Mostrando postagens com marcador Encarnação. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Encarnação. Mostrar todas as postagens

domingo, 9 de abril de 2017

Metanoia Cristã


Significado de Metanóia (Mind Set):
  • Mudança, transformação de caráter ou na maneira de pensar.
  • Mudança que resulta ou é motivada por algum tipo de arrependimento.
  • Remorso por alguma falha; penitência.
  • Modificação espiritual; conversão.
  • Modo novo de conceber ideias, de se comportar, de enxergar a vida e a realidade.
Esperança no mundo
- A Paixão de Nosso Divino Redentor deixa uma lição para nós:
  • Aqueles que, por princípios mundanos, têm como ideal obter aplauso, colocando sua esperança na aprovação dos homens, erram, porque cometem a loucura de escolher para si uma situação estável.
- A Paixão de Nosso Senhor nos mostra, de maneira eloquente, o quanto é preciso pôr nosso empenho em conhecer, amar e servir a Deus com “todo seu coração, de toda tua alma, de todo teu entendimento e com toda a tua força e o teu próximo como a ti mesmo” Marcos 12, 30-31, pouco nos importando se nos atacam ou nos elogiam, se nos recebem ou nos repudiam, mas, isto sim, se agradamos a Deus com a nossa forma de proceder.
- Ao sermos Batizados nos comprometemos –seja por nós mesmos ou na pessoa de nossos padrinhos- a renunciar ao demônio, ao mundo e a carne e ficarmos marcados com o sinal do combate.
- Não firmamos, em nenhum momento, o propósito de nos apoiarmos no aplauso dos outros. Assim sendo, devemos, sempre, nos lembrar dessas promessas de luta, que exigem de nossa parte a determinação de enfrentar todas as batalhas que tais inimigos, por nós rejeitados no Batismo, vão se apresentando no decorrer desta peregrinação.

A Cruz
- A Cruz, sinal de ignominia por constituir o pior castigo, o suplício mais horrível daqueles tempos da Encarnação de Jesus, considerado pelos Judeus como ‘Maldição Divina” Dt 21,23 e pelos romanos como infamante, a tal ponto que não era aplicado a um cidadão do Império, sendo reservado apenas aos escravos e aos criminosos mais comuns.
- No entanto, tão poderoso é este Rei Jesus que, posto nesse pedestal de humilhação, Ele o transforma em trono de glória!
- Hoje em dia, ostentar a Cruz ao peito é uma honra, e nos admiramos ao vê-la sobre as coroas ou no alto das catedrais e dos edifícios eclesiásticos:
  • É a exaltação da Cruz.
- Ora, sendo participes da vida divina, pela graça, somos chamados a trilhar a mesma via do Rei dos reis, sem nunca descer, subir para chegar ao Céu, cujas portas nos serão abertas, não por nossos méritos, mas pelos de Nosso Redentor (Metanóia).


Pela Cruz alcançamos a Luz
- Contrário a certa mentalidade muito alastrada, não é possível abolir a Cruz da face da Terra, pois, em geral, todo ser humano sofre.
- A dor é nossa companheira e só deixará de existir no Paraiso Celeste.
- É neste contexto que é imprescindível ao homem compreender o verdadeiro valor do sofrimento (Metanóia), pois uma equivocada compreensão do sofrimento leva alguns a caírem no:
  • Abatimento,
  • Revolta contra a providência,
  • Querer esquivar-se de carregar a própria cruz, cuja tentativa se torna inútil, tornando-a mais pesada, acrescentando ainda o ônus da inconformidade com a vontade de Deus, que conhece e permite cada uma de nossas angústias.
Valor da luta
- Compenetremo-nos de que a dor encerra inúmeros benefícios para nossa salvação:
  • Poderoso meio de nos aproximarmos de Deus. (Metanóia).
- Desde antes da queda, Anjos e homens, por terem sido criados em estado de prova, tem a tendência de fechar-se e esconder-se sobre si (conf Gn 3, 8-10), quando deveriam estar constantemente abertos para Deus.
- E é nisto que consiste a prova do entendimento e a compreensão de nossa realidade como Batizados, filhos de Deus e de sermos chamados de Cristãos (Metanóia).
- As lutas, reveses e aflições surgidas em nosso caminho são elementos eficazes para dirigir nosso espírito ao Bem infinito e escancarar para Ele a porta de nossa alma.
- Nessas horas experimentamos o poder da oração, sentimos nossa total dependência de Deus e nos colocamos em suas mãos sem reservas, a procura de amparo e força.
- O sofrimento pode receber o título de bem aventurança que nos faz merecer, já neste mundo, a recompensa de libertar-nos de nosso egoísmo e de vivermos voltados para Deus. Ó dor, bem aventurada dor!
- Em sua Bondade infinita, o Senhor nos “cumula de tribulações na Terra para nos obrigar a buscar a felicidade no Céu” diz Santo Antônio Maria Claret.
- O sofrimento constitui-se, então, um meio infalível de preparação para conhecer, amar e contemplar a Deus face a face.

Glória comprada pelo sofrimento
- O Verbo onipotente, Unigênito do Pai, ao Se encarnar quis passar pelas vicissitudes da condição humana, para nos dar exemplo de paciência.
- Sua Alma Santíssima que desde o primeiro instante da concepção, já possuía a glória, e esta deveria, naturalmente, refletir-se em sua carne; mas a relação natural entre alma e corpo n’Ele estava submetida a sua Divina Vontade, a qual aprouve suspender esta lei, realizando um milagre contra Si mesmo, pois preferiu tomar um corpo padecente a fim de que obtivesse com maior honra a glória do Corpo, quando a merecesse pela Paixão.
- Ele assumiu aquelas deficiências corporais derivadas do pecado original como o cansaço, a fome, a sede e a morte.
- Jesus visava apontar o combate da Cruz como causa de elevação para todos nós, Batizados, herdeiros de Deus e co-herdeiros de Cristo (conf Rm 8,17). (Metanóia).
- Tão excelente é o sacrifício de nosso Salvador, oferecendo-Se a Si mesmo ao Pai como Vitima perfeita, que os efeitos da Paixão excedem em muito a dívida do pecado. Diz o Padre Garrigou-Lagrange:
“Deus Pai pediu a seu Filho:  um ato de amor que Lhe agrada mais do que Lhe desagradam todos os pecados juntos;
um ato de amor redentor, de um valor infinito e superabundante”
Jesus lhe ofereceu o sofrimento e morte na Cruz.

O combate do Católico é sua glória
- Somos combatentes (Metanóia).
- Não fomos feitos para apoiar aqueles que põe sua esperança no mundo, mas para defender Nosso Senhor Jesus Cristo.
- O mundo só nos interessa como objeto de conquista para O Reino de Deus, pois queremos ser apóstolos, a fim de que todos os homens experimentem nossa alegria de cristãos. (Metanóia).
- Alegria proveniente da certeza (Metanóia), infundida pela fé na alma, de um dia recuperar o corpo em estado glorioso e viver a eternidade feliz no convívio com Deus, com Maria Santíssima, com os Anjos e com os Santos.
- A convicção (Metanóia) de que a Cruz conduz a Luz, isto é, a vitória e ao triunfo final, torna a alma equilibrada, calma e serena, e dá forças para encarar a morte com confiança, sabendo que no outro lado estará Aquele que por nós morreu na Cruz, pronto a nos receber (Metanóia).
- E agora? Estou preparado para a Metanóia? Ou seja:
  • Mudança,
  • transformação de caráter,
  • maneira de pensar,
  • modificação espiritual,
  • conversão. 
Metanóia de Pedro
- A famosa frase de Santo Agostinho:
“Crer para entender e entender para crer”
resume uma verdadeira Metanóia que aconteceu com Pedro; vejamos o relato em João 13, 6-9:
- “Jesus coloca agua numa bacia e começa a lavar os pés dos discípulos e a enxuga-los com a toalha que estava cingido. (Traje e função dos escravos, não dos senhores ISm 25,41).
Chega, então, a Simão Pedro, que lhe diz:
- Senhor, tu, lavar-me os pés?
Respondeu Jesus:
- O que faço, não compreenderás agora, mas o compreenderás mais tarde.
Disse-lhe Pedro:
- Jamais me lavarás os pés!
Respondeu Jesus:
- Se Eu não te lavar, não terás parte comigo.
Disse-lhe Pedro:
- Senhor, não apenas meus pés, mas também as mãos e a cabeça”

- Por não estarmos prontos, podemos voltar nas decisões tomadas; Deus purifica nosso entendimento quando cremos mas ainda não entendemos.
- Essa foi a Metanóia de Pedro: por crer em Jesus aceitou sua proposta mesmo ainda não entendendo.

- Jesus ‘sentiu’ e ‘experimentou’ toda repugnância e dor que haveremos de ‘sentir’ e ‘experimentar’ durante todo nosso processo de Metanóia (conversão).
“Não creias porém que deixei de sentir então repugnância e dor. Pelo contrário quis que a minha natureza humana experimentasse todas as que vós mesmos experimentais, a fim de que meu exemplo vos fortificasse em todas as circunstancias de vossa vida.
Também quando soou para Mim aquela hora dolorosíssima de minha Paixão, que Eu poderia tão facilmente evitar, abracei-a amorosamente para:
  • cumprir a Vontade do Pai,
  • reparar Sua Glória,
  • expiar os pecados do mundo,
  • comprar a salvação de muitas almas.
Jesus a Santa Josefa; Apelo ao Amor pg 414

Minha Metanóia
- Descreva em seu diário espiritual quais são as repugnâncias que sua natureza humana sente quando se fala de uma verdadeira conversão ao cristianismo.
- Quais as renúncias que devo proceder?
- O que me impede de ser humilde?
- O que me impede de perdoar?
- O que me impede de Amar até o extremo, como Jesus amou?
- Se voluntariamente passei a maior parte de minha vida na impiedade ou na indiferença e percebo que a eternidade já esta as portas, o que me impede de implorar o perdão?
- Qual respeito humano sinto como uma ‘repugnância’ que me está impedindo de me unir ao Senhor?
“Enquanto tiver o homem um sopro de vida, poderá ainda recorrer a Misericórdia e implorar o perdão”
Jesus a Santa Josefa; Apelo ao Amor pg 418
- Olhemos para o resultado e a recompensa que haveremos de receber na eternidade.

quinta-feira, 27 de março de 2014

O Mistério da anunciação


Que alegria, que esplendor!
Eis que um arcanjo irá anunciar o grande mistério de Amor.
O Amor, do Amor, com o Amor, o Deus eterno será humano, por uma única razão: Amor salvador!
A uma virgem surge um jovem, belo e brilhante, de angelical esplendor!
Que cena impar e singular, um dos três arcanjos irá anunciar:
Ele se põe diante de Maria com feições de quem vai chorar, sabia diante de quem estava
À sua própria Rainha ele irá anunciar:

Suas palavras serão doces, de uma doçura salutar:
Anjo Gabriel: - Ave, Oi, Olá, cheia da graça a Senhora está! O Senhor é contigo Senhora minha e pra sempre Ele será!
Maria: - Como posso eu entender essa saudação que tu estás a me falar?
Anjo Gabriel: - Não temas Rainha minha, eu irei te explicar!
De ti irá nascer a grandeza salutar, o Deus conosco, o Emanuel, com teu povo ele sempre estará!
Maria: - Mas como posso eu conceber, se a ninguém eu conheci?
Anjo Gabriel: A sombra do Espírito te cobrirá, e teu ventre poderá gerar!
Festa hoje o céu fará, o Verbo Eterno irá se encarnar!
Aceita Rainha, doce Maria, estrela brilhante, estrela do Mar!
Diz sim a teu Deus, ele irá te amparar! Eis que o justo José sombra te dará!
Maria: - Por amor do Senhor, eu irei aceitar! Sua santa vontade eu irei respeitar!
Eis aqui uma serva, que cumpre a Palavra do Deus de meus pais!
Anjo Gabriel: -Tranquilo eu vou para o céu voltar! Direi a teu Deus – Filho, Espírito e Pai –
A humanidade poderá se salvar!
Pois Jesus o Cristo já pode habitar, no meio dos homens, assim seja e será!
Agora já vou ó Rainha, dá-me tua benção e em paz irei voltar!

E o anjo a deixou. Lc 1, 38.

Adailton Gomes / Seminarista
https://www.facebook.com/adailtongomesnogueira 

quarta-feira, 26 de março de 2014

Consagração a Jesus Cristo por Maria

Consagração a Jesus Cristo pelas mãos de Maria

- Ó Sabedoria Eterna e Encarnada.

- Ó amabilíssimo e adorável Jesus,

verdadeiro Deus e verdadeiro homem,

Filho Unigênito do Pai Eterno e da sempre Virgem Maria.

- Adoro-Vos profundamente,

no seio e nos esplendores do Vosso Pai, durante toda a eternidade, e

no seio virginal de Maria, Vossa Mãe digníssima, no tempo da Vossa Encarnação (Nota 1).

- Dou-Vos graças por Vos terdes aniquilado a Vós mesmo,

tomando a forma de escravo,

para livrar-me da cruel escravidão do demônio.

- Eu Vos louvo e glorifico por Vos terdes querido submeter em tudo a Maria,

Vossa Mãe Santíssima,

a fim de, por Ela, tornar-me Vosso fiel escravo.

- Entretanto, ai de mim, criatura ingrata e infiel.

- Não guardei os votos e promessas que tão solenemente Vos fiz no meu Batismo (Nota 2).

- Não cumpri as minhas obrigações;

não mereço ser chamado Vosso filho, nem Vosso escravo;

e, como nada há em mim que não mereça a Vossa repulsa e a Vossa cólera,

não ouso aproximar-me por mim mesmo da Vossa Santíssima e Augustíssima Majestade.

- Recorro, pois, à intercessão e à misericórdia de Vossa Mãe Santíssima,

que me destes por medianeira junto de Vós.

É por intermédio d’Ela que espero obter de Vós:

a contrição e o perdão dos meus pecados,

a aquisição e conservação da Sabedoria.

 

- Ave, pois, ó Maria Imaculada,

Tabernáculo Vivo da Divindade,

onde a Eterna Sabedoria escondida quer ser adorada pelos anjos e pelos homens.

- Ave, ó Rainha do Céu e da Terra,

a cujo Império é submetido tudo o que há abaixo de Deus.

- Ave, ó Seguro Refúgio dos pecadores,

cuja misericórdia a ninguém despreza.

- Atendei ao Desejo Santo que tenho da Divina Sabedoria,

e recebei, para isso,

os votos e ofertas apresentados pela minha baixeza.

 

- Eu ........, infiel pecador, renovo e ratifico hoje, nas Vossas mãos, as promessas do meu Batismo:

- Renuncio para sempre a satanás, às suas pompas e suas obras, e

- Dou-me inteiramente a Jesus Cristo, a Sabedoria Encarnada,

para o seguir,

levando a minha cruz,

todos os dias da minha vida.

- E para lhe ser mais fiel do que até agora tenho sido:

- Escolho-Vos hoje, ó Maria,

na presença de toda a Corte Celeste, por minha Mãe e Senhora.

- Entrego-Vos e consagro-Vos, na qualidade de escravo:

  o meu Corpo (com os sentidos: audição, visão, olfato, paladar e tato);

  a minha Alma (com as potências: inteligência, memória, vontade);

 os meus Bens Interiores (orações, méritos, graças, virtudes e satisfações);

   e meus Bens Exteriores (família, trabalho, casa, renda);

  e o próprio valor das minhas obras passadas, presentes e futuras.

- Deixo-Vos pleno e inteiro direito de dispor de mim e de tudo o que me pertence,

sem exceção alguma,

segundo o Vosso agrado e para maior Glória de Deus,

neste tempo,

no Tempo da Prova Dolorosa e Sangrenta da Purificação,

da Grande Tribulação e do Castigo e por toda a Eternidade.

- Recebei, ó Benigníssima Virgem, esta pequenina oferta da minha escravidão:

em união e em honra à submissão que a Sabedoria Eterna quis ter à Vossa Maternidade;

em homenagem ao poder que ambos tendes sobre este vermezinho e miserável pecador;

em ação de graças pelos privilégios com que largamente Vos favoreceu a Trindade Santíssima.

- Protesto que quero,

de hoje em diante e firmemente,

como Vosso verdadeiro escravo,

buscar a Vossa honra e obedecer-Vos em todas as coisas.

- Ó Mãe Admirável,

apresentai-me ao Vosso amado Filho na condição de escravo perpétuo,

a fim de que,

tendo-me resgatado por Vós,

por Vós também me receba propiciamente.

- Ó Mãe de Misericórdia,

concedei-me a graça de obter a Verdadeira Sabedoria de Deus,

e de colocar-me, para isso, entre o número daqueles que:

amais, ensinais, guiais, sustentais e protegeis como filhos e escravos Vossos.

- Ó Virgem Fiel,

tornai-me em tudo um tão perfeito discípulo,

imitador e escravo da Sabedoria Encarnada,

Jesus Cristo, Vosso Filho,

que eu chegue um dia,

por Vossa intercessão e a Vosso exemplo,

à plenitude da sua idade na Terra e da Sua glória no Céu.

Amém.

Assim seja.

Tratado da Verdadeira Devoção a Santíssima Virgem Maria
São Luis Maria Grignion de Monfort

Nota 1:
Culto especial ao Mistério da Encarnação
§243. Quarta prática de devoção. Terão especial devoção ao grande mistério da Encarnação do Verbo, celebrado no dia 25 de março. É o mistério próprio desta Devoção, visto que ela foi inspirada pelo Espírito Santo:
1º. Para honrar e imitar a inefável dependência que o Filho de Deus quis ter de Maria, para glória de seu Pai e para nossa salvação. Esta dependência manifesta-se duma maneira particular neste mistério, em que Jesus Cristo está cativo e escravo no seio de Maria Santíssima, e onde depende d'Ela em todas as coisas.
2º. Para agradecer a Deus as graças incomparáveis que deu a Maria e, particularmente, por a ter escolhido para sua tão digna Mãe, escolha que se realizou neste mistério.
- Estes são os dois fins principais da escravidão de Jesus Cristo em Maria.



Nota 2:
Uma Perfeita Renovação dos Votos do Santo Batismo
§126. Como disse, a “Verdadeira Devoção A Santíssima Virgem Maria” podia muito justamente chamar-se uma “Renovação perfeita dos votos ou promessas do Santo Batismo”.  Todo cristão:
  • Antes do Batismo, era escravo do demônio, pois lhe pertencia.
  • Depois de receber o Batismo renunciou solenemente, pela própria boca ou pelas de seu padrinho e sua madrinha, a satanás, às suas pompas e às suas obras. Assim tomou a Jesus Cristo por seu Mestre e Soberano Senhor, a fim de depender d'Ele na qualidade de escravo de amor.
- É o que se faz pela presente Devoção:
  • renuncia-se (como está expresso na fórmula da consagração), ao demônio, ao mundo, ao pecado e a si mesmo, dando-se inteiramente a Jesus Cristo pelas mãos de Maria. E ainda se faz mais, porque no Batismo fala-se habitualmente pela boca de outra pessoa, isto é, do padrinho e da madrinha. A entrega a Jesus Cristo é feita por intermediários. Mas nesta Devoção damo-nos por nós mesmos, voluntariamente, com conhecimento de causa.
Tratado da Verdadeira Devoção a Santíssima Virgem Maria 
São Luis Maria Grignion de Monfort

domingo, 16 de março de 2014

Maria, 4ª e 5ª prática de devoção

Culto especial ao Mistério da Encarnação
Continua 4ª prática de devoção:
§245. 1ª. Estamos num século orgulhoso, em que abundam os sábios soberbos, os espíritos fortes e críticos, que acham o que criticar nas práticas de piedade mais fundadas e mais sólidas.
- A fim de não lhes fornecer, sem necessidade, um pretexto de crítica, vale mais dizer escravidão de Jesus Cristo em Maria, e dizer-se escravo de Jesus Cristo do que escravo de Maria. Assim denomina-se esta Devoção mais de acordo com o seu fim último, que é Jesus Cristo, do que com o caminho e meio para lá chegar, que é Maria. Apesar disso, podemos, na verdade, usar sem escrúpulos ambas as denominações, como eu mesmo faço. Por exemplo, um homem que vai de Orleans a Tours pelo caminho de Amboise pode muito bem dizer que vai a Amboise, e que vai a Tours; que é viajante para Amboise e para Tours. No entanto, a diferença é que Amboise é apenas o caminho direto para ir a Tours, e que só Tours é o seu fim último e o termo da sua viagem.

§246. 2ª. O principal mistério que se celebra e honra nesta Devoção é o mistério da Encarnação, no qual se pode ver Jesus em Maria, encarnado no seu seio. Por isso vem mais a propósito dizer escravidão de Jesus em Maria. Jesus habitando e reinando em Maria, conforme a bela oração de tantos homens célebres:
“Ó Jesus, que viveis em Maria, vinde e vivei em Vossos servos, no espírito da Vossa Santidade, na Plenitude de Vossa Força, na Perfeição de Vossas Vias, na Verdade de Vossas Virtudes, na Comunhão de Vossos Mistérios, dominai sobre toda a potestade inimiga, em Vosso Espírito para a Glória do Pai. Amém.”

§247. Este modo de falar mostra mais claramente a íntima união que existe entre Jesus e Maria. Estão unidos tão intimamente que um está todo no outro: Jesus todo em Maria e Maria toda em Jesus. Ou antes, Ela já não existe: é Jesus que é tudo n'Ela. Seria mais fácil separar do Sol a sua luz, que Maria de Jesus. Pelo que se pode chamar a Nosso Senhor, Jesus de
Maria, e à Santíssima Virgem, Maria de Jesus.

§248. O tempo não permite deter-me aqui para explicar as excelências e grandezas deste mistério de Jesus vivendo e reinando em Maria, ou da Encarnação do Verbo. Por isso contento-me com dizer, em duas palavras, que este é o primeiro dos mistérios de Jesus Cristo, o mais oculto, o mais elevado e o menos conhecido.
- Foi neste mistério que Jesus escolheu todos os eleitos com a colaboração de Maria, escondido no seu seio, que por isso é chamado pelos santos de “A Sala dos Segredos Divinos”. Foi neste mistério que Jesus operou todos os mistérios que depois se seguiram na sua vida, pela aceitação que deles fez. “Jesus, entrando no mundo, disse: Eis que venho para fazer a tua vontade, ó Deus” (Hb 10, 5-9). Por conseguinte, este mistério é um resumo de todos os outros; encerra a vontade e a graça de todos.
- Finalmente é o Trono da Misericórdia, da Liberalidade e da Glória de Deus.

Trono da sua Misericórdia para nós, pois só podemos nos aproximar de Jesus por meio de Maria, bem como só podemos vê-lo e falar-lhe por intermédio de Maria. Jesus, que atende sempre à sua querida Mãe, concede neste mistério sua graça e misericórdia aos pobres pecadores. “Vamos, pois, com confiança, ao trono da graça” (Hb 4, 16).

Trono da sua Liberalidade para com Maria, pois, enquanto o Novo Adão permaneceu neste verdadeiro Paraíso Terrestre, operou tantas maravilhas escondidas, que nem os anjos nem os homens as podem compreender. É por isso que os santos chamam Maria de a Magnificência de Deus, como se Deus só em Maria fosse Magnífico (Is 33, 21).

Trono da sua Glória para o Pai celeste, pois foi em Maria que Jesus Cristo aplacou perfeitamente seu Pai, irritado com os homens. Foi n'Ela que Jesus reparou cabalmente a glória que o pecado lhe tinha roubado. No sacrifício que fez da sua vontade e de si mesmo, Jesus deu mais glória a Deus do que jamais lhe teriam dado todos os sacrifícios da Antiga Lei. Enfim, foi em Maria que Jesus deu ao Pai uma glória infinita, que jamais havia recebido do homem.

Grande Devoção pela Ave-Maria e pelo Rosário
§249. Quinta prática. Terão muita devoção em rezar a Ave-Maria, ou Saudação Angélica. Poucos cristãos, embora esclarecidos, conhecem o valor, o mérito, a excelência e a necessidade desta oração. Foi preciso que a Santíssima Virgem aparecesse repetidas vezes a grandes santos muito esclarecidos, como São Domingos, São João Capistrano, o bem-aventurado Alano da Rocha, para lhes mostrar o mérito desta oração. Compuseram grossos volumes sobre as maravilhas da sua eficácia na conversão das almas. Publicaram altamente e pregaram publicamente que, tendo a salvação do mundo começando pela Ave-Maria, a salvação de cada alma em particular está ligada a esta oração.

- Foi esta oração que fez dar à Terra seca e estéril o fruto da vida, e é esta mesma oração que, rezada com devoção, deve fazer germinar nas nossas almas a Palavra de Deus, e fazer brotar o fruto de vida, que é Jesus Cristo.
- Disseram ainda que a Ave-Maria é um celeste orvalho que rega a Terra, isto é, a alma, para lhe fazer produzir fruto a seu tempo. E a alma que não for regada por esta oração ou orvalho celeste não dará fruto, mas apenas sarças e espinhos, não estando longe de ser amaldiçoada.

§250. Eis o que a Santíssima Virgem revelou ao Bem-aventurado Alano da Rocha, conforme é referido no seu livro “De dignitate Rosarii”, e depois citado por Cartagena. “Fica sabendo, meu filho, e fá-lo saber a todos, que um sinal provável e próximo de condenação eterna é ter aversão, tibieza e negligência em rezar a Saudação Angélica, que salvou todo o mundo”.
- Palavras tão consoladoras quão terríveis, que dificilmente se acreditariam se não tivéssemos esse santo por garantia e, antes dele, São Domingos, e depois muitos outros grandes personagens, com a experiência de muitos séculos.
- Efetivamente, sempre se verificou que os que trazem o sinal da condenação, como todos os hereges, os ímpios, os orgulhosos e os mundanos odeiam e desprezam a Ave-Maria e o Terço.

- Os hereges ainda aprendem e rezam o Pai-Nosso, mas não a Ave-Maria, nem o Terço. Têm-lhes horror; preferiam trazer consigo uma serpente a um Terço. Os orgulhosos, embora católicos, como têm as mesmas inclinações que seu pai Lúcifer, também desprezam ou votam indiferença à Ave-Maria,
considerando o Terço como uma devoção para efeminados, própria para ignorantes e analfabetos. Pelo contrário, a experiência tem mostrado que aqueles e aquelas que apresentam grandes sinais de predestinação amam, saboreiam e rezam com prazer a Ave-Maria, e que quanto mais são de Deus, tanto mais gostam desta oração. Foi o que disse a Santíssima Virgem
ao bem-aventurado Alano, depois das palavras que acabo de citar.
  
Tratado da Verdadeira Devoção a Santíssima Virgem Maria / São Luis Maria Grignion de Monfort

sexta-feira, 14 de março de 2014

Maria, 3ªe 4ª prática de devoção

Uso das Cadeiazinhas
§236. Terceira prática. É muito louvável, muito glorioso e útil para aqueles e aquelas que assim se fazem escravos de Jesus em Maria, que usem umas cadeiazinhas de ferro. Estas ser-lhes-ão um sinal da sua Escravidão de Amor, e serão bentas com uma bênção própria. Estes sinais exteriores não são, na verdade, tão essenciais, e uma pessoa pode passar bem sem eles, embora se tenha abraçado a esta Devoção. Mas os escravos de amor sacudiram as cadeias vergonhosas da escravidão do demônio, a que o pecado original e talvez os pecados atuais os tinham reduzido. 
Por isso não posso deixar de louvar aqueles e aquelas que se sujeitaram voluntariamente à gloriosa escravidão de Jesus Cristo, e se gloriam, com São Paulo, de estar em cadeias por amor de Jesus Cristo (Ef 3, 1). Estas cadeias são mil vezes mais preciosas, embora de ferro e sem brilho algum, que todos os colares de ouro dos imperadores.

§237. Ainda que outrora não houvesse nada de mais difamante do que a Cruz, no presente é esse madeiro o que há de mais glorioso no Cristianismo. O mesmo se diga dos ferros da escravidão.
- Entre os antigos e, mesmo hoje, entre os pagãos, nada há de mais ignominioso. Mas para os cristãos não há nada mais ilustre do que essas cadeias de Jesus Cristo. Elas livram-nos e preservam-nos dos infames laços do pecado e do demônio. Colocam-nos em liberdade e ligam-nos a Jesus e a Maria, não por imposição e por força como se faz a forçados, mas por caridade e amor, como a filhos. “Atrai-los-ei com cadeias de caridade”, diz Deus pela boca dum profeta (Os 11, 4) . 
- Estas cadeias são, por conseguinte, fortes como a morte, e, de certo modo, mais fortes ainda nas pessoas que forem fiéis em usar estes gloriosos sinais até a morte. Pois, embora a morte destrua seus corpos, reduzindo-os à podridão, não destruirá esses laços da sua escravidão, já que sendo de ferro, não se corrompem facilmente. E talvez no dia da ressurreição da carne, no grande momento do juízo final, essas cadeias, que lhes ligarão ainda os ossos, constituam parte da sua glória e sejam transformadas em gloriosas cadeias de luz. Felizes, portanto, mil vezes felizes, os ilustres escravos de Jesus em Maria, que usarem estas cadeias até a sepultura!

§238. Eis as razões por que se usam estas cadeiazinhas:
- A primeira razão é para que o cristão se lembre dos votos e promessas do seu Batismo; para que se recorde da renovação perfeita que deles fez, por meio desta Devoção, e da estreita obrigação em que está de lhes ser fiel. O homem conduz-se, muitas vezes, mais pelos sentidos do que pela fé pura, e esquece-se facilmente das suas obrigações para com Deus, se não houver qualquer coisa exterior que lhas faça lembrar. Ora, estas cadeiazinhas servem maravilhosamente para lembrar ao cristão as cadeias do pecado e da escravidão do demônio, de que o Batismo o livrou.
- Lembram também a dependência de Jesus Cristo em que o homem se colocou pelo Santo Batismo, bem como a ratificação que dela fez ao renovar as suas promessas. Uma das razões por que tão poucos cristãos pensam nas promessas do seu Santo Batismo e vivem tão livremente como se nada tivessem prometido a Deus, como os pagãos, é que não trazem nenhum sinal exterior que os faça lembrar disso.

§239. A segunda razão é para mostrar que não nos envergonhamos de ser escravos e servos de Jesus Cristo, e que renunciamos à funesta escravidão do mundo, do pecado e do demônio.
- Uma outra razão é para servirem de garantia e preservação contra as cadeias do pecado e do demônio. Pois temos de trazer ou as cadeias da iniquidade, ou as cadeias da caridade e da salvação.

§240. Ah! Meu querido irmão, quebremos as cadeias do pecado e dos pecadores, do mundo e dos mundanos, do demônio e dos seus sequazes, e “lancemos para longe de nós o seu jugo funesto” (Sl 2, 3).
- Para me servir das palavras do Espírito Santo:
“Ponhamos os pés nos Seus gloriosos ferros, e o pescoço nos Seus grilhões” (Eclo 6, 25). “Curvando os ombros, levemos a Sabedoria, que é Jesus Cristo, sem aborrecermos as suas cadeias” (Eclo 6, 26).
- Note-se que antes de dizer estas palavras, o Espírito Santo vai preparando a alma, para que não venha a rejeitar este importante conselho. - Eis as suas palavras: “Ouve, meu filho, e recebe um conselho de sabedoria, e não rejeites o meu conselho (Eclo 6, 24).

§241. Permite-me, meu querido amigo, que eu me una ao Espírito Santo, para te dar o mesmo conselho: “As suas cadeias são cadeias de salvação” (Eclo 6, 31). Jesus Cristo, do alto da Cruz, deve atrair tudo a si, livre ou forçadamente. Ele atrairá os réprobos com as cadeias de seus pecados a fim de os acorrentar, como forçados e demônios, à sua ira eterna e à sua justiça vingadora. Mas atrairá particularmente nestes últimos tempos, os predestinados, com cadeias de caridade: “Atrairei tudo a Mim” (Jo 12, 32). “Hei de atraí-los com cadeias e vínculos de caridade” (Os 11, 4).

§242. Estes escravos de amor de Jesus Cristo, estes prisioneiros de Jesus Cristo, podem usar as cadeias ao pescoço, nos braços, à cintura ou nos pés. O Padre Vicente Caraffa, sétimo Geral da Companhia de Jesus, que faleceu em odor de santidade em 1643, trazia uma argola de ferro nos pés, como sinal da sua servidão, e dizia que lamentava não poder arrastar publicamente as suas cadeias. A Madre Inês de Jesus, de quem já falamos, usava uma corrente de ferro em volta da cintura.
- Alguns outros usaram-na ao pescoço, como penitência pelos colares de pérolas que tinham trazido no mundo. Outros ainda usaram-na nos braços, para se lembrarem, nos seus trabalhos manuais, de que eram escravos de Jesus Cristo.

Culto especial ao Mistério da Encarnação
§243. Quarta prática. Terão especial devoção ao grande mistério da Encarnação do Verbo, celebrado no dia 25 de março. É o mistério próprio desta Devoção, visto que ela foi inspirada pelo Espírito Santo:
1º. Para honrar e imitar a inefável dependência que o Filho de Deus quis ter de Maria, para glória de seu Pai e para nossa salvação. Esta dependência manifesta-se duma maneira particular neste mistério, em que Jesus Cristo está cativo e escravo no seio de Maria Santíssima, e onde depende d'Ela em todas as coisas.
2º. Para agradecer a Deus as graças incomparáveis que deu a Maria e, particularmente, por a ter escolhido para sua tão digna Mãe, escolha que se realizou neste mistério.
- Estes são os dois fins principais da escravidão de Jesus Cristo em Maria.

§244. Nota, por favor, que eu digo, habitualmente, escravo de Jesus em Maria, escravidão de Jesus em Maria. Pode-se realmente dizer, como muitos o fizeram até aqui, escravo de Maria, escravidão de Maria. Mas parece-me preferível dizer escravo de Jesus em Maria. Como aconselhava o Padre Tronson, Superior Geral do Seminário de São Sulpício, celebre por sua rara prudência e piedade consumada. Foi assim que aconselhou um sacerdote que o consultou sobre este assunto. E as razões de tal proceder são as seguintes:
Tratado da Verdadeira Devoção a Santíssima Virgem Maria

São Luis Maria Grignion de Monfort