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sábado, 23 de setembro de 2017

Coroação de Espinhos de Jesus


Coroação de Espinhos
- Quando os algozes ficaram fartos de bater, trançaram uma coroa de espinhos, enterram-na em Minha Cabeça e desfilaram diante de Mim dizendo:
  • Rei nós te saudamos!
- Uns Me insultavam, outros batiam-Me sobre a cabeça e cada um acrescentava nova dor aquelas que já esgotavam Meu Corpo.
- Contemplai-Me, almas que amo:
  • Condenado pelos tribunais,
  • Abandonado aos insultos e as profanações da multidão,
  • Entregue ao suplício da flagelação
E, como se tudo isso não bastasse para Me reduzir a mais humilhante condição,
  • Coroado de espinhos,
  • Coberto com um manto de purpura,
  • Saudado como um rei de escárnio,
  • Tido como louco.
- Sim Eu, que Sou o Filho de Deus, o Sustentáculo do Universo, quis passar, aos olhos dos homens como o último e o mais miserável de todos.
- Longe de fugir a humilhação, abracei-a , para expiar os pecados de orgulho e arrastar as almas com Meu exemplo.
- Consenti que Minha Cabeça fosse coroada de espinhos e que sofresse para reparar os pecados de tantas almas soberbas que recusam tudo que as rebaixe aos olhos das criaturas.
- Consenti que Me cobrissem os ombros com um manto de escárnio e Me tratassem como louco, a fim que muitas almas não desdenhassem seguir-Me numa trilha que o mundo julga vil e baixa e que lhes parece indigna de sua condição.

Seguir a Vontade de Deus
- Não, almas queridas, caminho algum, situação alguma é vil e humilhante quando se trata de seguir a Vontade de Deus.
- Vós que vos sentis interiormente atraídos a tal estado, não resistais e não procureis, com vãs e orgulhosas razões, fazer a Vontade Divina querendo seguir, ao mesmo tempo, a vossa própria vontade.
- Não julgueis encontrar paz e felicidade em condição mais ou menos brilhante aos olhos das criaturas.
- Não as encontrareis senão na submissão a Vontade de Deus e no inteiro cumprimento de tudo que vos pedir.

Honras humanas
- Há também no mundo muitas almas que procuram fixar aqui na terra seu futuro.
- Talvez uma ou outra sinta inclinação ou secreto atrativo por alguém em quem descobre muitas qualidades, honradez, fé, piedade, consciência profissional e compreensão das virtudes da família; -tudo que corresponde a seu desejo de amar.
- Mas de súbito o orgulho lhe invade o espírito.
- Sem dúvida o coração ficaria satisfeito desse lado, mas não a vã ambição de brilhar aos olhos do mundo.
- Então a alma se desvia para procurar alguém que melhor atraia em si a atenção das criaturas, fazendo-a parecer exteriormente mais rica e mais nobre.
- Ah, como esta alma está se tornando voluntariamente cega.
- Não achareis certamente a felicidade que buscais neste mundo e oxalá, depois de vos terdes metido em tão perigosa situação, a encontrareis no outro.

Almas que chamo
- E que dizer de tantas almas que chamo ao caminho da perfeição e do amor e que fazem como se não ouvissem a Minha Voz.

Almas dispostas
- Quantas ilusões naquelas que Me dizem estarem dispostas a fazer-Me a Vontade e unir-se a Mim e todavia enterram na Minha Cabeça os espinhos da coroa.

Almas Esposas
- As almas que desejo como Esposas, conheço-as até os mais íntimos refolhos do coração, e, amando-as como as amo, com infinita delicadeza, as atraio para onde as vejo, na Minha Sabedoria, que encontrarão os meios necessários para chegarem a santidade:
  • Ali lhes descobrirei o Meu Coração, ali elas Me darão mais amor e mais almas.
Almas cegas
- Mas, quantas resistências e decepções.
- Quantas almas cegas pelo orgulho e por necessidade exagerada de estima, e pelo desejo de satisfazerem a natureza com mesquinha ambição de se tornarem ‘alguém’, deixam-se invadir por vãos raciocínios e afinal recusam entrar no caminho traçado pelo Amor.

Atos de humildade e submissão
- Almas que Eu escolhera, credes, porventura que, seguindo vosso gosto, dar-Me-eis a glória que de vós esperava?
- Credes fazer Minha Vontade, resistindo a Minha Graça que vos chama a esse Caminho que vosso orgulho repele?
- Ah, desejaria que multiplicasses HOJE atos de humildade e de submissão a Vontade Divina, para obter que muitas almas se deixem guiar na senda que Eu lhes preparo com tanto amor.

É preciso que se cumpram as Escrituras
- Coroado de espinhos e coberto com o manto de purpura, os soldados Me conduziam a Pilatos, acabrunhando-Me a cada passo, com gritos, insultos e escárnios.
- Não achando em Mim nenhum crime digno de castigo, Pilatos Me interrogou novamente e perguntou-Me porque não lhe respondia, sabendo que tinha o poder sobre Mim.
- Então saindo de Meu Silêncio, disse-lhe:
“Não terias poder algum se não te fosse dado do Alto,
mas é preciso que se cumpram as Escrituras”
e fechando novamente os lábios, abandonei-Me.
- Pilatos perturbado com o aviso de sua mulher e perplexo entre os remorsos da consciência e o temor de ver o povaréu amotinado revoltar-se contra ele se recusasse a Minha morte; apresentou-Me a multidão no estado lamentável a que Me haviam reduzido e propôs dar-Me liberdade e condenar em Meu lugar Barrabás, que era um ladrão de fama.
- Mas a multidão vociferou em côro:
“Morra Ele, queremos que Ele morra e Barrabás seja libertado”
- Ó vós que Me amais, vede como Me compararam a um ladrão ou como Me puseram abaixo do mais perverso malfeitor; ouvi os gritos de ódio que vociferam contra Mim, pedindo a Minha Morte.
- Longe de evitar tamanha afronta, ao contrário, abracei-a por amor as almas e por vosso amor.
- Quis mostrar-vos que este Amor não Me conduzia somente a morte:
  • mas ao desprezo,
  • a ignominia,
  • ao ódio daqueles por quem Meu Sangue ia ser derramado em profusão.
- Trataram-Me de perturbador, insensato e louco; aceitei tudo com a maior doçura e a mais profunda humildade.

Experiência da dor
- Não creias, porém, que deixei de sentir então repugnância e dor.
- Pelo contrário, quis que a Minha natureza humana experimentasse todas as que vós mesmos experimentais, a fim de que Meu exemplo vos fortificasse em todas as circunstancias de vossa vida.
- Também, quando soou para Mim aquela hora dolorosíssima que Eu poderia tão facilmente evitar, abracei-a amorosamente para cumprir:
  • A Vontade do Pai
  • Reparar Sua Glória
  • Expiar os pecados do mundo e
  • Comprar a Salvação de muitas almas.
Almas orgulhosas
- Aquelas almas chamadas ao estado de perfeição e que, muitas vezes, entretanto discutem com a Voz da Minha Graça e assim lhe respondem:
  • Como me resignar a viver nesta contínua obscuridade?
  • Minha família, meus amigos julgar-me-ão ridículo, pois tenho capacidade, e seria mais útil em outra parte, etc...
- A essas almas vou responder:
  • Quando tive que nascer de pais nobres e ignorantes, longe de minha terra e de minha casa, num estábulo durante a mais fria e mais escura noite, recusei? Vacilei?
Minha missão humana
- Durante trinta anos conheci os rudes trabalhos da vida operária.
- Sofri com Meu Pai São José, os desprezos daqueles para quem trabalhava.
- Não achei indigno de Mim ajudar Minha Mãe no cuidado da pobre casa; e entretanto não tinha Eu mais talento do que o necessário para desempenhar o modesto ofício de carpinteiro?
- Eu que já aos doze anos de idade instruíra os doutores no templo?
- Era, porém, aquela Vontade de Meu Pai Celeste, e era assim que mais glória Lhe podia dar.
- Desde o começo de Minha Vida pública podia ter-Me dado a conhecer por Messias e Filho de Deus para dominar as multidões e torna-las atentas a Meus ensinamentos.
- Não o fiz porque Meu único desejo era cumprir em tudo a Vontade de Meu Pai.

Repugnâncias da natureza
- E quando chegou a hora da Minha Paixão:
  • no meio da crueldade de uns e das afrontas de outros,
  • do abandono dos Meus,
  • da ingratidão do povo,
  • no meio do indizível martírio do Meu Corpo e das vivíssimas repugnâncias de Minha natureza humana,
foi com mais Amor ainda que Meu Coração abraçou aquela Santa Vontade.
- E sabei, Almas escolhidas:
  • que quando dominardes as repugnâncias naturais,
  • a oposição de vossas famílias,
  • os juízos do mundo,
  • quando vos entregardes generosamente a Vontade de Deus,
então chegará a hora em que, estreitamente unida ao Esposo Divino, gozareis das mais inefáveis doçuras.
- O que digo as almas que sentem repugnâncias pela vida humilde e escondida, repito-o também aquelas que, inversamente, são chamadas a prodigalizar sua vida a serviço do mundo, quando seus atrativos as levariam para a solidão e obscuridade.

Verdadeira felicidade
- Compreendei, almas queridas:
  • viver conhecidas ou desconhecidas dos homens,
  • utilizar ou não os talentos recebidos,
  • ser pouco ou muito estimada,
  • gozar ou não de saúde,
nada disso constitui, por si mesmo, vossa felicidade.
- Conheceis a única coisa que vo-la garantirá?
  • Fazer a Vontade de Deus,
  • Abraça-la com amor,
  • Unir-vos e conformar-vos com tudo que ela exija para sua Glória e para santificação vossa.
- Ama e abraça alegremente a Minha Vontade, pois bem sabes que em tudo foi traçada pelo Amor.

Eu preciso desta graça
- Na mesma tarde Josefa, confessa humildemente que essa recomendação do Mestre não fora inútil.
- Ele quer que ela obtenha, com sua própria vitória sobre as repugnâncias da natureza, graça semelhante para muitas almas que dela precisam.
- Grande lição que retiramos da seguinte confidência feita pela sua humildade:
“Sinto em mim, de novo,
contra este gênero de vida tão extraordinário,
uma espécie de revolta que me tira a paz,
porque eu queria tanto trabalhar”
- Nosso Senhor, porém, não faz caso dessa repulsa que não pode entravar nem a Sua Vontade nem a de Josefa, e logo na manhã seguinte, sábado da Paixão, 24 de março de 1923, Ele continua...

Sofrimento do Meu Coração
- Ocupemo-nos da Minha Paixão.
- Medita por um momento no sofrimento de Meu Coração terníssimo e delicado, quando se viu posto abaixo de Barrabás.
- Vendo-Me assim desprezado, fui traspassado no mais íntimo da alma pelos gritos da multidão que reclamava a Minha Morte.
- Como recordei então:
·         as ternuras de Minha Mãe quando Me estreitava ao Coração,
·         os cansaços e cuidados que Meu Pai adotivo suportara por Meu Amor.
·         Como repassava os benefícios tão prodigamente derramados sobre esse povo:
o   A vista aos cegos,
o   A saúde aos enfermos,
o    As multidões alimentadas no deserto,
o   Os próprios mortos ressuscitados.
- E agora, contemplai-Me reduzido ao estado mais desprezível, objeto mais que qualquer outro do ódio dos homens e condenado como um ladrão infame.
- A multidão pede a Minha Morte e Pilatos pronunciou a sentença.
- Almas que amo, considerai atentamente o sofrimento de Meu Coração.

Escola do Amor
- Depois de Me ter traído no Horto das Oliveiras, Judas andou errante e fugitivo sem poder abafar os gritos de sua consciência que o acusava do mais horrível sacrilégio.
- Quando lhe chegou aos ouvidos a sentença de morte pronunciada contra Mim, caiu no mais terrível desespero e se enforcou.
- Quem poderá compreender a dor intensa e profunda de Meu Coração quando vi precipitar-se, na eterna perdição, aquela alma que tinha passado tantos dias na Escola de Meu Amor?
- Que tinha recolhido Lições, e tantas vezes ouvido cair de Meus Lábios perdão para os maiores pecados?
- Ah, Judas, por que não vens atirar-te a Meus Pés a fim de que Eu te perdoe também?
- Se não ousas aproximar-te de Mim, por medo dos que Me cercam com tanto ódio, ao menos olha para Mim e logo encontrarás Meus Olhos fixos em ti.

Hoje, é o dia da Salvação (IICor 6,2)
- Vós, que estais mergulhados no mal e que há mais ou menos tempo viveis errantes e fugitivos por causa de vossos crimes:
  • Se os pecados de que sois culpados vos endureceram e cegaram o coração,
  • Se para satisfazerdes as vossas paixões, caistes nos piores escândalos.
- Ah, quando vossa alma reconhecer o seu estado, e os motivos ou os cumplices de vossas faltas vos abandonarem, não deixeis que de vós se apodere o desespero.
Enquanto o homem tiver um sopro de vida,
poderá ainda recorrer a Misericórdia e implorar perdão.
- Se sois jovens e já as desordens de vossa mocidade vos deixaram em estado de degradação aos olhos do mundo, não temais.
- Mesmo que o mundo vos trate de criminoso, vos despreze e vos abandone, Vosso Deus não consentirá que vossa alma seja presa do inferno.
- Pelo contrário, deseja, e com ardor, que dele vos aproximais para vos perdoar.
- Se não ousais falar-Lhe, dirigi para Ele vossos olhares e os suspiros do vosso coração e em breve vereis que Sua Mão Bondosa e Paternal vos conduz a Fonte do Perdão e da Vida.
- Se, passastes, voluntariamente a maior parte da vida na impiedade ou na indiferença e, de repente, ao se aproximar a eternidade, o desespero tente vos vendar os olhos... ah, não vos deixeis enganar, é ainda tempo de perdão.
- Mesmo se não vos resta senão um segundo de vida, neste segundo podeis comprar a eternidade.
- Se vossa existência mais ou menos longa se escoou na ignorância e no erro, se fostes causa de grandes males para os homens, a sociedade e mesmo para a religião e se por qualquer circunstância vindes a reconhecer que vos enganastes, não vos deixeis acabrunhar pelo peso de vossas faltas e do mal de que fostes instrumento.
- Mas vossa alma, penetrada do mais vivo arrependimento se lance num abismo de confiança e corra Aquele que vos espera sempre para perdoar todos os erros de vossa vida.

Alma acomodada
- Falarei também para aquela alma que viveu primeiro na fiel observância da Minha Lei, mas que se foi esfriando pouco a pouco até a tibieza de uma existência cômoda.
- Ela esqueceu a própria alma, pode-se dizer e também suas elevadas aspirações.
- Deus pedia-Lhe mais esforços, mas os defeitos habituais cegaram-na e caiu nos gelos da tibieza, piores que os do pecado, pois a consciência, surda e adormecida, não sente mais remorsos e não ouve mais a Voz de Deus.
- Venha uma forte sacudidela que a desperte subitamente:
  • Sua vida lhe parece então inútil e vazia para a eternidade.
  • Perdera inúmeras graças, e o demônio, que não quer largar a presa, explora-lhe a angustia, mergulha-a no desânimo, na tristeza, no abatimento, e pouco a pouco, submerge-a no temor e no desespero.
- Almas que amo, não deis ouvidos a esse cruel inimigo.
- Vinde depressa atirar-vos a Meus Pés e penetradas de viva dor, implorai Minha Misericórdia e não temais. Perdoo-vos.
- Começai novamente vossa vida de fervor, recuperareis os méritos perdidos e Minha Graça não vos faltará.

Alma escolhida
- Será preciso, enfim, dirigir-Me as Minhas escolhidas?
- Haverá alguma que tenha passado longo anos na prática constante da Regra e dos deveres religiosos?
- Sim, uma alma que Eu favorecera com Minhas Graças e instruíra com Meus conselhos, uma alma, por longo tempo fiel a Voz da Graça, as inspirações Divinas.
- Eis que:
  • por uma pequena paixão,
  • uma ocasião não evitada,
  • uma satisfação concedida a natureza,
  • um relaxamento no esforço necessário.
- Esfriou pouco a pouco, caiu numa vida ordinária, vulgar e finalmente tíbia.
- Ah, se por uma ou outra causa, saís um dia de vosso sono, sabei que no mesmo instante o demônio, com inveja de vosso bem:
  • Vos assaltará de mil maneiras,
  • Tentará persuadir-vos que é tarde demais e que tudo é inútil,
  • Encher-vos-á de temor e repugnância para descobrir o estado de vossa alma,
  • Apertar-vos-á a garganta para vos impedir de falar e de vos abrirdes a Luz,
  • Trabalhará para abafar em vós a confiança e a paz.
Jesus escondido (Marcos 16,12)
- Escutai primeiro a Minha Voz, dizendo-vos o que deveis fazer:
  • Desde que a Graça vos tocar e antes que a luta se trave, correi a Meu Coração...
  • Pedi-Lhe que derrame sobre vós uma gota de Seu Sangue.
- Sim, vinde a Mim.
- Sabeis que estou sempre nos braços paternais de vossos Superiores, sejam quem forem.
- Ali estou, escondido, sob o véu da fé; levantai aquele véu e dizei-Me com inteira confiança vosso sofrimento, vossas misérias, vossas quedas.
- Recebei a Minha Palavra com respeito e nada temais pelo passado; Meu Coração submergiu-o no abismo de graças.
- A lembrança de vossa vida passada não será então motivo para vos humilhardes e aumentardes vossos méritos e, se quereis dar-Me maior prova de amor, contai com o Meu Perdão e crede que vossos pecados nunca conseguirão ultrapassar Minha Misericórdia que é infinita.

- Josefa, fica escondida no abismo de Meu Amor e reza para que as almas se deixem penetrar dos mesmos sentimentos. 
22 a 25.março.1923 (410-422)
“Apelo ao Amor” A mensagem do Coração de Jesus ao Mundo e Sua Mensageira Irmã Josefa Menéndez da Sociedade do Sagrado Coração.

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terça-feira, 17 de junho de 2014

Sofrer com Paciência

Sofrer com Paciência
            È preciso sofrer com paciência todas as tribulações desta vida, as doenças, as dores, a pobreza, a perda de bens, a morte dos parentes, as injurias, as perseguições e tudo o que nos contraria.
Estejamos persuadidos de que os sofrimentos desta vida são sinais do amor de Deus para conosco, e do seu desejo de nos ver salvos no céu.
Compreendamos ainda que agradam mais a Deus as mortificações involuntárias enviadas por ele do que as voluntárias que são de nossa escolha.

            Nas doenças procuremos resignar-nos inteiramente a vontade do Senhor, com isso agradar-lhe-emos mais do que com qualquer outra prática de piedade. Se então não pudermos meditar, olhemos para o crucifixo e ofereçamos a Jesus nossos sofrimentos em união com os que ele sofreu por nós na cruz.
Quando nos avisarem da aproximação de nossa morte, aceitemo-la em paz e em espirito de sacrifício, isto é, com a vontade de morrer para comprazer a Jesus Cristo. Dessa entrega a vontade de Deus nasceu todo o mérito da morte dos mártires. É preciso, pois, dizer a Deus: “Senhor, eis-me aqui; quero o que vós quereis, quero sofrer tudo o que vos aprouver; estou pronto para morrer quando quiserdes”.
Não peçamos vida mais longa para fazermos penitência dos nossos pecados, pois a aceitação da morte com plena resignação vale mais do que todas as penitências.

            Conformemo-nos também com a vontade divina, quando formos provados pela pobreza e por todos os incômodos que ela nos traz consigo: o frio, a fome, o cansaço, as desonras, os desprezos.

É preciso ainda acolher com resignação a perda dos bens, dos parentes e amigos que, vivendo, poderiam fazer-nos o bem. Acostumemo-nos a repetir em todas as coisas que nos contrariam: “Assim Deus quis, assim também eu quero”. Na morte de algum parente, em vez de perdermos tempo chorando sem proveito algum, empreguemo-nos rezando pelo falecido, e ofereçamos a Jesus a dor que sentimos nessa perda.

Esforcemo-nos, enfim, para sofrer com paciência e serenidade os desprezos e as injurias. A quem nos fala com injurias, respondamos com mansidão; mas, quando nos sentimos agitados, é melhor sofrer e calar até que se tranquilize o nosso espirito. Não nos queixemos a outros das injurias recebidas, mas ofereçamo-las de coração a Jesus Cristo que sofreu tanto por nós.


A Prática de amor a Jesus Cristo | Santo Afonso Maria de Ligório

segunda-feira, 26 de maio de 2014

Tentações

O amor a Jesus Cristo nas tentações
Os sofrimentos que mais afligem nesta vida as pessoas que amam a Deus, não são a pobreza, as doenças, as injurias ou as perseguições, mas sim as tentações e tribulações espirituais.
            Quando uma alma goza da presença amorosa de Deus, todas as dores, os desprezos e os maus tratos, em vez de afligirem, consolam, pois são motivos para oferecer a Deus alguma prova de seu amor. São lenha  que ateia mais fogo. Mas, o ver-se tentada a perder a graça de Deus ou o sentir o temor na desolação de já tê-la perdido, são esses os sofrimentos mais amargos para quem ama de coração a Jesus Cristo.
Mas o próprio amor a Deus lhe dá forças para sofrer com paciência e continuar no caminho da perfeição. E quanto progridem as almas no caminho da perfeição com essas provas, que deus costuma exigir-lhes de seu amor!

As tentações
Para quem ama a Jesus Cristo não há sofrimento pior que as tentações. Todos os outros sofrimentos o estimulam a se unir mais com Deus, quando aceitos com generosidade. As tentações, porém, impelem a pecar, a separar-se de Jesus Cristo e, por isso, são muito mais amargas do que todos os outros sofrimentos. É preciso, porém, notar que todas as tentações, que impelem para o mal, não vêm de Deus, mas do demônio ou das más inclinações:
“Deus é incapaz de tentar para o mal, e ele não tenta ninguém” Tiago 1,13
            Contudo, ele permite, as vezes, que as almas, que lhe são mais caras, sejam tentadas mais fortemente.
1. Em primeiro lugar, para que conheçam melhor a sua fraqueza e a necessidade que têm do auxilio de Deus para não caírem. Quando uma pessoa se encontra interiormente consolada por Deus, pensa ser capaz de vencer todas as tentações e realizar qualquer trabalho pela gloria de Deus. Vendo-se, porém, duramente tentada, a beira do precipício, e quase caindo, é então que reconhece melhor sua miséria e sua incapacidade para resistir, se Deus não a socorre. Foi isso justamente o que aconteceu a São Paulo que escreveu: “É para que a grandeza das revelações não me ensoberbecesse, foi-me dado o estímulo da minha carne, um anjo de satanás, que me esbofeteie” IICor 12,7

            2. Em segundo lugar, Deus permite as tentações para que vivamos mais desapegados deste mundo, e desejemos mais ardentemente ir vê-lo no céu.
            As pessoas de bom coração, vendo-se tentadas nesta vida dia e noite, enfastiam-se de viver e dizem: “Ai de mim, meu desterro se prolonga”, suspirando pela hora em que poderão dizer: “A cadeia se rompeu, e nós ficamos livres” Salmo 119, 5. A alma quer voar para Deus, mas enquanto vive neste mundo, está presa por uma cadeia que a segura aqui na terra, onde é atormentada continuamente pelas tentações. Essa cadeia não se rompe senão com a morte. Por isso, as almas que amam o Senhor suspiram pela morte que as tire do perigo de perderem a Deus.

            3. Em terceiro lugar, Deus permite as tentações para nos enriquecer com méritos como disse o anjo a Tobias: “Porque eras aceito a Deus, foi necessário que a tentação te provasse” Tobias 12, 13.
            Portanto, não devemos recear de estar sem a graça de Deus pelo fato de sermos tentados; pelo contrário, então devemos esperar ser mais amados por Deus.
É engano do demônio o fazer certas almas fracas acreditarem que as tentações são pecados que mancham  a alma. Não são os maus pensamentos que fazem perder a Deus, mas sim os maus consentimentos. Por fortes que sejam as tentações do demônio, por mais vivas que sejam as imaginações impuras assaltando o nosso espírito, se nós não a queremos, não mancham a alma, mas a tornam mais pura, mais forte e mais querida por Deus.
- Diz São Bernardo que todas as vezes que vencemos as tentações, ganhamos um novo mérito: “Quantas vezes vencemos, tantas vezes somos coroados”.
            Não nos espantemos com o mau pensamento que não sai da nossa cabeça e continua a nos atormentar; basta que o detestemos e procuremos afastá-lo.

A Prática de amor a Jesus Cristo Cap XVII– Santo Afonso Maria de Ligório

sexta-feira, 23 de maio de 2014

Deus nos ama

Deus nos ama
17. Por que Deus nos carrega de tantas cruzes e parece se alegrar vendo-nos atribulados, desprezados, perseguidos e maltratados no mundo?
Por acaso é um tirano tão cruel que gosta de nos ver sofrer?
Não. Deus não é um tirano nem é cruel; ele é todo bondade e amor para conosco. Basta dizer que nos amou até morrer por nós.
Ele se alegra, sim, vendo-nos sofrer, mas para o nosso bem. Deseja que, sofrendo nesta vida, fiquemos livres das penas que deveríamos sofrer na outra vida por causa das nossas dividas com a justiça de Deus.
Ele se alegra, sim, para que não nos apeguemos aos prazeres sensíveis desta vida.
Certas mães colocam algo de amargo em seus seios quando querem desmamar o filhinho. Deus torna amargos os prazeres da vida para que, sofrendo com paciência e resignação, lhe demos alguma prova de nosso amor.
Alegra-se finalmente, por adquirirmos maior glória no céu com os nossos sofrimentos. Por esses motivos, todos eles de bondade e amor, o Senhor se alegra vendo-nos sofrer.

18. Para praticarmos bem a resignação em todas as tribulações que nos acontecem, é necessário persuadir-nos de que todos os sofrimentos vêm das mãos de Deus, diretamente ou indiretamente através dos homens.
Quando nos virmos atribulados, devemos agradecer ao Senhor e aceitar alegremente tudo o que ele nos manda, porque tudo é para o nosso bem: “Todas as coisas concorrem para o bem dos que amam a Deus” Romanos 8,28.
Quando nos aflige alguma tribulação, devemos pensar no inferno, por nós merecido. Todo o sofrimento em comparação com o inferno, será sempre imensamente menor.
Mas, para sofrer com paciência todas as dores, todos os desprezos e todas as contrariedades, requer-se a oração mais do que qualquer consideração. A ajuda divina que nos será dada depois da oração, comunicar-nos-á a força que não tínhamos.
Assim fizeram os santos, recomendaram-se a Deus e venceram todos os sofrimentos e perseguições.

Oração
            Senhor, estou convencido de que, sem sofrer com paciência, não posso ganhar o céu. “Dele é que vem –dizia Davi- a minha paciência” Salmo 61,6. O mesmo quero dizer.
            Vós me dareis a paciência para sofrer. Quero aceitar com tranquilidade todas as tribulações, mas depois, quando elas chegam, encho-me logo de tristeza de desânimo.
            Dessa forma sofro sem méritos e sem amor, porque não sei ainda sofrer par vos agradar.
            Por isso, meu Jesus, eu vos peço, pelos merecimentos de vossa paciência, a graça de sofrer todas as cruzes por vosso amor.
            Eu vos amo de todo o meu coração, divino Redentor.
Eu vos amo, meu sumo bem;
Amo-vos, Jesus, digno de um amor infinito.
Arrependo-me de todos os desgostos que vos tenho dado.
Prometo-vos aceitar com resignação todos os sofrimentos de que me enviardes; mas espero de vós o socorro para sofrer com paciência, especialmente as dores da minha agonia e da minha morte.
Maria, minha Rainha, alcançai-me uma verdadeira resignação em tudo o que ainda tenha de sofrer na vida e na morte.

Amém.
A Prática de amor a Jesus Cristo Cap XIV– Santo Afonso Maria de Ligório