor a cada um de nós: ‘Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração’
- Para amar a Deus com todo o coração, requerem-se duas coisas:
1.      Esvazia-lo das coisas da terra;
2.      Enchê-lo do amor de Deus.
0 O coração no qual existe algum afeto terreno, não pode jamais ser todo de Deus. Mas, como se purifica o coração das coisas terrenas?
- S.Felipe Neri: ‘Quanto de amor pomos nas criaturas, tanto tiramos de Deus’ Purifica-se o coração com as mortificações e com o desapego das coisas criadas. Certas pessoas queixam-se de que procuram a Deus e não o encontram. Ouçam o que diz S.Tereza: ‘Desapeguem o seu coração das criaturas e procurem a Deus que o encontrará’

            2. O erro está em alguns quererem tornar-se santos, mas a seu modo. Querem amar a Jesus Cristo, mas conforme sua inclinação, sem deixar certos divertimentos, certas vaidades no vestir, certos alimentos apetitosos.
- Amam a Deus, mas se não conseguem tal emprego, vivem inquietos. Se alguém lhes toca na fama, logo se irritam. Se não saram de uma doença, perdem a paciência.
- Amam a Deus, mas não abandonam o apego as riquezas, as honras do mundo, a vaidade de serem tidos por pessoas de classe, sábios, melhores que os outros. Essas pessoas rezam, comungam; mas porque tem o coração cheio de coisas terrenas, pouco proveito tiram. A eles o Senhor não fala, porque vê que perde tempo: ‘Eu falaria a muitas almas, mas o mundo faz muito barulho nos seus ouvidos, de modo que a minha voz não pode ser percebida por eles. Oh! Se eles se afastassem um pouco do mundo!’

- Quem está, portanto, cheio de apegos terrenos não é capaz de ouvir a voz de Deus que lhe fala. Infeliz daquele que tem apego as coisas sensíveis deste mundo! Não será difícil que, cego por eles, deixe um dia de amar a jesus Cristo; para não perder estes bens passageiros, poderá vir a perder para sempre a Deus, felicidade infinita.
- S.Tereza: ‘Se uma pessoa corre atrás dos bens perdidos, justamente acontece que também ela acaba se perdendo’

Escolha de Deus
            3. S.Agostinho: ‘Tibério Cesar queria que Jesus Cristo fosse contado entre os deusas pelo senado romano. O senado não quis admiti-lo, dizendo que ele era um Deus soberbo, desejando fazer-se adorar sozinho, sem companhia.’ Isso é verdade: Deus quer ser o único a ser adorado sozinho e ser amado por nós, não por soberba, mas porque o merece e pelo amor que nos tem. Quer todo o nosso amor, porque muito nos ama. Ele não admite que ninguém tome parte dos corações que ele quer só para si.
- S.Jerônimo: ‘Jesus é ciumento; ele não quer nossas afeições colocadas em outras coisas, senão nele só’ se por acaso vê alguma coisa ocupando um coração, é como se tivesse inveja. Ele não suporta concorrentes no amor, mas quer ser o único a ser amado: “Acaso imaginais que em vão diz as escrituras: O Espírito que habita em vós, vos ama com ciúmes.Tg4,5”

            Na Bíblia o Senhor elogia a alma-esposa, dizendo: “Jardim fechado, minha irmã esposa Ct 4,12” Chama-se de ‘jardim fechado’ porque a alma-esposa tem seu coração fechado a todos os afetos terrenos, conservando nele somente o de Jesus Cristo. Por acaso Jesus Cristo não merece todo o nosso amor?  Certamente, muito o merece pela sua bondade e pelo afeto que nos tem. Os santos entendiam muito bem tudo isso.
- S.Francisco sales: “Se eu souber que em meu coração há uma fibra que não fosse de Deus, queria logo arrancá-la”

Ser livre
            4. O rei Davi DESEJAVA ter asas livres de qualquer afeto mundano, para voar e repousar em Deus: “Tivesse eu asas como a pomba, voaria para o lugar de meu repouso. Sl 54,7”
- Muitas pessoas DESEJARIAM ver-se livre de todos os laços da terra para voarem até Deus. Dariam grandes passos, realmente, se se desprendessem de todas as coisas deste mundo. Mas, porque conservam alguma pequena afeição desordenada e não se esforçam por se libertarem o pé da terra.
- S.João Cruz: “A pessoa que está presa por algum afeto a alguma coisa, mesmo pequena, não alcançará a união com Deus, mesmo que tenha muitas virtudes. Pouco importa se o passarinho está preso com um fio grosso ou fino. Mesmo que o fio seja fino, se ele mão consegue arrebentá-lo, ficará sempre preso e não poderá voar. Como é triste ver certas pessoas, com muitas devoções, virtudes e graças de Deus, mas que por falta de coragem de acabar com uma pequena afeição, não podem chegar a união com Deus. É necessário dar um forte vôo e acabar de arrebentar esse fio. Livres de todo afeto as criaturas, não pode Deus deixar de se dar completamente a elas”

Doação total
            5. Quem DESEJA que Deus seja todo seu, deve dar-se totalmente a Ele: “O meu amado é para mim e eu para ele” Ct2,16 O meu Deus deu-se todo a mim e eu me dôo todo a Ele. Jesus Cristo, por causa do amor que nos tem, DESEJA todo o nosso amor e não estará contente enquanto não o tiver totalmente.
- S.Tereza: “Procure formar as pessoas desprendidas de todas as coisas porque se preparam para ser esposas de um Rei tão ciumento, que DESEJA até mesmo que se esqueçam de si”
- S.Maria Madalena Pazzi tirou um livro espiritual de uma noviça, simplesmente porque estava muito apegada a este livro.
- Muitas pessoas fazem meditação, visitas ao Santíssimo sacramento, comungam; mas pouco ou nada progridem na perfeição por terem o coração apegado a alguma coisa. Vivendo assim, não só serão sempre miseráveis, mas estão em risco de perder tudo.

            6. É necessário pedir a Deus que nos purifique o coração de todo o apego a terra: “Criai em mim, ó meu Deus, um coração puro Sl50,12”; do contrário, não poderemos pertencer-lhe inteiramente.
- Cristo nos ensinou que quem não renuncia a todas as coisas deste mundo não pode ser seu verdadeiro discípulo: “Assim, pois, qualquer um de vós que não renuncia a tudo quanto possui, não pode ser meu discípulo. Lc 14,33” É por causa disso que os antigos monges do deserto, quando um jovem vinha juntar-se a eles, logo lha faziam esta pergunta: “Você tem o coração vazio de todo o afeto mundano para que o Espírito Santo possa enchê-lo?

- S.Gertrudes, pedindo a Jesus Cristo a graça de entender a sua vontade, ouviu como resposta: “Outra coisa não quero de você, a não ser um coração livre das criaturas”.
- É preciso dizer a Deus com ânimo forte e resoluto: “Senhor, eu vos escolho acima de tudo, acima da saúde, das riquezas, das dignidades, das honras, dos elogios, da ciência, das consolações, das esperanças, dos desejos. Acima até mesmo das graças e dons que poderei receber de vós. Em resumo, escolho-vos acima de todas as criaturas que não são vós, ó meu Deus. Qualquer graça que me dais, sem vós não me é suficiente. Eu quero só a vós e nada mais”

A Prática de amor a Jesus Cristo Cap XI– Santo Afonso Maria de Ligório

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Maria, Motivos da Devoção

§135. Primeiro motivo, que nos mostra a excelência desta consagração de si mesmo a Jesus Cristo pelas mãos de Maria.
- Na Terra não se pode conceber ofício mais elevado que o serviço de Deus, e o menor dos servos de Deus é mais rico, mais poderoso e mais nobre que todos os reis e imperadores do mundo, se estes não servem a Deus. Então, quais não serão as riquezas, o poder e a dignidade do fiel e perfeito servo de Deus, que se dedique inteiramente ao seu serviço, sem reservas, tanto quanto possível! Tal é o fiel e amoroso escravo de Jesus por Maria, que entregou-se todo ao serviço deste Rei dos reis pelas mãos da sua Santa Mãe, e nada reservou para si:
todo o ouro da Terra e as belezas do Céu são insuficientes para o pagar.

§136. As outras congregações, associações e confrarias erigidas em honra de Nosso Senhor e de sua Santa Mãe, que fazem grande bem para o Cristianismo, não nos levam a dar tudo sem reserva. Apenas prescrevem aos seus associados a obrigação de certas práticas e ações, mas deixam-lhes livres todos os outros atos e momentos da vida. Mas esta Devoção de que falamos faz-nos dar incondicionalmente a Jesus e a Maria todos os pensamentos, palavras, ações, sofrimentos e instantes da nossa vida: assim, quer velemos, quer durmamos, quer bebamos ou comamos, quer façamos grandes ou pequeninas coisas, poderemos sempre dizer que tudo o que fazemos, embora nisso não pensemos, pertence a Jesus e a Maria em virtude do nosso oferecimento (1 Cor 10, 31), a não ser que o tenhamos expressamente revogado. Que consolação!

§137. Além disso, como já ficou dito, não há nenhuma outra prática que nos liberte mais facilmente dum certo espírito de propriedade que penetra imperceptivelmente nas melhores ações. O nosso bom Jesus concede esta grande graça em recompensa do ato heróico e desinteressado que se fez, àquele que, pelas mãos de sua Mãe, cedeu-lhe todo o valor das boas obras. - Se Ele dá cem por um, mesmo neste mundo (Mt 19,29), àqueles que por seu amor deixam os bens exteriores, temporais, perecedouros, que recompensa não dará àqueles que lhe sacrificarem mesmo seus bens interiores e espirituais?!

§138. Jesus, o nosso grande amigo, deu-se-nos sem reserva, corpo e alma, virtudes, graças e méritos: “Ele ganhou-me todo, dando-se todo a mim”, diz São Bernardo. Não é um dever de justiça e de reconhecimento que lhe demos tudo o que nos for possível dar? Ele foi o primeiro a ser liberal para conosco. Sejamo-lo também para com Ele, e o veremos cada vez ainda mais liberal, durante a nossa vida, na hora da morte e por toda a eternidade:
Ele será generoso para com aqueles que são generosos para com Ele (Sl 17, 26).

Esta Devoção nos faz imitar o exemplo dado por Jesus Cristo e por Deus mesmo, e praticar a humildade
§139. Segundo motivo, que nos mostra ser justo, em si mesmo, e vantajoso para o cristão o consagrar-se inteiramente a Maria Santíssima com esta prática, com o fim de ser consagrado mais perfeitamente a Jesus Cristo.
- Este bom Mestre não recusou encerrar-se no seio da Santíssima Virgem como um cativo e escravo de amor, nem ser-lhe submisso e obedecer-lhe durante trinta anos. E aqui, repito, que o espírito humano se perde, ao refletir seriamente sobre esta maneira de proceder da Sabedoria Encarnada. – Embora o pudesse fazer, não quis dar-se diretamente aos homens, mas fê-lo pela Virgem Santíssima. Não quis vir ao mundo na idade de homem perfeito, independente de outrem, mas antes como uma pobre e pequenina criança, dependente dos cuidados e sustento de sua Mãe. Esta Sabedoria Infinita, que tinha um desejo imenso de glorificar a Deus, seu Pai, e de salvar os homens, não achou meio mais perfeito nem mais rápido para o fazer do que submeter-se à Santíssima Virgem. E era uma submissão em todas as coisas, não somente durante os oito, dez ou quinze primeiros anos da sua vida, como as outras crianças, mas durante trinta anos.
- E deu mais glória a seu Pai durante esse tempo de sujeição e dependência da Virgem Santíssima, do que lhe teria dado empregando esses trinta anos a fazer prodígios, a pregar por toda a Terra, a converter todos os homens, do contrário, Ele o teria feito. Oh! Como glorifica altamente a Deus quem se submete a Maria, seguindo o exemplo de Jesus!
- Tendo diante dos olhos um exemplo tão visível e conhecido de todos, seremos tão insensatos para julgar possível encontrar um meio mais perfeito e mais direto de glorificar a Deus, do que a sua submissão a Maria, a exemplo de seu Divino Filho?

§140. Recorde-se aqui, como prova da dependência que devemos ter para com a Mãe de Deus, o que acima disse, apontando os exemplos que o Pai, o Filho e o Espírito Santo nos dão da sujeição que devemos à S. Virgem.
- O Pai não deu nem dá seu Filho senão por Ela, não suscita novos filhos senão por Ela, e não comunica as suas graças senão por Ela.
- Deus Filho não foi formado para todos em geral senão por Ela; não é formado e gerado todos os dias (nas almas), em união com o Espírito Santo, e não comunica os Seus méritos e virtudes, a não ser por Ela.
- O Espírito Santo não formou Jesus Cristo senão por meio d'Ela, e não forma os membros do seu Corpo Místico, a não ser por Ela; não dispensa os Seus dons e favores senão por Ela.
- Poderemos, sem uma extrema cegueira, depois de tantos e tão insistentes
exemplos da Santíssima Trindade, passar sem Maria, não nos consagrar a Ela e nem depender d'Ela para irmos a Deus e nos sacrificarmos a Deus?

§141. Eis algumas passagens dos Padres, que escolhi para provar o que acabo de dizer:
“Maria tem dois filhos, um Homem-Deus e o outro homem puro. Do primeiro é Mãe corporalmente e do segundo espiritualmente” (São Boaventura e Orígenes).
“Esta é a vontade de Deus, que quis recebêssemos tudo por Maria.
Se, pois, temos alguma esperança, alguma graça, algum dom salutar, saibamos que nos vem d'Ela”. “Porque eras indigno de receber as graças divinas, elas foram dadas a Maria, a fim de que recebas por Ela tudo o que venhas a possuir” (São Bernardo).
“Todos os dons, virtudes e graças do Espírito Santo são distribuídos pelas mãos de Maria, a quem Ela quer, quando, como e na medida que Ela quer” (São Bernardino).

§142. Deus - como diz São Bernardo - vendo que somos indignos de receber as graças diretamente das suas mãos, dá-as a Maria, a fim de que por Ela recebamos tudo o que Ele nos quis dar. E Deus encontra também a sua glória em receber, pelas mãos de Maria, o reconhecimento, o respeito e o amor que lhe devemos pelos Seus benefícios. É, pois, muito justo, que imitemos o procedimento de Deus, “para que a graça regresse ao seu Autor pelo mesmo canal por onde veio”, segundo o mesmo São Bernardo.
- É precisamente o que fazemos por esta Devoção: oferecemos e consagramos tudo o que somos e tudo o que possuímos à Santíssima Virgem, para que Nosso Senhor receba por seu intermédio a glória e o reconhecimento que lhe devemos.
- Reconhecemo-nos indignos e incapazes de nos abeirarmos da sua Majestade infinita só por nós mesmos, e por isso servimo-nos da intercessão da Santíssima Virgem.

§143. Além disso, trata-se aqui de um ato de profunda humildade, virtude que Deus ama acima de todas as outras. Uma alma que se eleva, rebaixa a Deus; uma alma que se humilha, eleva a Deus (Jo 3, 30). Deus resiste aos soberbos e dá a sua graça aos humildes (Tg 4, 6). Se nos humilharmos, julgando-nos indignos de comparecer perante Deus e de nos aproximar d’Ele, Deus desce, abaixa-se para vir a nós, para se comprazer em nós e nos elevar, apesar da nossa miséria. Mas, pelo contrário, quando alguém se aproxima ousadamente de Deus, sem querer medianeiros, Deus esquiva-se, e não podemos chegar até Ele. Oh! Como Ele ama a humildade de coração! - É a tal humildade que leva a prática desta Devoção, pois ensina a nunca nos aproximarmos de Nosso Senhor por nós mesmos, por mais doce e misericordioso que Ele seja, mas a servir-nos sempre da intercessão de Maria, para comparecer diante de Deus, seja para lhe falar, seja para simplesmente estreitar a proximidade, seja para lhe oferecer alguma coisa, seja para unir-nos e consagrar-nos a Ele.
Tratado da Verdadeira Devoção a Santíssima Virgem Maria / São Luis Maria Grignion de Monfort

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Dever de sentar-se

Dever ignorado
- Neste século de atividades desordenadas e de velocidades vertiginosas, há uma obrigação bastante desconhecida. E, no entanto, Cristo a menciona por duas vezes (Lc 14, 28-33): é o Dever de Sentar-se.
- Acredito não fazer um julgamento temerário ao afirmar que os melhores esposos cristãos, aqueles mesmo que nunca esquecem o dever de se ajoelhar, cometem muitas vezes o pecado de não se sentarem.
- Antes de empreenderdes a construção do vosso lar, confrontastes sem dúvida os vossos pontos de vista, pesastes os vossos recursos materiais e espirituais, elaborastes um plano, mas, depois que vos entregastes ao trabalho, não houve da vossa parte negligência em vos sentardes juntos a examinar a tarefa já realizada, reencontrar o ideal entrevisto, consultar o Mestre da obra?
- Sei das objeções e dificuldades, mas sei também que a casa desmorona um dia se não tivermos vigiando a sua estrutura (Mt 7, 24-27).
- No lar que não encontra tempo para uma pausa destinada a reflexão, frequentemente:
·         a desordem material e moral se introduz insidiosamente;
·         a rotina se apodera da oração comum, das refeições e de todos os ritos familiares;
·         a educação fica reduzida a reflexos de pais mais ou menos nervosos;
·         a união conjugal fica abalada.
- Estas deficiências e muitas outras se observam, não só nos casais sem formação, naqueles que ignoram os problemas da educação e da espiritualidade familiar, mas muitas vezes naqueles mesmos que são considerados como competências em ciências familiares e o são na realidade... teoricamente.
- Por não tomarem a distância necessária a uma boa visão, os esposos não veem mais o que qualquer visita percebe logo ao transpor o limiar da casa; o desleixo que faz objeto da conversa dos amigos, por vezes desolados, mas evitando falar aos interessados muitas vezes incapazes de compreensão ou simplesmente susceptíveis.
- Houve casais que compreenderam o perigo, encararam e adotaram vários meios para combatê-lo. Um deles dizia-me recentemente, depois de fazer a experiência, quanto é útil para os esposos, abandonarem todos os anos os filhos e irem juntos repousar ou fazer uma viagem de uma ou duas semanas.
- Mas, pensareis talvez ao ler-me, não é dado a todo mundo ter a disposição pessoal, amigos ou parentes a quem se possam confiar assim as crianças. Há, entretanto, outras soluções.
- Três famílias se associaram para as férias, foram para o mesmo lugar: cada casal pôde ausentar-se durante uma semana, deixando aos outros dois o cuidado dos filhos.

- Para evitar o perigo da rotina no lar, há outro recurso a respeito do qual quero vos entreter um pouco mais longamente:
·         Tomai a vossa ‘agenda’ e assim como nela seria inscrito eventualmente um compromisso qualquer, seja um concerto ou uma visita a amigos, anotai um encontro convosco mesmo; e fique bem estipulado que estas duas ou três horas são sagradas, e que por nada neste mundo vos faria suprimir esse ‘encontro’, como não suprimiriam um espetáculo na cidade ou um jantar de amigos.

Como utilizar estas horas?
·         Em primeiro lugar, ireis tomar a decisão de que não estais com pressa, uma vez que não é costume.
·         Mudai de ambiente; é preciso a qualquer preço modificar o quadro habitual e esquecer as preocupações.
·         Leiam, juntos, um capitulo bem escolhido de um livro propositalmente posto em reserva para esta hora privilegiada (pode ser a Bíblia, a Imitação de Cristo... ou qualquer leitura espiritual de sua predileção).
·         Fazei longamente uma oração: que cada qual faça, quanto possível, em voz alta, uma oração pessoal e espontânea; esta forma de oração, sem condenar as outras, aproxima milagrosamente os corações.
·         Penetrando assim na paz do Senhor, comunicai-vos um ao outro aqueles pensamentos, aquelas queixas, aquelas confidências que não é fácil nem recomendável fazer no decurso das jornadas, ativas e ruidosas e que, no entanto, seria perigoso fechar no segredo do coração, pois que, bem o sabeis, há ‘silenciosos inimigos do amor’.
·         Não vos detenhais somente sobre vós mesmos, nem sobre as preocupações atuais, mas fazei uma excursão às fontes de vosso amor, reconsiderando o ideal vislumbrado então, na época em que juntos e com passo decidido empreendestes a marcha pela estrada.
·         ‘Renovai o vosso fervor e o sentimento de vossas almas’(leia Efésios 4, 22-32): É preciso crer naquilo que fazemos e fazê-lo com entusiasmo.
·         Voltai para o presente, confrontai ideal e realidade, fazei o exame de consciência de vossa própria família (não o vosso exame de consciência pessoal) e tomai as resoluções práticas e oportunas para curar, consolidar, rejuvenescer, arejar, abrir o vosso lar. Empregai neste exame lucidez e sinceridade; remontai às causas do mal diagnosticado.
·         Meditar alguns instantes sobre cada um de vossos filhos, pedindo ao Senhor que ponha ‘suas próprias vistas dentro de vosso coração’ segundo a sua promessa, a fim de que possais vê-los e amá-los como Ele próprio, a fim de conduzi-los segundo as suas vistas.
·         Finalmente, perguntai a vós mesmos se Deus é o primeiro servido em vosso lar.
·         Se sobrar tempo, fazei aquilo que bem entenderdes, mas eu vos suplico, não retorneis às banalidades a rádio ou TV.

Não tendes mais nada a dizer?
·         Calai-vos juntos, este momento também é de grande proveito.
·         Será de grande importância fazer por escrito um pequeno relatório daquilo que tiver sido descoberto, estudado, decidido, no decorrer do encontro, mas isto poderá ser feito depois, por um dos dois e será lido por ambos, juntos, no próximo encontro.

- O que faz objeto destas minhas palavras, nada mais é do que um meio de conservar jovem e vivo o vosso amor e o vosso lar; há seguramente muitos outros.
- Adotado por numerosos casais que eu conheço, já deu provas de sua eficiência.

Padre Henri Caffarel-Fundador das Equipes de Nossa Senhora (L’Anneau d’Or nº 5/Novembro 1945)

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Do Papai para os filhos


Exortação do Pai aos filhos
- Vinde agora aprender, filhos meus o que vos pede vosso Pai como prova de amor: bem sabeis que a disciplina é necessária no exército e o regulamento na família bem ordenada.
- Também na grande família de Jesus Cristo impõe-se uma Lei, mas uma Lei cheia de suavidade.
- Na ordem humana os filhos usam sempre o nome do pai, sem o que não poderiam ser reconhecidos como da sua família. Assim, os filhos que são Meus usam o nome de Cristãos, que lhes é conferido pelo Sacramento do Batismo, ao nascerem.
- Vós, que recebestes este nome, sois meus filhos, tendes direito a todos os bens de Vosso Pai...

- Sei que não Me conheceis nem Me tendes amor, antes, pelo contrário, Me odiais e perseguis...mas Eu, vos amo com amor infinito e quero dar-vos parte daquela herança a que tendes direito.
Crede no Meu Amor e na Minha Misericórdia...
Vós Me ofendestes: Eu vos perdôo...
Vós Me perseguistes: Eu vos amo...
Vós Me feristes com Palavras e com ações...Eu quero fazer-Vos bem e abrir para Vós os meus tesouros.
- Não penseis que ignoro como até aqui vivestes: sei que desprezastes as minhas graças, talvez mesmo tenhas profanado Meus Sacramentos. Pois Eu vos perdôo.

- E agora, se quereis viver felizes na terra e assegurar ao mesmo tempo a vossa eternidade, fazei o que vou dizer-vos:
- Sois pobres?
- Esse trabalho que vos é imposto pela necessidade, fazei-o com submissão e ficai sabendo que também Eu vivi trinta anos sujeito à mesma lei, porque fui pobre e até muito pobre.
- Não olheis aos vossos patrões como tiranos...não desejeis a sua desgraça, mas fazei valer os seus interesses e sede fiéis.
- Sois ricos?
- Tendes por vossa conta operários, servos?
- Não exploreis o seu trabalho...remunerai o seu labor segundo a justiça e provai-lhes a vossa afeição e a vossa bondade, porque, se tendes uma alma imortal, eles também a têm; se recebestes os bens que possuís, não foi somente para vosso gozo e bem-estar pessoais, mas a fim de que, administrando-os com prudência, possais exercer a caridade para com o próximo.
- Depois de terdes uns e outros, aceitado a submissão a lei do trabalho, reconhecei humildemente a existência de um Ser que está acima de tudo o que é criado. Esse Ser é o Vosso Deus e, ao mesmo tempo, Vosso Pai.

- Como Deus, exige que cumprais a sua Lei Divina.
- Como Pai, pede-vos filial submissão aos seus Mandamentos.
- Assim, depois de terdes passado uma semana inteira nos vossos trabalhos, nos vossos negócios, nos vossos recreios lícitos, pede-vos que deis uma hora ao menos, ao cumprimento do seu preceito. Será exigir muito?
- Ide pois á sua Casa, a Igreja. Ele lá vos espera dia e noite; e, em cada domingo ou dia de festa dai-lhe essa hora, assistindo ao mistério de Amor e de Misericórdia que se chama Missa.
- Durante ela, falai-Lhe de tudo: da vossa família, dos vossos filhos, dos vossos negócios, dos vossos desejos...apresentai-Lhe as vossas penas, as vossas dificuldades, os vossos sofrimentos...
- Se soubésseis como Ele vos ouvirá e com que Amor vos atenderá.

- Talvez Me diga: Não sei participar da Missa...há tanto tempo não entro numa Igreja.
- Não vos atemorizeis; vinde! Passai simplesmente essa hora a meus pés...deixai que a consciência vos diga o que deveis fazer e não cerreis os ouvidos à sua voz...abri vossa alma...então Minha graça vos falará...mostrar-vos-á, pouco a pouco como deveis proceder em cada circunstância de vossa vida, como haveis de comporta-vos com vossa família ou nos vossos negócios...como deveis educar os vossos filhos, amar os vossos inferiores, respeitar os superiores.
- Ele vos dirá, talvez, que deveis abandonar esta empresa, quebrar aquela amizade má, afastar-vos energicamente daquela reunião perigosa.
- Ela vos dirá que odiais tal pessoa sem razão, e que, ao contrário, desta pessoa que frequentais e amais, deveis separar-vos e fugir dos seus conselhos...
- Experimentai e, pouco a pouco, vereis como se vai estendendo a cadeia das minhas graças. Porque acontece com o bem, como com o mal, basta começar. Os anéis da cadeia prendem-se uns aos outros.
- Se HOJE ouvirdes a minha graça e a deixardes trabalhar em vós, amanhã a ouvireis melhor; mais tarde, ainda melhor, e assim, de dia para dia, a Luz aumentará, a paz crescerá e preparareis a vossa felicidade eterna.

- Porque o homem não foi criado para ficar sempre neste mundo. É feito para a eternidade.
- Sendo imortal, deve portanto viver, não para aquilo que morre, mas para o que permanecerá...
- Juventude, riqueza, sabedoria, glória humana, tudo isso passa e acaba...só Deus subsiste por toda a eternidade.

- Se o mundo e a sociedade estão repletos de ódios e em lutas continuas, povos contra povos, nações contra nações e indivíduos contra indivíduos, é porque o grande fundamento da fé quase desapareceu.
- Reanime a fé, a paz voltará e a caridade reinará.
- A fé não prejudica a civilização e não se opõe ao progresso, pelo contrário, quanto mais se enraíza nos indivíduos e nos povos, mais crescem neles a sabedoria e a ciência, porque Deus é Sabedoria e Ciência infinitas.

O sentido da Paternidade de Deus
- Gosto que Me chames de PAI.
- Quando Me dás o nome de PAI, Meu Coração se sente obrigado a cuidar de ti.

- Aqui na terra, quando a criança começa a falar e pronunciar esta palavra tão terna:“PAI”, os pais transbordam de alegria, abrem-lhe os braços e apertam-na ao coração com tanto amor, que todos os prazeres do mundo nada são perto de tal felicidade.
- Se o pai e a mãe da terra são assim, como não será Aquele que É ao mesmo tempo PAI, MÃE, DEUS, CRIADOR, SALVADOR e ESPOSO; Aquele cujo coração não tem rival em ternura e amor.

- Alma querida, quando te achares angustiada e oprimida, vem, corre a Mim, chama-me “PAI” e repousa em meu coração.
- Se não podes no meio de teu trabalho lançar-te a meus pés como gostarias, repete apenas isto: “PAI”.
- Então ajudar-te-ei, sustentar-te-ei, guiar-te-ei e te consolarei.

“Vós Me chamareis Meu Pai” Jeremias 3,4; 19

De Jesus a Josefa da Sociedade do Sagrado Coração

no Livro “Apelo ao amor” páginas 474; 521-525.

Clique aqui e veja também:


“Senhor, que vosso Amor, Sofrimento,

Sangue derramado e Morte na Cruz,

não tenha sido em vão pelas nossas almas e

pelas almas dos Vossos Sacerdotes,

Filhos Prediletos de Nossa Senhora.”

“Senhor, sou teu servo, filho de Tua Serva.”

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Virtude e Pecado


Toda virtude é praticada no próximo
-Toda pessoa que vive longe de mim (Deus) prejudica o próximo; e a si, dado que cada um é o primeiro próximo de si mesmo.
- Acontece uma desordem geral porque sois obrigados a amar os demais como a vós mesmos. De que maneira?
  • Socorrendo espiritualmente pela oração,
  • dando bom exemplo,
  • auxiliando quanto ao corpo e quanto ao espírito, conforme as necessidades.
- No caso de alguém nada possuir, pelo menos há de ter o desejo de auxiliar!
- Quem não me ama, também não ama os homens; por isso não os socorre.
- Quem despreza a vida da graça, prejudica antes de tudo a si mesmo, mas prejudica também os outros, deixando de apresentar diante de mim –como é seu dever- orações e aspirações em favor deles.
Todo e qualquer auxilio prestado ao próximo deve provir do amor que se tem por aquela pessoa, mas como consequência do amor que se tem por mim (Deus).
- Da mesma forma, todo mal se realiza no próximo, e quem não me ama, também não tem amor pelos outros.
- A origem dos pecados está na ausência da caridade para comigo e para com o homem.
Para fazer o mal, basta que se deixe de fazer o bem.
- Contra quem se age, a quem se prejudica na prática do mal? Primeiramente contra si mesmo; depois, contra o próximo. A mim não prejudica.
- Eu não posso ser atingido, a não ser no sentido de que considero feito a mim o que se faz ao homem.
- Será um prejuízo que leva a culpa com privação da graça e, nesse caso, coisa pior não poderia acontecer; / ou será uma recusa de afeição e amor, obrigatórios e que exigem o socorro pela oração e súplicas diante de mim.
- Tudo isso é auxilio de ordem geral, porque é devido aos homens em comum.

- O auxilio de ordem pessoal consiste na colaboração prestada a pessoas com quem convivemos, pois existe a obrigação aos homens de se ajudarem mutuamente com bons conselhos, ensinamentos, bons exemplos e qualquer outra boa obra de que se necessite.
- O bom conselho há de ser desinteressado, como se fosse dado a si mesmo, sem segundas intenções egoístas.
- Quem não me ama, certamente não agirá convenientemente e prejudicará os demais. Nem serão apenas prejuízos por omissão do bem, mas ações más e danos até repetidos.

É no homem que se ama a Deus
- Todos os pecados são cometidos através do próximo, no sentido de que eles são ausência da caridade, que é a forma de todas as virtudes.
- No mesmo sentido, o egoísmo, que é a negação do amor ao próximo, constitui-se como razão e fundamento de todo o mal. Ele é a raiz dos escândalos, do ódio, da maldade, dos prejuízos causados aos outros.
O egoísmo envenenou o mundo inteiro.
- As virtudes se fundamentam no amor pelos outros; é da caridade que as virtudes recebem a vida. Sem ela, nenhuma virtude existe, pois as virtudes se adquirem no puro amor por mim.
- Consciente da minha benevolência, o homem me ama direta e indiretamente.
- Diretamente, não pensando em si mesmo ou em interesses pessoais; indiretamente, através da prática da virtude.
- Toda virtude é concebida no intimo do homem por amor de mim:
deverá ter ódio ao pecado e amor a virtude, não existe maneira de me agradar e de se chegar até mim (Deus).
- Depois de ter concebido interiormente a virtude, a pessoa a pratica no próximo. Aliás, tal modo de agir é a única prova de que alguém possui realmente uma virtude.
Quem me ama, procura ser útil ao próximo.
- Nem poderia ser de outra maneira, dado que o amor por mim e pelo próximo são uma só coisa. Tanto alguém ama o próximo, quanto me ama, pois de mim se origina o amor do outro.
- O PRÓXIMO, eis o meio que vos dei para praticardes e manifestardes a virtude que existe em vós. Como nada podeis fazer de útil para mim, deveis ser de utilidade ao homem.
- Esta é a prova de que estou presente em vós pela graça:
  • se auxiliais os outros com orações numerosas e humildes,
  • se desejais minha glória e a salvação dos homens.
Quem se apaixona por mim, jamais cessa de trabalhar pelos outros.
É na dificuldade que se provam as virtudes
- Todas as virtudes revelam sua existência e são exercitadas no próximo, da mesma forma como é nele que os maus cometem seus pecados:
  • a paciência ao ser injuriado pelos outros;
  • a humildade, quando se acha diante do orgulhoso;
  • a diante do infiel;
  • a esperança, na presença de quem nada espera;
  • a mansidão e a benignidade, ante o irascível;
- É diante da soberba que aparece a humildade. O homem humilde vence o orgulho, pois o orgulhoso é incapaz de prejudicar quem é humilde.
- Do mesmo modo o descrente –que não ama a Deus, nem N’Ele espera- não faz diminuir a fé do homem fiel ou a esperança daqueles que a possuem no coração por meu amor. Ao contrário, até as faz crescer e manifestar-se mediante o amor altruísta (sentimento de bondade desinteressada, que coloca outra pessoa acima de si próprio).

- A virtude da justiça não diminui diante das injustiças; evidencia-se até, pois a justiça se revela na paciência.
- Também a benignidade e a mansidão são evidenciadas pela doce paciência no tempo do ódio; e o amor caridoso, todo cheio da sede e desejo de salvação alheia, torna-se visível diante da inveja, do desprezo e ódio.

- Além de provar que são virtuosas, pagando o mal com o bem, tais pessoas frequentemente atiram brasas (Rm 12,20) de amor, as quais consumirão a raiva e o rancor do coração do irascível, levando-o a passar da ira a benevolência.
- Tudo isso acontece graças a caridade e perfeita paciência daquele que suporta a raiva e demais defeitos do malvado.

- Relativamente as virtudes da fortaleza e perseverança, elas são comprovadas mediante os longos sofrimentos, as ofensas, as difamações daqueles que procuram afastar o servidor fiel do caminho verdadeiro, seja com atrativos, seja com ameaças.
- Quando o servidor fiel possui a fortaleza interior, mostra-se realmente forte e perseverante, dando prova disso no contato com os homens.
Quando alguém não resiste no tempo das contradições,
é sinal de que não possuía uma virtude verdadeira.

Texto extraído do Livro “O Diálogo 2.6-2.8” de Santa Catarina de Sena

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Empatia

Empatia
Empatia: Capacidade de compreender profundamente o outro.
- Se promovêssemos na comunidade um curso de ‘oratória’ com certeza teríamos muitos candidatos; será que os mesmos candidatos teriam interesse em um curso de ‘escuta’.
Todo mundo quer aprender a falar... ninguém quer aprender a ouvir...
- Quantos de nós queremos ser ouvidos e não encontramos ninguém?
- Quantos de nós pagamos por Psicólogos para simplesmente nos ouvir? Eis aqui o ponto chave de uma pessoa ‘empática’: saber se calar para ouvir.

- Quantas vezes demoramos a perceber o real significado de uma frase? Que sentimentos o outro vive? Que sentimentos encobre? Que motivos? Que contexto?
- Quantas vezes fazemos o exercício de sair de nós, esvaziarmos-nos de nós para realmente ouvir o que o outro está a nos dizer? Com silêncio interno, com atenção e disponibilidade?
- Quantas e quantas vezes interrompemos a fala do outro para falar de nós? Se não com palavras, mas em pensamento? Porque é muito comum – enquanto o outro fala - embarcarmos nos nossos próprios pensamentos, seja para responder, seja para comparar ou emitir um juízo de valor a respeito da fala dele.
- Quando finalmente consigo ouvir o que o outro me diz, a partir do ponto de vista dele, consigo realmente compreender. Isto é empatia. E não é fácil. Exige esforço e disposição interna. Mas é a ponte que atravessa para o mundo do outro. Que, uma vez compreendido, não me pede julgamentos nem críticas, apenas compreensão.
- Portanto, a característica de uma pessoa empática é:
Sabe ouvir, é tolerante, quer ajudar, dialoga sem julgar ou se espantar com as dificuldades do outro, sente o que o outro sente –alegria ou dor- porém sensibilidade para experimentar o que ele está experimentando; viver temporariamente a vida do outro, comover-se sem julgar, acreditar no dom da vida, Salvação e no crescimento do outro; não julgar, avaliar ou dar diagnóstico; enfim é permitir que o outro se sinta da mesma ‘tribo’ ou ‘grupo social’, perceber que alguém o ama, aceita e se interessa por ele.
- A pessoa empática deve deixar de lado seu ponto de vista e valores que tem, para entrar no mundo do outro sem preconceito, porém, sem perder sua identidade própria, voltando ao seu mundo quando desejar.
- “Hoje” se faz urgente encontrar uma pessoa empática em nosso ‘caminho’, seja para ajudar, aconselhar e mesmo a nos acompanhar.
- Todo pai, mãe, catequista, formador leigo ou profissional, deve ser uma pessoa empática. Esta capacidade de aceitar, compreender, acolher e ver o mundo como o outro vê é uma virtude educável que podemos cultivar dia a dia para melhorar nossos relacionamentos e ajudar os outros em suas dificuldades.
- Quem é nosso modelo de empatia senão o próprio Jesus:
·         com a Adúltera (Jo 8, 1-11)
·         com Zaqueu (Lc 19, 1-10)
·         na Agonia (Lc 22, 42)
·         na Crucificação (Lc 23, 33-34)
·          e com Judas, que mesmo sendo traído por ele queria saciá-lo com o Pão da Vida e que não tinha medo de sua traição, mas de perdê-lo;
- Jesus compreendeu homens incompreensíveis e perdoou homens imperdoáveis; deixava sua mensagem e exemplo; e apesar de viver nos focos de tensão e risco de vida, não deixava de orar e ter um sono reparador-(Mt 8, 23-27); não impõe a Verdade, somente a ilumina para que o encontremos no ‘Caminho’ de nossa existência redimida.

Empatia no dia-a-dia
- Você sabia que a empatia é algo extremamente importante para que nós possamos saber como melhor expor o que pensamos aos outros? Por exemplo, em momentos que exigem conversas sobre assuntos delicados, que podem ser acompanhadas de um nível de tensão, precisamos estar atentos aos sinais que o outro envia sobre a sua abertura ou não para o tema. Deste modo, podemos detectar qual é a melhor abordagem a ser feita, usar um modo mais direto ou mais delicado de falar. E quem sabe, até adiar a conversa por um tempo.
- Ser uma companhia agradável também envolve demonstrar empatia, pois podemos ser pessoas mais sérias ou mais sorridentes, mas o que importa é a sensação de presença, de como nos faz bem interagir com as pessoas ao nosso lado. Essa atitude traz como resultado novos laços de amizade acompanhados de respeito ao outro. No âmbito das relações amorosas, ter um parceiro que não demonstra empatia por você cria uma sensação de vazio, como se você não significasse nada de importante para quem ama, como se as suas ideias e emoções não fossem relevantes para a vida em comum.
Como quebrar o gelo e se permitir ser mais empático com os outros?
- Para ficar livre de imagens ruins ou pré-estabelecidas sobre o outro, permita-se adotar uma atitude de abertura, com o intuito de se socializar.
- Transmitir uma postura de isolamento e recolhimento pode afastar os outros de você.

- Muitas pessoas acham que ser empático é falar pelos cotovelos, mas não é bem isso. O detalhe principal para criar uma relação prazerosa é saber ouvir, é perguntar a opinião do outro sobre os temas pertinentes ao relacionamento, seja ele amoroso, profissional ou de amizade. Pessoas que são boas ouvintes demonstram grande grau de amabilidade, confiança e amizade.

- Para adotar esse sentimento na sua vida é necessário distinguir entre o que você considera aceitável do que é inadmissível que o outro faça com você. É importante ressaltar que empatia não é a mesma coisa que simpatia.
- Quando dizemos que alguém é simpático significa que essa pessoa é, por natureza, mais extrovertida e comunicativa. No entanto, ter empatia depende da sua postura frente ao outro, a fim de nutrir bons laços sociais, além de oferecermos gentileza e cordialidade.
Se você é uma pessoa que sofre por não receber a empatia do outro, se questione:
- Como você se comporta diante de outras pessoas? Tenta manter uma atitude de ostra sempre que tocam em assuntos que você considera inadequados ou exprime verbalmente que você não quer falar sobre isso?

- Você é uma pessoa que mantém uma atitude considerada por você como característica de alguém tímido, não cumprimentando os outros e se abstendo de dizer palavras como "obrigado" e "com licença"?
Será que você não anda fechado demais em seu mundo, pensando nos seus problemas e assim, acaba se fechando para que o outro se aproxime de você? Será que realmente faz parte de seus planos tecer boas relações interpessoais ou você prefere manter relacionamentos mais superficiais?

- Para receber a empatia, é preciso ser empático e se você estiver passando por esse problema, que tal mudar sua conduta para o seu próprio bem?


Para saber mais, assista o filme: “Quem se importa” de Mara Mourão.